Difference between revisions of "Luís, Fernando R."

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Foi correspondente do Diário de Notícias e colaborador do jornal «Barlavento» e das revistas «Florestas», «Prevenir» e «Protecção Civil».<br />
 
Foi correspondente do Diário de Notícias e colaborador do jornal «Barlavento» e das revistas «Florestas», «Prevenir» e «Protecção Civil».<br />
 
22 - TEMPO DE ESCOLA <br />
 
22 - TEMPO DE ESCOLA <br />
 
 
 
 
  A memória murcha no tempo <br />
 
  Das palavras repetidas <br />
 
  Das seis reguadas <br />
 
  E três ponteiradas<br />
 
  Trauteadas <br />
 
  Como os números da tabuada <br />
 
  Em lengalenga <br />
 
  Cantarolada todos os dias da semana <br />
 
  De manhã e de tarde<br />
 
    <br />
 
 
  De fio a pavio <br />
 
  &nbsp; &nbsp; Quatro e quatro oito<br />
 
  &nbsp; &nbsp; Um biscoito <br />
 
  &nbsp; &nbsp; Oito berlindes à “marezinha”<br />
 
  &nbsp; &nbsp; Oito bonecos da bola à “palmadinha” <br />
 
 
 
<br />
 
  De trás para diante<br />
 
  &nbsp; &nbsp; Duas vezes cinco dez <br />
 
  &nbsp; &nbsp; É à vez <br />
 
  &nbsp; &nbsp; Dez botões à “paredinha” <br />
 
  &nbsp; &nbsp; Dez voltas ao “pé-coxinho” <br />
 
  &nbsp; &nbsp; Dez marcas ao “poialinho” <br />
 
    <br />
 
 
  Da frente para trás<br />
 
  &nbsp; &nbsp; Cinco vezes dois dez <br />
 
  &nbsp; &nbsp; E à “covinha” buto que se veja <br />
 
  &nbsp; &nbsp; E estalo que se ouça <br />
 
  <br />
 
 
  O regime do medo <br />
 
  &nbsp; &nbsp; O som do ponteiro<br />
 
  &nbsp; &nbsp; Ao canto o degredo <br />
 
  &nbsp; &nbsp; As orelhas de burro <br />
 
  &nbsp; &nbsp; A régua dura <br />
 
  &nbsp; &nbsp; O ensino da ditadura <br />
 
    <br />
 
 
  E o tempo a passar<br />
 
  &nbsp; &nbsp;A recontar <br />
 
  &nbsp; &nbsp; &nbsp; Duas vezes três seis <br />
 
  &nbsp; &nbsp;A repetir <br />
 
  &nbsp; &nbsp; &nbsp; Duas vezes três seis<br />
 
  &nbsp; &nbsp;A trautear<br />
 
  &nbsp; &nbsp; &nbsp; Oito e oito dezasseis<br />
 
<br />
 
 
  E lá chega a hora<br />
 
  Do recreio na eira <br />
 
  &nbsp; &nbsp;A lançar o ring <br />
 
  &nbsp; &nbsp;A menina do senhor doutor<br />
 
  &nbsp; &nbsp;A &nbsp;saltar à corda <br />
 
  &nbsp; &nbsp; &nbsp; A Rosa da Toina e a moça da Benta<br />
 
  &nbsp; &nbsp;E ao “apanha” <br />
 
  &nbsp; &nbsp; &nbsp; O Zé da boina e o Patinha <br />
 
  &nbsp; &nbsp;E ao “toca e foge” <br />
 
  &nbsp; &nbsp; &nbsp; O Luís da canita e o Zé da Sanita<br />
 
  &nbsp; &nbsp;E a “pular à uva”&nbsp;<br />
 
  &nbsp; &nbsp; &nbsp; O Broa e o Papa Açorda <br />
 
  &nbsp; &nbsp;
 
  &nbsp; &nbsp;E ao pião “à nicada” <br />
 
  &nbsp; &nbsp; &nbsp; O Biji-bitó o Ratinho e o Maló <br />
 
  &nbsp; &nbsp;E nas macacadas o Xico Caretas <br />
 
  &nbsp; &nbsp;A parodiar o Manel das Bufas Pretas
 
 
 
      
 
      
  E toca a sineta <br />
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A memória murcha no tempo <br />
  No regresso à tormenta <br />
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Das palavras repetidas <br />
  De novo a ardósia <br />
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Das seis reguadas <br />
  Mil vezes usada <br />
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E três ponteiradas<br />  
  Ensebada e requebrada <br />
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Trauteadas <br />
  Com lápis de pedra <br />
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Como os números da tabuada <br />
  &nbsp; &nbsp;Mais uma vez a tabuada <br />
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Em lengalenga <br />
  &nbsp; &nbsp; &nbsp;Duas vezes dois quatro <br />
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Cantarolada todos os dias da semana <br />
  &nbsp; &nbsp;Sem enganar <br />
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De manhã e de tarde<br />  
  &nbsp; &nbsp; &nbsp;Duas vezes dois quatro <br />
 
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  E repetir <br />
 
 
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   E repetir <br />
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&nbsp; &nbsp; Quatro e quatro oito<br />
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&nbsp; &nbsp; Oito berlindes à “marezinha”<br />
  E repetir. <br />
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&nbsp; &nbsp; Oito bonecos da bola à “palmadinha” <br />
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De trás para diante<br />
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&nbsp; &nbsp; Duas vezes cinco dez <br />
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&nbsp; &nbsp; É à vez <br />
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O regime do medo <br />
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&nbsp; &nbsp; O som do ponteiro<br />
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&nbsp; &nbsp; As orelhas de burro <br />
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&nbsp; &nbsp; A régua dura <br />
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&nbsp; &nbsp; O ensino da ditadura <br />
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E o tempo a passar<br />
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&nbsp; &nbsp;A recontar <br />
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&nbsp; &nbsp;E nas macacadas o Xico Caretas <br />
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&nbsp; &nbsp;A parodiar o Manel das Bufas Pretas <br />
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E toca a sineta <br />
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No regresso à tormenta <br />
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De novo a ardósia <br />
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Fernando Reis LuísFoto.jpg

Fernando Reis Luís
Nasceu em Monchique, a 22 de Janeiro de 1945.
Licenciado em Gestão Bancária.
Poeta, professor, bancário, Agente Cultural.
Publicou contos e poemas, no «Juvenil», suplemento semanal do «Diário de Lisboa».
Foi correspondente do Diário de Notícias e colaborador do jornal «Barlavento» e das revistas «Florestas», «Prevenir» e «Protecção Civil».
22 - TEMPO DE ESCOLA

A memória murcha no tempo
Das palavras repetidas
Das seis reguadas
E três ponteiradas
Trauteadas
Como os números da tabuada
Em lengalenga
Cantarolada todos os dias da semana
De manhã e de tarde


De fio a pavio
    Quatro e quatro oito
    Um biscoito
    Oito berlindes à “marezinha”
    Oito bonecos da bola à “palmadinha”

De trás para diante
    Duas vezes cinco dez
    É à vez
    Dez botões à “paredinha”
    Dez voltas ao “pé-coxinho”
    Dez marcas ao “poialinho”

Da frente para trás
    Cinco vezes dois dez
    E à “covinha” buto que se veja
    E estalo que se ouça

O regime do medo
    O som do ponteiro
    Ao canto o degredo
    As orelhas de burro
    A régua dura
    O ensino da ditadura

E o tempo a passar
   A recontar
      Duas vezes três seis
   A repetir
      Duas vezes três seis
   A trautear
      Oito e oito dezasseis

E lá chega a hora
Do recreio na eira
   A lançar o ring
   A menina do senhor doutor
   A  saltar à corda
      A Rosa da Toina e a moça da Benta
   E ao “apanha”
      O Zé da boina e o Patinha
   E ao “toca e foge”
      O Luís da canita e o Zé da Sanita
   E a “pular à uva” 
      O Broa e o Papa Açorda
       E ao pião “à nicada”
      O Biji-bitó o Ratinho e o Maló
   E nas macacadas o Xico Caretas
   A parodiar o Manel das Bufas Pretas

E toca a sineta
No regresso à tormenta
De novo a ardósia
Mil vezes usada
Ensebada e requebrada
Com lápis de pedra
   Mais uma vez a tabuada
     Duas vezes dois quatro
   Sem enganar
     Duas vezes dois quatro

E repetir

E repetir

E repetir.

GAVETA DE POEMAS é um grupo onde o coordenador do FB Confraria dos Poetas Algarvios (virtual) publica alguns dos seus poemas, utilizando os heterónimos FRUIZ, para os Tercetos Livres (quasihaicus) e Cinco ao Quadrado; Fernando Estremoz, para as canções, e o próprio nome para a poesia em geral. Ver menos

  • RESINA DA VOZ

Escrevo multiplicando as metáforas
E assim vou caminhando
Deixando sulcos na pedra dura

Escrevo usando o tear das sílabas
E o fermento dos dias
Dando voz ao silêncio dos lábios

Escrevo lançando flechas
Do meu arco de olhares
Atravessando os portais do sol

Escrevo sobre o chão movediço
E no mosto do húmus
Como resíduo do sonho e do tempo

Escrevo para guardar no lenho
As sementes das palavras
Em vaivém nos espelhos

Escrevo como vagamundo
Seguindo trilhos ocultos
Para além da resina da voz

  • Pensamentos
  • Ser optimista é voltar-se para o nascente ao fim da tarde e usar um espelho para ver o pôr do sol.
  • Poesia é saber sentir o silêncio como se fosse a pureza da música
  • Usando a paleta das cores só um poeta saberá pintar a transparência do silêncio
  • Biografia
É um poeta algarvio com um largo currículo na arte poética, pelo que relativamente à poesia defende e milita uma imbricada relação entre a música, a arte visual e as palavras.Todas as obras do autor foram ilustradas por amigos seus, reconhecidos ilustradores, desenhistas e artistas plásticos (...) reafirmando a trilogia entre a pintura, a música e a palavra na sua forma e sentido poético, como António Carmo, Leandro Lamas, José Maria Oliveira e Igor Nunes Silva. 
É o fundador da «Confraria dos Poetas Algarvios» que visa a promoção dos poetas da nossa região.
Muito ligado ao associativismo foi fundador e impulsionador de diversas associações ligadas ao desporto, à cultura, aos bombeiros e à política.
Após o 25 de Abril foi candidato à Assembleia Constituinte e foi eleito Deputado à Assembleia da República, nas primeiras eleições legislativas.
Fernando Reis Luís, detentor de uma das mais notáveis coleções de máquinas fotográficas do Algarve.
ARANDIS EDITORA
  • Bibliografia

«Teia» (2 edições);
«A Seiva das Palavras»;
«Nos Socalcos da Serra»;
«Marés & Maresias»;
«Trezentos e Trinta e Três Tercetos»;
Ipsis Verbis»,
«Alquimia das Metáforas»
«Sombras no Chão»

nas colectâneas:

«Terra Luz»,
«Palavras de Liberdade»
«Mesturas»publicada em Espanha
«Homenagem a Manuel Maria»
«O Cancro: El, Eu e Nós»
«Antologia de Contos do Algarve»
Antologia Poética «O Trabalho»

LivrosFernandoLuís.2JPG.JPG
LivrosFernandoLuís.JPG

  • Pode saber mais sobre Fernando R. Luís nos seguintes links:

https://www.sulinformacao.pt/2019/11/fernando-reis-luis-lanca-novo-livro-de-poesia-em-faro/ - 2019 - O poeta algarvio Fernando Reis Luís apresenta o seu livro “Sombras no Chão”, no Club Farense.

https://arandiseditora.pt/book-author/fernando-reis-luis/

https://regiao-sul.pt/2017/06/26/artes-e-espetaculos/loule-a-alquimia-das-palavras-por-fernando-reis-luis-na-biblioteca-municipal/383814 - 2017 - Apresentação do livro “A alquimia das palavras” por Fernando Reis Luís na Biblioteca Municipal de Loulé

https://regiao-sul.pt/2017/06/26/artes-e-espetaculos/loule-a-alquimia-das-palavras-por-fernando-reis-luis-na-biblioteca-municipal/383814

https://vivaportimao.pt/a-nao-perder/arquivo-2/353-apresentacao-do-livro-alquimia-das-metaforas-de-fernando-reis-luis - Casa Manuel Teixeira Gomes recebe a apresentação do Livro Alquimia das Metáforas, de Fernando Reis Luís, que contará com a apresentação do Dr. Carlos Osório autor de obras publicadas sobre fotografia e fotógrafos algarvios.

https://www.algarvemarafado.com/2019/11/19/fernando-reis-luis-lanca-novo-livro-de-poesia/

https://www.algarvemarafado.com/2016/06/18/os-poemas-fotograficos-de-fernando-reis-luis/
FRL.jpg
Fernando Reis Luís apresentando os poemas ‘fotográficos’ na Casa Manuel Teixeira Gomes, em Portimão, com ilustrações de José Maria Oliveira, e editado pela Arandis Editora.

https://www.pensador.com/autor/fernando_reis_luis/ - Vários pensamentos retirados da obra de Fernando R. Luís.


A minha poesia poderá ser encontrada nos sites:
www.arandiseditora.pt 

https://poetassigloveintiuno.blogspot.pt/.../label/PORTUGAL https://estudioraposa.com www.rumoaonossosul.blogs.sapo.pt https://www.pensador.com/colecao/fernando_r_luis/ https://poetassigloveintiuno.blogspot.com/search/label/PORTUGAL - Blog de Fernando Sabido Sanchez onde podemos encontrar diversas poesias de Fernando Reis Luís.