Difference between revisions of "Jorge, Lídia"

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Boliqueime, Loulé, 18/06/1946.<br />
 
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*'''Destaque Biográfico'''
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  Escritora. Professora. Patrona da Biblioteca Municipal de Albufeira.
  Escritora portuguesa premiada nacional e internacionalmente, romancista, contista portuguesa e professora. Estudou no Liceu de Faro. Patrona da Biblioteca Municipal de Albufeira.
 
 
 
'''Lídia Jorge''', nasceu no Algarve mas viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África. Licenciada pela Faculdade de Letras de Lisboa, foi professora do ensino secundário. Os seus romances são sucessos editoriais e abordam diferentes temas: a mulher e a sua solidão, a vivência nas terras algarvias, os contrastes humanos, sociais e comportamentais, a sua experiência colonial...
 
Prémios e distinções nacionais e internacionais fazem da romancista Lídia Jorge um dos maiores nomes literários contemporâneos.*Artigo/Entrevista com apontamentos biográficos do jornal "O Público: (2009/09/26)
 
 
 
"Era uma jovem estudante universitária recém-chegada do Algarve e instalada num lar estudantil na Avenida das Forças Armadas. Nesse início dos anos 60 subia muitas vezes a Avenida Estados Unidos da América e vinha até à Avenida de Roma. Para Lídia Jorge, era esta a Lisboa moderna e cosmopolita. Apaixonou-se pela zona, e é ainda aí que vive hoje.Sentia que as Avenidas Novas, com "a sua geometria, a disciplina", eram "uma zona de futuro". "Talvez tenha a ver com a minha história, com ser uma parvenue, aquela que chega depois". Lisboa era, para uma jovem algarvia, um motivo de fascínio. "Era o sítio do mundo moderno, onde se podia fazer uma experiência de encontro com a cultura e a História muito diferente da que se fazia em Faro, onde os horizontes eram muito limitados".Lisboa nos anos 60 era ainda uma cidade muito provinciana. Mas Lídia Jorge não a via assim. "Sentia-me numa grande capital. Para mim era um mundo aberto, eram horizontes que se rasgavam". Subia até à Avenida de Roma e juntava-se numa tertúlia organizada pela professora Maria Aliete Galhoz (de Boliqueime, tal como ela) e outras alunas na pastelaria Capri. Os bairros populares, longe da geometria rigorosa das grandes avenidas, não a atraíam. "Era como se fosse outra vez a província. Não conseguia apreciar, não tinha distância, achava que tinham demasiadas marcas do passado." Tinha, confessa hoje, "a altivez do olhar provinciano", e roupa estendida e assadores de sardinhas no meio da rua eram para ela "subdesenvolvimento". Depois havia a vida cultural. "Aos fins-de-semana apanhávamos o 31 e íamos à Baixa assistir a espectáculos. Vivia-se com muita intensidade em torno do pouco que tínhamos."
 
 
 
Ficou fiel às Avenidas Novas, uma zona onde "se pode manter o equilíbrio entre a vizinhança e o anonimato". Fez parte do grupo de cidadãos que há alguns anos se mobilizaram para impedir que fosse construído um viaduto que transformaria as avenidas "numa espécie de auto-estrada" para os carros "voarem" entre a Ponte Vasco da Gama e a 25 de Abril.E viu a zona envelhecer. "No final dos anos 80, princípio dos 90 sentiu-se nitidamente uma alteração". Muitos jovens partiram, há muitas casas fechadas, prédios com cada vez menos moradores e mais escritórios. Mas Lídia Jorge continua fiel. Gosta até do vento. "Gosto de um pouco de aspereza, do facto de ser um pouco inóspito. Aqui faz vento - acontece uma coisa na cidade."
 
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'''Lídia Jorge''', nasceu no Algarve mas viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África. Estudou no Liceu de Faro e é licenciada pela Faculdade de Letras de Lisboa, foi professora do ensino secundário. É um dos mais marcantes vultos da literatura portuguesa distinguida com vários prémios quer a nível nacional que a nível internacional. Os seus romances são sucessos editoriais e abordam diferentes temas: a mulher e a sua solidão, a vivência nas terras algarvias, os contrastes humanos, sociais e comportamentais, a sua experiência colonial...  O seu primeiro livro "O Dia dos Prodígios" foi um  sucesso imediato, pela renovação que introduziu na Literatura Portuguesa. A partir daí nunca mais deixou de publicar, estando os seus romances traduzidos em diversas línguas. O seu trabalho, quer na escrita quer em prol da cultura portuguesa, tem sido reconhecido em Portugal e no estrangeiro com a atribuição de inúmeros prémios e condecorações.
 
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"Era uma jovem estudante universitária recém-chegada do Algarve e instalada num lar estudantil na Avenida das Forças Armadas. Nesse início dos anos 60 subia muitas vezes a Avenida Estados Unidos da América e vinha até à Avenida de Roma. Para Lídia Jorge, era esta a Lisboa moderna e cosmopolita. Apaixonou-se pela zona, e é ainda aí que vive hoje.Sentia que as Avenidas Novas, com "a sua geometria, a disciplina", eram "uma zona de futuro". "Talvez tenha a ver com a minha história, com ser uma parvenue, aquela que chega depois". Lisboa era, para uma jovem algarvia, um motivo de fascínio. "Era o sítio do mundo moderno, onde se podia fazer uma experiência de encontro com a cultura e a História muito diferente da que se fazia em Faro, onde os horizontes eram muito limitados".Lisboa nos anos 60 era ainda uma cidade muito provinciana. Mas Lídia Jorge não a via assim. "Sentia-me numa grande capital. Para mim era um mundo aberto, eram horizontes que se rasgavam". Subia até à Avenida de Roma e juntava-se numa tertúlia organizada pela professora Maria Aliete Galhoz (de Boliqueime, tal como ela) e outras alunas na pastelaria Capri. Os bairros populares, longe da geometria rigorosa das grandes avenidas, não a atraíam. "Era como se fosse outra vez a província. Não conseguia apreciar, não tinha distância, achava que tinham demasiadas marcas do passado." Tinha, confessa hoje, "a altivez do olhar provinciano", e roupa estendida e assadores de sardinhas no meio da rua eram para ela "subdesenvolvimento". Depois havia a vida cultural. "Aos fins-de-semana apanhávamos o 31 e íamos à Baixa assistir a espectáculos. Vivia-se com muita intensidade em torno do pouco que tínhamos."
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Ficou fiel às Avenidas Novas, uma zona onde "se pode manter o equilíbrio entre a vizinhança e o anonimato". Fez parte do grupo de cidadãos que há alguns anos se mobilizaram para impedir que fosse construído um viaduto que transformaria as avenidas "numa espécie de auto-estrada" para os carros "voarem" entre a Ponte Vasco da Gama e a 25 de Abril.E viu a zona envelhecer. "No final dos anos 80, princípio dos 90 sentiu-se nitidamente uma alteração". Muitos jovens partiram, há muitas casas fechadas, prédios com cada vez menos moradores e mais escritórios. Mas Lídia Jorge continua fiel. Gosta até do vento. "Gosto de um pouco de aspereza, do facto de ser um pouco inóspito. Aqui faz vento - acontece uma coisa na cidade."
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*Artigo/Entrevista com apontamentos biográficos do jornal "O Público: (2009/09/26)
  
  
 
*'''Bibliografia:'''<br />
 
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*'''Romances'''<br />
 
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-2017- [https://www.publico.pt/2017/07/02/sociedade/noticia/luis-guerreiro-o-engenheiro-das-letras-1777341 Cronica de '''Lídia Jorge''' no "Público" sobre L'''uís Guerreiro'''. Nas suas palavras "'''Luís Guerreiro'''  é um leitor de Literatura e um conhecedor dos seus autores, o que lhe tem alargado a visão antropológica e humana com que aborda os temas, no plano da discurso histórico. Devo-lhe horas de incitação intelectual, de amizade, de exemplo pela causa da memória como fundamento da construção do futuro. Devo-lhe que, até agora, desde há dez anos, sempre me tenha incluído na sua área de afectos e que nos tenhamos tantas vezes cruzado em tarefas, a maior parte delas quixotescas, tarefas de tentar combater a linearidade do nosso novo mundo. Nesse sentido, enquanto ele mo consentir, sempre lhe hei-de chamar companheiro."]
 
-2017- [https://www.publico.pt/2017/07/02/sociedade/noticia/luis-guerreiro-o-engenheiro-das-letras-1777341 Cronica de '''Lídia Jorge''' no "Público" sobre L'''uís Guerreiro'''. Nas suas palavras "'''Luís Guerreiro'''  é um leitor de Literatura e um conhecedor dos seus autores, o que lhe tem alargado a visão antropológica e humana com que aborda os temas, no plano da discurso histórico. Devo-lhe horas de incitação intelectual, de amizade, de exemplo pela causa da memória como fundamento da construção do futuro. Devo-lhe que, até agora, desde há dez anos, sempre me tenha incluído na sua área de afectos e que nos tenhamos tantas vezes cruzado em tarefas, a maior parte delas quixotescas, tarefas de tentar combater a linearidade do nosso novo mundo. Nesse sentido, enquanto ele mo consentir, sempre lhe hei-de chamar companheiro."]
 
  
  
 
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Lidiajorge1.jpg Lidiajorge2.jpgLidiajorge3.jpg

  • Lídia Jorge

Boliqueime, Loulé, 18/06/1946.

Escritora. Professora. Patrona da Biblioteca Municipal de Albufeira.


  • Cai a Chuva no Portal

Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa cortina
Não a corras, não a rasgues, está caindo
Fina chuva no portal da nossa vida.
Gotas caem separando-nos do mundo
Para vivermos em paz a nossa vida.

Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa toalha
Ela nos cobre, não a rasgues, está caindo
Chuva fina no portal da nossa casa.
Por um dia todos longe e nós dormindo
Lado a lado, como páginas dum livro.

Lidiajorge4.jpg

  • Notas Biográficas

Lídia Jorge, nasceu no Algarve mas viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África. Estudou no Liceu de Faro e é licenciada pela Faculdade de Letras de Lisboa, foi professora do ensino secundário. É um dos mais marcantes vultos da literatura portuguesa distinguida com vários prémios quer a nível nacional que a nível internacional. Os seus romances são sucessos editoriais e abordam diferentes temas: a mulher e a sua solidão, a vivência nas terras algarvias, os contrastes humanos, sociais e comportamentais, a sua experiência colonial... O seu primeiro livro "O Dia dos Prodígios" foi um sucesso imediato, pela renovação que introduziu na Literatura Portuguesa. A partir daí nunca mais deixou de publicar, estando os seus romances traduzidos em diversas línguas. O seu trabalho, quer na escrita quer em prol da cultura portuguesa, tem sido reconhecido em Portugal e no estrangeiro com a atribuição de inúmeros prémios e condecorações. "Era uma jovem estudante universitária recém-chegada do Algarve e instalada num lar estudantil na Avenida das Forças Armadas. Nesse início dos anos 60 subia muitas vezes a Avenida Estados Unidos da América e vinha até à Avenida de Roma. Para Lídia Jorge, era esta a Lisboa moderna e cosmopolita. Apaixonou-se pela zona, e é ainda aí que vive hoje.Sentia que as Avenidas Novas, com "a sua geometria, a disciplina", eram "uma zona de futuro". "Talvez tenha a ver com a minha história, com ser uma parvenue, aquela que chega depois". Lisboa era, para uma jovem algarvia, um motivo de fascínio. "Era o sítio do mundo moderno, onde se podia fazer uma experiência de encontro com a cultura e a História muito diferente da que se fazia em Faro, onde os horizontes eram muito limitados".Lisboa nos anos 60 era ainda uma cidade muito provinciana. Mas Lídia Jorge não a via assim. "Sentia-me numa grande capital. Para mim era um mundo aberto, eram horizontes que se rasgavam". Subia até à Avenida de Roma e juntava-se numa tertúlia organizada pela professora Maria Aliete Galhoz (de Boliqueime, tal como ela) e outras alunas na pastelaria Capri. Os bairros populares, longe da geometria rigorosa das grandes avenidas, não a atraíam. "Era como se fosse outra vez a província. Não conseguia apreciar, não tinha distância, achava que tinham demasiadas marcas do passado." Tinha, confessa hoje, "a altivez do olhar provinciano", e roupa estendida e assadores de sardinhas no meio da rua eram para ela "subdesenvolvimento". Depois havia a vida cultural. "Aos fins-de-semana apanhávamos o 31 e íamos à Baixa assistir a espectáculos. Vivia-se com muita intensidade em torno do pouco que tínhamos." Ficou fiel às Avenidas Novas, uma zona onde "se pode manter o equilíbrio entre a vizinhança e o anonimato". Fez parte do grupo de cidadãos que há alguns anos se mobilizaram para impedir que fosse construído um viaduto que transformaria as avenidas "numa espécie de auto-estrada" para os carros "voarem" entre a Ponte Vasco da Gama e a 25 de Abril.E viu a zona envelhecer. "No final dos anos 80, princípio dos 90 sentiu-se nitidamente uma alteração". Muitos jovens partiram, há muitas casas fechadas, prédios com cada vez menos moradores e mais escritórios. Mas Lídia Jorge continua fiel. Gosta até do vento. "Gosto de um pouco de aspereza, do facto de ser um pouco inóspito. Aqui faz vento - acontece uma coisa na cidade."

  • Artigo/Entrevista com apontamentos biográficos do jornal "O Público: (2009/09/26)


  • Bibliografia:
  • Romances

O Dia dos Prodígios - 1980
O Cais das Merendas - 1982
Notícia da Cidade Silvestre - 1984
A Costa dos Murmúrios - 1988
A Última Dona - 1992
O Jardim Sem Limites - 1995
O Vale da Paixão - 1998
O Vento Assobiando nas Gruas 2002
Combateremos a Sombra - 2007
A Noite das Mulheres Cantoras - 2011
Os Memoráveis - 2014
Estuário - 2018

  • Contos:

A Instrumentalina - 1992
O Conto do Nadado - 1992
Marido e outros Contos - 1997
O Belo Adormecido - 2004
O Organista - 2014
O Amor em Lobito Bay - 2016

  • Literatura Infantil:

O Grande Voo do Pardal, ilustrado por Inês de Oliveira - 2007
Romance do Grande Gatão, ilustrado por Danuta Wojciechowska - 2010
O Conto da Isabelinha - Lilibeth's Tale, ilustrado por Dave Sutton - 2018

  • Ensaio:

Contrato Sentimental - 2009

  • Teatro:

A Maçon - 1997
Instruções para Voar - 2016

  • Poesia:

O Livro das Tréguas - 2019

  • Crónicas
  • Colaboradora assídua do Jornal de Letras e do Público.


  • Veja mais sobre Lídia Jorge nos seguintes links:

- 2012- "Revista Desassossego": Entrevista a Lídia Jorge sobre : “A Literatura Tem um Poder Lento, mas é um Poder Seguro”

- 2014-Site da FNAC onde Lídia Jorge identifica os "10 livros da sua vida"

- 2014- FNAC "Revista ESTANTE": Entrevista a Lídia Jorge sobre os "40 anos do 25 de Abril"


in https://arquivo.pt


- 2004- Biografia da Direção Geral do Livro e das Bibliotecas sobre Lídia Jorge da qual extraímos a seguinte citação: "Nos romances de Lídia Jorge, a condição sócio-cultural das personagens, sobretudo as femininas, reflecte-se em diálogos, testemunhos a que não é alheia a atenção que a autora dispensa à tradição oral, em relação directa com a crónica da nossa história recente, antes e depois da revolução. A sua peça para teatro "A Maçon" procura um tempo mais remoto, os primeiros anos da ditadura, para retratar a condição feminina imposta pela ideologia do Estado Novo e a perda de liberdades (também) por parte das mulheres".

- 2006- Artigo no Público sobre Lídia Jorge e a sua participação no Festival Med com referência a uma conferência realizada no Arquivo Municipal onde Lídia Jorge convidou a escritora espanhola Rosa Montero para debaterem, juntas, "a problemática da mulher".

- 2007- Página sobre a vida e a obra de Lídia Jorge. Nela encontramos alguns poemas e excertos bem como alguns comentários à sua obra. Salientamos o de João Gaspar Simões in Diário de Notícias, 24 /1 /85 que considera que "Lídia Jorge é o maior prodígio das letras pátrias neste último quartel do século".

- 2007- - 2007 - Artigo no Público sobre Lídia Jorge e a sua atividade em conjunto com a Orquestra do Algarve que, para comemorar o seu quinto aniversário, resolveu apostar em novas linhas de programação que não se restringissem à arte dos sons. O maestro Cesário Costa, diretor artístico, lançou um desafio à escritora Lídia Jorge, convidando-a a participar na temporada 2007/2008. "Pretendemos estabelecer colaborações com artistas que não sejam músicos e associar as suas perspectivas à orquestra".

- 2007- Artigo no Público, sobre a cidade de Lisboa vista por várias pessoas entre elas Lídia Jorge. O texto encontra-se acima reproduzido.

- 2010- Página da Biblioteca Municipal de Albufeira Lídia Jorge.

- 2011- Notícia sobre a rubrica de Lídia Jorge no "Público" "Especial Algarve".

- 2011- - 2011 - Texto de Guilherme de Oliveira Martins no Público com referência a Lídia Jorge.

- 2013- Biografia da CM Loulé sobre Lídia Jorge onde se faz referência ao Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, atribuído à sua obra “O Vento Assobiando nas Gruas”. Reproduzimos um excerto dessa obra: “Naquela tarde quente de Agosto, o longo corpo da Fábrica Velha ainda lá estava estendido ao sol. Não propriamente intacto, pois nessa altura já o telhado verdoengo abaulava como se a ondulação do mar se prolongasse na cobertura do edifício. Também os parapeitos de algumas janelas ostentavam ramalhetes de ervas finas dispostas em forma de cabeleira, puxando-os para a terra. A própria inscrição frontal, Fábrica de Conservas Leandro 1908, já havia perdido quase todas as letras, e a uma certa distância apenas se decifrava servas e 908, configurando uma espécie de sinal cabalístico inscrito na parede branca. Mas esses factos pouco ou nada interessavam. Milene encontrava-se parada em frente do velho edifício, apenas porque esperava que o portão se abrisse e alguém aparecesse para falar com ela." (...)In O Vento Assobiando nas Gruas.

-2017- Cronica de Lídia Jorge no "Público" sobre Luís Guerreiro. Nas suas palavras "Luís Guerreiro é um leitor de Literatura e um conhecedor dos seus autores, o que lhe tem alargado a visão antropológica e humana com que aborda os temas, no plano da discurso histórico. Devo-lhe horas de incitação intelectual, de amizade, de exemplo pela causa da memória como fundamento da construção do futuro. Devo-lhe que, até agora, desde há dez anos, sempre me tenha incluído na sua área de afectos e que nos tenhamos tantas vezes cruzado em tarefas, a maior parte delas quixotescas, tarefas de tentar combater a linearidade do nosso novo mundo. Nesse sentido, enquanto ele mo consentir, sempre lhe hei-de chamar companheiro."