Veleda, Maria

From Wikipédia de Autores Algarvios
Revision as of 15:56, 23 February 2022 by Admin (talk | contribs)

Jump to: navigation, search

Página em elaboração.

Veleda, Maria1.png Veleda, Maria2a.png Veleda, Maria3.png Veleda, Maria-capa.jpg Veleda, Maria5.jpg

  • Maria Veleda

Maria Veleda é o pseudónimo de Maria Carolina Frederico Crispim.
Faro, 26/02/1871 - 08/04/1955.

Escritora. Poetisa. Prosadora. Professora. Jornalista. Ativista republicana e feminista. Pioneira na luta pela educação das crianças e dos direitos das mulheres.

Patrona da Escola Básica Maria Veleda, do Agrupamento de Escolas José Afonso, em Loures.


  • Texto de Maria Veleda

in blogue culturafamalicao:

“Pobres éramos, pobres ficámos e pobres somos, mas nas nossas almas arde sempre a mesma chama sacrossanta que nos iluminava quando gritámos pela primeira vez: Viva a República! Porque acima da Morte que me espera, está o ideal que me norteia. Sim. Viva a República.”

  • Poema de Maria Veleda de 1931

in blogue projetoteclar.:

Penso que hei-de morrer, ai... brevemente
Pois da velhice pesam-me os invernos;
Que hei-de ascender aos gozos sempiternos,
Aos pés de Deus, magnânimo e clemente.

Em plena luz vivendo alegremente,
Do mundo esquecerei negros infernos,
Meus cânticos soltando, ledos, ternos,
Num poema de Amor, efervescente.

Mas quem há-de amparar-vos, ó meus filhos??
Seguir-vos na aspereza destes trilhos??
Incutir-vos coragem p’ra viver??

Tendes outros afectos... sei-o bem!
Mas não tendes, não tendes outra Mãe...
- Então choro... com pena de morrer!...


  • Notas biográficas

Maria Veleda é o pseudónimo de Maria Carolina Frederico Crispim, nasceu em Faro. Foi escritora de poesia e prosa, professora, jornalista, ativista feminista e republicana, pioneira na luta pela educação das crianças e dos direitos das mulheres. Em 1906, aderiu ao Livre-Pensamento e foi iniciada na Maçonaria, na Loja Humanidade, com o nome simbólico de Angústias, integrando a comissão organizadora do 1.º Congresso do Livre Pensamento, juntamente com José França, Augusto José Vieira, Lourenço Correia Gomes e Francisco Teixeira, e foi uma das fundadoras do Grupo Português dos Estudos Feministas. Com o advento da República a 5 de Outubro de 1910, as feministas republicanas que militavam na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas julgaram que havia chegado o momento de apresentarem as suas reivindicações ao novo regime político, contudo esta situação veio a criar divergências no seio do movimento, sobretudo entre Maria Veleda e a dirigente Ana de Castro Osório. Esta última defendia que o direito ao voto apenas para as mulheres que pagassem impostos, fossem maiores de idade e pertencessem à elite intelectual, tendo portanto que ser instruídas. Maria Veleda acreditava que este facto restringia o direito ao voto feminino e assim agravava a situação de desigualdade existente entre as mulheres portuguesas, argumentando que a maioria não teria sequer a oportunidade de aceder à instrução ou à educação de modo a ter autonomia económica ou a sua total emancipação da tutela masculina. Para ela, se se reconhecia às mulheres o direito de voto, era uma incoerência reclamá-lo só para aquelas que pagassem impostos ou fossem consideradas intelectuais. «Seria uma injustiça negar a algumas um direito que é de todas. As mulheres, ricas ou pobres, intelectuais ou analfabetas, devem poder votar em igualdade de circunstâncias com os homens». Na sua opinião, devia pedir-se "tudo" e se não dessem "tudo", não se aceitaria "nada".[9] Devido à crispação das duas facções, em 1911, Ana de Castro Osório demitiu-se da LRMP e Maria Veleda tomou o seu lugar, passando a presidir à organização, com o apoio de uma larga maioria, e a dirigir o periódico A Madrugada. Nesse ano, criou ainda dentro do movimento o Grupo das Treze[10], constituído simbolicamente por treze mulheres que pretendiam combater a ignorância e as superstições, o obscurantismo, o dogmatismo religioso e o conservadorismo que afectavam a sociedade portuguesa e impediam a emancipação das mulheres e o progresso humano.


  • Veja mais sobre Maria Veleda nos seguintes links:

- https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Veleda

- 2011 - blogue culturafamalicao O artigo de Maria VeledaA Propósito, publicado no jornal “A Vanguarda” em 9 de Fevereiro de 1908, a seguir ao regicídio, que esgotou duas edições do mesmo jornal, valeu a Maria Veleda um processo-crime por abuso de liberdade de imprensa, valendo-lhe as suas correligionárias da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, e testemunhando a seu favor personalidades como António José de Almeida, João Chagas, Manuel de Arriaga ou Ana de castro Osório, entre outras."

- Post do facebook da Câmara Municipal de Lisboa do qual reproduzimos: Em 1890, aos 19 anos, adota uma criança de 14 meses, Luís Frederico Viegas, órfão de mãe. A esta criança vem juntar-se o seu filho biológico, Cândido Guerreiro Xavier da Franca, fruto da paixão pelo poeta Cândido Guerreiro, também algarvio, com quem Maria Veleda recusou o casamento, por considerar que o amor não era suficientemente correspondido. Casamento por conveniência – nunca! Ao recusar, Maria Veleda tem consciência das dificuldades que iria enfrentar como mãe solteira, numa sociedade marcada pelo preconceito e pela ideia da inferioridade da mulher".

- Página do Centro de Documentação e Arquivo Feminista Elina Guimarães da qual destacamos: "Em 1908 criou cursos nocturnos e conferências educativas nos Centros Republicanos Afonso Costa, António José de Almeida e Botto Machado, para instruir e educar as mulheres, preparando-as para exercerem uma profissão e participarem na vida social e política. Entre 1911 e 1915, como dirigente da Liga Republicana, empenhou-se na luta pelo sufrágio feminino, escrevendo, discursando, fazendo petições e chefiando delegações e representações aos órgãos de soberania".

- 2011 - Artigo no blogue culturafamalicao com informação relevante sobre Maria Veleda da qual salientamos: "Filha da classe média algarvia, o pai, João Diogo Frederico Crispim, desempenhou cargos de relevo no município de Faro e foi director da Sociedade Teatral da mesma cidade, enquanto que a mãe, Carlota Perpétua da Cruz Crispim, pertencia à burguesia proprietária local. Desta forma, seria influenciada Maria Veleda pelo teatro, sonhando desde sempre com a pretensão de escrever peças de teatro com personagens femininas, participando, aos sete anos de idade, no Teatro Lethes, na peça “Lenço Branco”. Começa a colaborar, a partir dos dezanove anos, na imprensa algarvia e alentejana, caso dos jornais “O Distrito de Faro”, “Pequeno em Tudo”, “O Almanaque Braz de Alportel”, “O Repórter”, “O Algarve”, “O Alentejo, “A Tarde”, “O Cruzeiro do Sul", etc"


Maria Carolina Frederico Crispim, de pseudónimo Maria Veleda nasceu em Faro a 26 de Novembro de 1871. Frequentou o colégio dos três aos seis anos e com apenas quinze anos começou a trabalhar no ensino como explicadora particular (1886/1887).
Estreou-se na carreira literária aos dezanove anos, no jornal provinciano O Distrito de Faro. A participação na imprensa algarvia e alentejana permitiu-lhe a publicação de poemas, contos e novelas, temas feministas e educativos, chegando a fundar e a dirigir grandes exemplares da imprensa portuguesa, nos finais do século XIX e princípios do século XX.
Professora primária de profissão foi, ainda, militante do movimento feminista e republicano, desenvolvendo o pendor de livre-pensadora e espiritualista.No ano de 1905, instalou-se em Lisboa, começando, nesta altura, a despertar o interesse por assuntos políticos, por isso, a sua literatura passou a ter nova feição, e a colaborar com jornais republicanos. Iniciou-se na maçonaria em 1907, na Loja Humanidade, com o nome simbólico Angústia. Foi co-fundadora do Grupo Português de Estudos Feministas, onde exerceu o cargo de Presidente. Criou e ministrou cursos nocturnos no Centro Republicano Afonso Costa, assim como, nos Centros Republicanos António José de Almeida e Boto Machado. Em 1909, foi nomeada Vicepresidente da Direcção do Centro Escolar Fernão Boto Machado tornando-se sócia-fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e, por iniciativa própria, fundou a Obra Maternal, exercendo, em simultâneo, o cargo de Directora e professora.
Após a proclamação da República aderiu ao Partido Democrático. O novo regime veio ao encontro de algumas reivindicações que sempre defendeu: lei do divórcio; casamento civil obrigatório; direitos iguais a ambos os sexos no casamento; concessão de direitos legais dos filhos nos casos de legitimidade, adopção e ilegitimidade.
Por ocasião das incursões monárquicas de Paiva Couceiro, integrou o Grupo Pró-Pátria, percorrendo o país em missão de propaganda e discursando em defesa do regime ameaçado.
Em 1921, desiludida com o procedimento dos governos republicanos, abandonou o desempenho político e feminista, refugiando-se num silêncio prolongado, e dedicando-se ao espiritismo filosófico, científico, moral e experimental. Contudo, sem abdicar das suas arreigadas convicções, continuou a defender os seus ideais como jornalista.
Maria Veleda contava 84 anos de idade, quando faleceu em Lisboa.


Maria Veleda fundou o Grupo das Treze para combater a superstição, o obscurantismo e o fanatismo religioso que afectavam sobretudo as mulheres e as impediam de se libertarem dos preconceitos sociais e da influência clerical. Revelou-se uma pioneira na luta pela educação das crianças, pelos direitos das mulheres e na propaganda dos ideais republicanos.

In : https://museumunicipal.espinho.pt/fotos/balanco_social/catalogo_rostos_da_republica_compactado_21234457155eb41244b6435.pdf