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Écloga é um poema ambientado na natureza, que apresenta, na maioria das vezes, a forma de um diálogo entre pastores ou o solilóquio de um só pastor, de tal modo que pode ser representado como uma pequena peça de teatro. O termo "écloga" deriva do grego eklogē (ἐκλογή), "seleção, poesia escolhida", através do latim ecloga.
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'''Écloga''' é um poema ambientado na natureza, que apresenta, na maioria das vezes, a forma de um diálogo entre pastores ou o solilóquio de um só pastor, de tal modo que pode ser representado como uma pequena peça de teatro. O termo "écloga" deriva do grego eklogē (ἐκλογή), "seleção, poesia escolhida", através do latim ecloga. In: Wikipedia
  
  
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Isso quer dizer que constroem-se éclogas em diferentes metros e com variada estrofação.
 
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Écloga é um poema ambientado na natureza, que apresenta, na maioria das vezes, a forma de um diálogo entre pastores ou o solilóquio de um só pastor, de tal modo que pode ser representado como uma pequena peça de teatro. O termo "écloga" deriva do grego eklogē (ἐκλογή), "seleção, poesia escolhida", através do latim ecloga. In: Wikipedia



https://comofazerumpoema.com/ecloga-egloga-caracteristicas-exemplos-poesia/


A écloga é uma composição poética que retrata a vida no campo, prestando homenagens ao amor, à natureza e à tranquilidade da vida campesina.

É geralmente composta por diálogos (ou monólogos) em que os interlocutores expressam seus sentimentos e estados de ânimo.

Tais sentimentos, quase sempre, resumem-se no elogio da vida campestre, nos amores pastoris e em frustrações amorosas.

A écloga também se presta a reflexões filosóficas, e é comum encerrarem uma lição moral.(...)

A écloga é um tipo de poema que não se caracteriza pela forma, mas pela temática e pelo tom.

Isso quer dizer que constroem-se éclogas em diferentes metros e com variada estrofação.


Ao longo do sereno
Tejo, suave e brando,
num vale de altas árvores sombrio,
estava o triste Almeno
suspiros espalhando
ao vento e doces lágrimas ao rio.
No derradeiro fio
o tinha a esperança
que, com doces enganos,
lhe sustentara a vida tantos anos
nüa amorosa e branda confiança;
que, quem tanto queria,
parece que não erra, se confia.

A noite escura dava
repouso aos cansados
animais, esquecidos da verdura;
o vale triste estava
cuns ramos carregados
que a noite faziam mais escura.
Mostrava a espessura
um temeroso espanto;
as roucas rãs soavam
num charco de água negra, e ajudavam
do pássaro noturno o triste canto;
o Tejo, com som grave,
corria mais medonho que suave.

(Écloga II - Camões, “Almeno e Agrário, pastores”


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