Brito, Ferradeira
Pontes de Marchil, Faro, 24/02/1942 - Faro, 01/06/2021.
Poeta. Dramaturgo. Encenador.
- Eu sou
Eu sou cavalo perdido
Que vai galopando absorto,
Filho da dor, sou gemido,
Perdido num mar revolto.
Eu sou alguém que morreu
Cansado de tanto esp’rar,
Eu sou tudo menos eu
Quando me quero encontrar.
Eu sou águia, sou falcão,
Andorinha no beiral,
Amor, loucura, paixão,
Um poeta de Portugal.
Eu sou o eco ferido,
O pranto que alguém chorou,
Sou alguém que tem sofrido
Por tudo isto que eu sou
.
Eu sou semente perdida,
Que germinou e secou,
Onde a vida não é vida
Porque a vida não vingou.
Sou filho do Sol brilhante,
Sou irmão da Lua cheia,
Sou uma estrela distante
Que cintilante, burlei-a.
- Notas Biográficas:
António Ferradeira de Brito estudou no Liceu Nacional de Faro. Pertenceu à Tertúlia da Hélice com o poeta Tito Olívio. Também presidiu à Comissão da Junta de Freguesia de S. Pedro de Faro.
Publicou as suas primeiras poesias em 1953, no jornal «O Pintassilgo», órgão das escolas de aplicação anexas ao Magistério Primário de Faro, cuja redacção e edição era assegurada pelos alunos.Publicou, igualmente, no «Jornal Escrito» e no «Nó Vital» fundados pela AJEA
Na década de setenta, desenvolveu o gosto pelo teatro, promovendo nesse âmbito várias iniciativas, como encenador e director artístico, daí resultando a fundação do Grupo Cénico do Montenegro, do Grupo de Teatro Experimental do Patacão, e do Grupo de Teatro de Mar-e-Guerra, todos a operar em Faro. Para manter essa actividade cultural chegou mesmo a escrever em verso a peça «O Auto dos Lobos», inspirada no teatro vicentino, que levou à cena por todo o país. O sucesso e originalidade da peça mereceu a aprovação oficial do governo, sendo publicada, em 1976, pelo então designado Ministério da Educação e Investigação Científica.
Em face do seu prestável espírito de dedicação à causa pública, viria a ser escolhido para presidir à Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de S. Pedro, de Faro, desempenhando essas funções de forma honesta, responsável e competente. No âmbito associativo, fez parte durante vários anos dos corpos directivos do Clube Desportivo do Montenegro.
Apoiado e incentivado pelo poeta Tito Olívio – a quem os mais próximos chamam Mestre, na mais fiel tradição humanista – acolheu-se ao convívio da Tertúlia Hélice, onde pontificou não só pela sua assiduidade, como também pela sua produtiva contribuição poética.
in:- 2021 - Texto de Vilhena Mesquita sobre a morte de Ferradeira de Brito
- Bibliografia
Minha Voz, a voz do povo. (Quadras) 2000 AJEA
Os 20 livros que constam de bibliografia abaixo foram todos publicados em 2009 e apresentados na Biblioteca Municipal de Faro em 12 de Agosto de 2009 pelo Professor José Carlos Vilhena Mesquita. O texto dessa apresentação está no seguinte link:
https://promontoriodamemoria.blogspot.com/2009/08/20-livros-de-ferradeira-de-brito.html
Tempos do meu tempo (Sonetos) AJEA
O Brilho da Alma(Sonetos) AJEA
Vidas da Minha Vida (Sonetos) AJEA
Flores do Olimpo(Sonetos) AJEA
Desbravar do Sonho (Sonetos) AJEA
Pedaços de Vidas (Sonetos) AJEA
Canto Lírico (Sonetos) AJEA
Alma, Coração e Mágoa (Quadras) AJEA
Rosas do Meu Jardim (Quadras) AJEA
Povo Meu Povo (Quadras) AJEA
Enquadrando a Vida (Quadras) AJEA
Rimas Musicais (Poesia) AJEA
Poesia Desperta (Poesia) AJEA
Palavras Coloridas (Poesia) AJEA
Giestas e Rosmaninho (Poesia) AJEA
O Milagre do Mar (Teatro) AJEA
Meu Canto Meu Pranto (Poesia) AJEA
Sabor a Terra (Poesia) AJEA
O Poço (Teatro) AJEA
O Boato (Teatro) AJEA
- Pode Saber mais sobre Ferraseira de Brito e a sua obra, nos seguintes links:
- Blogue de poesia
- Notícia sobre a morte de Ferradeira de Brito