Difference between revisions of "Rosa, António Ramos"

From Wikipédia de Autores Algarvios
Jump to: navigation, search
(Created page with " A editar António Ramos Rosa File:Antonioramosrosa.jpg<br /> *'''António''' Vitor '''Ramos Rosa'''<br /> Faro, 17/10/1924 - Faro, 23/9/2013.<br /> Escritor, poeta, tradu...")
 
 
(37 intermediate revisions by the same user not shown)
Line 1: Line 1:
 +
[[File:Antonioramosrosa.jpg]] [[File:RamosRosa.JPG|240px]] [[File:RamosRosa2.JPG|88px]] [[File:RamosRosa3.JPG|85px]] [[File:António Ramos Rosa - Retrato por Gracinda Candeias no seu facebook.PNG|112px]]<br />
 +
* '''António''' Vitor '''Ramos Rosa'''<br />
 +
Faro, 17/10/1924 - Faro, 23/09/2013.<br />
  
A editar António Ramos Rosa
+
Escritor. Poeta. Tradutor. Crítico. Desenhador. É patrono da Biblioteca Municipal de Faro. Estudou no[[:Category:Agr. João de Deus, em Faro | Liceu Nacional de Faro / Escola Secundária João de Deus.]]
[[File:Antonioramosrosa.jpg]]<br />
 
*'''António''' Vitor '''Ramos Rosa'''<br />
 
Faro, 17/10/1924 - Faro, 23/9/2013.<br />
 
Escritor, poeta, tradutor, crítico e  desenhador. Foi (é) um maiores poetas portugueses do século XX. Em 1945 participou na formação do MUD Juvenil e em 1949, coerente com a sua atitude de oposição ao Estado Novo, recusou-se a receber o Prémio Nacional de Poesia da Secretaria de Estado de Informação e Turismo atribuído a "Nos Seus Olhos o Silêncio".<br />
 
Estudou no [[Agrupamento de Escolas João de Deus, em Faro | Liceu Nacional de Faro / Escola Secundária João de Deus.]]<br />
 
É patrono da Biblioteca Municipal de Faro<br />
 
  
 
+
* '''Amor da palavra, amor do corpo'''<br />
*'''Amor da palavra, amor do corpo'''<br />
 
  
 
A nudez da palavra que te despe.<br />
 
A nudez da palavra que te despe.<br />
Line 28: Line 24:
 
à beira de nasceres tua boca toco<br />
 
à beira de nasceres tua boca toco<br />
 
e o beijo é já perder-te.<br />
 
e o beijo é já perder-te.<br />
 +
<br />
 +
*'''«TELEGRAMA SEM CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL»''' <br />
 +
Ao Egito Gonçalves<br />
 +
<br />
 +
Estamos nus e gramamos.<br />
 +
<br />
 +
Na grama secular um passarinho verde<br />
 +
canta para um poema lírico, para um poeta lírico,<br />
 +
que se nasceu<br />
 +
é certo que não cantou.<br />
 +
<br />
 +
As paisagens continuam a existir.<br />
 +
As paisagens são suaves.<br />
 +
Continuam também a existir<br />
 +
outras coisas<br />
 +
que dão matéria para poemas.<br />
 +
A vida continua.<br />
 +
Felizmente que há ódios, comichões, vaidades.<br />
 +
A estupidez, esta crassa crença intratável, esta confiança<br />
 +
indestrutível em si mesmo,<br />
 +
é o que felizmente dá uma densidade, uma plenitude a isto.<br />
 +
<br />
 +
Num mundo descoroçoante de puras imagens<br />
 +
é bom este banho de resistências, pressões, vontades, atritos,<br />
 +
é bom navegar.<br />
 +
porque este presente é logo saudoso.<br />
 +
<br />
 +
Na grama um passarinho canta.<br />
 +
Evidentemente que o poeta suicidou-se.<br />
 +
<br />
 +
A vida continua.<br />
 +
Certas coisas que pareciam mortas<br />
 +
estão agora vivas ou, pelo menos, mexem-se.<br />
 +
Ausentes, dominam-nos.<br />
 +
Não é para nós que utilizam as palavras, <br />
 +
que insistem,<br />
 +
não é para nós!<br />
 +
Estes grandes ornamentos, estes sábios discursos<br />
 +
fluem em visões, em ondas, como se não no presente.<br />
 +
Ter-se-á o presente extinguido?<br />
 +
A vida continua tão improvávelmente.<br />
 +
<br />
 +
Na grama um passarinho canta.<br />
 +
Canta por cantar, ou não, canta.<br />
 +
<br />
 +
Eu poderia, com rigor, agora<br />
 +
cantar:<br />
 +
<br />
 +
Os anjos exactos<br />
 +
que empunham tesouras<br />
 +
de encontro aos factos<br />
 +
- ó minhas senhoras!<br />
 +
<br />
 +
Ou rigorosamente ainda,<br />
 +
com veemente exactidão,<br />
 +
inutilizar o poema,<br />
 +
todos os poemas<br />
 +
porque<br />
 +
<br />
 +
Estamos nus e gramamos.<br />
 +
<br />
 +
4 de Janeiro de 1952 in «Árvore»<br />
 +
<br />
 +
 +
* '''MÃE'''<br />
 +
 +
Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade.<br />
 +
 +
Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital.<br />
 +
 +
Estou contigo mãe, no teu sonho permanente na tua esperança incerta<br />
 +
 +
Estou contigo na tua simplicidade e nos teus gestos generosos.<br />
 +
 +
Vejo-te menina e noiva, vejo-te mãe mulher de trabalho<br />
 +
 +
Sempre frágil e forte. Quantos problemas enfrentaste,<br />
 +
 +
Quantas aflições! Sempre uma força te erguia vertical,<br />
 +
 +
sempre o alento da tua fé, o prodigioso alento<br />
  
António Ramos Rosa<br />
+
a que se chama Deus. Que existe porque tu o amas,<br />
  
 +
tu o desejas. Deus alimenta-te e inunda a tua fragilidade.<br />
  
*'''Breve Biografia:'''
+
E assim estás no meio do amor como o centro da rosa.<br />
António Vítor Ramos Rosa um dos maiores poetas portugueses do século XX, a quem foram atribuídos os maiores prémios literários do nosso país bem como as mais altas condecorações. Fez parte do MUD Juvenil colaborando em muitas revistas culturais e literárias, nomeadamente com o seu amigo também poeta, Casimiro de Brito. Foi um dos fundadores da revista "Cadernos do Meio-Dia" que foi encerrada por ordem da polícia política. Em 2003, a Universidade do Algarve, atribui-lhe o grau de Doutor Honoris Causa.
 
  
 +
Essa ânsia de amor de toda a tua vida é uma onda incandescente.<br />
 +
 +
Com o teu amor humano e divino<br />
 +
 +
quero fundir o diamante do fogo universal.<br />
 +
 +
'''António Ramos Rosa''', '''''Antologia poética'''''<br />
 +
 +
[[File:Texto de ARR sobre a sua mãe publicado por Teodomiro Neto na sua plataforma ISSUU.jpg]]<br />
 +
 +
* '''Notas Biográficas''' <br />
 +
 +
'''António Vítor Ramos Rosa''' um dos maiores poetas portugueses do século XX, a quem foram atribuídos os maiores prémios literários do nosso país bem como as mais altas condecorações, trabalhando ao longo da sua vida como empregado de escritório, e ainda como tradutor e professor. Em 1945 participou na formação do MUD Juvenil e em 1949, coerente com a sua atitude de oposição ao Estado Novo, recusou-se a receber o ''Prémio Nacional de Poesia'' da Secretaria de Estado de Informação e Turismo atribuído a ''"Nos Seus Olhos o Silêncio"''. Desenvolvendo uma importante atividade nos domínios da teorização e da criação poética, o nome de António Ramos Rosa surge ligado a publicações literárias dos anos 50, como Árvore, Cassiopeia ou Cadernos do Meio-Dia, que primaram não só por uma postura de isenção relativamente aos diversos feixes estéticos que atravessam a década de 50 (legado surrealista; evolução da poesia neorrealista, entre outros), como por um critério de respeito pela qualidade estética dos trabalhos literários publicados. São esses aliás os princípios de Árvore, revista que co-fundou, em 1951, com os poetas António Luís Moita, José Terra, Luís Amaro e Raul de Carvalho, e em cujo número inaugural subscreve, em "A Necessidade da Poesia", como imperativos da publicação a liberdade e a isenção ("Não pode haver razões de ordem social que limitem a altitude ou a profundidade dum universo poético, que se oponham à liberdade de pesquisa e apropriação dum conteúdo cuja complexidade exige novas formas, o ir-até-ao-fim das possibilidades criadoras e expressivas."), postergando apenas da aventura poética a "gratuitidade como intenção", posto que a poesia decorre de uma "superior necessidade [...] tanto no plano da criação como no da demanda social" (ibi., p. 4). Recordando a importância, na sua experiência pessoal, do encontro com os vários poetas reunidos no projeto Árvore, António Ramos Rosa revela que, sem esse estímulo, "nunca teria adquirido a confiança necessária para iniciar e prosseguir a [sua] carreira poética", salientando nessa convergência de vozes a "firme convicção de que a poesia não é o fruto de uma aventura verbal, mas uma constante inquirição do que na palavra é a dimensão do ser, ou seja, o que, transcendendo a palavra, é a palavra viva do desconhecido que a promove e que, por seu turno, é o seu incessante termo." (ROSA, António Ramos, "Um Espaço Indispensável à Poesia", in Letras & Letras, n.º 56, outubro de 1991). De um modo geral e sucinto, a sua poesia é caracterizada por uma linhagem de um lirismo depurado, exigente, atento ao poder da palavra no conhecimento ou na fundação de um real dificilmente dizível ou inteligível.Em 2003, a Universidade do Algarve, atribui-lhe o grau de Doutor Honoris Causa.<br />
 +
in https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$antonio-ramos-rosa<br />
 +
 +
<br />
 +
 +
* '''Bibliografia:'''<br />
  
*'''Bibliografia:'''<br />
 
 
- '''''O Grito Claro''''', 1958.<br />  
 
- '''''O Grito Claro''''', 1958.<br />  
 
- '''''Viagem Através duma Nebulosa''''', 1960.<br />  
 
- '''''Viagem Através duma Nebulosa''''', 1960.<br />  
Line 121: Line 215:
 
- '''''La herida intacta / A intacta ferida. Ediciones Sequitur, Madrid (em espanhol)''''', 2009.<br />
 
- '''''La herida intacta / A intacta ferida. Ediciones Sequitur, Madrid (em espanhol)''''', 2009.<br />
 
- '''''Prosas seguidas de diálogos (única obra em prosa)''''', 2011.<br />  
 
- '''''Prosas seguidas de diálogos (única obra em prosa)''''', 2011.<br />  
- '''''Numa folha, leve e livre''''', 2013.<br />  
+
- '''''Numa folha, leve e livre''''', 2013.<br />
 +
 
[[File:Antonioramorosa-livros-na-wook.png]]<br />  
 
[[File:Antonioramorosa-livros-na-wook.png]]<br />  
[https://www.wook.pt/autor/antonio-ramos-rosa/4108 - Clique aqui para ver os livros de ARR no site da wook.pt.]
 
  
 +
[https://www.wook.pt/autor/antonio-ramos-rosa/4108 - Clique aqui para ver os livros de '''António Ramos Rosa''' no site da wook.pt.]<br />
 +
<br />
 +
* Veja mais sobre '''António Ramos Rosa''' nos seguintes '''links''':
  
*Veja mais sobre '''António Ramos Rosa''' nos seguintes '''links:'''<br />
+
[http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/Arvore/N04/N04_master/AArvore_N04.pdf - Revista "A Árvore" da qual Ramos Rosa era o um dos editores e diretores, e onde se pode encontrar textos e um poema do Autor]
[https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Ramos_Rosa - Na Wikipédia.]<br />
 
[https://www.wook.pt/autor/antonio-ramos-rosa/4108 - Livros de ARR na wook.pt.]<br />
 
[https://www.escritas.org/pt/antonio-ramos-rosa - Meia dúzia de poemas de ARR no site escritas.org.]<br />
 
[https://expresso.pt/cultura/morreu-antonio-ramos-rosa=f831965 - Notícia do jornal Expresso em 2013 sobre a morte de ARR.]<br />
 
[https://observador.pt/2018/10/15/congresso-celebra-obra-de-antonio-ramos-rosa-no-seu-94o-aniversario/ - "Congresso celebra obra de António Ramos Rosa no seu 94º aniversário", notícia no observador.pr, em 15/10/2018. Nesta "celebração" participaram alguns cúmplices poéticos de ARR, que formaram uma “mesa de amigos”: os poetas Casimiro de Brito, Gastão Cruz, Hélia Correia e Jaime Rocha. Uma segunda mesa redonda contou com a presença de Casimiro de Brito, Fernando J.B. Martinho e Pedro Mexia.]<br />
 
in [[File:Logo-arquivo-pt.png | link=https://arquivo.pt/ | https://arquivo.pt]]''':'''<br />
 
[https://arquivo.pt/wayback/19991012110655/http://www.terravista.pt/Guincho/2482/ramorosa.html - 1999 - Página no terravista.pt com uma dezena de poemas de ARR.]<br />
 
[https://arquivo.pt/wayback/20010504200427/http://www.ciberkiosk.pt/arquivo/ciberkiosk4/ensaios/rosa.htm - 2001 - Artigo de Fernando Martinho Guimarães, Leitor de Português em Cabo Verde, sobre ARR.]<br />
 
[https://arquivo.pt/wayback/20010607043623/http://www.dn.pt/art/7p95a.htm - "O grande sortilégio do poema", artigo de Maria Augusta Silva, no DN.pt sobre ARR.]<br />
 
[https://arquivo.pt/wayback/20001004233133/http://alfarrabio.um.geira.pt:80/vercial/rosa.htm - 2000 - ARR no Projecto Vercial.]<br />
 
  
 +
[https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Ramos_Rosa - Na Wikipédia.]
  
[[Contarte | Voltar a "Cont'Arte - Autores e ligações às suas escolas básicas e secundárias".]]
+
[https://www.wook.pt/autor/antonio-ramos-rosa/4108 - Livros de '''António Ramos Rosa''' na wook.pt.]
  
[[Category:Autores]][[Category:Escritores]][[Category:Poetas]][[Category:Faro]][[Category:Agr. João de Deus, em Faro]][[Category:Patronos]]
+
[https://www.escritas.org/pt/antonio-ramos-rosa - Meia dúzia de poemas de '''António Ramos Rosa''' no site escritas.org.]
 +
 
 +
- 1990 - [https://arquivos.rtp.pt/conteudos/antonio-ramos-rosa-vence-o-premio-da-associacao-portuguesa-de-escritoresctt/ 1990-11-12 António Ramos Rosa, poeta, é distinguido com o Prémio da Associação Portuguesa de Escritores/CTT, pelo seu livro "Acordes".]
 +
 
 +
- 1997 - [https://arquivos.rtp.pt/conteudos/antonio-ramos-rosa-estou-vivo-e-escrevo-sol-parte-i/  1997-10-26 00:29:07 Primeira parte do documentário biográfico sobre a vida e obra poética de António Ramos Rosa, incluindo entrevistas ao poeta e aos que o conheceram e com ele privaram, e ainda declamações de poemas da sua autoria.]
 +
 
 +
- 1997 - [https://arquivos.rtp.pt/conteudos/antonio-ramos-rosa-estou-vivo-e-escrevo-sol-parte-ii/ Segunda parte do documentário biográfico sobre a vida e obra poética de António Ramos Rosa, incluindo entrevistas ao poeta e aos que o conheceram e com ele privaram, e ainda declamações de poemas da sua autoria.]
 +
 
 +
- 1999 - [https://issuu.com/teodomiro-neto/docs/revista_ant__nio_ramos_rosa Texto de Teodomiro Neto na sua plataforma ISSUU com fotos e pinturas publicado no Jornal do Algarve, Magazine,  em janeiro de 1999 e onde também se encontra a imagem de um texto original de Ramos Rosa, dedicado a sua mãe, que pode ser lido mais acima, nesta página.]
 +
 
 +
- 2013 - [https://issuu.com/teodomiro-neto/docs/cidad__o_das_palavras Texto de Teodomiro Neto aquando da morte do Poeta, publicado no Jornal do Algarve Magazine, em Novembro de 2013]
 +
 
 +
- 2013 - [https://expresso.pt/cultura/morreu-antonio-ramos-rosa=f831965  Notícia do ''Jornal Expresso'' sobre a morte de '''António Ramos Rosa'''.]
 +
 
 +
- 2018 - [https://observador.pt/2018/10/15/congresso-celebra-obra-de-antonio-ramos-rosa-no-seu-94o-aniversario/ "Congresso celebra obra de '''António Ramos Rosa''' no seu 94º aniversário", notícia no observador.pr, em 15/10/2018. Nesta "celebração" participaram alguns cúmplices poéticos de '''António Ramos Rosa''', que formaram uma “mesa de amigos”: os poetas '''Casimiro de Brito, Gastão Cruz, Hélia Correia e Jaime Rocha'''. Uma segunda mesa redonda contou com a presença de '''Casimiro de Brito, Fernando J.B. Martinho e Pedro Mexia.''']
 +
 
 +
- 2022 - [https://postal.pt/edicaopapel/agripina-e-ramos-rosa-viveu-na-sombra-para-que-ele-pudesse-brilhar-%EF%BF%BC/ Artigo do Postal do Algarve sobre '''Agripina Costa Marques Ramos Rosa''', esposa do autor e ela própria autora, com várias obras publicadas.]
 +
 
 +
- 2022 - [https://www.facebook.com/gracinda.candeias/posts/pfbid0iEAm7f8DrAhVJTmDmXn2Tys23vKWcbv78vi4CVaq53jegtqAf4ZToLG478DXwaLgl Retrato de '''António Ramos Rosa''' por '''Gracinda Candeias''' no seu facebook onde afirma "De meia dúzia de retratos que fiz, este foi o que me deu mais prazer! O de Ramos Rosa".]
 +
 
 +
 
 +
* in [[File:Logo-arquivo-pt.png | link=https://arquivo.pt/ | https://arquivo.pt]]''':'''
 +
 
 +
- 1999 - [https://arquivo.pt/wayback/19991012110655/http://www.terravista.pt/Guincho/2482/ramorosa.html Página no terravista.pt com uma dezena de poemas de António Ramos Rosa.]
 +
 
 +
- 2000 - [https://arquivo.pt/wayback/20001004233133/http://alfarrabio.um.geira.pt:80/vercial/rosa.htm António Ramos Rosa no Projecto Vercial.]
 +
 
 +
- 2001 - [https://arquivo.pt/wayback/20010504200427/http://www.ciberkiosk.pt/arquivo/ciberkiosk4/ensaios/rosa.htm  Artigo de '''Fernando Martinho Guimarães''', Leitor de Português em Cabo Verde, sobre '''António Ramos Rosa'''.]
 +
 
 +
- 2010 - [https://arquivo.pt/wayback/20010607043623/http://www.dn.pt/art/7p95a.htm  "O grande sortilégio do poema", artigo de '''Maria Augusta Silva''', no DN.pt sobre '''António Ramos Rosa'''.]
  
Resumo:
 
Marcar como edição menor  Vigiar esta página
 
Note, por favor, que todas as suas contribuições na Cont'Arte Arquivo podem ser editadas, alteradas ou removidas por outros utilizadores. Se não deseja que o seu texto seja inexoravelmente editado, não o envie.
 
Garante-nos também que isto é algo escrito por si, ou copiado do domínio público ou de outra fonte de teor livre (consulte Cont'Arte Arquivo:Copyrights para mais detalhes).
 
Não envie conteúdos cujos direitos de autor estão protegidos, sem ter a devida permissão!
 
  
  Cancelar | Ajuda de edição (abre numa janela nova)
+
[[Category:Autores]][[Category:Escritores]][[Category:Poetas]][[Category:Faro]][[Category:Agr. João de Deus, em Faro]][[Category:Patronos]]
Menu de navegação
 
AdmincontarteDiscussãoPreferênciasPáginas vigiadasContribuiçõesSairPáginaDiscussãoLerEditarVer históricoDesinteressar-se
 
Mais
 
Pesquisa
 
Página principal
 
Mudanças recentes
 
Página aleatória
 
Help about MediaWiki
 
Ferramentas
 
Páginas afluentes
 
Alterações relacionadas
 
Carregar ficheiro
 
Páginas especiais
 
Informações da página
 
Política de privacidadeSobre a Cont'Arte ArquivoExoneração de responsabilidadePowered by MediaWiki
 

Latest revision as of 11:39, 12 September 2022

Antonioramosrosa.jpg RamosRosa.JPG RamosRosa2.JPG RamosRosa3.JPG António Ramos Rosa - Retrato por Gracinda Candeias no seu facebook.PNG

  • António Vitor Ramos Rosa

Faro, 17/10/1924 - Faro, 23/09/2013.

Escritor. Poeta. Tradutor. Crítico. Desenhador. É patrono da Biblioteca Municipal de Faro. Estudou no Liceu Nacional de Faro / Escola Secundária João de Deus.
  • Amor da palavra, amor do corpo

A nudez da palavra que te despe.
Que treme, esquiva.
Com os olhos dela te quero ver,
que não te vejo.
Boca na boca através de que boca
posso eu abrir-te e ver-te?
É meu receio que escreve e não o gosto
do sol de ver-te?
Todo o espaço dou ao espelho vivo
e do vazio te escuto.
Silêncio de vertigem, pausa, côncavo
de onde nasces, morres, brilhas, branca?
És palavra ou és corpo unido em nada?
É de mim que nasces ou do mundo solta?
Amorosa confusão, te perco e te acho,
à beira de nasceres tua boca toco
e o beijo é já perder-te.

  • «TELEGRAMA SEM CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL»

Ao Egito Gonçalves

Estamos nus e gramamos.

Na grama secular um passarinho verde
canta para um poema lírico, para um poeta lírico,
que se nasceu
é certo que não cantou.

As paisagens continuam a existir.
As paisagens são suaves.
Continuam também a existir
outras coisas
que dão matéria para poemas.
A vida continua.
Felizmente que há ódios, comichões, vaidades.
A estupidez, esta crassa crença intratável, esta confiança
indestrutível em si mesmo,
é o que felizmente dá uma densidade, uma plenitude a isto.

Num mundo descoroçoante de puras imagens
é bom este banho de resistências, pressões, vontades, atritos,
é bom navegar.
porque este presente é logo saudoso.

Na grama um passarinho canta.
Evidentemente que o poeta suicidou-se.

A vida continua.
Certas coisas que pareciam mortas
estão agora vivas ou, pelo menos, mexem-se.
Ausentes, dominam-nos.
Não é para nós que utilizam as palavras,
que insistem,
não é para nós!
Estes grandes ornamentos, estes sábios discursos
fluem em visões, em ondas, como se não no presente.
Ter-se-á o presente extinguido?
A vida continua tão improvávelmente.

Na grama um passarinho canta.
Canta por cantar, ou não, canta.

Eu poderia, com rigor, agora
cantar:

Os anjos exactos
que empunham tesouras
de encontro aos factos
- ó minhas senhoras!

Ou rigorosamente ainda,
com veemente exactidão,
inutilizar o poema,
todos os poemas
porque

Estamos nus e gramamos.

4 de Janeiro de 1952 in «Árvore»

  • MÃE

Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade.

Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital.

Estou contigo mãe, no teu sonho permanente na tua esperança incerta

Estou contigo na tua simplicidade e nos teus gestos generosos.

Vejo-te menina e noiva, vejo-te mãe mulher de trabalho

Sempre frágil e forte. Quantos problemas enfrentaste,

Quantas aflições! Sempre uma força te erguia vertical,

sempre o alento da tua fé, o prodigioso alento

a que se chama Deus. Que existe porque tu o amas,

tu o desejas. Deus alimenta-te e inunda a tua fragilidade.

E assim estás no meio do amor como o centro da rosa.

Essa ânsia de amor de toda a tua vida é uma onda incandescente.

Com o teu amor humano e divino

quero fundir o diamante do fogo universal.

António Ramos Rosa, Antologia poética

Texto de ARR sobre a sua mãe publicado por Teodomiro Neto na sua plataforma ISSUU.jpg

  • Notas Biográficas

António Vítor Ramos Rosa um dos maiores poetas portugueses do século XX, a quem foram atribuídos os maiores prémios literários do nosso país bem como as mais altas condecorações, trabalhando ao longo da sua vida como empregado de escritório, e ainda como tradutor e professor. Em 1945 participou na formação do MUD Juvenil e em 1949, coerente com a sua atitude de oposição ao Estado Novo, recusou-se a receber o Prémio Nacional de Poesia da Secretaria de Estado de Informação e Turismo atribuído a "Nos Seus Olhos o Silêncio". Desenvolvendo uma importante atividade nos domínios da teorização e da criação poética, o nome de António Ramos Rosa surge ligado a publicações literárias dos anos 50, como Árvore, Cassiopeia ou Cadernos do Meio-Dia, que primaram não só por uma postura de isenção relativamente aos diversos feixes estéticos que atravessam a década de 50 (legado surrealista; evolução da poesia neorrealista, entre outros), como por um critério de respeito pela qualidade estética dos trabalhos literários publicados. São esses aliás os princípios de Árvore, revista que co-fundou, em 1951, com os poetas António Luís Moita, José Terra, Luís Amaro e Raul de Carvalho, e em cujo número inaugural subscreve, em "A Necessidade da Poesia", como imperativos da publicação a liberdade e a isenção ("Não pode haver razões de ordem social que limitem a altitude ou a profundidade dum universo poético, que se oponham à liberdade de pesquisa e apropriação dum conteúdo cuja complexidade exige novas formas, o ir-até-ao-fim das possibilidades criadoras e expressivas."), postergando apenas da aventura poética a "gratuitidade como intenção", posto que a poesia decorre de uma "superior necessidade [...] tanto no plano da criação como no da demanda social" (ibi., p. 4). Recordando a importância, na sua experiência pessoal, do encontro com os vários poetas reunidos no projeto Árvore, António Ramos Rosa revela que, sem esse estímulo, "nunca teria adquirido a confiança necessária para iniciar e prosseguir a [sua] carreira poética", salientando nessa convergência de vozes a "firme convicção de que a poesia não é o fruto de uma aventura verbal, mas uma constante inquirição do que na palavra é a dimensão do ser, ou seja, o que, transcendendo a palavra, é a palavra viva do desconhecido que a promove e que, por seu turno, é o seu incessante termo." (ROSA, António Ramos, "Um Espaço Indispensável à Poesia", in Letras & Letras, n.º 56, outubro de 1991). De um modo geral e sucinto, a sua poesia é caracterizada por uma linhagem de um lirismo depurado, exigente, atento ao poder da palavra no conhecimento ou na fundação de um real dificilmente dizível ou inteligível.Em 2003, a Universidade do Algarve, atribui-lhe o grau de Doutor Honoris Causa.
in https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$antonio-ramos-rosa


  • Bibliografia:

- O Grito Claro, 1958.
- Viagem Através duma Nebulosa, 1960.
- Voz Inicial, 1961.
- Sobre o Rosto da Terra, 1961.
- Poesia, Liberdade Livre, 1962.
- Ocupação do Espaço, 1963.
- Terrear, 1964.
- Estou Vivo e Escrevo Sol, 1966.
- A Construção do Corpo, 1969.
- Nos Seus Olhos de Silêncio, 1970.
- A Pedra Nua, 1972.
- Não Posso Adiar o Coração (vol.I, da Obra Poética), 1974.
- Animal Olhar (vol.II, da Obra Poética), 1975.
- Respirar a Sombra (vol.III, da Obra Poética), 1975.
- Ciclo do Cavalo, 1975.
- Boca Incompleta, 1977.
- A Imagem, 1977.
- A Palavra e o Lugar, 1977.
- As Marcas no Deserto, 1978.
- A Nuvem Sobre a Página, 1978.
- Figurações, 1979.
- Círculo Aberto, 1979.
- O Incêndio dos Aspectos, 1980.
- Declives, 1980.
- Le Domaine, 1980.
- Figura: Fragmentos, 1980.
- As Marcas do Deserto, 1980.
- O Centro na Distância, 1981.
- O Incerto Exacto, 1982.
- Quando o Inexorável, 1983.
- Gravitações, 1983.
- Dinâmica Subtil, 1984.
- Ficção, 1985.
- Mediadoras, 1985.
- Volante Verde, 1986.
- Vinte Poemas para Albano Martins, 1986.
- Clareiras, 1986.
- No Calcanhar do Vento, 1987.
- O Livro da Ignorância, 1988.
- O Deus Nu(lo), 1988.
- Três Lições Materiais, 1989.
- Acordes, 1989.
- Duas Águas, Um Rio (colaboração com Casimiro de Brito), 1989.
- O Não e o Sim, 1990.
- Facilidade do Ar, 1990.
- Estrias , 1990.
- A Rosa Esquerda, 1991.
- Oásis Branco, 1991.
- Pólen- Silêncio, 1992.
- As Armas Imprecisas, 1992.
- Clamores, 1992.
- Dezassete Poemas, 1992.
- Lâmpadas Com Alguns Insectos, 1993.
- O Teu Rosto, 1994.
- O Navio da Matéria, 1994.
- Três, 1995.
- Delta, 1996.
- Figuras Solares, 1996.
- Nomes de Ninguém, 1997.
- À mesa do vento seguido de As espirais de, 1997.
- Versões/Inversões, 1997.
- A imagem e o desejo, 1998.
- A imobilidade fulminante, 1998.
- Pátria soberana seguido de Nova ficção, 1999.
- O princípio da água, 2000.
- As palavras, 2001.
- Deambulações oblíquas, 2001.
- O deus da incerta ignorância seguido de Incertezas ou, 2001.
- O aprendiz secreto, 2001.
- Os volúveis diademas, 2002.
- O alvor do mundo. Diálogo poético, em colaboração, 2002.
- Cada árvore é um ser para ser em nós, 2002.
- O sol é todo o espaço, 2002.
- Os animais do sol e da sombra seguido de corpo inicial, 2003.
- Meditações metapoéticas, em colaboração com Robert Bréchon, 2003.
- O que não pode ser dito, 2003.
- Relâmpago do nada, 2004.
- Bichos, em colaboração com Isabel Aguiar Barcelos, 2005.
- Génese seguido de Constelações, 2005.
- Vasos Comunicantes, Diálogo Poético com Gisela Ramos Rosa, 2006.
- Horizonte a Ocidente, 2007.
- Rosa Intacta, 2007.
- La herida intacta / A intacta ferida. Ediciones Sequitur, Madrid (em espanhol), 2009.
- Prosas seguidas de diálogos (única obra em prosa), 2011.
- Numa folha, leve e livre, 2013.

Antonioramorosa-livros-na-wook.png

- Clique aqui para ver os livros de António Ramos Rosa no site da wook.pt.

  • Veja mais sobre António Ramos Rosa nos seguintes links:

- Revista "A Árvore" da qual Ramos Rosa era o um dos editores e diretores, e onde se pode encontrar textos e um poema do Autor

- Na Wikipédia.

- Livros de António Ramos Rosa na wook.pt.

- Meia dúzia de poemas de António Ramos Rosa no site escritas.org.

- 1990 - 1990-11-12 António Ramos Rosa, poeta, é distinguido com o Prémio da Associação Portuguesa de Escritores/CTT, pelo seu livro "Acordes".

- 1997 - 1997-10-26 00:29:07 Primeira parte do documentário biográfico sobre a vida e obra poética de António Ramos Rosa, incluindo entrevistas ao poeta e aos que o conheceram e com ele privaram, e ainda declamações de poemas da sua autoria.

- 1997 - Segunda parte do documentário biográfico sobre a vida e obra poética de António Ramos Rosa, incluindo entrevistas ao poeta e aos que o conheceram e com ele privaram, e ainda declamações de poemas da sua autoria.

- 1999 - Texto de Teodomiro Neto na sua plataforma ISSUU com fotos e pinturas publicado no Jornal do Algarve, Magazine, em janeiro de 1999 e onde também se encontra a imagem de um texto original de Ramos Rosa, dedicado a sua mãe, que pode ser lido mais acima, nesta página.

- 2013 - Texto de Teodomiro Neto aquando da morte do Poeta, publicado no Jornal do Algarve Magazine, em Novembro de 2013

- 2013 - Notícia do Jornal Expresso sobre a morte de António Ramos Rosa.

- 2018 - "Congresso celebra obra de António Ramos Rosa no seu 94º aniversário", notícia no observador.pr, em 15/10/2018. Nesta "celebração" participaram alguns cúmplices poéticos de António Ramos Rosa, que formaram uma “mesa de amigos”: os poetas Casimiro de Brito, Gastão Cruz, Hélia Correia e Jaime Rocha. Uma segunda mesa redonda contou com a presença de Casimiro de Brito, Fernando J.B. Martinho e Pedro Mexia.

- 2022 - Artigo do Postal do Algarve sobre Agripina Costa Marques Ramos Rosa, esposa do autor e ela própria autora, com várias obras publicadas.

- 2022 - Retrato de António Ramos Rosa por Gracinda Candeias no seu facebook onde afirma "De meia dúzia de retratos que fiz, este foi o que me deu mais prazer! O de Ramos Rosa".


  • in https://arquivo.pt:

- 1999 - Página no terravista.pt com uma dezena de poemas de António Ramos Rosa.

- 2000 - António Ramos Rosa no Projecto Vercial.

- 2001 - Artigo de Fernando Martinho Guimarães, Leitor de Português em Cabo Verde, sobre António Ramos Rosa.

- 2010 - "O grande sortilégio do poema", artigo de Maria Augusta Silva, no DN.pt sobre António Ramos Rosa.