Difference between revisions of "Camões e o Algarve"

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Nas referências que o poeta faz '''ao Algarve''', encontramos um território de reconquista, de lutas heroicas e vitórias que ecoam pelo tempo. '''Silves, Tavira, o Sacro Promontório, e a Ribeira de Boina''' são apenas algumas das paisagens que ganham vida nas palavras de '''Camões''', unindo o mar, a história e a mitologia. Camões, ao narrar as façanhas de heróis como Vasco da Gama e os navegadores portugueses, faz do Algarve um ponto de partida não apenas para as aventuras dos descobrimentos, mas também para o nascimento de um império.
 
Nas referências que o poeta faz '''ao Algarve''', encontramos um território de reconquista, de lutas heroicas e vitórias que ecoam pelo tempo. '''Silves, Tavira, o Sacro Promontório, e a Ribeira de Boina''' são apenas algumas das paisagens que ganham vida nas palavras de '''Camões''', unindo o mar, a história e a mitologia. Camões, ao narrar as façanhas de heróis como Vasco da Gama e os navegadores portugueses, faz do Algarve um ponto de partida não apenas para as aventuras dos descobrimentos, mas também para o nascimento de um império.
 
 
 
 
 
No Canto III, estrofe 86, Camões faz referência '''a Silves''', cidade algarvia que, durante a Reconquista, foi tomada pelos cristãos com a ajuda de cruzados. Esta cidade, que outrora foi um importante bastião muçulmano, ganha destaque no poema como um símbolo das vitórias que moldaram o território português.
 
 
No Canto VIII, estrofe 25, o poeta menciona '''Tavira (Tavila)''', aludindo à sua conquista e à vingança dos "sete caçadores", reforçando o contexto de luta e recuperação das terras algarvias.
 
 
25 «Olha um Mestre que dece de Castela,
 
Português de nação, como conquista
 
A terra dos Algarves, e já nela
 
Não acha que por armas lhe resista.
 
Com manha, esforço e com benigna estrela,
 
Vilas, castelos, toma à escala vista.
 
Vês Tavila tomada aos moradores,
 
Em vingança dos sete caçadores?
 
canto8
 
 
TAVILA (Tavira): VIII.25.7.
 
Já na estrofes 88 e 26 do Canto III, '''a cidade de Silves''' é novamente destacada, sublinhando a importância estratégica e histórica dessa cidade durante a luta contra os mouros.
 
 
 
 
ALGARVES: III.95.1;
 
VIII.25.3.
 
ALMADA (Antão Vasques
 
 
95 «Da terra dos Algarves, que lhe fora
 
Em casamento dada, grande parte
 
Recupera co braço, e deita fora
 
O Mouro, mal querido já de Marte.
 
Este de todo fez livre e senhora
 
Lusitânia, com força e bélica arte,
 
E acabou de oprimir a nação forte,
 
Na terra que aos de Luso coube em sorte.
 
 
25 «Olha um Mestre que dece de Castela,
 
Português de nação, como conquista
 
A terra dos Algarves, e já nela
 
Não acha que por armas lhe resista.
 
Com manha, esforço e com benigna estrela,
 
Vilas, castelos, toma à escala vista.
 
Vês Tavila tomada aos moradores,
 
Em vingança dos sete caçadores?
 
 
86 «Despois que foi por Rei alevantado,
 
Havendo poucos anos que reinava,
 
A cidade de Silves tem cercado,
 
Cujos campos o Bárbaro lavrava.
 
Foi das valentes gentes ajudado
 
Da Germânica armada que passava,
 
De armas fortes e gente apercebida,
 
A recobrar Judeia já perdida.
 
 
88 «Mas a fermosa armada, que viera
 
Por contraste de vento àquela parte,
 
Sancho quis ajudar na guerra fera,
 
Já que em serviço vai do santo Marte.
 
Assi como a seu pai acontecera
 
Quando tomou Lisboa, da mesma arte
 
Do Germano ajudado, Silves toma
 
E o bravo morador destrui e doma.
 
Por fim, '''o Sacro Promontório (Cabo de São Vicente)''' aparece no Canto III, estrofe 74, ligando o Algarve à narrativa da presença de São Vicente, o santo padroeiro de Lisboa, cujos restos mortais foram trazidos para a cidade após a sua morte.
 
 
 
26 «Vês, com bélica astúcia ao Mouro ganha
 
Silves, que ele ganhou com força ingente:
 
É Dom Paio Correia, cuja manha
 
E grande esforço faz enveja à gente.
 
Mas não passes os três que em França e Espanha
 
Se fazem conhecer perpètuamente
 
Em desafios, justas e tornéus,
 
Nelas deixando públicos troféus.
 
Embora as referências ao Algarve em Camões sejam breves, elas sublinham a importância da região tanto na história de Portugal quanto na construção do imaginário nacional.
 
 
 
== '''Camões e o Algarve: Ecos da História e da Poesia''' ==
 
 
 
O Algarve, embora não seja uma presença constante na obra de Luís de Camões, surge em momentos chave de "Os Lusíadas", evocando tanto a história de conquistas militares quanto as paisagens marcantes da região.
 
 
No Canto III, estrofe 86, Camões faz referência a Silves, cidade algarvia que, durante a Reconquista, foi tomada pelos cristãos com a ajuda de cruzados. Esta cidade, que outrora foi um importante bastião muçulmano, ganha destaque no poema como um símbolo das vitórias que moldaram o território português.
 
 
No Canto VIII, estrofe 25, o poeta menciona Tavira (Tavila), aludindo à sua conquista e à vingança dos "sete caçadores", reforçando o contexto de luta e recuperação das terras algarvias.
 
 
Já nas estrofes 88 e 26 do Canto III, a cidade de Silves é novamente destacada, sublinhando a importância estratégica e histórica dessa cidade durante a luta contra os mouros.
 
 
Por fim, o Sacro Promontório (Cabo de São Vicente) aparece no Canto III, estrofe 74, ligando o Algarve à narrativa da presença de São Vicente, o santo padroeiro de Lisboa, cujos restos mortais foram trazidos para a cidade após a sua morte.
 
 
Além das referências históricas, Camões também celebra a paisagem do Algarve de uma forma poética e nostálgica, como na sua evocação da Ribeira de Boina. Esta poesia descreve a beleza natural da região, ligando-a à memória afetiva do autor. A Ribeira de Boina, situada entre Monchique e Portimão, aparece nas suas obras como um local de reflexão e melancolia, onde a natureza e o sofrimento se encontram de forma simbólica. Ao referir-se a este rio, Camões não apenas evoca o ambiente físico, mas também sugere um espaço de introspecção e de conexão com a vida e com a história.
 

Latest revision as of 12:29, 29 January 2025


Camões e o Algarve: Ecos da História e da Poesia

O Algarve, embora não seja uma presença constante na obra de Luís de Camões, surge em momentos chave de "Os Lusíadas", evocando tanto a história de conquistas militares quanto as paisagens marcantes da região.

Nas referências que o poeta faz ao Algarve, encontramos um território de reconquista, de lutas heroicas e vitórias que ecoam pelo tempo. Silves, Tavira, o Sacro Promontório, e a Ribeira de Boina são apenas algumas das paisagens que ganham vida nas palavras de Camões, unindo o mar, a história e a mitologia. Camões, ao narrar as façanhas de heróis como Vasco da Gama e os navegadores portugueses, faz do Algarve um ponto de partida não apenas para as aventuras dos descobrimentos, mas também para o nascimento de um império.