Difference between revisions of "Ramirez, Lolita"
Line 1: | Line 1: | ||
− | |||
− | Professora. Poeta. | + | Lolita Ramirez <br/ > |
+ | Maria das Dores Dominguez Ramirez Galhardo Palmeira <br/ > | ||
+ | Vila Real de Santo António 1929 <br/ > | ||
+ | Licenciada em Filologia Românica <br/ > | ||
+ | Professora. Poeta. Artista Plástica <br/ > | ||
+ | <br/ > | ||
+ | |||
+ | *'''Flor do Meu Caminho''' <br/ > | ||
+ | <br/ > | ||
+ | Foi-se o inverno! <br/ > | ||
+ | O sol surgiu mais rubro <br/ > | ||
+ | E indulgente <br/ > | ||
+ | Pra despertar a morta Natureza, <br/ > | ||
+ | E em seu loiro esplendor <br/ > | ||
+ | Cor e alma lhe deu <br/ > | ||
+ | Vestindo-a de princesa! <br/ > | ||
+ | Pudesse eu como Tu <br/ > | ||
+ | Vogar no alto mar <br/ > | ||
+ | Dos séculos sem era ... <br/ > | ||
+ | Passa o Inverno <br/ > | ||
+ | E voltas mais bonita, <br/ > | ||
+ | Mais cheia de perfume, <br/ > | ||
+ | Ó Primavera! <br/ > | ||
+ | Da minha vida <br/ > | ||
+ | O sol morno de Abril <br/ > | ||
+ | E o quente sol do Estio <br/ > | ||
+ | Apartando-se vão <br/ > | ||
+ | Com asas de quimera! ... <br/ > | ||
+ | Sem apelo <br/ > | ||
+ | O Outono virá, <br/ > | ||
+ | Depois o frio Inverno <br/ > | ||
+ | Para cobrir de neve o meu cabelo ... <br/ > | ||
+ | Então contemplarei <br/ > | ||
+ | Na histórica ruína <br/ > | ||
+ | De meus anos <br/ > | ||
+ | O Terno ressurgir <br/ > | ||
+ | De muitas primaveras ... <br/ > | ||
+ | Chegará a seu termo a mocidade, <br/ > | ||
+ | Mas que importa, <br/ > | ||
+ | Se da vida o Inverno <br/ > | ||
+ | Será um passo mais <br/ > | ||
+ | Para a longa viagem <br/ > | ||
+ | Rumo ao País Eterno?! <br/ > | ||
+ | Voltam as <br/ > | ||
+ | No seu rodar infindo. <br/ > | ||
+ | Eu arbustro serei <br/ > | ||
+ | P’ra que nos ramos seus <br/ > | ||
+ | As graças mil de Deus <br/ > | ||
+ | Construam doce ninho. <br/ > | ||
+ | Então a Primavera <br/ > | ||
+ | Nunca mais terá fim <br/ > | ||
+ | Porque as bençãos do Céu <br/ > | ||
+ | São pétalas, são flores, <br/ > | ||
+ | Irreais? Sim, <br/ > | ||
+ | Mas flores, <br/ > | ||
+ | FLORES DO MEU CAMINHO <br/ > | ||
+ | <br/ > | ||
+ | *Gaivota <br/ > | ||
+ | <br/ > | ||
+ | Nas tuas asas, contra o céu cinzento, <br/ > | ||
+ | Gótica ogiva de ancestral projeto, <br/ > | ||
+ | Em tuas asas o passado invento <br/ > | ||
+ | E na saudade do porvir vegeto. <br/ > | ||
+ | Nas tuas asas dorme o meu afeto <br/ > | ||
+ | E de entre arminhos plana o sentimento <br/ > | ||
+ | Desse arabesco, que serpeia, inquieto, <br/ > | ||
+ | Num espaço imenso, sensual e lento. <br/ > | ||
+ | Nas tuas asas vou ganhando altura <br/ > | ||
+ | E um esteio de luz distingo, na planura, <br/ > | ||
+ | Quando o limite alcanço, em minha rota. <br/ > | ||
+ | É pergaminho a doce madrugada <br/ > | ||
+ | E minha vida ali ficou gravada <br/ > | ||
+ | Por tuas asas, meu amor, gaivota. <br/ > | ||
+ | <br/ > | ||
+ | In: Nas Tuas Asas, Gaivota-1995 <br/ > | ||
+ | |||
+ | |||
+ | |||
[[Category:Autores]][[Category:Poetas]][[Category:Jornalistas]][[Category:Vila Real de Santo António]] | [[Category:Autores]][[Category:Poetas]][[Category:Jornalistas]][[Category:Vila Real de Santo António]] |
Revision as of 11:53, 12 May 2021
Lolita Ramirez
Maria das Dores Dominguez Ramirez Galhardo Palmeira
Vila Real de Santo António 1929
Licenciada em Filologia Românica
Professora. Poeta. Artista Plástica
- Flor do Meu Caminho
Foi-se o inverno!
O sol surgiu mais rubro
E indulgente
Pra despertar a morta Natureza,
E em seu loiro esplendor
Cor e alma lhe deu
Vestindo-a de princesa!
Pudesse eu como Tu
Vogar no alto mar
Dos séculos sem era ...
Passa o Inverno
E voltas mais bonita,
Mais cheia de perfume,
Ó Primavera!
Da minha vida
O sol morno de Abril
E o quente sol do Estio
Apartando-se vão
Com asas de quimera! ...
Sem apelo
O Outono virá,
Depois o frio Inverno
Para cobrir de neve o meu cabelo ...
Então contemplarei
Na histórica ruína
De meus anos
O Terno ressurgir
De muitas primaveras ...
Chegará a seu termo a mocidade,
Mas que importa,
Se da vida o Inverno
Será um passo mais
Para a longa viagem
Rumo ao País Eterno?!
Voltam as
No seu rodar infindo.
Eu arbustro serei
P’ra que nos ramos seus
As graças mil de Deus
Construam doce ninho.
Então a Primavera
Nunca mais terá fim
Porque as bençãos do Céu
São pétalas, são flores,
Irreais? Sim,
Mas flores,
FLORES DO MEU CAMINHO
- Gaivota
Nas tuas asas, contra o céu cinzento,
Gótica ogiva de ancestral projeto,
Em tuas asas o passado invento
E na saudade do porvir vegeto.
Nas tuas asas dorme o meu afeto
E de entre arminhos plana o sentimento
Desse arabesco, que serpeia, inquieto,
Num espaço imenso, sensual e lento.
Nas tuas asas vou ganhando altura
E um esteio de luz distingo, na planura,
Quando o limite alcanço, em minha rota.
É pergaminho a doce madrugada
E minha vida ali ficou gravada
Por tuas asas, meu amor, gaivota.
In: Nas Tuas Asas, Gaivota-1995