Difference between revisions of "Sonetos escolhidos"

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Poeta e investigador Nuno Júdice descobriu soneto inédito de Camões
 
O poeta, professor e investigador Nuno Júdice disse hoje à agência Lusa ter descoberto um soneto de Luís de Camões, "Cristo Atado à Coluna", num manuscrito datado de 1666, editado por Manuel de Faria, no século XVIII.
 
Poeta e investigador Nuno Júdice descobriu soneto inédito de Camões
 
© Shutterstock
 
  
Notícias ao Minuto
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[[File:DALL·E 2025-01-09 13.16.54 - An artistic depiction of an open book featuring sonnets by Luís de Camões, with intricate Renaissance-inspired floral borders and decorative elements.jpeg|500px]]
18:15 - 13/07/22 por Lusa
 
  
Cultura Camões
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Os sonetos de '''Luís de Camões''' representam uma das mais sublimes expressões da poesia lírica portuguesa e do Renascimento europeu. Reunindo uma rica variedade de temas, os sonetos camonianos exploram profundamente as emoções humanas, como o amor, a saudade, o sofrimento e a transitoriedade da vida. Neles, '''Camões''' alia um rigor formal impecável à capacidade de expressar sentimentos universais, fazendo uso de imagens poderosas e linguagem refinada.
  
Nuno Júdice afirmou que o poema é atribuído a Camões e a autoria não lhe suscita dúvidas, apesar de uma possível edição implicar "o trabalho de especialistas".
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A estrutura clássica dos sonetos, composta por 14 versos divididos em dois quartetos e dois tercetos, é aproveitada pelo poeta para desenvolver uma reflexão equilibrada, muitas vezes culminando num desfecho surpreendente ou filosófico. Essa combinação de forma e conteúdo resulta em obras que transcendem épocas e lugares, sendo admiradas até aos dias de hoje.
  
O manuscrito foi encontrado pelo investigador na Biblioteca Digital Hispânica, onde se encontram vários outros poetas "do barroco, que merecem ser melhor estudados".
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Os temas recorrentes nos sonetos de '''Camões''' incluem o conflito entre a razão e a paixão, a inevitabilidade do tempo e da morte, e a busca pelo significado num mundo permeado por incertezas. Além disso, muitos dos seus poemas dialogam com tradições clássicas e cristãs, integrando influências da mitologia greco-romana e da espiritualidade renascentista.
  
Nuno Júdice salientou que esta sua descoberta demonstra "que há ainda muito por revelar nas bibliotecas e por estudar e dar o devido valor", na área da literatura.
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Ao ler os sonetos de '''Camões''', somos convidados a mergulhar num universo poético onde a experiência humana é iluminada por uma perspetiva tanto pessoal quanto universal. A sua poesia é uma ponte entre o que há de mais íntimo e eterno, oferecendo aos leitores modernos um espelho no qual podem reconhecer suas próprias inquietações e esperanças.
  
"É uma esperança para os investigadores", disse o também diretor da revista Colóquio Letras da Fundação Calouste Gulbenkian, referindo que "não está tudo estudado ou descoberto", profetizando que há território literário por desvendar.
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== '''SONETOS ESCOLHIDOS''' ==
  
Referindo-se ao poema, Júdice disse que Manuel de Faria "foi o primeiro editor a sério de Camões", no século XVII, e não seria este soneto que tornaria Camões um poeta maior e tão conhecido.
 
  
Esta poema, segundo Nuno Júdice, "desenvolve uma ideia nada ortodoxa", com o catolicismo vigente na época, já que Camões argumenta que o amor liberta.
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1.-[[Ah minha Dinamene! Assim deixaste - Soneto - Luís de Camões | Ah minha Dinamene! Assim deixaste.(Dinamene 1)]]<br />
 
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2.-[[Alegres campos, verdes arvoredos - Soneto - Luís de Camões | Alegres campos, verdes arvoredos.]]<br />
Segundo o investigador, neste soneto, Camões afirma que "Cristo é torturado e chicoteado, mas liberta-se pelo amor à humanidade".
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3.-[[Alma minha gentil, que te partiste - Soneto - Luís de Camões | Alma minha gentil, que te partiste.]]<br />
 
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4.-[[Amor é um fogo que arde sem se ver - Soneto - Luís de Camões | Amor é um fogo que arde sem se ver (também com Amália Rodrigues).]]<br />
Camões recupera a ideia do "cárcere por amor", que tinha sido já desenvolvida pelo poeta Diego San Pedro (1437-1498), autor de "Cárcel de Amor".
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5.-[[Aquela triste e leda madrugada - Soneto - Luís de Camões | Aquela triste e leda madrugada.]]<br />
 
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6.-[[Cristo atado à coluna - Soneto - Luís de Camões | Cristo atado à coluna (Soneto atribuído a Camões por Nuno Júdice).]]<br />
O soneto foi escrito em língua portuguesa.
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7.-[[Depois que quis amor Amor que eu só passasse - Soneto - Luís de Camões | Depois que quis amor Amor que eu só passasse.]]<br />
 
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8.-[[Erros meus, má fortuna, amor ardente - Soneto - Luís de Camões | Erros meus, má fortuna, amor ardente (também com Amália).]]<br />
Refira-se que Camões escreveu também em castelhano e, neste período, dois países ibéricos estavam unidos sob a mesma coroa, o que facilitou a circulação de ideias.
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9.-[[Eu cantarei de amor tão docemente - Soneto - Luís de Camões | Eu cantarei de amor tão docemente.]]<br />
 
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10.-[[Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade - Soneto - Luís de Camões | Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade.]]<br />
A denominada "monarquia dual" vigorou de 1581 até 1640.
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11.-[[O céu a terra, o vento sossegado..Soneto2 - Soneto - Luís de Camões | O céu a terra, o vento sossegado...]]<br />
 
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12.-[[O dia em que nasci morra e pereça - Soneto - Luís de Camões | O dia em que nasci morra e pereça.]]<br />
Luís de Camões, de vida incerta, terá nascido em Lisboa, em 1524, cidade onde morreu em 1579 ou 1580, tendo recebido uma reduzida tença do Rei Sebastião pela escrita do poema épico "Os Lusíadas", publicado em 1572.
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13.-[[Passo por meus trabalhos tão isento - Soneto - Luís de Camões | Passo por meus trabalhos tão isento.]]<br />
 
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14.-[[Pois meus olhos não cansam de choram - Soneto| Pois meus olhos não cansam de choram.]]<br />
Camões é ainda autor de vários poemas, como redondilhas, rimas e sonetos, e de teatro, como "Auto d'El Rei Seleuco", "Filodemo" e "Anfitriões".
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15.-[[Quando de minhas mágoas a comprida (Dinamene 2) - Soneto - Luís de Camões | Quando de minhas mágoas a comprida. (Dinamene 2)]]<br />
 
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16.-[[Quem diz que amor é falso ou enganoso - Soneto| Quem diz que amor é falso ou enganoso.]]<br />
A sua poesia foi cantada por Amália e José Afonso, entre outros.
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17.-[[Quem quiser ver d'Amor ua excelência - Soneto - Luís de Camões | Quem quiser ver d'Amor ua excelência.]]<br />
 
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18.-[[Sete anos de pastor Jacob servia - Soneto - Luís de Camões | Sete anos de pastor Jacob servia.]]<br />
O poeta encontra-se sepultado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, apesar de suscitar algumas dúvidas aos académicos que seja o seu corpo que se encontra na urna de pedra.
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29.-[[Transforma-se o amador na cousa amada - Soneto - Luís de Camões| Transforma-se o amador na coisa amada.]]<br />
 
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20.-[[Um mover de olhos, brando e piedoso - Soneto - Luís de Camões | Um mover de olhos, brando e piedoso.]]<br />
Não é a primeira vez que Nuno Júdice 'se encontra' com Camões.
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O investigador contou à Lusa, que, há uns anos, descobriu um poema atribuído ao épico, "Leite da Virgem", que entregou aos cuidados da especialista camoniana Fiama Hasse Pais Brandão, que, entretanto morreu em 2007.
 
 
 
Poeta, ensaísta e ficcionista, Nuno Júdice, 73 anos, foi, até 2015, professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
 
 
 
Júdice desempenhou o cargo de diretor da revista literária Tabacaria (1996-2009), foi comissário para a área da Literatura da representação portuguesa na 49.ª Feira do Livro de Frankfurt.
 
 
 
Desempenhou funções como conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em França (1997-2004) e diretor do Instituto Camões em Paris.
 
 
 
Organizou a Semana Europeia da Poesia, no âmbito da Lisboa'94 - Capital Europeia da Cultura.
 
 
 
Atualmente, dirige a Revista Colóquio-Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian.
 
 
 
Literariamente, estreou-se em 1972 com o livro de poesia "A Noção de Poema".
 
 
 
Ao longo da carreira literária, Nuno Júdice tem sido distinguido com diversos prémios, os quais o Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana, em 2013, o Prémio Pen Clube, o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus.
 
 
 
Recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, por "Meditação sobre Ruínas", finalista do Prémio Europeu de Literatura.
 

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DALL·E 2025-01-09 13.16.54 - An artistic depiction of an open book featuring sonnets by Luís de Camões, with intricate Renaissance-inspired floral borders and decorative elements.jpeg

Os sonetos de Luís de Camões representam uma das mais sublimes expressões da poesia lírica portuguesa e do Renascimento europeu. Reunindo uma rica variedade de temas, os sonetos camonianos exploram profundamente as emoções humanas, como o amor, a saudade, o sofrimento e a transitoriedade da vida. Neles, Camões alia um rigor formal impecável à capacidade de expressar sentimentos universais, fazendo uso de imagens poderosas e linguagem refinada.

A estrutura clássica dos sonetos, composta por 14 versos divididos em dois quartetos e dois tercetos, é aproveitada pelo poeta para desenvolver uma reflexão equilibrada, muitas vezes culminando num desfecho surpreendente ou filosófico. Essa combinação de forma e conteúdo resulta em obras que transcendem épocas e lugares, sendo admiradas até aos dias de hoje.

Os temas recorrentes nos sonetos de Camões incluem o conflito entre a razão e a paixão, a inevitabilidade do tempo e da morte, e a busca pelo significado num mundo permeado por incertezas. Além disso, muitos dos seus poemas dialogam com tradições clássicas e cristãs, integrando influências da mitologia greco-romana e da espiritualidade renascentista.

Ao ler os sonetos de Camões, somos convidados a mergulhar num universo poético onde a experiência humana é iluminada por uma perspetiva tanto pessoal quanto universal. A sua poesia é uma ponte entre o que há de mais íntimo e eterno, oferecendo aos leitores modernos um espelho no qual podem reconhecer suas próprias inquietações e esperanças.

SONETOS ESCOLHIDOS

1.- Ah minha Dinamene! Assim deixaste.(Dinamene 1)
2.- Alegres campos, verdes arvoredos.
3.- Alma minha gentil, que te partiste.
4.- Amor é um fogo que arde sem se ver (também com Amália Rodrigues).
5.- Aquela triste e leda madrugada.
6.- Cristo atado à coluna (Soneto atribuído a Camões por Nuno Júdice).
7.- Depois que quis amor Amor que eu só passasse.
8.- Erros meus, má fortuna, amor ardente (também com Amália).
9.- Eu cantarei de amor tão docemente.
10.- Mudam-se os tempos, mudam-se as vontade.
11.- O céu a terra, o vento sossegado...
12.- O dia em que nasci morra e pereça.
13.- Passo por meus trabalhos tão isento.
14.- Pois meus olhos não cansam de choram.
15.- Quando de minhas mágoas a comprida. (Dinamene 2)
16.- Quem diz que amor é falso ou enganoso.
17.- Quem quiser ver d'Amor ua excelência.
18.- Sete anos de pastor Jacob servia.
29.- Transforma-se o amador na coisa amada.
20.- Um mover de olhos, brando e piedoso.