Leiria, Sebastião - Cantigas do Bem Querer e outros versos

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  • Sebastião Baptista Leiria

Tavira, 20/01/1918 - 22/11/1971

Excerto de "Cartas Sem Código Postal":

Meu caro Sebastião Leiria:

Como sabes - que é que não se saberá lá no assento etéreo onde subiste> - a gente boa da tua terra descobriu que tinha de dar à tua memória, à memória da tua pessoa, e do muito que fizeste, enquanto por cá andaste, sinais vivos de que o homem que foste vale muito mais do que se julgava. Bem hajam os teus patrícios por estarem a recordar-te. como mereces. ativando ou reativando ações e realizações que fazem da tua memória uma presença viva. E é por isso que aqui estou também nesta tarde de Verão, com os que foram mais íntimos na tua amizade e na tua sensibilidade de homem e de artista. Não propriamente para te lembrar como pessoa. Nesse aspeto pouco poderia dizer aos que realmente te conheceram.
Vivemos em terras diferentes. Os nossos encontros nunca foram de grande duração. Mas isso mesmo pode ser, e é, razão para um reencontro. E um encontro significativo. E importante. Porque hoje não é com a pessoa, Sebastião Leiria, com quem vamos, ou estamos a conviver. Mas com a tua obra, obra que tu fizeste amigo. E que deixaste inédita, ou dispersa, com um pedaço aqui, outro acolá. E que os teus amigos e a Câmara da tua terra, esta gente eleita para gerir a república tavirense, resolveram dar a conhecer.
E que contigo acontece, está acontecendo, O mesmo que acontece, em geral, com todos os artistas. Ë que eles, artistas, são lembrados, são importantes, pela obra que fizeram. Dou-te dois exemplos. Um chama-se Luís Vaz de Camões. (...)
Outro exemplo, o do António Aleixo.(...)

In: Cartas sem Código Postal de Joaquim Magalhães. P. 44


Músico. Maestro. Poeta. Humorista. Autor e encenador de peças de Teatro e Revista. Compositor. Letrista. Jornalista / colaborador em jornais regionais. Escrivão de direito no tribunal de Tavira. Concluiu o 2º grau do Ensino Primário Elementar em Faro, em 1931.

“O Concurso de Piano Sebastião Leiria”, que já conta com sete edições, é uma iniciativa da Academia de Música de Tavira, que presta homenagem a este ilustre e multifacetado tavirense. É de salientar que o Coro Comunitário da Academia, fundado em 2024, recebeu igualmente o nome de Sebastião Leiria.


  • Cantigas do Bem Querer e outros versos
Este livro resulta de uma primeira abordagem à vasta obra poética do autor, tendo a seleção das peças, ficado a cargo do Professor Joaquim Magalhães, digníssimo Reitor do Liceu Nacional de Faro, amigo pessoal de Sebastião Leiria.
Essa apresentação feita por ele próprio, em colaboração com a filha de Sebastião Leiria, Maria Helena Leiria, ocorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho, fazendo parte integrante da primeira homenagem que a Câmara Municipal de Tavira prestou a este tavirense, nos dias 22 e 23 de Junho de 1991, pelas Festas da Cidade. In: Site de Sebastião Leiria.
  • Não jures

Não jures nunca, nunca, meu amor,
Que só minha serás eternamente;
Não quero ver nos teus lábios em flor,
Essa mentira grave e inocente.

Não jures porque mentes com ardor,
Porque és falsa a falar sinceramente;
Não jures. O Destino é um senhor
De quem somos um servo obediente.

Foi ele quem o nosso olhar cruzou
E dentro dos nossos peitos ateou
A chama deste amor, quem tal diria...

Pode ainda levar-nos a zangar,
P'ra todo o sempre o nosso amor matar,
E pode até fazê-lo novo um dia.

P. 17

  • «Pinturescas»? (Ao grande Poeta tavirense Dr. Emiliano da Costa, pelo seu recente livro de poemas, «Pinturescas».

O nome, «PINTURESCAS», - bom amigo! -
Fala em pintura e eu só vejo luz
Que ali reflui... e flui... e vai contigo,
No passo brando e leve de Jesus.

Um livro! Um sol em cada folha... digo,
Em cada estância!... O Beija-Flor reluz
E canta ali de modo que eu consigo
Ouvir as queixas que a trilar produz.

São isto «PINTURESCAS»? Não. Segredo,
Milagre vivo em ti, no teu degredo,
P'ra nos dar Pão e Luz... «Os Degredados!...»

Um livro! Não!... É. Paz... Amor... Beleza
Sangrada em ti, que pões à nossa mesa,
P'ra nos sentirmos menos desgraçados.

Tavira, 31 / XII/ 59
P. 23

  • Namoros

A abelha namora as flores,
O paladar o que é bom,
O olho namora as cores,
O ouvido namora o som.

O vento namora as velas.
A sede namora a fonte,
A lua namora as estrelas,
O pastor namora o monte.

A rosa namora o sol,
O moleiro a brisa fresca,
O navegante o farol,
O marinheiro a sua pesca.

O pombinho a companheira,
Namora o mar os rochedos,
Namora o gato a braseira,
Namora o musgo os penedos.

Namora a rua o caixeiro,
Namora o mato quem caça,
Namora o rico o dinheiro,
A desgraçada, quer massa.

Namora quem faz o bem,
Namora a mãe o filhinho,
Namora a ave o seu ninho,
O eu também namoro Alguém.

P. 80

  • Para saber mais :

- Site oficial de Sebastião Leiria disponibilizado pela filha Maria Helena Leiria.
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- Post de facebook com um vídeo de uma atuação do Coro Sebastião Leiria, sob a direção da Maestrina Isobel Barton e com acompanhamento ao piano de Raquel Correia.
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  • Bibliografia

1. Cantigas de bem querer e Outros Versos
Este livro resulta de uma primeira abordagem à vasta obra poética do autor, tendo a seleção das peças, ficado a cargo do Professor Joaquim de Magalhães, digníssimo Reitor do Liceu Nacional de Faro, amigo pessoal de Sebastião Leiria.

2. Espaço de Tavira
O Espaço de Tavira, é publicado em 1968, ainda em vida do autor , composto por um conjunto de artigos publicados no “Jornal do Algarve”, semanário publicado em Vila Real de Santo António.

3. Colheita
Este terceiro livro, “COLHEITA” já totalmente coligido pela filha de Sebastião Leiria, foi igualmente editado pela Câmara Municipal de Tavira e publicado a 25 de Janeiro de 2003, com prefácio do Engenheiro Macário Correia, à data Presidente da Câmara de Tavira, seu antigo aluno de Canto Coral, na Escola Técnica de Tavira.

4.Quando o Algarve Canta e Ri
Revista Folclórica em 1 Ato
Em 20 de Janeiro de 2000, pretendendo a Câmara Municipal de Tavira, impulsionada por Maria Adelaide Palmilha, dar continuidade à apresentação da obra de Sebastião Leiria, publica “Quando o Algarve Canta e Ri”, revista em um ato, seis quadros com doze canções, textos, músicas e poesia de sua autoria.

5. A Objetiva Humorística do Autor
Esta obra de Sebastião Leiria, a quarta publicação do seu vasto espólio artístico, é a síntese de toda a prosa humorística, derramada durante cerca de trinta anos nos jornais do Algarve e também de Lisboa e que, fizeram as delícias dos seus leitores.

6. Peças de Teatro e Revista para as quais Sebastião Leiria compôs as músicas, escreveu as letras, criou, desenhou e pintou os cenários, e acompanhou ao piano:
- 1941 «Tavira Brinca Tavira»;
- 1944 «Ferro ao Fundo»;
- 1947 «Alforrecas Ao Luar»;
- 1953 «Não Há Paz entre as Alfarrobeiras»;
- 1954 «O Milagre das Amendoeiras»;
- 1955 «Quando o Algarve Canta e Ri»;
Todas registadas na Sociedade Portuguesa de Autores. In: site de Sebastião Leiria

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