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(Alegre, Manuel)
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Leitura - O Canto e as armas, Manuel Alegre
 
 
“As mãos”
 
 
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
 
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
 
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
 
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
 
 
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
 
Não são de pedras estas casas mas de mãos.
 
E estão no fruto e na palavra
 
as mãos que são o canto e são as armas.
 
 
E cravam-se no Tempo como farpas
 
as mãos que vês nas coisas transformadas.
 
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
 
 
De mãos é cada flor cada cidade.
 
Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade.
 
                                                                      Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O canto e as armas”
 
 
Canto as armas e os homens
 
as pedras os metais
 
e as mãos que transformando
 
se transformam. Eu canto
 
o remo e a foice. Os símbolos.
 
Meu sangue é uma guitarra
 
tangida pelo Tempo.
 
 
Canto as armas e as mãos.
 
E as palavras que foram
 
areias tempestades
 
minutos. E o amor.
 
E também a memória
 
do cravo e da canela.
 
E também a quentura
 
de outras mãos: terra e astros.
 
E também a tristeza
 
e a festa. O sangue e as lágrimas.
 
O vinho: puro arder.
 
E também a viagem:
 
navegação lavoura
 
indústria – esse combate.
 
Procurai-me nas armas
 
no sílex no barro.
 
Pedra: meu nome é esse.
 
E escreve-se no vento.
 
Canto o carvão e as cinzas
 
as gazelas e os peixes
 
na fogueira contínua
 
das cavernas. E a pele
 
do tigre sobre a pele
 
do homem. Eis meu rosto:
 
está gravado na rocha.
 
Procurai-me no fóssil
 
e no carvão. Meu rosto
 
é cinza e Primavera.
 
 
Canto as armas e os homens.
 
Porque a Tribo me disse:
 
tu guardarás o fogo.
 
E por armas me deu
 
o bronze das palavras.
 
 
Meu nome é flecha. E perde-se
 
no pássaro. Começa
 
meu canto onde começa
 
a construção. Pastores
 
do tempo são meus dedos.
 
Caçadores de coisas
 
impossíveis. Eu canto
 
os dedos que transformam
 
e se transformam. Canto
 
as marítimas mãos
 
de Magalhães. As mãos
 
voadoras de Gagárine.
 
 
Procurai-me no mar
 
procurai-me no espaço.
 
Estou no centro da terra.
 
Meu nome é cinza. E espalha-se
 
no vento. Sou adubo
 
fermentação floresta.
 
E cintilo nas armas.
 
 
Canto as armas e o Tempo.
 
As minhas armas o
 
meu tempo. E desarmado
 
pergunto à flor pergunto
 
ao vento: vistes lá
 
o meu país? E o meu
 
país está nas palavras.
 
Porque a Tribo me disse:
 
tu guardarás o fogo.
 
E por armas me deu
 
esta espada este canto.
 
                Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967
 
  
 
===Amado, Jorge===
 
===Amado, Jorge===

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50 anos do 25 de Abril - Leituras em Liberdade
A wikialgarve associa-se às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril com
leituras por alunos do ensino secundário e do 3.º ciclo do ensino básico de
poemas e textos de obras censuradas pela polícia política (PIDE) do estado novo.


Autores Censurados

Afonso, José [Zeca]

Joseafonso-hp.png
  Músico. Cantor. Poeta. Cantautor. Leituras de poemas escolhidos dos livros proibidos Cantar de Novo e Cantares.

Brito, Casimiro de

Casimirodebrito-hp.jpg
 Poeta. Romancista. Contista. Ensaísta. Leituras da Obra Proibida Vietname em nome da liberdade e de outros poemas.

Santareno, Bernardo

Santareno-bernardo Fotop.jpg

Dramaturgo. Médico psiquiatra. Leituras da do livro Romances do Mar.


Alegre, Manuel

Canto e as Armas, O

Poeta. Político e etc e tal.


Amado, Jorge

Capitães da Areia (*) Mar Morto (*) São Jorge dos Ilhéus (*)

Andrade, Eugénio

Encontro - Antologia de autores modernos

Barreno, M. Isabel

Novas Cartas Portuguesas

Borges, J. Luís

História Universal da Infâmia

Cabral, Alexandre

Sol Nascerá Um Dia, O

Carlos, Papiano

Estrada Nova

Correia, Natália

Comunicação

Correia, Romeu

Sábado Sem Sol

Costa, M. Velho

Maria Adelaide (Linha acrescentada pela BEAETC)

Costa, M. Velho

Novas Cartas Portuguesas

Costa, Orlando da

Sete Odes do Canto Comum

Dias, Barata

Amanhã Quando Romper o Dia

Fafe, José Fernandes

Encontro - Antologia de autores modernos

Ferreira, Vergílio

Manhã Submersa (*)

Figueiredo, Carmen

Famintos

Fonseca, Manuel da

Cerromaior (*) Seara do Vento

Fonseca, Tomás da

Filha de Labão (*)

Gide, André

Encontro - Antologia de autores modernos

Gomes, M. Teixeira

Novelas Eróticas

Gomes, Soeiro P.

Engrenagem (*) Esteiros (*)

Gonçalves, Orlando

Tormenta

Horta, M. Teresa

Minha Senhora de Mim Novas Cartas Portuguesas

Lamas

Duas Conferências em Defesa da Paz

Lefèbvre, Henri

Encontro - Antologia de autores modernos

Leibowitz, René

Encontro - Antologia de autores modernos

Lorca, Frederico Garcia

Encontro - Antologia de autores modernos

Malraux, André

Condição Humana, A

Namora, Fernando

Domingo à Tarde (*)

Neruda, Pablo

Encontro - Antologia de autores modernos

Nietzsche, F

Anti-Cristo, O

Pascoais

Duas Conferências em Defesa da Paz

Pires, J. Cardoso

Dinossauro Excelentíssimo

Raposo, Hipólito

Amar e servir

Redol, Alves

Barca dos Sete Lemes, A (*)

Reed, John

Dez Dias Que Abalaram o Mundo

Régio, José

Jogo da Cabra Cega, O (*)

Ribeiro, Aquilino

Arcanjo Negro, O (*) Quando os Lobos Uivam

Robins, Harold

Aventureiros, Os

Rodrigues, Urbano T.

Nús e Suplicantes

Santareno, Bernardo

Romances do Mar

Sartre, Jean-Paul

Moscas, As (*)

Torga Miguel

Encontro - Antologia de autores modernos

Torga, Miguel

Bichos (*) Criação do Mundo, A (*) Diário (*)

Tsé-Tung, Mao

Citações

Whitman, Walt

Encontro - Antologia de autores modernos

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