Difference between revisions of "Pereira, António"
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Revision as of 20:20, 23 October 2025
- António da Encarnação Pereira
Armação de Pêra, 24/11/1914 - Lisboa, 27/03/1978.
Poeta. Magistrado do Ministério Público. Conservador. Juiz.
No Catálogo do Espólio Documental de Joaquim Magalhães, são mencionadas, nas páginas 84 e 85, duas cartas de António Pereira a Joaquim Magalhães:
- 1934 - Carta dirigida a Joaquim Magalhães pelo seu amigo e poeta António Pereira, agradecendo a carta que lhe foi enviada, e juntando alguns poemas de sua autoria.
- 1946 - Carta dirigida a Joaquim Magalhães pelo seu amigo e poeta António Pereira, sobre poesia.
Sou algarvio
E a minha rua tem o mar ao fundo.
Joaquim Romero Magalhães, filho de Joaquim Magalhães, foi distinguido em 2018 com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Algarve e, no discurso que então proferiu, recordou que o "Algarve tinha sido definido por um poeta de Armação de Pêra, António Pereira, quando escreveu: Sou algarvio e a minha rua tem o mar ao fundo".
Alguns poemas de António Pereira
- A Minha Rua Tem o Mar ao Fundo
Sou algarvio
E a minha rua tem o mar ao fundo
Sempre que passa aqui algum navio
Passam, aqui, navios de todo o mundo
Oiço a voz que me namora
Da outra banda do mar...
Que me namora e me chama
Da outra banda do mundo.
E se eu abalasse, Mãe?
E se eu abalasse e nunca mais voltasse?
Choravas, sim, eu sei bem...
Posso não ser filho às vezes
Mas tu és Mãe, sempre mãe!
(Se não fosse a minha mãe,
Se não fossem os meus,
Adeus aldeia, adeus praia,
Adeus gaivotas, adeus.)
E eu vou ficando, não chores...
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Pode ver completo o poema A Minha Rua Tem o Mar ao Fundo clicando aqui ou na imagem seguinte, que mostra as páginas 23 a 27 da 1ª edição de Notícias do Mar, em 1963.
Armação de Pêra, 24/11/1914 - Lisboa, 27/03/1978.
Poeta. Magistrado do Ministério Público. Conservador. Juiz.
- A minha rua tem o mar ao fundo
Sou algarvio
E a minha rua tem o mar ao fundo
Sempre que passa aqui algum navio
Passam, aqui, navios de todo o mundo
Oiço a voz que me namora
Da outra banda do mar...
Que me namora e me chama
Da outra banda do mundo
E se eu abalasse mãe?
E se eu abalasse e nunca mais voltasse?
Choravas, sim, eu sei bem
Posso não ser filho às vezes
Mas tu és mãe, sempre, mãe!
Se não fosse a minha mãe,
Se não fossem os meus,
Adeus aldeia, adeus praia,
Adeus gaivotas, adeus.
E eu vou ficando, não chores
Aqui, nesta aldeia do Algarve onde nasci,
Nesta rua que tem o mar ao fundo,
Onde nasceram meus pais,
E nasceram e morreram antepassados que não conheci;
Aqui há um poder maior
Que pode mais que aquela voz que me chama da outra banda do mar,
Que me namora uma chama da outra banda do mundo.
(...)
in Mar de António Maria Pereira
- Notas Biográficas
António da Encarnação Pereira nasceu em Armação de Pêra a 24 de Novembro de 1914 e faleceu em Lisboa a 27 de Março de 1978. Filho de pescadores, facto de que muito se orgulhava, fez na aldeia natal o ensino básico, frequentou o Liceu de Faro e licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa, mas a sua paixão era o mar. Seguiu inicialmente a carreira da magistratura, chegando a juiz, porém, não realizado pessoalmente, optou pelo lugar de Conservador do Registo Civil em Silves, facto que lhe permitia viver em Armação de Pêra, em excelente moradia que fizera construir frente ao casino e ao mar. O seu primeiro livro de versos, o “Poeta e a Morte”, publicou-o em 1936, ainda estudante liceal, pela morte trágica de um colega. Já então tinha colaboração em várias publicações, o “Jardim de Akadémus”, por exemplo, seguindo-se “Lápis de Cor” aparecido no ano seguinte, era presença sempre destacada em numerosos Jogos Florais, com os 1ºs prémios nos da Emissora Nacional em 1943 e 1945. Contudo o seu livro mais representativo, em que o poeta se apresenta na plena posse das suas lídimas qualidades, intitula-se “Notícias do Mar” dado à estampa em 1963. A 27 de Março de 1978 desaparecia em Lisboa um dos mais ilustres filhos de Armação de Pêra, após longa e penosa doença, tendo o funeral sido realizado daquela cidade para o cemitério da sua terra natal.
In https://www.terraruiva.pt/2020/04/23/memorias-recordar-o-poeta-armacenense-antonio-pereira/.Texto publicado na edição nº 85, de dezembro de 2007, da autoria de Aurélio Nuno Cabrita, sobre o poeta armacenense António Pereira.
- Bibliografia
-O Poeta e a Morte (poema), 1936.
-Lápis de Cor (primeiros versos), 1937.
-Trilogia, (poema, 1.º prémio E. N.), 1943.
-Nossa Senhora das Ondas (poema, prémio António Sardinha, 1945, concedido pela Ass. Académica do Porto em colaboração com o S.N.I)
-Mar do Algarve (poema, 1.º prémio E. N.) 1947, poesia corrigida e integrada no livro Notícias do Mar com o título "A minha rua tem o mar ao fundo".
-Notícias do Mar (poesia), 1963.
- Pode saber mais sobre António Pereira nos seguintes links:
-2015 - Notícia de Daniel Pina sobre o centenário de António Pereira
-2015 - Reportagem sobre as cerimónias comemorativas do centenário do poeta António pereira
-2020 - 2 Dedos de Conversa - António da Encarnação Pereira (poeta Algarvio), por Fernando Reis Luís
- Página da revista Nascente Sol com uma breve notícia sobre o autor
-Silves Entre 4 Paredes » Lado P » Paulo Moreira declama poesia de António Pereira. (Paulo Moreira é ator, encenador e escritor. Trabalha regularmente com a ACTA (A Companhia de Teatro do Algarve). É referido como sendo um dos “casos de personalidades singulares que fazem parte da identidade teatral no Algarve” na obra “Meio século de teatro no Algarve”, da autoria de Ana Cristina Oliveira}
