Pereira, António
Página em elaboração.
Poeta. António da Encarnação Pereira foi Magistrado do Ministério Público, Conservador e Juiz. Armação de Pêra, Silves, 24.02.1914 - Lisboa, 1978.
- A minha rua tem o mar ao fundo
Sou algarvio
E a minha rua tem o mar ao fundo
Sempre que passa aqui algum navio
Passam, aqui, navios de todo o mundo
Oiço a voz que me namora
Da outra banda do mar...
Que me namora e me chama
Da outra banda do mundo
E se eu abalasse mãe?
E se eu abalasse e nunca mais voltasse?
Choravas, sim, eu sei bem
Posso não ser filho às vezes
Mas tu és mãe, sempre, mãe!
Se não fosse a minha mãe,
Se não fossem os meus,
Adeus aldeia, adeus praia,
Adeus gaivotas, adeus.
E eu vou ficando, não chores
Aqui, nesta aldeia do Algarve onde nasci,
Nesta rua que tem o mar ao fundo,
Onde nasceram meus pais,
E nasceram e morreram antepassados que não conheci;
Aqui há um poder maior
Que pode mais que aquela voz que me chama da outra banda do mar,
Que me namora uma chama da outra banda do mundo.
in Mar de António Maria Pereira