Difference between revisions of "Camões - 500 Anos"
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+ | Vinde cá, meu tão certo secretário | ||
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+ | As sem-razões digamos que, vivendo, | ||
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+ | Destino, surdo a lágrimas e a rogo. | ||
+ | Deitemos água pouca em muito fogo; | ||
+ | acenda-se com gritos um tormento | ||
+ | que a todas as memórias seja estranho. | ||
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+ | a quem já muitas vezes o contei, | ||
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+ | não se alcança remédio; mas quem pena, | ||
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+ | porque nem com gritar a dor se abrande. | ||
+ | Quem me dará sequer que fora mande | ||
+ | lágrimas e suspiros infinitos | ||
+ | iguais ao mal que dentro n'alma mora? | ||
+ | Mas quem pode algü'hora | ||
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+ | Enfim, direi aquilo que me ensinam | ||
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+ | Chegai, desesperados, para ouvir-me, | ||
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+ | Estrelas infelices obrigado; | ||
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+ | logo m adormecia a natureza, | ||
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+ | Foi minha ama üa fera, que o destino | ||
+ | não quis que mulher fosse a que tivesse | ||
+ | tal nome para mim; nem a haveria. | ||
+ | Assi criado fui, porque bebesse | ||
+ | o veneno amoroso, de minino, | ||
+ | que na maior idade beberia, | ||
+ | e. por costume, não me mataria. | ||
+ | Logo então vi a imagem e semelhança | ||
+ | daquela humana fera tão fermosa, | ||
+ | suave e venenosa, | ||
+ | que me criou aos peitos da esperança; | ||
+ | de quem eu vi despois o original, | ||
+ | que de todos os grandes desatinos | ||
+ | faz a culpa soberba e soberana. | ||
+ | Parece-me que tinha forma humana, | ||
+ | mas cintilava espíritos divinos. | ||
+ | Um meneio e presença tinha tal | ||
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Revision as of 12:31, 14 November 2024
LEITURAS DE CAMÕES no Agr. Tomás Cabreira - 2024/2026
Wiki e Podcast EM CONSTRUÇÃO
Contents
- 1 Leituras de Camões
- 2 Lusíadas
- 3 Sonetos
- 3.1 Alegres campos, verdes arvoredos
- 3.2 Alma minha gentil, que te partiste
- 3.3 Amor é um fogo que arde sem se ver
- 3.4 Aquela triste e leda madrugada
- 3.5 Cristo atado à coluna
- 3.6 Ah minha Dinamene! Assim deixaste
- 3.7 Quando de minhas mágoas a comprida (Dinamene 2)
- 3.8 De tão divino acento e voz humana
- 3.9 Depois que quis amor Amor que eu só passasse
- 3.10 Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
- 3.11 O céu a terra, o vento sossegado...
- 3.12 O dia em que nasci morra e pereça
- 3.13 Passo por meus trabalhos tão isento
- 3.14 Pois meus olhos não cansam de choram
- 3.15 Quem diz que amor é falso ou enganoso
- 3.16 Quem quiser ver d'Amor ua excelência
- 3.17 Sete anos de pastor Jacob servia
- 3.18 Transforma-se o amador na cousa amada
- 3.19 Um mover de olhos, brando e piedoso
- 4 Redondilhas
- 5 Canções
- 6 Elegias
- 7 Éclogas
- 8 Odes
- 9 Teatro
- 10 José Afonso divulgador de Camões
- 11 Camões e o Algarve
Leituras de Camões
Leituras de Camões - Apresentação.
Lusíadas
Leituras de estrofes escolhidas.
Sonetos
Sonetos escolhidos.
Alegres campos, verdes arvoredos
Alegres campos, verdes arvoredos.
Alma minha gentil, que te partiste
Alma minha gentil, que te partiste.
Amor é um fogo que arde sem se ver
Amor é um fogo que arde sem se ver (também com Amália Rodrigues).
Aquela triste e leda madrugada
Aquela triste e leda madrugada.
Cristo atado à coluna
Cristo atado à coluna (Soneto atribuído a Camões por Nuno Júdice).
Ah minha Dinamene! Assim deixaste
Ah minha Dinamene! Assim deixaste.
Quando de minhas mágoas a comprida (Dinamene 2)
Quando de minhas mágoas a comprida (Dinamene 2).
De tão divino acento e voz humana
De tão divino acento e voz humana.
Depois que quis amor Amor que eu só passasse
Depois que quis amor Amor que eu só passasse.
==Erros meus, má fortuna, amor ardente==]
Erros meus, má fortuna, amor ardente (também com Amália).
==Eu cantarei de amor tão docemente==]
Eu cantarei de amor tão docemente.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade.
O céu a terra, o vento sossegado...
O céu a terra, o vento sossegado...
O dia em que nasci morra e pereça
O dia em que nasci morra e pereça.
Passo por meus trabalhos tão isento
Passo por meus trabalhos tão isento.
Pois meus olhos não cansam de choram
Pois meus olhos não cansam de choram.
Quem diz que amor é falso ou enganoso
Quem diz que amor é falso ou enganoso.
Quem quiser ver d'Amor ua excelência
Quem quiser ver d'Amor ua excelência.
Sete anos de pastor Jacob servia
Sete anos de pastor Jacob servia.
Transforma-se o amador na cousa amada
Transforma-se o amador na coisa amada.
Um mover de olhos, brando e piedoso
Um mover de olhos, brando e piedoso.
Redondilhas
Redondilhas escolhidos.
Aquela Cativa
Aquela Cativa.
De Alma e de Quanto Tiver
De Alma e de Quanto Tiver.
Descalça Vai Para a Fonte
Descalça Vai Para a Fonte.
Os bons vi sempre passar -
Esparsa ao Desconcerto do Mundo
Menina dos olhos verdes
Menina dos olhos verdes.
Pastora da serra
Pastora da serra.
Perdigão perdeu a pena
Perdigão perdeu a pena.
Super Flumina
Super Flumina
Verdes são os Campos
Verdes são os Campos
Canções
Canção escolhida - Vinde cá, meu tão certo secretário
Canção X
Vinde cá, meu tão certo secretário
dos queixumes que sempre ando fazendo,
papel, com que a pena desafogo!
As sem-razões digamos que, vivendo,
me faz o inexorável e contrário
Destino, surdo a lágrimas e a rogo.
Deitemos água pouca em muito fogo;
acenda-se com gritos um tormento
que a todas as memórias seja estranho.
Digamos mal tamanho
a Deus, ao mundo, à gente e, enfim, ao vento,
a quem já muitas vezes o contei,
tanto debalde como o conto agora;
mas, já que para errores fui nascido,
vir este a ser um deles não duvido.
Que, pois já de acertar estou tão fora,
não me culpem também, se nisto errei.
Sequer este refúgio só terei:
falar e errar sem culpa, livremente.
Triste quem de tão pouco está contente!
Já me desenganei que de queixar-me não se alcança remédio; mas quem pena, forçado lhe é gritar se a dor é grande. Gritarei; mas é débil e pequena a voz para poder desabafar-me, porque nem com gritar a dor se abrande. Quem me dará sequer que fora mande lágrimas e suspiros infinitos iguais ao mal que dentro n'alma mora? Mas quem pode algü'hora medir o mal com lágrimas ou gritos? Enfim, direi aquilo que me ensinam a ira, a mágoa, e delas a lembrança, que é outra dor por si, mais dura e firme. Chegai, desesperados, para ouvir-me, e fujam os que vivem de esperança ou aqueles que nela se imaginam, porque Amor e Fortuna determinam de lhe darem poder para entenderem, à medida dos males que tiverem.
Quando vim da materna sepultura de novo ao mundo, logo me fizeram Estrelas infelices obrigado; com ter livre alvedrio, mo não deram, que eu conheci mil vezes na ventura o milhor, e pior segui, forçado. E, para que o tormento conformado me dessem com a idade, quando abrisse inda minino, os olhos, brandamente, manda que, diligente, um Minino sem olhos me ferisse. As lágrimas da infância já manavam com üa saudade namorada: o som dos gritos, que no berço dava. já como de suspiros me soava. Co a idade e Fado estava concertado; porque quando, por caso, me embalavam, se versos de Amor tristes me cantavam, logo m adormecia a natureza, que tão conforme estava co a tristeza.
Foi minha ama üa fera, que o destino não quis que mulher fosse a que tivesse tal nome para mim; nem a haveria. Assi criado fui, porque bebesse o veneno amoroso, de minino, que na maior idade beberia, e. por costume, não me mataria. Logo então vi a imagem e semelhança daquela humana fera tão fermosa, suave e venenosa, que me criou aos peitos da esperança; de quem eu vi despois o original, que de todos os grandes desatinos faz a culpa soberba e soberana. Parece-me que tinha forma humana, mas cintilava espíritos divinos. Um meneio e presença tinha tal na vista dela; a sombra, co a viveza, excedia o poder da Natureza.
Elegias
Elegias escolhidas.
Éclogas
Éclogas escolhidas.
Odes
Odes escolhidas.
Teatro
Teatro - excertos escolhidos.
Júlio Dantas e o Auto de El Rei Seleuco
Peça de teatro adaptada por Júlio Dantas.
Auto dos Anfitriões
Peça de teatro Auto dos Anfitriões.
José Afonso divulgador de Camões
José Afonso musicou e cantou Camões.
Verdes são os Campos - José Afonso, Cuca Roseta e Salvador Sobral
Verdes são os Campos (também com José Afonso e Salvador Sobral).
Camões e o Algarve
Camões e o Algarve - Escolhas e adaptações de algarvios e publicações sobre Camões no Algarve:
Auto de El Rei Seleuco
Peça de teatro adaptada por Júlio Dantas.
A cidade e o Mar na Poesia do Algarve
7 estrofes escolhidas pelo poeta algarvio Fernando Cabrita.
Uma quarteirense que Camões amou
Texto de Vilhena Mesquita no blogue Promontório da Memória.
A Avó Algarvia de Camões
Texto de Ramiro Santos no Jornal do Algarve - 4/2/2022.
A Algarvia que é ascendente de Camões
Texto de Nuno Campos Inácio
Cristo atado à coluna
Cristo atado à coluna (Soneto atribuído a Camões por Nuno Júdice).
Origens algarvias de Camões
Texto de Vilhena Mesquita no blogue Promontório da Memória.