Difference between revisions of "Uma quarteirense que Camões amou"
| Line 27: | Line 27: | ||
'''2.'''Casa do antigo morgado de Quarteira, construída no séc. 16, ampliada posteriormente e adaptada a instalação hoteleira. Atualmente apresenta planta irregular, composta por vários corpos articulados e de coberturas diferenciadas, o da zona mais antiga em L, formando pátio central. As fachadas evoluem em dois pisos, com vários elementos sublinhados a ocre e rasgadas por janelas retilíneas. A fachada principal, virada a nascente, revela diferença na modinatura dos vãos e no remate, criando como que dois falsos panos, certamente resultantes da ampliação ou fases construtivas de épocas distintas. No pano da direita, abre-se portal quinhentista, em arco apontado, biselado, e, no segundo piso, quase ao centro da fachada, óculo polilobado. Ao longo do piso térreo dispõem-se argolas de prisão, em ferro, sobre azulejos, e, no pano esquerdo, pequena sineira.<br /> | '''2.'''Casa do antigo morgado de Quarteira, construída no séc. 16, ampliada posteriormente e adaptada a instalação hoteleira. Atualmente apresenta planta irregular, composta por vários corpos articulados e de coberturas diferenciadas, o da zona mais antiga em L, formando pátio central. As fachadas evoluem em dois pisos, com vários elementos sublinhados a ocre e rasgadas por janelas retilíneas. A fachada principal, virada a nascente, revela diferença na modinatura dos vãos e no remate, criando como que dois falsos panos, certamente resultantes da ampliação ou fases construtivas de épocas distintas. No pano da direita, abre-se portal quinhentista, em arco apontado, biselado, e, no segundo piso, quase ao centro da fachada, óculo polilobado. Ao longo do piso térreo dispõem-se argolas de prisão, em ferro, sobre azulejos, e, no pano esquerdo, pequena sineira.<br /> | ||
| − | |||
In: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=36344<br /> | In: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=36344<br /> | ||
Revision as of 16:44, 5 February 2025
José Carlos Vilhena Mesquita - UMA QUARTEIRENSE QUE CAMÕES AMOU
- Síntese do Texto:
O historiador José Carlos Vilhena Mesquita destaca a figura de D. Francisca de Aragão, nobre algarvia e possível musa inspiradora de Os Lusíadas. Nascida na casa senhorial dos Barretos, na praia de Quarteira, Francisca era filha de Nuno Rodrigues Barreto, alcaide-mor de Faro, e neta de D. Afonso de Aragão, descendente bastardo do rei D. João II de Aragão. Desde jovem, integrou a corte portuguesa ao serviço da rainha D. Catarina, tornando-se uma das mais admiradas damas do Paço, superando até a infanta D. Maria em beleza e sendo louvada por poetas da época.
A ligação de Francisca de Aragão com Luís de Camões é evidenciada pelo mote que ela lhe ofereceu – "Mas, porém a que cuidados?" –, ao qual o poeta respondeu com uma glosa. Segundo Mário Lyster Franco, a relação entre ambos não teria sido um amor arrebatado, mas sim uma "terna amizade-amorosa", expressão de Júlio Dantas, marcada por admiração e ternura, tornando-se um dos mais belos episódios da vida do poeta. Esse vínculo teria começado após o regresso de Camões de Ceuta, por volta de 1551, e durado até sua prisão na cadeia do Tronco, em 1552, após um duelo.
- Excerto do texto:
Em 1980 assinalou-se o 4º Centenário da morte do maior vate da Língua portuguesa. Porém, perdeu-se então a oportunidade de, através de uma singela placa evocativa, se perpetuar a existência no Algarve da casa que foi berço a D. Francisca de Aragão, considerada como a musa inspiradora dos Lusíadas. O edifício, na praia de Quarteira, denominada «Estalagem da Cegonha», foi, no século XVI, residência de Nuno Rodrigues Barreto, alcaide-mor de Faro e vedor da Fazenda do Algarve, pai da «loira, viva, esperta e azougada» Francisca de Aragão.
Foi nessa vetusta casa apalaçada do morgadio dos Barretos, que nasceu a formosa Francisca de Aragão, que viria a ser figura de proa nas cortes de Portugal e de Espanha. Trata-se de um assunto pouco conhecido sobre uma jovem algarvia, originária da distinta família dos Barretos, que pontificou na corte portuguesa nos finais do século XVI, no período de transição da perda da nacionalidade para a dominação filipina, cuja descendência foi também eminente na vizinha Espanha.
- Pode ler o texto completo no link seguinte:
In:
https://algarvehistoriacultura.blogspot.com/2010/03/uma-quarteirense-que-camoes-amou.html
(artigo publicado na revista «Património e Cultura», Ano II, n.° 8, Dezembro de 1982, pp. 10-11 )
- Para saber mais:
Casa Senhorial da Quinta de Quarteira / Estalagem da Cegonha
1.Edificada no século XVI, a Estalagem da Cegonha é um edifício emblemático situado à entrada de Vilamoura, Loulé, no distrito de Faro, que era a casa senhorial do Morgado de Quarteira e que, segundo os registos, foi visitada por Dom Sebastião em 1573.
“Os terrenos da Estalagem da Cegonha têm particular relevância por se tratar da casa senhorial do antigo Morgado de Quarteira, adquirida no final dos anos 60 do século passado por Cupertino de Miranda, visto como o primeiro visionário de Vilamoura”(...)
In: https://eco.sapo.pt/2023/10/17/arrow-global-investe-90-milhoes-na-estalagem-da-cegonha-em-vilamoura/
2.Casa do antigo morgado de Quarteira, construída no séc. 16, ampliada posteriormente e adaptada a instalação hoteleira. Atualmente apresenta planta irregular, composta por vários corpos articulados e de coberturas diferenciadas, o da zona mais antiga em L, formando pátio central. As fachadas evoluem em dois pisos, com vários elementos sublinhados a ocre e rasgadas por janelas retilíneas. A fachada principal, virada a nascente, revela diferença na modinatura dos vãos e no remate, criando como que dois falsos panos, certamente resultantes da ampliação ou fases construtivas de épocas distintas. No pano da direita, abre-se portal quinhentista, em arco apontado, biselado, e, no segundo piso, quase ao centro da fachada, óculo polilobado. Ao longo do piso térreo dispõem-se argolas de prisão, em ferro, sobre azulejos, e, no pano esquerdo, pequena sineira.
In: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=36344
3.Mote que D.' Francisca ofereceu a Luís de Camões:
(...) ficou célebre o mote que D.' Francisca ofertou ao galante Luís Vaz de Camões, cujo génio poético já ecoava pelos corredores do Paço, e que se resume a esta simples frase: «Mas, porém a que cuidados?».
O temperamental e fogoso «Trinca Fortes» (alcunha popular do poeta), para fazer valer a sua fama de inspirado versejador, devolveu-lhe o mote glosado de três formas diferentes, das quais não podemos escusar-nos a transcrever aquela que mais nos pareceu identificada com ambos:
«Se as penas que o amor me deu
Vêm por tão suaves meios,
Não há que temer receios;
Que vale um cuidado meu
Por mil descansos alheios?
Tens uns olhos tão formosos
Os sentidos enlevados
Bem sei que em baixos estados
São cuidados perigosos,
Mas, porém, a que cuidados?