César, Adília
- Adília César
Lagos, 23/04/1959.
Poetisa. Cronista. Educadora de infância.
- Poemas do livro Lugar-Corpo ditos pela Autora
Clique aqui para assistir a um vídeo onde a autora diz os quatro poemas seguintes.
- Poema da página 11 Clique aqui para ouvir este poema na voz da autora.
Isto é um poema. Sem lugar nem corpo.
Um ponto e um universo cheio de asas.
O tempo cheio numa barriga de mãe.
Assim, quase a exceder-se.
Como se fosse um estilo de miragem
alinhado numa cena contemporânea.
Espiral. Imensa biblioteca de pontos e espaços.
Luzes que cantam o final de cada verso.
Se a minha mãe me chamar para dentro da sua barriga.
Mãe. Mãe sozinha de mãos dadas com o vento
a ensinar-me a voar para fora da sua cabeça. Para longe.
Mas eu só sei adormecer dentro do coração.
Isto é um poema?
- Poema da página 13 Clique aqui para ouvir este poema na voz da autora.
A linguagem poética é procura intensa de pureza.
Gota estética de sentidos reais, irreais e a-reais. Utopia.
Dimensão espaçosa e plena de memórias.
Como a vocação absoluta que se apoia
numa presença imaginária.
Tantas as palavras da noite por dentro.
Sopro-ferida-crosta. Ciclo de transformação.
Consciência mínima e perturbada que esquece
a dor e o sono no princípio da claridade.
- Poema da página 15 Clique aqui para ouvir este poema na voz da autora.
Atravesso a noite com uma imagem de luz sobre o pavor.
Corpo-penumbra antes da iluminação. Cortina
que preserva os seres para o teatro do desconhecido. Junto-me a eles, o mais junto possível deles.
Na mesma pele somos um só.
Agora, o pensamento é uno e magnânimo.
Coro perfeito e prolongado no tempo infinito.
É preciso uma esplêndida promessa de eternidade
para desvanecer a essência da coragem.
A lua é um cálice de néctar que inebria
e preenche a sombra íntima dos espíritos.
Depois dessa iluminação permaneço numa asa de magia.
- Poema da página 35 Clique aqui para ouvir este poema na voz da autora.
Sensação harmónica no tempo de uma inspiração.
Todos os sentidos em uníssono e separados.
Hino da alegria no despertar universal.
Depois, o maestro dirige o silencio da escuta.
Motivo exibido na partitura escrita pelo encenador da luz.
Agora quero estar aqui e em toda a parte.
Corpo-mundo. Instrumento da emoção.
É isso que eu sou: lugar infinito de felicidade.
O resto guardarei para depois.
- Poema do Livro GELO divulgado no Facebook da autora.
Como invejar as asas dos outros
essas cinzas de lugares comuns
ladainhas nos conventos de portas abertas
onde as carpideiras rasgam vestes de veludo e de erros.
Como vestir os olhos de brilho
matéria confiante em suprema combustão
vislumbre de um nítido e fundente relâmpago a céu aberto.
Como evitar as balas as lâminas os venenos
os súbitos de febre e as demências racionais
sem morrer de uma vez por todas.
Como atravessar caminhos por entre as silvas
se a doce passagem da luz então aprisionada
é a palavra rigorosa numa consentida coexistência.
Auto-biografia poética publicada no facebook da autora:
Adília César nasceu no século passado, em Lagos, Portugal. Só tem uma ruga – a da linha de escrita. Se não se chamasse Adília César o seu nome seria Baudília ou Monadília, e depois de ter descoberto a Área Branca naturalmente chamar-se-ia Fiamadília. Adília é singular – o seu ser está na primeira pessoa. Tem uma voz parecida com os poemas que escreve e ama de olhos bem abertos. Nunca escreveu uma ode, nem quando está em viagem, mas é capaz de despertar a Europa num só verso. Adília é o "lugar-corpo" da poesia com "uma agulha no coração". Está bem acordada durante o dia e não toma Xanax; talvez por isso o seu lado negro esteja sempre à espreita. Detesta vermes e poluição sonora. Quando tropeça e cai, levanta-se muito rapidamente para ninguém ver: é "o que se ergue do fogo". Nunca recebeu postais de férias nem telegramas com notícias amargas. Adília podia ser uma Deusa: tem um discurso sonhador e escreve poemas contra "o tempo o tempo". Desde criança que ela deseja ser uma Sereia coberta de pérolas, mas a Ria Formosa ainda não lhe fez a vontade. Em seu redor, o "Gelo" vai derretendo. É fundadora da Sociedade dos Espaços Vazios Entre As Palavras. Reside em Faro.
- Notas Biográficas
Adília César, Mestre em Educação Artística, na área de especialização Teatro e Educação, pela Universidade do Algarve, é ainda formadora de Expressões Artísticas, no âmbito da Didática das Expressões Artísticas. Desenvolve um projeto de promoção da poesia da e para a infância com os grupos de crianças dos quais é docente titular – Versos Pequeninos. Tem colaborações dispersas em antologias e revistas literárias, entre as quais: Nova Águia; Eufeme; Piolho, Estupida, Enfermaria 6, Nervo, Caliban, Pa_lavra, Palavra Comum; Tlön, conVersos, Chicos e Revista Athena, além de ensaios e artigos de opinião. É co-fundadora do projeto literário LÓGOS – Biblioteca do Tempo.
- Bibliografia:
- O que se ergue do fogo Lua de Marfim, 2016
- Lugar-Corpo Eufeme, 2017
- O Tempo O Tempo Eufeme, 2019
- Uma Agulha no Coração, Editora Urutau, 2020
- Gelo, Busílis Poesia – Trinta Por Uma Linha,2021
- É cofundadora do projeto literário LÓGOS – Biblioteca do Tempo
- Veja mais sobre Adília César nos seguintes links:
- Facebook da autora:
- Facebook da Editora LÓGOS - Biblioteca do Tempo, projeto literário do qual Adília César é cofundadora.
- 10 Poemas de Adília César
- 2017 - Artigo do jornal Região Sul sobre a III Mostra Bibliográfica de Autores do Algarve na biblioteca municipal de Faro, onde estiveram patentes as obras publicadas de Adília César, Luís Campião e Tiago Nené, bem como estudos e recensões críticas sobre a obra destes autores.
- 2018 - Leituras da poesia de Adília César num Ensaio de Adriana Freire Nogueira.
- 2021 - Artigo do Jornal Algarve Informativo sobre a publicação do novo livro de poesia de Adília César Gelo
- 2018 - José Antunes Ribeiro, editor e livreiro da Espaço Ulmeiro, numa conversa com Adília César e Fernando Esteves Pinto.
- 2017 - Adília César apresentou novo livro na Biblioteca Municipal de Faro
- 2018 - Catálogo do blog Lua de Papel
- Esta página da wiki foi elaborada com a colaboração das Bibliotecas Escolares do Agrupamento Pinheiro e Rosa.