Campinas, António Vicente

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António Vicente Campinas

Vila Nova de Cacela, 1910 - Vila Real de Santo António, 1998

Poeta. Romancista. Cronista. Jornalista. Resistente antifascista. Patrono da Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António.


  • Cantar Alentejano


Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem p´ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti

Aquela andorinha negra
Bate as asas p´ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar

  • Manhã de Paz


Ai a manhã de Primavera
calma e sedosa de perfume e flor
— como qualquer primeiro amor
ornamentado de quimera
Haja o que houver e seja quando for
prometo sim! Prometo ter maneira
de semear rosas onde exista a dor!

In Raiz da Serenidade
(Este poema, escrito em 1952, inspirou-se nos crimes e nas dores que pesavam sobre o povo coreano, nesse momento.)

Notas Biográficas

Figura cimeira do neo-realismo português foi autor de vastíssima obra traduzida em várias línguas, que percorre diversos géneros literários, desde a poesia ao romance, passando pelo conto, novela, diário, crónica e narrativa intimista.(...) Começou a editar poesia em 1938, com o livro Aguarelas. Especialmente famoso é o seu(?) poema "Cantar Alentejano", em honra de Catarina Eufémia, musicado por José Afonso, no álbum "Cantigas de Maio" editado no Natal de 1971.

Perfilou-se ao lado de romancistas célebres como Alves Redol, Manuel da Fonseca ou Fernando Namora, nos turtuosos caminhos da neo-realismo, sofrendo não raras vezes as perseguições da PIDE e até a ignomínia do cárcere. Pagou caro a sua ousadia de pintar a realidade social nos campos ou nas fábricas com o olhar acusador e perscrutante do socialista, que lutava pela emancipação das classes laboriosas. Militante do Partido Comunista Português, foi preso e obrigado ao exílio pelo regime do Estado Novo. Em 1994,(...) a autarquia vila-realense prestou-lhe uma homenagem pública a que se associaram as principais entidades regionais.
José Carlos Vilhena Mesquita
in https://arquivo.pt/wayback/20001016001248/http://www.3arede.pt:80/ajea/stilus/index.html

  • Bibliografia


Aguarelas
O azul do sul é cor do sonho (narrativas)
Raiz da Serenidade (Poesia)
Fronteiriços 1952 (Romance)
Aguarelas (poesia), 1938
Recantos farenses (Livraria Campina), 1956
Lisboa, Outono (Livraria Ibérica), 1959
Preia-mar, poesias (Ed.do Autor), 1969
Reencontro, 1971
Escrita e combate – textos de escritos comunistas, 1976
Natais de exílio, 1978
Homens e cães (contos), 1979
Três dias de inferno, (Jornal do Algarve), 1980
Vigilância, camaradas (Jornal do Algarve), 1981
Gritos da fortaleza, (Jornal do Algarve), 1981
Putos ao deus-dará, 1982
Rio Esperança, Guadiana, meu amigo (Jornal do Algarve), 1983
Fronteira azul carregada de futuro (Ed.do Autor), 1984
O dia da árvore marcada (Nova Realidade), 1985
Fronteiriços (Nova Realidade), 1986
Ciladas de amor e raiva (Ed. do Autor), 1987
Segredo do meio do mar (Ed. do Autor), 1988
Mais putos ao deus-dará (Orion), 1988
O azul do sul é cor de sonho, narrativas, 1990
A dívida, os corvos e outros contos (em colaboração com Manuel da Conceição) 1992
Poemas em memória de Catarina Eufémia
Guardador de Estrelas, antologia, 1994

LivrosCampinas.pngVicenteCampinaslivro.jpg
Alguns livros de Vicente Campinas

  • Veja mais sobre António Vicente Campinas nos seguintes links:


- 2018 - Texto do Jornal O Tornado sobre a vida e a obra de Vicente Campinas.
- 2020 - Texto do Guadiana Digital sobre o 110º aniversário de Vicente Campinas.
- 2012 - Site onde se pode ler o poema de Vicente Campinas (?) sobre Catarina Eufémia e ouvi-lo na voz de José Afonso.

  • in https://arquivo.pt:


- 2001 -Texto de Vilhena Mesquita sobre o falecimento de Vicente Campinas, publicado pela AJEA.
- 2004 - Notícia sobre O Clube Senior no Parque das Nações ter recebido uma embaixada de poetisas algarvias, onde um dos mais belos momentos teve lugar quando Nídia Horta homenageou postumamente o poeta vilarealense António Vicente Campinas com a declamação dramatizada do poema "Dança das Conquilheiras," do livro "Antemanhã da Liberdade" da autoria daquele escritor.
- 2008 - Texto sobre Catarina Eufémia onde se refere que o poema de Vicente Campinas(?) "Cantar Alentejano" foi musicado por Zeca Afonso no álbum "Cantigas de Maio" editado no Natal de 1971.
- 2009 - Notícia sobre a conferência António Vicente Campinas: linhas de fronteira organizada pelo Centro de Estudos Linguísticos e Literários (CELL) da UAlg e pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António/Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela.
- 2009 - Notícia sobre a inauguração da Biblioteca Municipal de Vila Real de Santo António que recebeu o nome de António Vicente Campinas, poeta e prosador algarvio