Difference between revisions of "Caires, Lutegarda"

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'''Luthgarda''' Guimarães de '''Caires'''<br />
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'''Lutegarda''' Guimarães de '''Caires'''<br />
Poeta e Romancista. Filantropa. Ativista.<br />
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Vila Real de Santo António, 15/11/1879 - Lisboa, 30/03/1935 em Lisboa.<br />
Nasceu em Vila Real de Santo António, em 15 de Novembro de 1879 e morreu em 30 de março de 1935 em Lisboa.<br />
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Poetisa. Romancista. Filantropa. Ativista dos direitos humanos, onde se destaca o seu contributo para a abolição da "Máscara", castigo imposto para as penas mais graves. Fundadora do Natal dos Hospitais.  
Foi a "fundadora" do Natal dos Hospitais.<br />
 
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*'''Luar do Algarve''' in '''''Almanaque do Algarve''''', 1943 <br />
 
*'''Luar do Algarve''' in '''''Almanaque do Algarve''''', 1943 <br />
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que na terra enregele um coração!...<br />
 
que na terra enregele um coração!...<br />
  
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Poetas esquecidos
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Tornei a ver te! Agora os meus cabelos<br />
15 de fevereiro de 2016 ·
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embranqueceram já... longe de ti.<br />
Lutegarda de Caires
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Foram-se há muito aspirações e anelos<br />
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mas as saudades ainda as não perdi.<br />
Lutegarda Guimarães de Caires, nasceu em Vila Real de Santo António, em Novembro de 1879 e morreu em 1935. Muito nova, deixou o Algarve e foi viver para Lisboa onde conheceu e mais tarde veio a casar, o advogado João de Caires. Logo no princípio do seu casamento sofreu a morte de uma filha, experiência amarga que marca profundamente e que fez transparecer tudo isso na sua poesia.
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Dedica-se então a causas sociais, sendo a mais relevante de todas as visitas e dádivas que fazia às crianças doentes do Hospital Dona Estefânia, motivo porque se diz ter sido a percursora do “Natal dos Hospitais”, evento que promoveu durante dez anos como “Natal das Crianças dos Hospitais” e que hoje se chama apenas “Natal dos Hospitais”.<br />Ativista para lá de poetisa, escreve artigos onde denuncia as fracas condições de higiene das cadeias portuguesas, conseguindo que se abolissem algumas das leis vigentes como A Máscara (para penas mais duras) ou a obrigatoriedade da pena do silêncio.<br />Colabora em vários jornais, Século, Diário de Notícias, A Capital, Brasil – Portugal, Ecos da Avenida e Correio da Manhã.<br />Foi agraciada a 5 de Outubro de 1931 como Oficial da Ordem de Benemerência, pela sua dedicação às crianças, e com a Ordem Militar de Santiago de Espada. A cidade de Vila Real de Santo António prestou-lhe homenagem em 1937 com lugar na toponímia local e mais tarde, em 1966, com um busto junto do rio Guadiana.<br />
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Mas volto à minha terra, tão bonita!<br />
in: '''Poetas esquecidos''', 15 de fevereiro de 2016 · Lutegarda de Caires.https://pt-pt.facebook.com/703394263113987/posts/904566396330105/<br />
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Terra onde reina o sol que resplandece,<br />
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aonde a vaga é murmurar de prece<br />
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e sinto ainda a ternura infinita.<br />
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É que não há céu de tal 'splendor<br />
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nem rio azul tão belo e prateado<br />
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como o Guadiana, o meu rio encantado<br />
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de mansas águas, suspirando amor!<br />
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'''Alcoutim Livre''' domingo, 21 de setembro de 2008<br />
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*'''Notas Biográficas'''<br />
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'''Lutegarda''' Guimarães de '''Caires''', nasceu em Vila Real de Santo António, em Novembro de 1879 e morreu em 1935. Muito nova, deixou o Algarve e foi viver para Lisboa onde conheceu e mais tarde veio a casar, o advogado João de Caires. Logo no princípio do seu casamento sofreu a morte de uma filha, experiência amarga que marca profundamente e que fez transparecer tudo isso na sua poesia. Dedica-se então a causas sociais, sendo a mais relevante de todas as visitas e dádivas que fazia às crianças doentes do Hospital Dona Estefânia, motivo porque se diz ter sido a percursora do “Natal dos Hospitais”, evento que promoveu durante dez anos como “Natal das Crianças dos Hospitais” e que hoje se chama apenas “Natal dos Hospitais”. Após a implantação da República é convidada pelo ministro da Justiça, a propor melhorias de carácter social e sobre a situação jurídica da mulher. No campo poético, obtém em 1913 o 1º Prémio de Poesia nos jogos florais hispano-portugueses de Ceuta, com o soneto '''''Florinha das ruas'''''. Em Fevereiro de 2008 é aberto na sua terra natal o '''1º Concurso Literário, Lutegarda de Guimarães Caíres (prosa e verso)''' destinado a todos os alunos do ensino básico e secundário. Ativista para lá de poetisa, escreve artigos onde denuncia as fracas condições de higiene das cadeias portuguesas, conseguindo que se abolissem algumas das leis vigentes como A Máscara (para penas mais duras) ou a obrigatoriedade da pena do silêncio. Colabora em vários jornais, Século, Diário de Notícias, A Capital, Brasil – Portugal, Ecos da Avenida e Correio da Manhã. Foi agraciada a 5 de Outubro de 1931 como Oficial da Ordem de Benemerência, pela sua dedicação às crianças, e com a Ordem Militar de Santiago de Espada. A cidade de Vila Real de Santo António prestou-lhe homenagem em 1937 com lugar na toponímia local e mais tarde, em 1966, com um busto junto do rio Guadiana. in: '''Poetas esquecidos''', 15 de fevereiro de 2016 · Lutegarda de Caires. https://ptpt.facebook.com/703394263113987/posts/904566396330105/<br />
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*'''Bibliografia'''<br />
 
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'''''Glicínias''''' (1910)<br />
 
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'''''Papoulas''''' (1912)<br />
 
'''''Papoulas''''' (1912)<br />
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'''''Cavalinho Branco''''' (1930)<br />
 
'''''Cavalinho Branco''''' (1930)<br />
 
'''''Palácio das Três Estrelas''''' (1930)<br />
 
'''''Palácio das Três Estrelas''''' (1930)<br />
''''''Inês'''''' (peça de teatro em co-autoria com Manuel Vieira Natividade e Virgínia Vitorino)<br />
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'''''Inês''''' (peça de teatro em co-autoria com Manuel Vieira Natividade e Virgínia Vitorino)<br />
''''''Vagamundo'''''' (Libretto da ópera musicada por Rui Coelho)<br />
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'''''Vagamundo''''' (Libretto da ópera musicada por Rui Coelho)<br />
 
 
“Tornei a ver te! Agora os meus cabelos
 
embranqueceram já... longe de ti.
 
Foram-se há muito aspirações e anelos
 
mas as saudades ainda as não perdi.
 
 
 
Mas volto à minha terra, tão bonita!
 
Terra onde reina o sol que resplandece,
 
aonde a vaga é murmurar de prece
 
e sinto ainda a ternura infinita.
 
 
 
É que não há céu de tal 'splendor
 
nem rio azul tão belo e prateado
 
como o Guadiana, o meu rio encantado
 
de mansas águas, suspirando amor!”
 
 
 
— Lutegarda Guimarães de Caires
 
Alcoutim Livre
 
domingo, 21 de setembro de 2008
 
Lutegarda de Caires
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após a implantação da República é convidada pelo ministro da Justiça, a propor melhorias de carácter social.
 
 
 
Da sua pena saem vários trabalhos sobre a situação jurídica da mulher.
 
 
 
Os problemas prisionais merecem-lhe especial atenção. Neste sentido consegue a abolição da máscara penitenciária e do regime do silêncio.
 
 
 
É igualmente pela sua acção que as condições sanitárias das prisões das mulheres sofrem algumas melhorias.
 
 
 
Foi a percursora do “Natal nos Hospitais”.
 
 
 
No campo poético, onde igualmente se notabilizou, obtém em 1913 o 1º Prémio de Poesia nos jogos florais hispano-portugueses de Ceuta, com o soneto Florinha das ruas.
 
 
 
São da sua autoria, em verso, os seguintes trabalhos:
 
Glicínias (1910); Bandeira Portuguesa (1910); Papoulas (1912); Sombras e Cinzas (1916) e Violetas (1923). Por publicar ficou Anoitecendo.
 
 
 
Em prosa deixou:
 
Dança do Destino (contos), 1913; Pombas Feridas (misto de prosa e verso) (1914); Doutor Vampiro (romance) (1923); Palácio das três Estrelas (literatura infantil) (1930).
 
Nesta área, deixou inédito: Águas Passadas (novela); Árvores benditas e Nossa Senhora de Lurdes.
 
 
 
Lutegarda de Caíres abordou outras áreas da literatura. Assim escreveu, Vagabundo, libreto de ópera que subiu à cena em 1914 e mais tarde em 1931. Em teatro, deixou inédito Lenda de Guimer.
 
 
 
 
 
Tem desde 1937 o seu nome na toponímia vila-realense.
 
 
 
  
  
Em Fevereiro de 2008 é aberto na sua terra natal o 1º Concurso Literário, Lutegarda de Guimarães Caíres (prosa e verso) destinado a todos os alunos do ensino básico e secundário.
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[[File:Lutegardaestatua.jpg]]<br />
  
Junto ao Guadiana foi levantada uma estátua em pedra que a representa, homenageando-a.
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Estátua levantada junto ao Guadiana em homenagem a Lutegarda Caires<br />
___________________________________________
 
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. V
 
Publicado por José Varzeano
 
Tema: Figuras do Baixo Guadiana
 
  
 
*Veja mais sobre '''Lutegarda Caires''' nos seguintes links''':'''
 
*Veja mais sobre '''Lutegarda Caires''' nos seguintes links''':'''

Latest revision as of 11:24, 4 November 2021

Lutegardafoto.jpg
Lutegarda Guimarães de Caires
Vila Real de Santo António, 15/11/1879 - Lisboa, 30/03/1935 em Lisboa.

Poetisa. Romancista. Filantropa. Ativista dos direitos humanos, onde se destaca o seu contributo para a abolição da "Máscara", castigo imposto para as penas mais graves. Fundadora do Natal dos Hospitais.   
  • Luar do Algarve in Almanaque do Algarve, 1943

Aproxima-se a noite... Tremulando
Desdobra-se a mortalha transparente
De estrelas nos espaços lucilando...
O rouxinol suspira eternamente,
E canta, canta sempre, soluçando...
Ao Deus da Mis'ricórdia, tristemente
Os ciprestes para o céu vão suplicando
Por almas que se evolam docemente...
Saudades! Espalhai o vosso pranto!
E sobre o coração que sofreu tanto,
cantai antes a Glória, a Paz que o encerra!
Mas tu, luar, na campa abandonada,
vem espalhar a luz abençoada,
celestial luar da Minha Terra!

  • Anoitecendo do livro póstumo “Anoitecendo”

Silencio! Tangem sinos. São Trindades.
O sol vai pouco a pouco enfraquecendo,
sulcado de violetas e saudades...
Avé-Maria! Vem anoitecendo...

Esp'ranças, ambições, alacridades,
os poentes da vida esmaecendo,
nem o sol lhes empresta as claridades
dos lampejes que, ao longe, vão morrendo.

Porque a noite aproxima-se, rezando,
e o luar, melancólico, sonhando
com tristezas da eterna escuridão...

Mas a alma, que vence e se ilumina,
que lhe importa, no Além da luz divina,
que na terra enregele um coração!...

Tornei a ver te! Agora os meus cabelos
embranqueceram já... longe de ti.
Foram-se há muito aspirações e anelos
mas as saudades ainda as não perdi.

Mas volto à minha terra, tão bonita!
Terra onde reina o sol que resplandece,
aonde a vaga é murmurar de prece
e sinto ainda a ternura infinita.

É que não há céu de tal 'splendor
nem rio azul tão belo e prateado
como o Guadiana, o meu rio encantado
de mansas águas, suspirando amor!

Alcoutim Livre domingo, 21 de setembro de 2008

  • Notas Biográficas

Lutegarda Guimarães de Caires, nasceu em Vila Real de Santo António, em Novembro de 1879 e morreu em 1935. Muito nova, deixou o Algarve e foi viver para Lisboa onde conheceu e mais tarde veio a casar, o advogado João de Caires. Logo no princípio do seu casamento sofreu a morte de uma filha, experiência amarga que marca profundamente e que fez transparecer tudo isso na sua poesia. Dedica-se então a causas sociais, sendo a mais relevante de todas as visitas e dádivas que fazia às crianças doentes do Hospital Dona Estefânia, motivo porque se diz ter sido a percursora do “Natal dos Hospitais”, evento que promoveu durante dez anos como “Natal das Crianças dos Hospitais” e que hoje se chama apenas “Natal dos Hospitais”. Após a implantação da República é convidada pelo ministro da Justiça, a propor melhorias de carácter social e sobre a situação jurídica da mulher. No campo poético, obtém em 1913 o 1º Prémio de Poesia nos jogos florais hispano-portugueses de Ceuta, com o soneto Florinha das ruas. Em Fevereiro de 2008 é aberto na sua terra natal o 1º Concurso Literário, Lutegarda de Guimarães Caíres (prosa e verso) destinado a todos os alunos do ensino básico e secundário. Ativista para lá de poetisa, escreve artigos onde denuncia as fracas condições de higiene das cadeias portuguesas, conseguindo que se abolissem algumas das leis vigentes como A Máscara (para penas mais duras) ou a obrigatoriedade da pena do silêncio. Colabora em vários jornais, Século, Diário de Notícias, A Capital, Brasil – Portugal, Ecos da Avenida e Correio da Manhã. Foi agraciada a 5 de Outubro de 1931 como Oficial da Ordem de Benemerência, pela sua dedicação às crianças, e com a Ordem Militar de Santiago de Espada. A cidade de Vila Real de Santo António prestou-lhe homenagem em 1937 com lugar na toponímia local e mais tarde, em 1966, com um busto junto do rio Guadiana. in: Poetas esquecidos, 15 de fevereiro de 2016 · Lutegarda de Caires. https://ptpt.facebook.com/703394263113987/posts/904566396330105/


  • Bibliografia

VioletasLutegarda.jpg
Glicínias (1910)
Papoulas (1912)
A Dança do Destino: contos e narrativas (1913)
Bandeira Portuguesa (1910)
Dança do Destino (1911)
Pombas Feridas (1914)
Sombras e Cinzas (1916) Doutor Vampiro (1921, romance)
Violetas (1922)
Cavalinho Branco (1930)
Palácio das Três Estrelas (1930)
Inês (peça de teatro em co-autoria com Manuel Vieira Natividade e Virgínia Vitorino)
Vagamundo (Libretto da ópera musicada por Rui Coelho)


Lutegardaestatua.jpg

Estátua levantada junto ao Guadiana em homenagem a Lutegarda Caires

  • Veja mais sobre Lutegarda Caires nos seguintes links:

- 2004 - Artigo “A Fundadora do Natal dos Hospitais” por Maria Luísa V. de Paiva Boléo, publicado no portal leme.pt, do qual destacamos: “Vila Real de Santo António orgulha-se de na sua cidade ter nascido, em Novembro de 1873, aquela que além de escritora e filantropa, teve, um dia, a ideia de proporcionar às crianças doentes um Natal com agasalhos, prendas e brinquedos, cuja dimensão viria a atingir a imensa popularidade do atual Natal dos Hospitais.”