Nietzsche, Friedrich - Livros Proibidos

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  • Friedrich Nietzsche(1844-1900)
Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano do século XIX, nascido na atual Alemanha. Escreveu vários textos criticando a religião, a moral, a cultura contemporânea, a filosofia e a ciência, exibindo certa predileção por metáfora, ironia e aforismo.
  • Livro proibido O Anti- Christo
O Anticristo é uma obra filosófica que explora temas relacionados com a crítica religiosa e a reflexão sobre a moralidade.É uma das mais emblemáticas obras do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), publicada em tradução portuguesa pela Guimarães, em 1916, na sua coleção “Sociologica”. Debaixo da influência poderosa da Igreja e da matriz cristã e católica nacionalista, o livro foi proibido trinta e seis anos depois, por ser uma “obra anticatólica sobejamente conhecida para dispensar detalhes explicativos. É, de resto, às obras deste teor que o comunismo vai buscar as raízes das suas doutrinas dissolventes”
  • Excerto 1 em português - Auszug 1 auf Portugiesisch
II
    O que é bom? – Tudo quanto aumenta no homem o sentimento do poder, a vontade para o poder, o próprio poder.
    O que é mau? – Tudo quanto procede da fraqueza.
    O que é a felicidade? – O sentimento com que o poder se engrandece, - com que se vence uma resistência.
    Não contentamento, senão mais poder; não paz antes de tudo, senão guerra; não virtude, senão valor, virtude (no sentido do Renascimento, virtu(1), virtude desvinculada de moralismos).
    Pereçam os fracos e os fracassados: primeiro princípio do nosso amor ao homem. E até cumpre ajudá-los nisso. 
    O que é mais nocivo do que qualquer vício? – A piedade da acção com os fracassados e com os fracos: – o cristianismo.
  • Auszug 1 auf Deutsch - Excerto 1 em alemão
II
    Was ist gut? – Alles, was das Gefühl der Macht, den Willen zur Macht, die Macht selbst im Menschen erhöht. 
    Was ist schlecht? – Alles, was aus der Schwäche stammt. 
    Was ist Glück? – Das Gefühl davon, daß die Macht wächst – daß ein Widerstand überwunden wird. 
    Nicht Zufriedenheit, sondern mehr Macht; nicht Friede überhaupt[1165] sondern Krieg; nicht Tugend, sondern Tüchtigkeit (Tugend im Renaissance-Stile, virtù, moralinfreie Tugend). 
    Die Schwachen und Mißratenen sollen zugrunde gehn: erster Satz unsrer Menschenliebe. Und man soll ihnen noch dazu helfen. 
    Was ist schädlicher als irgendein Laster? – Das Mitleiden der Tat mit allen Mißratnen und Schwachen – das Christentum... 
  • Excerto 2
IV
Pelo que aqui se entende como progresso, a humanidade certamente não representa uma evolução em direção a algo melhor, mais forte ou mais elevado. Este “progresso” é apenas uma ideia moderna, ou seja, uma ideia falsa. O Europeu de hoje, em sua essência, possui muito menos valor que o Europeu da Renascença; o processo da evolução não significa necessariamente elevação, melhora, fortalecimento. É bem verdade que ela tem sucesso em casos isolados e individuais em várias partes da Terra e sob as mais variadas culturas, e nesses casos certamente se manifesta um tipo superior; um tipo que, comparado ao resto da humanidade, parece uma espécie de super-homem. Tais golpes de sorte sempre foram possíveis e, talvez, sempre serão. Até mesmo raças inteiras, tribos e nações podem ocasionalmente representar tais ditosos acidentes.
  • Excerto 3
V
Não devemos enfeitar nem embelezar o cristianismo: ele travou uma guerra de morte contra este tipo de homem superior, anatematizou todos os instintos mais profundos desse tipo, destilou seus conceitos de mal e de maldade personificada a partir desses instintos – o homem forte como um réprobo, como “degredado entre os homens”. O cristianismo tomou o partido de tudo o que é fraco, baixo e fracassado; forjou seu ideal a partir da oposição a todos os instintos de preservação da vida saudável; corrompeu até mesmo as faculdades daquelas naturezas intelectualmente mais vigorosas, ensinando que os valores intelectuais elevados são apenas pecados, descaminhos, tentações. O exemplo mais lamentável: o corrompimento de Pascal, o qual acreditava que seu intelecto havia sido destruído pelo pecado original, quando na verdade tinha sido destruído pelo cristianismo!
  • Excerto 4
VII
Chama-se cristianismo a religião da compaixão. – A compaixão está em oposição a todas as paixões tónicas que aumentam a intensidade do sentimento vital: tem ação depressora. O homem perde poder quando se compadece. Através da perda de força causada pela compaixão o sofrimento acaba por multiplicar-se. O sofrimento torna-se contagioso através da compaixão; sob certas circunstancias pode levar a um total sacrifício da vida e da energia vital – uma perda totalmente desproporcional à magnitude da causa (– o caso da morte de Nazareno). Essa é uma primeira perspectiva; há, entretanto, outra mais importante. Medindo os efeitos da compaixão através da intensidade das reações que produz, sua periculosidade à vida mostra-se sob uma luz muito mais clara. A compaixão contraria inteiramente lei da evolução, que é a lei da seleção natural.
  • Excerto 5
XIII
Não subestimemos este facto: que nós mesmos, nós, espíritos livres, já somos a “transmutação de todos os valores”, uma manifesta declaração de guerra e uma vitória contra todos os velhos conceitos de “verdadeiro” e “falso”. As intuições mais valiosas são as mais tardiamente adquiridas; as mais valiosas de todas são aquelas que determinam os métodos. Todos os métodos, todos os princípios do espírito científico de hoje foram alvo, por milhares de anos, do mais profundo desprezo; caso um homem se interessasse por eles era excluído da sociedade das pessoas “decentes” – passava por “inimigo de Deus”, por zombador da verdade, por “possesso”. Enquanto homem da ciência, pertencia à Chandala (1)... Tivemos contra nós toda a patética estupidez da humanidade – toda a noção que tinham do que a verdade deveria ser, de qual deveria ser a função da verdade – todo o seu “tu deves” era arremessado contra nós... Nossos objetivos, nossos métodos, nossa calma, cautela, desconfiança – para eles tudo isso parecia algo absolutamente indecoroso e desprezível. – Olhando para trás, alguém até poderia perguntar-se, com alguma razão, se não foi, na verdade, um senso estético que manteve os homens cegos por tanto tempo: o que exigiam da verdade era uma eficiência pitoresca, e daquele em busca do conhecimento uma forte impressão sobre seus sentidos. Foi nossa modéstia que por tanto tempo lhes desceu a contragosto... Quão bem o adivinharam, esses pavões da divindade!


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