Magalhães, Joaquim - Esboço do perfil literário de Teixeira Gomes

Título: Esboço do perfil literário de Teixeira Gomes
Autor: Joaquim Magalhães 
Natureza / Tipo de obra: Conferência / ensaio — discurso lido publicamente na sessão solene comemorativa do centenário do nascimento de Manuel Teixeira‑Gomes, e editado posteriormente como folheto. 
Local de publicação / Editora: Portimão - Câmara Municipal de Portimão
Ano de edição 1960 
Extensão / Formato 37 páginas + [1] folha; 17 cm. 
Contexto / Observações Trata-se da conferência proferida a 27 de Maio de 1960, por ocasião do centenário de nascimento de Manuel Teixeira‑Gomes, e publicada nesse ano pela Câmara Municipal de Portimão.
 

ESBOÇO DO PERFIL LITERÁRIO DE TEIXEIRA GOMES de Joaquim Magalhães

(Conferência proferida pelo Dr. Joaquim Magalhães na Sessão Solene Comemorativa do centenário do nascimento do Escritor em 27 de Maio de 1960)
Senhoras e Senhores:

<Eu sempre fui um homem de desordenado viver e pensar () e não levo jeito nenhum de tomar melhor caminho, começo a nutrir sérias apreensões acerca dos dias que me esperam; são capazes de me não deixarem festejar o meu próprio centenário. no que eu punha certo empenho, pois era o mais bonito número do meu programa>

Com estas palavras concluía Teixeira Gomes uma carta a António Patrício, duplamente seu colega na literatura e na diplomacia; tinha o escritor 67 anos e ainda 14 para viver.
Teimaram, porém, os fados em confirmar tais apreensões, pois aqui estamos, sem ele, a dar, de certa maneira, cumprimento a esse <empenho>, mas aproveitando apenas a sugestão, porquanto, mais do que para isso, foi para cumprir o dever, indeclinável, de homenagear a memória ilustre do mais ilustre filho desta cidade, que a Ex.ma. Câmara aqui nos congregou.
Bem haja, portanto, V, Exª Sr. Presidente do Município por nos ter lembrado esse dever. ao convocar-nos para esta sessão. dando-nos, ao mesmo tempo, azo a que se satisfaça, num ambiente de carinhosa esclarecida admiração. o bem humorado - ou melancólico? - empenho do escritor que, faz hoje exatamente cem anos, viu a luz do dia, nesta luminosa cidade que ele tanto amou.
Só receio que V. Exas., minhas Senhoras e meus senhores, possam correr risco irremediável de não corresponder a parte do programa que me foi distribuída àquilo com que por ventura contavam. Se assim suceder, o que muito me pesará será minha a culpa de não sair <bonito> este número da festa. Mas eu ouso esperar da vossa benevolência, e com novos motivos, aquela mesma espontânea indulgência que já noutras ocasiões me tem sido concedida. E assim, confiado na vossa generosidade, faço votos por que a memória do artista magnífico, que viemos saudar e louvar, não fique muito afetada pelas deficiências inevitáveis de um estudo que me atrevi a tentar, a fim de corresponder ao cativante convite do Sr. Presidente da Câmara, para falar neste ato comemorativo, pois, na verdade, não é fácil dar, numa dissertação, forçosamente singela, que tem de ser feita dentro de razoáveis limites de tempo uma ideia aproximadamente fiel, das características, do valor e da importância da originalíssima obra de Manuel Teixeira Gomes.

(pág.5 e 6)

PDF com algumas (18) páginas do livro.

• Esta mesma conferência foi republicada no livro Manuel Teixeira Gomes - A Vida e a Obra editado pelo Círculo Teixeira Gomes "Associação pelo Algarve" que inclui também a conferência de José Tengarrinha com o título "Teixeira Gomes na Grande Encruzilhada".