Carlos, Papiniano - Obras Proibidas

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Leitura – Estrada Nova, Papiniano Carlos
Libertação

A liberdade ficava para lá
do arame farpado
e do meu corpo fétido, podre,
roído de chagas, cheio de pús,
com olhos cegos de tanta escuridão!

As sentinelas cinzentas espiavam.

Mas que importavam as sentinelas?

Mal me cabia na boca roxa
a língua cortada, grossa, sarrosa,
quando por ela anunciei
que era LIVRE,
e o meu grito espantoso
pôs um arrepio na nuca
de todos os tiranos.

Pasmaram as sentinelas
e o meu cadáver tombou na terra.

Estrada Nova, Papiniano Carlos