Difference between revisions of "Veleda, Maria"
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+ | Escritora. Poetisa. Prosadora. Professora. Jornalista. Ativista republicana e feminista. Pioneira na luta pela educação das crianças e dos direitos das mulheres.Patrona da Escola Básica Maria Veleda, do Agrupamento de Escolas José Afonso, em Loures. | ||
− | + | * Texto de '''Maria Veleda'''<br /> | |
+ | in [http://culturafamalicao.blogspot.com/2011/06/maria-veleda-vermelha-feminista.html blogue culturafamalicao]: | ||
− | + | “Pobres éramos, pobres ficámos e pobres somos, mas nas nossas almas arde sempre a mesma chama sacrossanta que nos iluminava quando gritámos pela primeira vez: Viva a República! Porque acima da Morte que me espera, está o ideal que me norteia. Sim. Viva a República.” | |
− | + | * Poema de '''Maria Veleda''' de 1931<br /> | |
+ | in [http://projectoteclar.blogspot.com/2010/12/poema-de-maria-veleda.html blogue projetoteclar.]: | ||
− | + | Penso que hei-de morrer, ai... brevemente<br /> | |
+ | Pois da velhice pesam-me os invernos;<br /> | ||
+ | Que hei-de ascender aos gozos sempiternos,<br /> | ||
+ | Aos pés de Deus, magnânimo e clemente.<br /> | ||
+ | Em plena luz vivendo alegremente,<br /> | ||
+ | Do mundo esquecerei negros infernos,<br /> | ||
+ | Meus cânticos soltando, ledos, ternos,<br /> | ||
+ | Num poema de Amor, efervescente.<br /> | ||
+ | Mas quem há-de amparar-vos, ó meus filhos??<br /> | ||
+ | Seguir-vos na aspereza destes trilhos??<br /> | ||
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− | + | *'''Notas biográficas''' | |
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− | Em | + | '''Maria Veleda''' é o pseudónimo de Maria Carolina Frederico Crispim, nasceu em Faro. Foi escritora de poesia e prosa, professora, jornalista, ativista feminista e republicana, pioneira na luta pela educação das crianças e dos direitos das mulheres. Em 1906, aderiu ao Livre-Pensamento e foi iniciada na Maçonaria, na Loja Humanidade, com o nome simbólico de Angústias, integrando a comissão organizadora do 1.º Congresso do Livre Pensamento, juntamente com José França, Augusto José Vieira, Lourenço Correia Gomes e Francisco Teixeira, e foi uma das fundadoras do Grupo Português dos Estudos Feministas. Com o advento da República a 5 de Outubro de 1910, as feministas republicanas que militavam na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas julgaram que havia chegado o momento de apresentarem as suas reivindicações ao novo regime político, contudo esta situação veio a criar divergências no seio do movimento, sobretudo entre Maria Veleda e a dirigente Ana de Castro Osório. Esta última defendia que o direito ao voto apenas para as mulheres que pagassem impostos, fossem maiores de idade e pertencessem à elite intelectual, tendo portanto que ser instruídas. '''Maria Veleda''' acreditava que este facto restringia o direito ao voto feminino e assim agravava a situação de desigualdade existente entre as mulheres portuguesas, argumentando que a maioria não teria sequer a oportunidade de aceder à instrução ou à educação de modo a ter autonomia económica ou a sua total emancipação da tutela masculina. Para ela, se se reconhecia às mulheres o direito de voto, era uma incoerência reclamá-lo só para aquelas que pagassem impostos ou fossem consideradas intelectuais. «Seria uma injustiça negar a algumas um direito que é de todas. As mulheres, ricas ou pobres, intelectuais ou analfabetas, devem poder votar em igualdade de circunstâncias com os homens». Na sua opinião, devia pedir-se "tudo" e se não dessem "tudo", não se aceitaria "nada".[9] Devido à crispação das duas facções, em 1911, Ana de Castro Osório demitiu-se da LRMP e Maria Veleda tomou o seu lugar, passando a presidir à organização, com o apoio de uma larga maioria, e a dirigir o periódico A Madrugada. Nesse ano, criou ainda dentro do movimento o Grupo das Treze[10], constituído simbolicamente por treze mulheres que pretendiam combater a ignorância e as superstições, o obscurantismo, o dogmatismo religioso e o conservadorismo que afectavam a sociedade portuguesa e impediam a emancipação das mulheres e o progresso humano. |
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− | + | *'''Bibliografia'''<br /> | |
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+ | * Veja mais sobre '''Maria Veleda''' nos seguintes '''links:'''<br /> | ||
− | + | - https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Veleda<br /> | |
+ | [http://culturafamalicao.blogspot.com/2011/06/maria-veleda-vermelha-feminista.html - 2011 - No blogue ''Cultura Famalicao'' O artigo de '''Maria Veleda''' “'''A Propósito''', publicado no jornal “A Vanguarda” em 9 de Fevereiro de 1908, a seguir ao regicídio, que esgotou duas edições do mesmo jornal, valeu a '''Maria Veleda''' um processo-crime por abuso de liberdade de imprensa, valendo-lhe as suas correligionárias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, e testemunhando a seu favor personalidades como '''António José de Almeida, João Chagas, Manuel de Arriaga ou Ana de castro Osório''', entre outras."] | ||
+ | [https://www.facebook.com/notes/c%C3%A2mara-municipal-de-lisboa/maria-veleda-uma-mulher-de-sempre-e-para-sempre/3047987495221180 - Post do facebook da Câmara Municipal de Lisboa do qual reproduzimos: "Em 1890, aos 19 anos, adota uma criança de 14 meses, Luís Frederico Viegas, órfão de mãe. A esta criança vem juntar-se o seu filho biológico, '''Cândido Guerreiro Xavier da Franca''', fruto da paixão pelo poeta '''Cândido Guerreiro''', também algarvio, com quem '''Maria Veleda''' recusou o casamento, por considerar que o amor não era suficientemente correspondido. Casamento por conveniência – nunca! Ao recusar, '''Maria Veleda''' tem consciência das dificuldades que iria enfrentar como mãe solteira, numa sociedade marcada pelo preconceito e pela ideia da inferioridade da mulher".] | ||
+ | [https://www.cdocfeminista.org/maria-veleda/ Página do Centro de Documentação e Arquivo Feminista Elina Guimarães da qual destacamos: - 2011 - "Em 1908 criou cursos nocturnos e conferências educativas nos Centros Republicanos Afonso Costa, António José de Almeida e Botto Machado, para instruir e educar as mulheres, preparando-as para exercerem uma profissão e participarem na vida social e política. Entre 1911 e 1915, como dirigente da Liga Republicana, empenhou-se na luta pelo sufrágio feminino, escrevendo, discursando, fazendo petições e chefiando delegações e representações aos órgãos de soberania".] | ||
+ | [http://culturafamalicao.blogspot.com/2011/06/maria-veleda-vermelha-feminista.html - Artigo no blogue Cultura Famalicão com informação relevante sobre '''Maria Veleda''' da qual salientamos: "Filha da classe média algarvia, o pai, João Diogo Frederico Crispim, desempenhou cargos de relevo no município de Faro e foi director da Sociedade Teatral da mesma cidade, enquanto que a mãe, Carlota Perpétua da Cruz Crispim, pertencia à burguesia proprietária local. Desta forma, seria influenciada '''Maria Veleda''' pelo teatro, sonhando desde sempre com a pretensão de escrever peças de teatro com personagens femininas, participando, aos sete anos de idade, no Teatro Lethes, na peça “Lenço Branco”. Começa a colaborar, a partir dos dezanove anos, na imprensa algarvia e alentejana, caso dos jornais “O Distrito de Faro”, “Pequeno em Tudo”, “O Almanaque Braz de Alportel”, “O Repórter”, “O Algarve”, “O Alentejo, “A Tarde”, “O Cruzeiro do Sul", etc"] | ||
− | Maria Veleda, | + | [https://museumunicipal.espinho.pt/fotos/balanco_social/catalogo_rostos_da_republica_compactado_21234457155eb41244b6435.pdf - Blogue do Museu Municipal de Espinho onde se pode ler a biografia de Maria Veleda do qual transcrevemos o seguinte excerto: Professora primária de profissão foi, ainda, militante do movimento feminista e republicano, desenvolvendo o pendor de livre-pensadora e espiritualista.No ano de 1905, instalou-se em Lisboa, começando, nesta altura, a despertar o interesse por assuntos políticos, por isso, a sua literatura passou a ter nova feição, e a colaborar com jornais republicanos. Iniciou-se na maçonaria em 1907, na Loja Humanidade, com o nome simbólico Angústia. Foi cofundadora do Grupo Português de Estudos Feministas, onde exerceu o cargo de Presidente. Criou e ministrou cursos nocturnos no Centro Republicano Afonso Costa, assim como, nos Centros Republicanos António José de Almeida e Boto Machado. Em 1909, foi nomeada Vicepresidente da Direcção do Centro Escolar Fernão Boto Machado tornando-se sócia-fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e, por iniciativa própria, fundou a Obra Maternal, exercendo, em simultâneo, o cargo de Directora e professora.] |
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Latest revision as of 16:27, 23 February 2022
- Maria Veleda
Maria Veleda é o pseudónimo de Maria Carolina Frederico Crispim.
Faro, 26/02/1871 - 08/04/1955.
Escritora. Poetisa. Prosadora. Professora. Jornalista. Ativista republicana e feminista. Pioneira na luta pela educação das crianças e dos direitos das mulheres.Patrona da Escola Básica Maria Veleda, do Agrupamento de Escolas José Afonso, em Loures.
- Texto de Maria Veleda
“Pobres éramos, pobres ficámos e pobres somos, mas nas nossas almas arde sempre a mesma chama sacrossanta que nos iluminava quando gritámos pela primeira vez: Viva a República! Porque acima da Morte que me espera, está o ideal que me norteia. Sim. Viva a República.”
- Poema de Maria Veleda de 1931
Penso que hei-de morrer, ai... brevemente
Pois da velhice pesam-me os invernos;
Que hei-de ascender aos gozos sempiternos,
Aos pés de Deus, magnânimo e clemente.
Em plena luz vivendo alegremente,
Do mundo esquecerei negros infernos,
Meus cânticos soltando, ledos, ternos,
Num poema de Amor, efervescente.
Mas quem há-de amparar-vos, ó meus filhos??
Seguir-vos na aspereza destes trilhos??
Incutir-vos coragem p’ra viver??
Tendes outros afectos... sei-o bem!
Mas não tendes, não tendes outra Mãe...
- Então choro... com pena de morrer!...
- Notas biográficas
Maria Veleda é o pseudónimo de Maria Carolina Frederico Crispim, nasceu em Faro. Foi escritora de poesia e prosa, professora, jornalista, ativista feminista e republicana, pioneira na luta pela educação das crianças e dos direitos das mulheres. Em 1906, aderiu ao Livre-Pensamento e foi iniciada na Maçonaria, na Loja Humanidade, com o nome simbólico de Angústias, integrando a comissão organizadora do 1.º Congresso do Livre Pensamento, juntamente com José França, Augusto José Vieira, Lourenço Correia Gomes e Francisco Teixeira, e foi uma das fundadoras do Grupo Português dos Estudos Feministas. Com o advento da República a 5 de Outubro de 1910, as feministas republicanas que militavam na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas julgaram que havia chegado o momento de apresentarem as suas reivindicações ao novo regime político, contudo esta situação veio a criar divergências no seio do movimento, sobretudo entre Maria Veleda e a dirigente Ana de Castro Osório. Esta última defendia que o direito ao voto apenas para as mulheres que pagassem impostos, fossem maiores de idade e pertencessem à elite intelectual, tendo portanto que ser instruídas. Maria Veleda acreditava que este facto restringia o direito ao voto feminino e assim agravava a situação de desigualdade existente entre as mulheres portuguesas, argumentando que a maioria não teria sequer a oportunidade de aceder à instrução ou à educação de modo a ter autonomia económica ou a sua total emancipação da tutela masculina. Para ela, se se reconhecia às mulheres o direito de voto, era uma incoerência reclamá-lo só para aquelas que pagassem impostos ou fossem consideradas intelectuais. «Seria uma injustiça negar a algumas um direito que é de todas. As mulheres, ricas ou pobres, intelectuais ou analfabetas, devem poder votar em igualdade de circunstâncias com os homens». Na sua opinião, devia pedir-se "tudo" e se não dessem "tudo", não se aceitaria "nada".[9] Devido à crispação das duas facções, em 1911, Ana de Castro Osório demitiu-se da LRMP e Maria Veleda tomou o seu lugar, passando a presidir à organização, com o apoio de uma larga maioria, e a dirigir o periódico A Madrugada. Nesse ano, criou ainda dentro do movimento o Grupo das Treze[10], constituído simbolicamente por treze mulheres que pretendiam combater a ignorância e as superstições, o obscurantismo, o dogmatismo religioso e o conservadorismo que afectavam a sociedade portuguesa e impediam a emancipação das mulheres e o progresso humano.
- Bibliografia
- Veja mais sobre Maria Veleda nos seguintes links: