Olívio, Tito - Sonetos Proibidos e outros Poemas
Tito Olívio Henriques
Vila Cova do Covelo, Penalva do Castelo, 23/03/1931 - Faro, 19/10/2024
Poeta. Escritor. Ensaísta. Editor. Engenheiro civil. Foi professor nas escolas Industrial e Comercial de Silves / Secundária de Silves e Industrial e Comercial de Faro / Secundária de Tomás Cabreira e no Liceu de Faro / Escola Secundária de João de Deus.
Prefácio de Joaquim Magalhães, com o título Boa Viagem, para o livro "Sonetos Proibidos e outros Poemas":
BOA VIAGEM
- Excerto 1
SONETOS género poético, digamos, fora de moda. A não ser em jogos florais, claro, concursos em que se mantém o tradicional prestígio dessa forma de expressão escrita. PROIBIDOS saberá o autor por que assim os considera, ou lhes chama, uma vez que ninguém poderia impedi-lo de os escrever.
De qualquer modo o responsável por este livro é o autor. E ele só é quem sabe por que dá esse titulo aos poemas, sob forma de soneto, e aos outros, livres de molde, que completam o volume.
Tanto nuns como noutros não é difícil a linguagem da sua escrita. Por isso se entendem estes versos. O que é, relativamente, raro, nestes tempos de inflação poética de cisam de explicador - vulgo crítico literário. É que, por vezes, também acontece precisar de explicação a explicação do explicador.
Talvez seja essa a razão do título.
Numa época em que o soneto não é mais cultivado pelos que fazem versos necessitados de explicador, o autor, escrevendo-os, mantém-se fiel ao género, e entra, por isso, nos terrenos da proibição.
Assim, está tudo bem. E ficamos sabendo que o livro foi escrito para ser entendido, à boa maneira consagrada.
- Excerto 2
Os temas ou motivos de cada poema são, afinal, os de toda a gente com sensibilidade e que ainda aprendeu, ou estudou, a língua portuguesa.
Por isso, a não ser que se tenha perdido o hábito de ler, quem quer entenderá os versos, rimados ou não, que o autor, sob o signo, confessado, de cantor do amor, dá agora à impressão.
Não lhe vou augurar uma difusão de livro mais vendido. Nem é para tal que o autor desafoga os seus sonhos e os transcreve para que possamos ler. Se os publica é porque sente necessidade de comunicar e de transmitir, não, talvez, uma mensagem, mas uma prova, conseguida com êxito, de que, se em outros tempos não faziam mal as musas aos doutores, no nosso, elas são, ou podem ser, também familiares a sociólogos e engenheiros.
Assim, auto dispensado de um estudo neoestruturalista para anteceder os SONETOS PROIBIDOS E OUTROS POEMAS deste volume, a luz verde, que me foi pedida, não irá provocar nenhum congestionamento de trânsito, nas estradas livres dos nossos poetas de hoje. Boa viagem.
Alguns Poemas do livro "Sonetos Proibidos"
- Poema 1
Vi-te no mar, nas ondas alterosas,
Na areia da praia onde me aquecia,
Na curva prolongada, fugidia,
Do voejar das aves vagarosas;
Vi-te no céu, no pó das nebulosas,
Na púrpura do sol que adormecia,
Na prata do luar, no alvor do dia,
Na corrida das nuvens vaporosas;
Vi-te na serra a abrir-se toda em flor,
No vale de beleza fecundado,
Na água do rio, na sombra do jardim,
No vendaval, na luz, no som, na côr;
E vi-te ali, além, em todo o lado,
Só não te vi aqui ao pé de mim.
P.18
- Poema 2
Que importa, meu amor, a fantasia,
Rubros poentes, ventos outonais,
Cantar chorando - louca poesia!-
Quando há luar, em noites estivais?
Que importa, meu amor, a agonia
Do teu amor perdido... em madrigais?
Se a Vida é curta - dura só um dia,
-E hora a hora o dia morre mais...
A tua mão na minha, docemente,
Os nossos corpos dados num abraço,
Viveremos a hora intensamente.
Depois, vindo o poente frio e baço,
Abriremos as asas mansamente
E voaremos juntos para o Espaço.
P.19
- “Poema do Pijama” enviado por Tito Olívio Henriques, escritor e poeta, com os nossos agradecimentos. (Jornal MaisAlgarve)
POEMA DO PIJAMA
Não é de pijama, que eu visto o meu dia,
Nem mesmo me custa não ter companhia.
A força da alma se mede no olhar,
Até, se a mirada, de meus olhos, é.
Levanto da cama, à hora vulgar,
E visto-me todo, pra tomar café.
Respeito me devo, à minha pessoa,
E faço de tudo, pra não ser bandalho.
Este isolamento me pesa e magoa,
Mas é sempre dia normal de trabalho,
Embora não tenha, aqui, liberdade.
Me lavo e barbeio e me sinto mais rijo.
Escrevo, escrevo, sem dó nem piedade:
Rabisco de dia, à noite, corrijo.
Sapatos não calço, só uso chinelos:
Esse é o segredo de bem me sentir.
Varri da cabeça meus sonhos mais belos
E, assim, já não posso, de casa, fugir.
Faro, 01-04-2020 01:43 Tito Olívio
In: https://maisalgarve.pt/2020/04/01/poema-do-pijama-tito-olivio/
- Promoção da Leitura / Divulgação da Cultura no Algarve
Sonetos Proibidos e outros Poemas de Tito Olívio, algumas páginas.
