Difference between revisions of "Cabrita, Sotero - Meditações"

From Wikipédia de Autores Algarvios
Jump to: navigation, search
 
(34 intermediate revisions by the same user not shown)
Line 1: Line 1:
EM CONSTRUÇÃO<br />
+
<center>[[File:MagalhaesLeituras-Logo-estr.png|800px]]</center>
[[File:Cabrita, Sotero - Meditações - 1956 - capa-m.jpg]]<br />
+
[[File:Sotero-Cabrita-Foto pag261-livro-BailadoDasCores-de-AmilcarQuaresma sobre oPoeta-EmilianoDaCosta.jpg|107px]]<br />  
<br /><nowiki>Inserir texto não-formatado aqui</nowiki>
+
'''Cabrita, Sotero'''<br />  
*Sotero Cabrita - Meditações
+
Poeta. Ativista político. Antigo aluno da Escola Comercial e Industrial de Faro / Tomás Cabreira nos anos 50 do século XX. <br />  
<br />
+
'''Notas Biográficas'''<br /> '''Sotero''' nasceu em Estoi, tendo trabalhado na TAP. Antifascista, apoiou a campanha de Humberto Delgado. Segundo o Professor '''Joaquim Magalhães''' que prefaciou o seu primeiro livro e o único que conhecemos, era um jovem poeta muito promissor na sua simplicidade e intuição poética.
[[File:Cabrita, Sotero - Meditações - 1956 - Prefácio de Joaquim Magalhães-m.jpg|354px]]
+
 
 +
[[File:Cabrita, Sotero - Meditações - 1956 - capa-m.jpg]] [[File:Cabrita, Sotero - Meditações - 1956 - Prefácio de Joaquim Magalhães-m.jpg|354px]]<br />
  
 +
*Prefácio escrito por '''Joaquim Magalhães''' para o livro de '''Sotero Cabrita''' ''"Meditações"''<br />
 +
Neste prefácio, '''Joaquim Magalhães''' dirige-se a '''Sotero Cabrita''', jovem poeta estreante, com palavras de incentivo e confiança. Destaca a sua sensibilidade, o amor à poesia e o potencial dos primeiros ensaios líricos, lembrando que o talento se aperfeiçoa com a experiência e o tempo. Ler este texto é inspirar-se na atenção generosa de um mestre que acredita nas possibilidades criativas dos jovens escritores.
 
<br />
 
<br />
*Promoção da Leitura / Divulgação da Cultura no Algarve
+
PEDE-ME O AUTOR duas palavras de apresentação para a sua estreia, convencido de que, assim acompanhado, lhe será menos custoso o primeiro ensaio no
  [[File:SoteroCabrita-Meditacoes 1956PrefacioDeJoaquimMagalhaes-algumas Paginas.jpg|left|282px|link=https://drive.google.com/file/d/1bxTfcjHDmy6KXQkIC2MCTo32qJCTkkFY/view?usp=sharing]]
+
campo das letras.<br />
[https://drive.google.com/file/d/1bxTfcjHDmy6KXQkIC2MCTo32qJCTkkFY/view?usp=sharing Meditações de Sotero Cabrita, algumas páginas.]
+
Ei-las e que elas realmente o ajudem a vencer a natural timidez dos estreantes e a ganhar confiança nas suas próprias possibilidades. Porque ao moço estudante, que assina este livrinho, não falta sensibilidade nem intuição poética para jogar com as palavras e organizá-las em poema. Além disso ama a poesia e sente para a expressão em verso um intimo apelo que se me afigura agradavelmente prometedor nestes primeiros tenteios líricos. Originalidade real seria exagerado exigir-lhe logo de entrada. Raríssimos, na história das letras, se afirmaram, na estreia, portadores de uma mensagem inédita.
 +
Em todo o caso, na singeleza despretensiosa deste primeiro passo, há uma candura e uma ingenuidade que ficam bem a um moço e justificam o carinho e o estímulo que merecem todos os jovens com uma vocação imperiosa. O aperfeiçoamento virá com o tempo. As qualidades em potência ir-se-ão afirmando
 +
com a experiência poética da vida. Nenhum fruto nasce logo maduro. E este livrinho bem pode vir a ser um começo com futuro. Assim seja.<br />
 +
'''Joaquim Magalhães'''<br />
 
<br />
 
<br />
 +
'''Alguns poemas do livro'''  ''"Meditações"'':<br />
 
<br />
 
<br />
 +
*1.'''Saudade''' (Páginas 23 e 24)<br />
  
 +
Saudade!...<br />
 +
Amor que se sente<br />
 +
Por um ente<br />
 +
Ausente. . . <br />
 +
Desejo de o voltar a ver,<br />
 +
De com ele reviver<br />
 +
As mesmas ilusões,<br />
 +
As mesmas cantigas,<br />
 +
As mesmas aflições.<br />
 +
Saudade !...<br />
 +
Dor forte e profunda<br />
 +
Do nosso amor oriunda<br />
 +
Saudade !...<br />
 +
Monotonia que abre os corações<br />
 +
De dor,<br />
 +
Dor forte e profunda<br />
 +
Do nosso amor oriunda<br />
 +
<br />
 +
Saudade !...<br />
 +
Monotonia que abre os corações<br />
 +
De dor,<br />
 +
Desejo forte que arrasta para aflições<br />
 +
De amor.<br />
 +
Saudade!<br />
 +
Também sou como os outros,<br />
 +
Meu peito também sente, também chora,<br />
 +
Sou poeta, por isso minha alma implora<br />
 +
Esse bálsamo divino,<br />
 +
— Tão belo!...<br />
 +
Saudade ! . . .<br />
 +
Adeus … Até que um dia, venha a viver-te<br />
 +
Com ansiedade.<br />
 +
Saudade!...<br />
 +
<br />
  
https://wikialgarve.pt/autoresalgarvios/index.php/Cabrita,_Sotero
+
*2.'''Visão''' (Página 14)<br />
Cabrita, Sotero
 
Poeta. Ativista político. Antigo aluno da Escola Comercial e Industrial de Faro / Tomás Cabreira nos anos 50 do século XX.
 
Notas Biográficas
 
Sotero nasceu em Estoi, tendo trabalhado na TAP. Antifascista, apoiou a campanha de Humberto Delgado. Segundo o Professor Joaquim Magalhães que prefaciou o seu primeiro livro e o único que conhecemos, era um jovem poeta muito promissor na sua simplicidade e intuição poética.
 
  
 +
Fluidos pensamentos meus<br />
 +
Que vi nas ondas do mar<br />
 +
Que negros cabelos teus<br />
 +
A vogar… vogar.., vogar...<br />
  
 +
E cada onda, a soluçar,<br />
 +
Parecia chamar Deus<br />
 +
P'ra de perto contemplar<br />
 +
Os negros cabelos teus.<br />
  
 +
Como eu em êxtase olhava<br />
 +
As ondulações marinhas,<br />
 +
Cheio d'ira por não tê-las.<br />
  
Saudade (in Meditações, Páginas 23 e 24)
+
Ondas viram que eu chorava,<br />
 +
O mar tornou-as mansinhas<br />
 +
E deixou de perto velas.<br />
  
Saudade!...
+
*3.'''Caravela e a ilusão'''  (Páginas 16 e 17)<br />
Amor que se sente
 
Por um ente
 
Ausente. . .
 
Desejo de o voltar a ver,
 
De com ele reviver
 
As mesmas ilusões,
 
As mesmas cantigas,
 
As mesmas aflições.
 
Saudade !...
 
Dor forte e profunda
 
Do nosso amor oriunda
 
Saudade !...
 
Monotonia que abre os corações
 
De dor,
 
Dor forte e profunda
 
  
 +
Partiu um dia a Caravela<br />
 +
Airosa e bela<br />
 +
Sulcando os mares.<br />
  
Do nosso amor oriunda
+
E regressou.<br />
Saudade !...
+
Mas já sem mastros e sem velas<br />
Monotonia que abre os corações
+
Arruinada<br />
De dor,
+
Cansada<br />
Desejo forte que arrasta para aflições
+
Despedaçada. <br />
De amor.
 
Saudade!.
 
Também sou como os outros,
 
Meu peito também sente, também chora,
 
Sou poeta, por isso minha alma implora
 
Esse bálsamo divino,
 
— Tão belo!...
 
Saudade ! . . .
 
Adeus ... Até que um dia, venha a viver-te
 
Com ansiedade.
 
Saudade!...
 
  
Visão (in Meditações, Página 14)
+
Como vinha a caravela!<br />
+
E como fora a caravela I<br />
Fluidos pensamentos meus
+
Senhor! Que transformação!  <br />
Que vi nas ondas do mar
 
Que negros cabelos teus
 
A vogar... vogar.., vogar...
 
  
E cada onda, a soluçar,
+
Tal como a caravela <br />
Parecia chamar Deus
+
A ilusão<br />
P'ra de perto contemplar
+
Esta minha ilusão<br />
Os negros cabelos teus.
+
É tal qual ela <br />
  
Como eu em êxtase olhava
+
Partia alegre,<br />
As ondulações marinhas,
+
Partia armada <br />
Cheio d'ira por não tê-las.
+
De ar triunfante <br />
 +
Andou perdida <br />
 +
Andou errada <br />
 +
Na vida errante.<br /> 
  
Ondas viram que eu chorava,
+
E volta agora<br />
O mar tornou-as mansinhas
+
Também sem vela<br />
E deixou de perto velas.
+
Qual caravela<br />
 +
Despedaçada.<br />
 +
<br />
  
  
 +
*Promoção da Leitura / Divulgação da Cultura no Algarve<br />
  
 +
[[File:SoteroCabrita-Meditacoes 1956PrefacioDeJoaquimMagalhaes-algumas Paginas.jpg|left|282px|link=https://drive.google.com/file/d/1bxTfcjHDmy6KXQkIC2MCTo32qJCTkkFY/view?usp=sharing]]<br />
  
Caravela e a ilusão  (in Meditações, Páginas 16 e 17)
+
[https://drive.google.com/file/d/1bxTfcjHDmy6KXQkIC2MCTo32qJCTkkFY/view?usp=sharing]<br />
  
 +
''Meditações'' de '''Sotero Cabrita''', algumas páginas.<br />
  
Partiu um dia a Caravela 
+
*Mais informações: https://wikialgarve.pt/autoresalgarvios/index.php/Cabrita,_Sotero<br />
Airosa e bela
+
<br />
Sulcando os mares.
+
[[File:Sotero-Cabrita-Foto pag261-livro-BailadoDasCores-de-AmilcarQuaresma .jpg|750px]]
 
+
<br />
E regressou.
+
<center>[[File:MagalhaesEOPoetasAlgarviosLogoWiki.png|1000px]]</center><br />
Mas já sem mastros e sem velas
+
[[Category:Autores]][[Category:Escritores]][[Category:Poetas]][[Category:Teatro]][[Category:Loulé]][[Category:Faro]][[Category:Agr. João de Deus, em Faro]][[Category:Patronos]][[Category:Projeto Magalhães e os Poetas Algarvios]]
Arruinada
 
Cansada
 
Despedaçada.
 
 
 
 
 
Como vinha a caravela!
 
E como fora a caravela I
 
Senhor! Que transformação! 
 
 
 
 
 
Tal como a caravela
 
A ilusão
 
Esta minha ilusão
 
É tal qual ela 
 
 
 
 
 
Partia alegre,
 
Partia armada
 
De ar triunfante
 
Andou perdida
 
Andou errada
 
Na vida errante.
 
 
 
 
 
E volta agora
 
Também sem vela
 
Qual caravela
 
Despedaçada.
 

Latest revision as of 23:28, 7 December 2025

MagalhaesLeituras-Logo-estr.png

Sotero-Cabrita-Foto pag261-livro-BailadoDasCores-de-AmilcarQuaresma sobre oPoeta-EmilianoDaCosta.jpg
Cabrita, Sotero

Poeta. Ativista político. Antigo aluno da Escola Comercial e Industrial de Faro / Tomás Cabreira nos anos 50 do século XX. 
Notas Biográficas
Sotero nasceu em Estoi, tendo trabalhado na TAP. Antifascista, apoiou a campanha de Humberto Delgado. Segundo o Professor Joaquim Magalhães que prefaciou o seu primeiro livro e o único que conhecemos, era um jovem poeta muito promissor na sua simplicidade e intuição poética.

Cabrita, Sotero - Meditações - 1956 - capa-m.jpg Cabrita, Sotero - Meditações - 1956 - Prefácio de Joaquim Magalhães-m.jpg

  • Prefácio escrito por Joaquim Magalhães para o livro de Sotero Cabrita "Meditações"
Neste prefácio, Joaquim Magalhães dirige-se a Sotero Cabrita, jovem poeta estreante, com palavras de incentivo e confiança. Destaca a sua sensibilidade, o amor à poesia e o potencial dos primeiros ensaios líricos, lembrando que o talento se aperfeiçoa com a experiência e o tempo. Ler este texto é inspirar-se na atenção generosa de um mestre que acredita nas possibilidades criativas dos jovens escritores.


PEDE-ME O AUTOR duas palavras de apresentação para a sua estreia, convencido de que, assim acompanhado, lhe será menos custoso o primeiro ensaio no campo das letras.
Ei-las e que elas realmente o ajudem a vencer a natural timidez dos estreantes e a ganhar confiança nas suas próprias possibilidades. Porque ao moço estudante, que assina este livrinho, não falta sensibilidade nem intuição poética para jogar com as palavras e organizá-las em poema. Além disso ama a poesia e sente para a expressão em verso um intimo apelo que se me afigura agradavelmente prometedor nestes primeiros tenteios líricos. Originalidade real seria exagerado exigir-lhe logo de entrada. Raríssimos, na história das letras, se afirmaram, na estreia, portadores de uma mensagem inédita. Em todo o caso, na singeleza despretensiosa deste primeiro passo, há uma candura e uma ingenuidade que ficam bem a um moço e justificam o carinho e o estímulo que merecem todos os jovens com uma vocação imperiosa. O aperfeiçoamento virá com o tempo. As qualidades em potência ir-se-ão afirmando com a experiência poética da vida. Nenhum fruto nasce logo maduro. E este livrinho bem pode vir a ser um começo com futuro. Assim seja.
Joaquim Magalhães

Alguns poemas do livro "Meditações":

  • 1.Saudade (Páginas 23 e 24)

Saudade!...
Amor que se sente
Por um ente
Ausente. . .
Desejo de o voltar a ver,
De com ele reviver
As mesmas ilusões,
As mesmas cantigas,
As mesmas aflições.
Saudade !...
Dor forte e profunda
Do nosso amor oriunda
Saudade !...
Monotonia que abre os corações
De dor,
Dor forte e profunda
Do nosso amor oriunda

Saudade !...
Monotonia que abre os corações
De dor,
Desejo forte que arrasta para aflições
De amor.
Saudade!
Também sou como os outros,
Meu peito também sente, também chora,
Sou poeta, por isso minha alma implora
Esse bálsamo divino,
— Tão belo!...
Saudade ! . . .
Adeus … Até que um dia, venha a viver-te
Com ansiedade.
Saudade!...

  • 2.Visão (Página 14)

Fluidos pensamentos meus
Que vi nas ondas do mar
Que negros cabelos teus
A vogar… vogar.., vogar...

E cada onda, a soluçar,
Parecia chamar Deus
P'ra de perto contemplar
Os negros cabelos teus.

Como eu em êxtase olhava
As ondulações marinhas,
Cheio d'ira por não tê-las.

Ondas viram que eu chorava,
O mar tornou-as mansinhas
E deixou de perto velas.

  • 3.Caravela e a ilusão (Páginas 16 e 17)

Partiu um dia a Caravela
Airosa e bela
Sulcando os mares.

E regressou.
Mas já sem mastros e sem velas
Arruinada
Cansada
Despedaçada.

Como vinha a caravela!
E como fora a caravela I
Senhor! Que transformação!

Tal como a caravela
A ilusão
Esta minha ilusão
É tal qual ela

Partia alegre,
Partia armada
De ar triunfante
Andou perdida
Andou errada
Na vida errante.

E volta agora
Também sem vela
Qual caravela
Despedaçada.


  • Promoção da Leitura / Divulgação da Cultura no Algarve
SoteroCabrita-Meditacoes 1956PrefacioDeJoaquimMagalhaes-algumas Paginas.jpg

[1]

Meditações de Sotero Cabrita, algumas páginas.


Sotero-Cabrita-Foto pag261-livro-BailadoDasCores-de-AmilcarQuaresma .jpg

MagalhaesEOPoetasAlgarviosLogoWiki.png