Difference between revisions of "Campinas, António Vicente"

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Militante do Partido Comunista Português, foi preso e obrigado ao exílio pelo regime do Estado Novo<br/ >
 
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Poeta. Romancista. Cronista. Jornalista. Resistente antifascista. Patrono da Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António.<br/ >
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Figura cimeira do neo-realismo português foi autor de vastíssima obra traduzida em várias línguas, que percorre diversos géneros literários, desde a poesia ao romance, passando pelo conto, novela, diário, crónica e narrativa intimista.(...) Começou a editar poesia em 1938, com o livro Aguarelas. Especialmente famoso é o seu(?) poema "Cantar Alentejano", em honra de Catarina Eufémia, musicado por José Afonso, no álbum "Cantigas de Maio" editado no Natal de 1971.<br/ ><br/ >Perfilou-se ao lado de romancistas célebres como Alves Redol, Manuel da Fonseca ou Fernando Namora, nos turtuosos caminhos da neo-realismo, sofrendo não raras vezes as perseguições da PIDE e até a ignomínia do cárcere. Pagou caro a sua ousadia de pintar a realidade social nos campos ou nas fábricas com o olhar acusador e perscrutante do socialista, que lutava pela emancipação das classes laboriosas. Militante do Partido Comunista Português, foi preso e obrigado ao exílio pelo regime do Estado Novo.
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Em 1994,(...) a autarquia vila-realense prestou-lhe uma homenagem pública a que se associaram as principais entidades regionais.<br/ >
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José Carlos Vilhena Mesquita<br/ >in https://arquivo.pt/wayback/20001016001248/http://www.3arede.pt:80/ajea/stilus/index.html
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'''''Fronteiriços''''' 1952 (Romance)<br/ >
 
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'''''Aguarelas''''' (poesia), 1938<br/ >
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'''''Recantos farenses''''' (Livraria Campina), 1956<br/ >
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'''''Lisboa, Outono''''' (Livraria Ibérica), 1959<br/ >
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'''''Preia-mar''''', poesias (Ed.do Autor), 1969<br/ >
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'''''Reencontro''''', 1971<br/ >
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'''''Escrita e combate – textos de escritos comunistas''''', 1976<br/ >
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'''''Natais de exílio''''', 1978<br/ >
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'''''Homens e cães (contos)''''', 1979<br/ >
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'''''Três dias de inferno''''', (Jornal do Algarve), 1980<br/ >
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'''''Vigilância, camaradas''''' (Jornal do Algarve), 1981<br/ >
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'''''Gritos da fortaleza''''', (Jornal do Algarve), 1981<br/ >
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'''''Putos ao deus-dará''''', 1982<br/ >
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'''''Rio Esperança, Guadiana, meu amigo''''' (Jornal do Algarve), 1983<br/ >
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'''''Fronteira azul carregada de futuro''''' (Ed.do Autor), 1984<br/ >
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'''''O dia da árvore marcada (Nova Realidade)''''', 1985<br/ >
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'''''Fronteiriços''''' (Nova Realidade), 1986<br/ >
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'''''Ciladas de amor e raiva''''' (Ed. do Autor), 1987<br/ >
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'''''Segredo do meio do mar''''' (Ed. do Autor), 1988<br/ >
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'''''Mais putos ao deus-dará''''' (Orion), 1988<br/ >
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'''''O azul do sul é cor de sonho''''', narrativas, 1990<br/ >
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'''''A dívida, os corvos e outros contos''''' (em colaboração com Manuel da Conceição) 1992<br/ >
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'''''Poemas em memória de Catarina Eufémia'''''<br/ >
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'''''Guardador de Estrelas''''', antologia, 1994<br/ >
 
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Poemas em memória de Catarina Eufémia<br/ >
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Poema "Manhã de Paz"<br/ >
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Alguns livros de '''Vicente Campinas'''<br/ >
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*Veja mais sobre António Vicente Campinas nos seguintes links:<br/ >
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[https://www.jornaltornado.pt/antonio-vicente-campinas/ - 2018 - Texto do ''Jornal O Tornado'' sobre a vida e a obra de Vicente Campinas.]<br/ > 
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[https://guadianadigital.sapo.pt/vicente-campinas-110-anos-do-nascimento/ - 2020 - Texto do ''Guadiana Digital'' sobre o 110º aniversário de '''Vicente Campinas'''.]<br />
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[https://aviagemdosargonautas.net/2012/04/19/poemas-sobre-o-alentejo-antonio-vicente-campinas/ - 2012 - Site onde se pode ler o poema de Vicente Campinas (?) sobre Catarina Eufémia e ouvi-lo na voz de José Afonso.]<br />
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*in [[File:Logo-arquivo-pt.png | link=https://arquivo.pt/ | https://arquivo.pt]]''':'''<br />
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[https://arquivo.pt/wayback/20001016001248/http://www.3arede.pt:80/ajea/stilus/index.html - 2001 -Texto de Vilhena Mesquita sobre o falecimento de '''Vicente Campinas''', publicado pela AJEA.]<br />
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[https://arquivo.pt/wayback/20040112104159/http://www.terravista.pt/nazare/7667/Jornal/actual/Geral/poesia.htm - 2004 - Notícia sobre O Clube Senior no Parque das Nações ter recebido uma embaixada de poetisas algarvias, onde um dos mais belos momentos  teve lugar quando Nídia Horta homenageou postumamente o poeta vilarealense '''António Vicente Campinas''' com a declamação dramatizada do poema "Dança das Conquilheiras," do livro "Antemanhã da Liberdade" da autoria daquele escritor.]<br />
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[https://arquivo.pt/wayback/20081021124928/http://eb23-vcaiz.edu.pt/acti_depart/csh/catarina_euf/catar_euf.pdf - 2008 - Texto sobre Catarina Eufémia onde se refere que o poema de '''Vicente Campinas'''(?) "Cantar Alentejano" foi musicado por Zeca Afonso no álbum "Cantigas de Maio" editado no Natal de 1971.]<br />
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[https://arquivo.pt/wayback/20091005043852/http://algarvebecre.blogspot.com/2009/09/vila-real-sa-com-nova-biblioteca.html - 2009 - Notícia sobre a conferência '''António Vicente Campinas: linhas de fronteira''' organizada pelo Centro de Estudos Linguísticos e Literários (CELL) da UAlg e pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António/Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela.]<br />
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[https://arquivo.pt/wayback/20091005043852/http://algarvebecre.blogspot.com/2009/09/vila-real-sa-com-nova-biblioteca.html - 2009 - Notícia sobre a inauguração da Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António que recebeu o nome de '''António Vicente Campinas''', poeta e prosador algarvio]<br/ >
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Antonio-Vicente-Campinas.jpg

António Vicente Campinas

Vila Nova de Cacela, 1910 - Vila Real de Santo António, 1998

Poeta. Romancista. Cronista. Jornalista. Resistente antifascista. Patrono da Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António.


  • Cantar Alentejano


Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem p´ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti

Aquela andorinha negra
Bate as asas p´ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar

  • Manhã de Paz


Ai a manhã de Primavera
calma e sedosa de perfume e flor
— como qualquer primeiro amor
ornamentado de quimera
Haja o que houver e seja quando for
prometo sim! Prometo ter maneira
de semear rosas onde exista a dor!

In Raiz da Serenidade
(Este poema, escrito em 1952, inspirou-se nos crimes e nas dores que pesavam sobre o povo coreano, nesse momento.)

Notas Biográficas

Figura cimeira do neo-realismo português foi autor de vastíssima obra traduzida em várias línguas, que percorre diversos géneros literários, desde a poesia ao romance, passando pelo conto, novela, diário, crónica e narrativa intimista.(...) Começou a editar poesia em 1938, com o livro Aguarelas. Especialmente famoso é o seu(?) poema "Cantar Alentejano", em honra de Catarina Eufémia, musicado por José Afonso, no álbum "Cantigas de Maio" editado no Natal de 1971.

Perfilou-se ao lado de romancistas célebres como Alves Redol, Manuel da Fonseca ou Fernando Namora, nos turtuosos caminhos da neo-realismo, sofrendo não raras vezes as perseguições da PIDE e até a ignomínia do cárcere. Pagou caro a sua ousadia de pintar a realidade social nos campos ou nas fábricas com o olhar acusador e perscrutante do socialista, que lutava pela emancipação das classes laboriosas. Militante do Partido Comunista Português, foi preso e obrigado ao exílio pelo regime do Estado Novo. Em 1994,(...) a autarquia vila-realense prestou-lhe uma homenagem pública a que se associaram as principais entidades regionais.
José Carlos Vilhena Mesquita
in https://arquivo.pt/wayback/20001016001248/http://www.3arede.pt:80/ajea/stilus/index.html

  • Bibliografia


Aguarelas
O azul do sul é cor do sonho (narrativas)
Raiz da Serenidade (Poesia)
Fronteiriços 1952 (Romance)
Aguarelas (poesia), 1938
Recantos farenses (Livraria Campina), 1956
Lisboa, Outono (Livraria Ibérica), 1959
Preia-mar, poesias (Ed.do Autor), 1969
Reencontro, 1971
Escrita e combate – textos de escritos comunistas, 1976
Natais de exílio, 1978
Homens e cães (contos), 1979
Três dias de inferno, (Jornal do Algarve), 1980
Vigilância, camaradas (Jornal do Algarve), 1981
Gritos da fortaleza, (Jornal do Algarve), 1981
Putos ao deus-dará, 1982
Rio Esperança, Guadiana, meu amigo (Jornal do Algarve), 1983
Fronteira azul carregada de futuro (Ed.do Autor), 1984
O dia da árvore marcada (Nova Realidade), 1985
Fronteiriços (Nova Realidade), 1986
Ciladas de amor e raiva (Ed. do Autor), 1987
Segredo do meio do mar (Ed. do Autor), 1988
Mais putos ao deus-dará (Orion), 1988
O azul do sul é cor de sonho, narrativas, 1990
A dívida, os corvos e outros contos (em colaboração com Manuel da Conceição) 1992
Poemas em memória de Catarina Eufémia
Guardador de Estrelas, antologia, 1994

LivrosCampinas.pngVicenteCampinaslivro.jpg
Alguns livros de Vicente Campinas

  • Veja mais sobre António Vicente Campinas nos seguintes links:


- 2018 - Texto do Jornal O Tornado sobre a vida e a obra de Vicente Campinas.
- 2020 - Texto do Guadiana Digital sobre o 110º aniversário de Vicente Campinas.
- 2012 - Site onde se pode ler o poema de Vicente Campinas (?) sobre Catarina Eufémia e ouvi-lo na voz de José Afonso.

  • in https://arquivo.pt:


- 2001 -Texto de Vilhena Mesquita sobre o falecimento de Vicente Campinas, publicado pela AJEA.
- 2004 - Notícia sobre O Clube Senior no Parque das Nações ter recebido uma embaixada de poetisas algarvias, onde um dos mais belos momentos teve lugar quando Nídia Horta homenageou postumamente o poeta vilarealense António Vicente Campinas com a declamação dramatizada do poema "Dança das Conquilheiras," do livro "Antemanhã da Liberdade" da autoria daquele escritor.
- 2008 - Texto sobre Catarina Eufémia onde se refere que o poema de Vicente Campinas(?) "Cantar Alentejano" foi musicado por Zeca Afonso no álbum "Cantigas de Maio" editado no Natal de 1971.
- 2009 - Notícia sobre a conferência António Vicente Campinas: linhas de fronteira organizada pelo Centro de Estudos Linguísticos e Literários (CELL) da UAlg e pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António/Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela.
- 2009 - Notícia sobre a inauguração da Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António que recebeu o nome de António Vicente Campinas, poeta e prosador algarvio