Difference between revisions of "Cabrita, Sotero - Meditações"

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Cabrita, Sotero
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Cabrita, Sotero<br />
Poeta. Ativista político. Antigo aluno da Escola Comercial e Industrial de Faro / Tomás Cabreira nos anos 50 do século XX.  
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Poeta. Ativista político. Antigo aluno da Escola Comercial e Industrial de Faro / Tomás Cabreira nos anos 50 do século XX.<br />
Notas Biográficas
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Notas Biográficas<br />
Sotero nasceu em Estoi, tendo trabalhado na TAP. Antifascista, apoiou a campanha de Humberto Delgado. Segundo o Professor Joaquim Magalhães que prefaciou o seu primeiro livro e o único que conhecemos, era um jovem poeta muito promissor na sua simplicidade e intuição poética.
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Sotero nasceu em Estoi, tendo trabalhado na TAP. Antifascista, apoiou a campanha de Humberto Delgado. Segundo o Professor Joaquim Magalhães que prefaciou o seu primeiro livro e o único que conhecemos, era um jovem poeta muito promissor na sua simplicidade e intuição poética.<br />
  
  
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Saudade (in Meditações, Páginas 23 e 24)<br />
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Saudade!...<br />
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Amor que se sente<br />
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Por um ente<br />
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Desejo de o voltar a ver,<br />
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De com ele reviver<br />
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As mesmas ilusões,<br />
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As mesmas cantigas,<br />
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As mesmas aflições.<br />
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Saudade !...<br />
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Do nosso amor oriunda<br />
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Monotonia que abre os corações<br />
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De dor,<br />
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Dor forte e profunda<br />
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Saudade !...<br />
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Monotonia que abre os corações<br />
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Desejo forte que arrasta para aflições<br />
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De amor.<br />
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Saudade!.<br />
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Também sou como os outros,<br />
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Meu peito também sente, também chora,<br />
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Sou poeta, por isso minha alma implora<br />
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Esse bálsamo divino,<br />
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— Tão belo!...<br />
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Saudade ! . . .<br />
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Adeus ... Até que um dia, venha a viver-te<br />
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Com ansiedade.<br />
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Saudade!...<br />
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Visão (in Meditações, Página 14)<br />
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Fluidos pensamentos meus<br />
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Que vi nas ondas do mar<br />
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Que negros cabelos teus<br />
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A vogar... vogar.., vogar...<br />
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E cada onda, a soluçar,<br />
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Parecia chamar Deus<br />
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P'ra de perto contemplar<br />
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Os negros cabelos teus.<br />
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Como eu em êxtase olhava<br />
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As ondulações marinhas,<br />
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Cheio d'ira por não tê-las.<br />
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Ondas viram que eu chorava,<br />
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O mar tornou-as mansinhas<br />
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E deixou de perto velas.<br />
  
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Saudade (in Meditações, Páginas 23 e 24)
 
  
Saudade!...
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Caravela e a ilusão  (in Meditações, Páginas 16 e 17)<br />
Amor que se sente
 
Por um ente
 
Ausente. . .
 
Desejo de o voltar a ver,
 
De com ele reviver
 
As mesmas ilusões,
 
As mesmas cantigas,
 
As mesmas aflições.
 
Saudade !...
 
Dor forte e profunda
 
Do nosso amor oriunda
 
Saudade !...
 
Monotonia que abre os corações
 
De dor,
 
Dor forte e profunda
 
  
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Partiu um dia a Caravela  <br />
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Airosa e bela<br />
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Sulcando os mares.<br />
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E regressou.<br />
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Mas já sem mastros e sem velas<br />
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Arruinada<br />
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Cansada<br />
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Despedaçada.  <br />
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Do nosso amor oriunda
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Como vinha a caravela!<br />
Saudade !...
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E como fora a caravela I<br />
Monotonia que abre os corações
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Senhor! Que transformação! <br />
De dor,
 
Desejo forte que arrasta para aflições
 
De amor.
 
Saudade!.
 
Também sou como os outros,
 
Meu peito também sente, também chora,
 
Sou poeta, por isso minha alma implora
 
Esse bálsamo divino,
 
— Tão belo!...
 
Saudade ! . . .
 
Adeus ... Até que um dia, venha a viver-te
 
Com ansiedade.
 
Saudade!...
 
  
Visão (in Meditações, Página 14)
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Tal como a caravela <br />
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A ilusão<br />
Fluidos pensamentos meus
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Esta minha ilusão<br />
Que vi nas ondas do mar
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É tal qual ela  <br />
Que negros cabelos teus
 
A vogar... vogar.., vogar...
 
  
E cada onda, a soluçar,
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Parecia chamar Deus
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Partia alegre,<br />
P'ra de perto contemplar
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Partia armada <br />
Os negros cabelos teus.
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De ar triunfante <br />
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Andou perdida <br />
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Andou errada <br />
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Na vida errante.<br /> 
  
Como eu em êxtase olhava
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As ondulações marinhas,
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E volta agora<br />
Cheio d'ira por não tê-las.
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Também sem vela<br />
 
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Qual caravela<br />
Ondas viram que eu chorava,
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Despedaçada.<br />
O mar tornou-as mansinhas
 
E deixou de perto velas.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caravela e a ilusão  (in Meditações, Páginas 16 e 17)
 
 
 
 
 
Partiu um dia a Caravela 
 
Airosa e bela
 
Sulcando os mares.
 
 
 
E regressou.
 
Mas já sem mastros e sem velas
 
Arruinada
 
Cansada
 
Despedaçada. 
 
 
 
 
 
Como vinha a caravela!
 
E como fora a caravela I
 
Senhor! Que transformação! 
 
 
 
 
 
Tal como a caravela
 
A ilusão
 
Esta minha ilusão
 
É tal qual ela 
 
 
 
 
 
Partia alegre,
 
Partia armada
 
De ar triunfante
 
Andou perdida
 
Andou errada
 
Na vida errante. 
 
 
 
 
 
E volta agora
 
Também sem vela
 
Qual caravela
 
Despedaçada.
 

Revision as of 12:50, 8 October 2025

EM CONSTRUÇÃO
Cabrita, Sotero - Meditações - 1956 - capa-m.jpg

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  • Sotero Cabrita - Meditações


Cabrita, Sotero - Meditações - 1956 - Prefácio de Joaquim Magalhães-m.jpg


  • Promoção da Leitura / Divulgação da Cultura no Algarve
SoteroCabrita-Meditacoes 1956PrefacioDeJoaquimMagalhaes-algumas Paginas.jpg
Meditações de Sotero Cabrita, algumas páginas.




https://wikialgarve.pt/autoresalgarvios/index.php/Cabrita,_Sotero Cabrita, Sotero
Poeta. Ativista político. Antigo aluno da Escola Comercial e Industrial de Faro / Tomás Cabreira nos anos 50 do século XX.
Notas Biográficas
Sotero nasceu em Estoi, tendo trabalhado na TAP. Antifascista, apoiou a campanha de Humberto Delgado. Segundo o Professor Joaquim Magalhães que prefaciou o seu primeiro livro e o único que conhecemos, era um jovem poeta muito promissor na sua simplicidade e intuição poética.


Saudade (in Meditações, Páginas 23 e 24)

Saudade!...
Amor que se sente
Por um ente
Ausente. . .
Desejo de o voltar a ver,
De com ele reviver
As mesmas ilusões,
As mesmas cantigas,
As mesmas aflições.
Saudade !...
Dor forte e profunda
Do nosso amor oriunda
Saudade !...
Monotonia que abre os corações
De dor,
Dor forte e profunda


Do nosso amor oriunda
Saudade !...
Monotonia que abre os corações
De dor,
Desejo forte que arrasta para aflições
De amor.
Saudade!.
Também sou como os outros,
Meu peito também sente, também chora,
Sou poeta, por isso minha alma implora
Esse bálsamo divino,
— Tão belo!...
Saudade ! . . .
Adeus ... Até que um dia, venha a viver-te
Com ansiedade.
Saudade!...

Visão (in Meditações, Página 14)


Fluidos pensamentos meus
Que vi nas ondas do mar
Que negros cabelos teus
A vogar... vogar.., vogar...

E cada onda, a soluçar,
Parecia chamar Deus
P'ra de perto contemplar
Os negros cabelos teus.

Como eu em êxtase olhava
As ondulações marinhas,
Cheio d'ira por não tê-las.

Ondas viram que eu chorava,
O mar tornou-as mansinhas
E deixou de perto velas.



Caravela e a ilusão (in Meditações, Páginas 16 e 17)


Partiu um dia a Caravela
Airosa e bela
Sulcando os mares.

E regressou.
Mas já sem mastros e sem velas
Arruinada
Cansada
Despedaçada.

Como vinha a caravela!
E como fora a caravela I
Senhor! Que transformação!

Tal como a caravela
A ilusão
Esta minha ilusão
É tal qual ela


Partia alegre,
Partia armada
De ar triunfante
Andou perdida
Andou errada
Na vida errante.


E volta agora
Também sem vela
Qual caravela
Despedaçada.