Pois meus olhos não cansam de chorar - Soneto

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Pois meus olhos não cansam de chorar

Pois meus olhos não cansam de chorar
Tristezas não cansadas de cansar-me;
Pois não se abranda o fogo em que abrasar-me
Pôde quem eu jamais pude abrandar;

Não canse o cego Amor de me guiar
Donde nunca de lá possa tornar-me;
Nem deixe o mundo todo de escutar-me,
Enquanto a fraca voz me não deixar.

E se em montes, se em prados, e se em vales
Piedade mora alguma, algum amor
Em feras, plantas, aves, pedras, águas;

Ouçam a longa história de meus males,
E curem sua dor com minha dor;
Que grandes mágoas podem curar mágoas.


Neste poema, o eu lírico expressa seu sofrimento intenso e contínuo causado pelo amor. Ele descreve como seus olhos estão sempre a chorar e como o fogo do amor não se apaga. O poeta pede que o Amor não cesse de guiá-lo, mesmo sabendo que nunca conseguirá escapar dessa dor. Ele apela à natureza — montes, prados, vales e até feras, plantas e águas — para que ouçam sua longa história de sofrimento e a curem, acreditando que grandes mágoas podem curar outras.


Since my eyes don’t tire of weeping . . .


Since my eyes don’t tire of weeping
sorrows that don’t tire of weighing on me,
since nothing softens the fire I burn in
for one whose heart I could never soften,

let blind Love be my tireless guide
to lands I don’t know my way out of,
and let the whole world keep on listening
as long as my weak voice doesn’t fail.

And if there’s pity in hills, rivers
and valleys, or if there’s Love in beasts,
birds, plants, stones and streams,

let them hear my long tale of troubles
and use my sorrow to cure their own,
since greater griefs can cure smaller ones.

© Translation: 2006, Richard Zenith

https://www.poetryinternational.com/nl/poets-poems/poems/poem/103-8445_Since-my-eyes-don-t-tire-of-weeping#lang-en