Difference between revisions of "Rosa, António Ramos - Obras Proibidas"

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*'''António''' Vitor '''Ramos Rosa''' (1024 - 2013)<br />
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*'''António''' Vitor '''Ramos Rosa''' (Faro, 1924 - Lisboa, 2013)<br />
  Poeta, escritor, ensaísta, crítico literário, tradutor e desenhador.  
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  Poeta, escritor, ensaísta, crítico literário, tradutor e desenhador. Fez parte do MUD Juvenil e por isso esteve preso. Foi diretor de várias revistas literárias [Árvore, Cassiopeia, Cadernos do Meio-Dia, ...) que sofreram algum tipo de censura.
  
 
*'''Obras Proibidas'''
 
*'''Obras Proibidas'''
  ARR foi poeta publicado em muitos jornais e revistas,m tendo sido diretor de algumas destas como as de que foi também diretor. ARR em entrevista ao Expresso em 1988 [https://expresso.pt/premio-pessoa/laureados/2010-10-31-Laureado-Premio-Pessoa-1988---Antonio-Ramos-Rosa]: "Vim para Lisboa em 1945. Estive cá dois anos. Depois voltei para Faro. Integrei-me então no Movimento de Unidade Democrática - o MUD Juvenil, onde tive uma grande actividade militante, tendo por isso estado preso [1947].
+
  António Ramos Rosa (ARR) publicou mais de 50 livros de poesia, mas não encontramos indicação de que foram censurados. Nesta wiki iremos ler o poema de ARR publicado na censurada '''Antologia da Poesia Erótica e Satírica''' de Natália Correia e de um poema da revista '''Árvore'''.<br /> ARR em entrevista ao Expresso, em 1988, [https://expresso.pt/premio-pessoa/laureados/2010-10-31-Laureado-Premio-Pessoa-1988---Antonio-Ramos-Rosa] diz: <br />"Vim para Lisboa em 1945. Estive cá dois anos. Depois voltei para Faro. Integrei-me então no Movimento de Unidade Democrática - o MUD Juvenil, onde tive uma grande atividade militante, tendo por isso estado preso [1947]; <br />"A primeira delas [das revistas literárias de que fui diretor] foi a Árvore, e foi a mais importante. Foi proibida pela Censura, pela PIDE.
  
 
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*'''''Dia de Verão'''''<br />
* '''Amor da palavra, amor do corpo'''<br />
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Contra a muralha de ar<br />
 
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desfaço os nós da cinza dura<br />
A nudez da palavra que te despe.<br />
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a ânsia larga larga<br />
Que treme, esquiva.<br />
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lucidamente embarco no meu corpo<br />
Com os olhos dela te quero ver,<br />
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e no ar<br />
que não te vejo.<br />
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onde mulheres vivas rompem<br />
Boca na boca através de que boca<br />
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com o sangue do Verão<br />
posso eu abrir-te e ver-te?<br />
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rodopiando ancas sonoras<br />
É meu receio que escreve e não o gosto<br />
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giram na vertigem direitas contra<br />
do sol de ver-te?<br />
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a força do ar caindo como uma onda<br />
Todo o espaço dou ao espelho vivo<br />
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sobre o sexo que respira violentamente<br />
e do vazio te escuto.<br />
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abertas vulvas felizes na febre fresca<br />
Silêncio de vertigem, pausa, côncavo<br />
+
corpos de seda e sede<br />
de onde nasces, morres, brilhas, branca?<br />
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livres em cada poro que o ar e a luz penetram<br />
És palavra ou és corpo unido em nada?<br />
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desfazendo todos os nós no ar<br />
É de mim que nasces ou do mundo solta?<br />
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altas frescas fortalezas<br />
Amorosa confusão, te perco e te acho,<br />
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[[File:Correia-Natalia-capafoto-antologiadepoesiaerotivaportuguesa.jpg|187px]][[File:ARR-poema-Dia-de-Verao.jpg|158px]]<br />
à beira de nasceres tua boca toco<br />
+
in '''Antologia da Poesia Erótica e Satírica''', página 482.<br />
e o beijo é já perder-te.<br />
 
 
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*'''«TELEGRAMA SEM CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL»''' <br />
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*'''''Telegrama sem Classificação Especial'''''<br />
 
Ao Egito Gonçalves<br />
 
Ao Egito Gonçalves<br />
 
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Estamos nus e gramamos.<br />
 
Estamos nus e gramamos.<br />
 
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4 de Janeiro de 1952 in «Árvore»<br />
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[[File:ARR-Arvore.jpg|175px]][[File:Antonioramosrosa-Telegrama.jpg|338px]]<br />
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in Revista '''Árvore''', Volume II - Primeiro Fascículo, pág. 30 e 31.<br />
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[https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/Arvore/N04/N04_master/AArvore_N04.pdf Nota: a Hemeroteca Digital de Lisboa disponibiliza aqui este n.º da Revista Árvore]<br />
 
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*'''Outros poemas de ARR
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[[File:Antonioramorosa-livros-na-wook.png|545px]]<br />
  
* '''MÃE'''<br />
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* '''''Amor da palavra, amor do corpo'''''<br />
  
Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade.<br />
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A nudez da palavra que te despe.<br />
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Que treme, esquiva.<br />
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Com os olhos dela te quero ver,<br />
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que não te vejo.<br />
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Boca na boca através de que boca<br />
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posso eu abrir-te e ver-te?<br />
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É meu receio que escreve e não o gosto<br />
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do sol de ver-te?<br />
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Todo o espaço dou ao espelho vivo<br />
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e do vazio te escuto.<br />
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Silêncio de vertigem, pausa, côncavo<br />
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de onde nasces, morres, brilhas, branca?<br />
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És palavra ou és corpo unido em nada?<br />
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É de mim que nasces ou do mundo solta?<br />
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Amorosa confusão, te perco e te acho,<br />
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à beira de nasceres tua boca toco<br />
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e o beijo é já perder-te.<br />
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<br />
  
Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital.<br />
+
* '''''Mãe'''''<br />
  
Estou contigo mãe, no teu sonho permanente na tua esperança incerta<br />
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Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade.
  
Estou contigo na tua simplicidade e nos teus gestos generosos.<br />
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Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital.
  
Vejo-te menina e noiva, vejo-te mãe mulher de trabalho<br />
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Estou contigo mãe, no teu sonho permanente na tua esperança incerta
  
Sempre frágil e forte. Quantos problemas enfrentaste,<br />
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Estou contigo na tua simplicidade e nos teus gestos generosos.
  
Quantas aflições! Sempre uma força te erguia vertical,<br />
+
Vejo-te menina e noiva, vejo-te mãe mulher de trabalho
  
sempre o alento da tua fé, o prodigioso alento<br />
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Sempre frágil e forte. Quantos problemas enfrentaste,
  
a que se chama Deus. Que existe porque tu o amas,<br />
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Quantas aflições! Sempre uma força te erguia vertical,
  
tu o desejas. Deus alimenta-te e inunda a tua fragilidade.<br />
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sempre o alento da tua fé, o prodigioso alento
  
E assim estás no meio do amor como o centro da rosa.<br />
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a que se chama Deus. Que existe porque tu o amas,
  
Essa ânsia de amor de toda a tua vida é uma onda incandescente.<br />
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tu o desejas. Deus alimenta-te e inunda a tua fragilidade.
  
Com o teu amor humano e divino<br />
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E assim estás no meio do amor como o centro da rosa.
  
quero fundir o diamante do fogo universal.<br />
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Essa ânsia de amor de toda a tua vida é uma onda incandescente.
  
'''António Ramos Rosa''', '''''Antologia poética'''''<br />
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Com o teu amor humano e divino
  
[[File:Texto de ARR sobre a sua mãe publicado por Teodomiro Neto na sua plataforma ISSUU.jpg]]<br />
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quero fundir o diamante do fogo universal.
  
* '''Notas Biográficas''' <br />
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in '''''Antologia poética'''''<br />
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<br />
  
'''António Vítor Ramos Rosa''' um dos maiores poetas portugueses do século XX, a quem foram atribuídos os maiores prémios literários do nosso país bem como as mais altas condecorações, trabalhando ao longo da sua vida como empregado de escritório, e ainda como tradutor e professor. Em 1945 participou na formação do MUD Juvenil e em 1949, coerente com a sua atitude de oposição ao Estado Novo, recusou-se a receber o ''Prémio Nacional de Poesia'' da Secretaria de Estado de Informação e Turismo atribuído a ''"Nos Seus Olhos o Silêncio"''. Desenvolvendo uma importante atividade nos domínios da teorização e da criação poética, o nome de António Ramos Rosa surge ligado a publicações literárias dos anos 50, como Árvore, Cassiopeia ou Cadernos do Meio-Dia, que primaram não só por uma postura de isenção relativamente aos diversos feixes estéticos que atravessam a década de 50 (legado surrealista; evolução da poesia neorrealista, entre outros), como por um critério de respeito pela qualidade estética dos trabalhos literários publicados. São esses aliás os princípios de Árvore, revista que co-fundou, em 1951, com os poetas António Luís Moita, José Terra, Luís Amaro e Raul de Carvalho, e em cujo número inaugural subscreve, em "A Necessidade da Poesia", como imperativos da publicação a liberdade e a isenção ("Não pode haver razões de ordem social que limitem a altitude ou a profundidade dum universo poético, que se oponham à liberdade de pesquisa e apropriação dum conteúdo cuja complexidade exige novas formas, o ir-até-ao-fim das possibilidades criadoras e expressivas."), postergando apenas da aventura poética a "gratuitidade como intenção", posto que a poesia decorre de uma "superior necessidade [...] tanto no plano da criação como no da demanda social" (ibi., p. 4). Recordando a importância, na sua experiência pessoal, do encontro com os vários poetas reunidos no projeto Árvore, António Ramos Rosa revela que, sem esse estímulo, "nunca teria adquirido a confiança necessária para iniciar e prosseguir a [sua] carreira poética", salientando nessa convergência de vozes a "firme convicção de que a poesia não é o fruto de uma aventura verbal, mas uma constante inquirição do que na palavra é a dimensão do ser, ou seja, o que, transcendendo a palavra, é a palavra viva do desconhecido que a promove e que, por seu turno, é o seu incessante termo." (ROSA, António Ramos, "Um Espaço Indispensável à Poesia", in Letras & Letras, n.º 56, outubro de 1991). De um modo geral e sucinto, a sua poesia é caracterizada por uma linhagem de um lirismo depurado, exigente, atento ao poder da palavra no conhecimento ou na fundação de um real dificilmente dizível ou inteligível.Em 2003, a Universidade do Algarve, atribui-lhe o grau de Doutor Honoris Causa.<br />
+
*'''''Não posso adiar o amor'''''
in https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$antonio-ramos-rosa<br />
 
  
 +
Não posso adiar o amor<br />
 +
para outro século<br />
 +
não posso<br />
 +
ainda que o grito sufoque<br />
 +
na garganta<br />
 +
ainda que o ódio estale<br />
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e crepite e arda<br />
 +
sob montanhas cinzentas<br />
 +
e montanhas cinzentas<br />
 
<br />
 
<br />
 +
Não posso adiar este abraço<br />
 +
que é uma arma de dois gumes<br />
 +
amor e ódio<br />
 +
<br />
 +
Não posso adiar<br />
 +
ainda que a noite pese<br />
 +
séculos sobre as costas<br />
 +
e a aurora indecisa demore,<br />
 +
não posso adiar para<br />
 +
outro século a minha<br />
 +
vida<br />
 +
nem o meu amor<br />
 +
nem o meu grito de<br />
 +
libertação<br />
 +
Não posso adiar o coração<br />
  
* '''Bibliografia:'''<br />
+
In '''Viagem Através de Uma Nebulosa'''<br />
 
 
- '''''O Grito Claro''''', 1958.<br />
 
- '''''Viagem Através duma Nebulosa''''', 1960.<br />
 
- '''''Voz Inicial''''', 1961.<br />
 
- '''''Sobre o Rosto da Terra''''', 1961.<br />
 
- '''''Poesia, Liberdade Livre''''', 1962.<br />
 
- '''''Ocupação do Espaço''''', 1963.<br />
 
- '''''Terrear''''', 1964.<br />
 
- '''''Estou Vivo e Escrevo Sol''''', 1966.<br />
 
- '''''A Construção do Corpo''''', 1969.<br />
 
- '''''Nos Seus Olhos de Silêncio''''', 1970.<br />
 
- '''''A Pedra Nua''''', 1972.<br />
 
- '''''Não Posso Adiar o Coração (vol.I, da Obra Poética)''''', 1974.<br />
 
- '''''Animal Olhar (vol.II, da Obra Poética)''''', 1975.<br />
 
- '''''Respirar a Sombra (vol.III, da Obra Poética)''''', 1975.<br />
 
- '''''Ciclo do Cavalo''''', 1975.<br />
 
- '''''Boca Incompleta''''', 1977.<br />
 
- '''''A Imagem''''', 1977.<br />
 
- '''''A Palavra e o Lugar''''', 1977.<br />
 
- '''''As Marcas no Deserto''''', 1978.<br />
 
- '''''A Nuvem Sobre a Página''''', 1978.<br />
 
- '''''Figurações''''', 1979.<br />
 
- '''''Círculo Aberto''''', 1979.<br />
 
- '''''O Incêndio dos Aspectos''''', 1980.<br />
 
- '''''Declives''''', 1980.<br />
 
- '''''Le Domaine''''', 1980.<br />
 
- '''''Figura: Fragmentos''''', 1980.<br />
 
- '''''As Marcas do Deserto''''', 1980.<br />
 
- '''''O Centro na Distância''''', 1981.<br />
 
- '''''O Incerto Exacto''''', 1982.<br />
 
- '''''Quando o Inexorável''''', 1983.<br />
 
- '''''Gravitações''''', 1983.<br />
 
- '''''Dinâmica Subtil''''', 1984.<br />
 
- '''''Ficção''''', 1985.<br />
 
- '''''Mediadoras''''', 1985.<br />
 
- '''''Volante Verde''''', 1986.<br />
 
- '''''Vinte Poemas para Albano Martins''''', 1986.<br />
 
- '''''Clareiras''''', 1986.<br />
 
- '''''No Calcanhar do Vento''''', 1987.<br />
 
- '''''O Livro da Ignorância''''', 1988.<br />
 
- '''''O Deus Nu(lo)''''', 1988.<br />
 
- '''''Três Lições Materiais''''', 1989.<br />
 
- '''''Acordes''''', 1989.<br />
 
- '''''Duas Águas, Um Rio (colaboração com Casimiro de Brito)''''', 1989.<br />
 
- '''''O Não e o Sim''''', 1990.<br />
 
- '''''Facilidade do Ar''''', 1990.<br />
 
- '''''Estrias ''''', 1990.<br />
 
- '''''A Rosa Esquerda''''', 1991.<br />
 
- '''''Oásis Branco''''', 1991.<br />
 
- '''''Pólen- Silêncio''''', 1992.<br />
 
- '''''As Armas Imprecisas''''', 1992.<br />
 
- '''''Clamores''''', 1992.<br />
 
- '''''Dezassete Poemas''''', 1992.<br />
 
- '''''Lâmpadas Com Alguns Insectos''''', 1993.<br />
 
- '''''O Teu Rosto''''', 1994.<br />
 
- '''''O Navio da Matéria''''', 1994.<br />
 
- '''''Três''''', 1995.<br />
 
- '''''Delta''''', 1996.<br />
 
- '''''Figuras Solares''''', 1996.<br />
 
- '''''Nomes de Ninguém''''', 1997.<br />
 
- '''''À mesa do vento seguido de As espirais de''''', 1997.<br />
 
- '''''Versões/Inversões''''', 1997.<br />
 
- '''''A imagem e o desejo''''', 1998.<br />
 
- '''''A imobilidade fulminante''''', 1998.<br />
 
- '''''Pátria soberana seguido de Nova ficção''''', 1999.<br />
 
- '''''O princípio da água''''', 2000.<br />
 
- '''''As palavras''''', 2001.<br />
 
- '''''Deambulações oblíquas''''', 2001.<br />
 
- '''''O deus da incerta ignorância seguido de Incertezas ou''''', 2001.<br />
 
- '''''O aprendiz secreto''''', 2001.<br />
 
- '''''Os volúveis diademas''''', 2002.<br />
 
- '''''O alvor do mundo. Diálogo poético, em colaboração''''', 2002.<br />
 
- '''''Cada árvore é um ser para ser em nós''''', 2002.<br />
 
- '''''O sol é todo o espaço''''', 2002.<br />
 
- '''''Os animais do sol e da sombra seguido de corpo inicial''''', 2003.<br />
 
- '''''Meditações metapoéticas, em colaboração com Robert Bréchon''''', 2003.<br />
 
- '''''O que não pode ser dito''''', 2003.<br />
 
- '''''Relâmpago do nada''''', 2004.<br />
 
- '''''Bichos, em colaboração com Isabel Aguiar Barcelos''''', 2005.<br />
 
- '''''Génese seguido de Constelações''''', 2005.<br />
 
- '''''Vasos Comunicantes, Diálogo Poético com Gisela Ramos Rosa''''', 2006.<br />
 
- '''''Horizonte a Ocidente''''', 2007.<br />
 
- '''''Rosa Intacta''''', 2007.<br />
 
- '''''La herida intacta / A intacta ferida. Ediciones Sequitur, Madrid (em espanhol)''''', 2009.<br />
 
- '''''Prosas seguidas de diálogos (única obra em prosa)''''', 2011.<br />
 
- '''''Numa folha, leve e livre''''', 2013.<br />
 
 
[[File:Antonioramorosa-livros-na-wook.png]]<br />
 
 
 
[https://www.wook.pt/autor/antonio-ramos-rosa/4108 - Clique aqui para ver os livros de '''António Ramos Rosa''' no site da wook.pt.]<br />
 
 
<br />
 
<br />
* Veja mais sobre '''António Ramos Rosa''' nos seguintes '''links''':
+
[[File:Logo25abril50anosleiturascensuradas.png|797px|center]]<br />
 
+
[[File:Wiki-nao-censurada-lapisazul.png|797px|center]]<br />
[http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/Arvore/N04/N04_master/AArvore_N04.pdf - Revista "A Árvore" da qual Ramos Rosa era o um dos editores e diretores, e onde se pode encontrar textos e um poema do Autor]
+
<center>[https://wikialgarve.pt/autoresalgarvios/index.php/25_de_Abril_-_50_Anos Voltar à Página Inicial da wiki 25 de Abril - 50 anos - Leituras em Liberdade]</center>
 
 
[https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Ramos_Rosa - Na Wikipédia.]
 
 
 
[https://www.wook.pt/autor/antonio-ramos-rosa/4108 - Livros de '''António Ramos Rosa''' na wook.pt.]
 
 
 
[https://www.escritas.org/pt/antonio-ramos-rosa - Meia dúzia de poemas de '''António Ramos Rosa''' no site escritas.org.]
 
 
 
- 1990 - [https://arquivos.rtp.pt/conteudos/antonio-ramos-rosa-vence-o-premio-da-associacao-portuguesa-de-escritoresctt/ 1990-11-12 António Ramos Rosa, poeta, é distinguido com o Prémio da Associação Portuguesa de Escritores/CTT, pelo seu livro "Acordes".]
 
 
 
- 1997 - [https://arquivos.rtp.pt/conteudos/antonio-ramos-rosa-estou-vivo-e-escrevo-sol-parte-i/  1997-10-26 00:29:07 Primeira parte do documentário biográfico sobre a vida e obra poética de António Ramos Rosa, incluindo entrevistas ao poeta e aos que o conheceram e com ele privaram, e ainda declamações de poemas da sua autoria.]
 
 
 
- 1997 - [https://arquivos.rtp.pt/conteudos/antonio-ramos-rosa-estou-vivo-e-escrevo-sol-parte-ii/ Segunda parte do documentário biográfico sobre a vida e obra poética de António Ramos Rosa, incluindo entrevistas ao poeta e aos que o conheceram e com ele privaram, e ainda declamações de poemas da sua autoria.]
 
 
 
- 1999 - [https://issuu.com/teodomiro-neto/docs/revista_ant__nio_ramos_rosa Texto de Teodomiro Neto na sua plataforma ISSUU com fotos e pinturas publicado no Jornal do Algarve, Magazine,  em janeiro de 1999 e onde também se encontra a imagem de um texto original de Ramos Rosa, dedicado a sua mãe, que pode ser lido mais acima, nesta página.]
 
 
 
- 2013 - [https://issuu.com/teodomiro-neto/docs/cidad__o_das_palavras Texto de Teodomiro Neto aquando da morte do Poeta, publicado no Jornal do Algarve Magazine, em Novembro de 2013]
 
 
 
- 2013 - [https://expresso.pt/cultura/morreu-antonio-ramos-rosa=f831965  Notícia do ''Jornal Expresso'' sobre a morte de '''António Ramos Rosa'''.]
 
 
 
- 2018 - [https://observador.pt/2018/10/15/congresso-celebra-obra-de-antonio-ramos-rosa-no-seu-94o-aniversario/ "Congresso celebra obra de '''António Ramos Rosa''' no seu 94º aniversário", notícia no observador.pr, em 15/10/2018. Nesta "celebração" participaram alguns cúmplices poéticos de '''António Ramos Rosa''', que formaram uma “mesa de amigos”: os poetas '''Casimiro de Brito, Gastão Cruz, Hélia Correia e Jaime Rocha'''. Uma segunda mesa redonda contou com a presença de '''Casimiro de Brito, Fernando J.B. Martinho e Pedro Mexia.''']
 
 
 
- 2022 - [https://postal.pt/edicaopapel/agripina-e-ramos-rosa-viveu-na-sombra-para-que-ele-pudesse-brilhar-%EF%BF%BC/ Artigo do Postal do Algarve sobre '''Agripina Costa Marques Ramos Rosa''', esposa do autor e ela própria autora, com várias obras publicadas.]
 
 
 
- 2022 - [https://www.facebook.com/gracinda.candeias/posts/pfbid0iEAm7f8DrAhVJTmDmXn2Tys23vKWcbv78vi4CVaq53jegtqAf4ZToLG478DXwaLgl Retrato de '''António Ramos Rosa''' por '''Gracinda Candeias''' no seu facebook onde afirma "De meia dúzia de retratos que fiz, este foi o que me deu mais prazer! O de Ramos Rosa".]
 
 
 
 
 
* in [[File:Logo-arquivo-pt.png | link=https://arquivo.pt/ | https://arquivo.pt]]''':'''
 
 
 
- 1999 - [https://arquivo.pt/wayback/19991012110655/http://www.terravista.pt/Guincho/2482/ramorosa.html Página no terravista.pt com uma dezena de poemas de António Ramos Rosa.]
 
 
 
- 2000 - [https://arquivo.pt/wayback/20001004233133/http://alfarrabio.um.geira.pt:80/vercial/rosa.htm António Ramos Rosa no Projecto Vercial.]
 
 
 
- 2001 - [https://arquivo.pt/wayback/20010504200427/http://www.ciberkiosk.pt/arquivo/ciberkiosk4/ensaios/rosa.htm  Artigo de '''Fernando Martinho Guimarães''', Leitor de Português em Cabo Verde, sobre '''António Ramos Rosa'''.]
 
 
 
- 2010 - [https://arquivo.pt/wayback/20010607043623/http://www.dn.pt/art/7p95a.htm  "O grande sortilégio do poema", artigo de '''Maria Augusta Silva''', no DN.pt sobre '''António Ramos Rosa'''.]
 
 
 
  
[[Category:Autores]][[Category:Escritores]][[Category:Poetas]][[Category:Faro]][[Category:Agr. João de Deus, em Faro]][[Category:Patronos]]
+
[[Category:25 de Abril]][[Category:Poesia Censurada]][[Category:Autores Portugueses Censurados]][[Category:Autores Algarvios Censurados]]

Latest revision as of 12:15, 15 April 2024

António Ramos Rosa - Retrato por Gracinda Candeias no seu facebook.PNG ARR-Arvore.jpg ARR-poema-Dia-de-Verao.jpg

  • António Vitor Ramos Rosa (Faro, 1924 - Lisboa, 2013)
Poeta, escritor, ensaísta, crítico literário, tradutor e desenhador. Fez parte do MUD Juvenil e por isso esteve preso. Foi diretor de várias revistas literárias [Árvore, Cassiopeia, Cadernos do Meio-Dia, ...) que sofreram algum tipo de censura.
  • Obras Proibidas
António Ramos Rosa (ARR) publicou mais de 50 livros de poesia, mas não encontramos indicação de que foram censurados. Nesta wiki iremos ler o poema de ARR publicado na censurada Antologia da Poesia Erótica e Satírica de Natália Correia e de um poema da revista Árvore.
ARR em entrevista ao Expresso, em 1988, [1] diz:
"Vim para Lisboa em 1945. Estive cá dois anos. Depois voltei para Faro. Integrei-me então no Movimento de Unidade Democrática - o MUD Juvenil, onde tive uma grande atividade militante, tendo por isso estado preso [1947];
"A primeira delas [das revistas literárias de que fui diretor] foi a Árvore, e foi a mais importante. Foi proibida pela Censura, pela PIDE.
  • Dia de Verão

Contra a muralha de ar
desfaço os nós da cinza dura
a ânsia larga larga
lucidamente embarco no meu corpo
e no ar
onde mulheres vivas rompem
com o sangue do Verão
rodopiando ancas sonoras
giram na vertigem direitas contra
a força do ar caindo como uma onda
sobre o sexo que respira violentamente
abertas vulvas felizes na febre fresca
corpos de seda e sede
livres em cada poro que o ar e a luz penetram
desfazendo todos os nós no ar
altas frescas fortalezas
Correia-Natalia-capafoto-antologiadepoesiaerotivaportuguesa.jpgARR-poema-Dia-de-Verao.jpg
in Antologia da Poesia Erótica e Satírica, página 482.

  • Telegrama sem Classificação Especial

Ao Egito Gonçalves

Estamos nus e gramamos.

Na grama secular um passarinho verde
canta para um poema lírico, para um poeta lírico,
que se nasceu
é certo que não cantou.

As paisagens continuam a existir.
As paisagens são suaves.
Continuam também a existir
outras coisas
que dão matéria para poemas.
A vida continua.
Felizmente que há ódios, comichões, vaidades.
A estupidez, esta crassa crença intratável, esta confiança
indestrutível em si mesmo,
é o que felizmente dá uma densidade, uma plenitude a isto.

Num mundo descoroçoante de puras imagens
é bom este banho de resistências, pressões, vontades, atritos,
é bom navegar.
porque este presente é logo saudoso.

Na grama um passarinho canta.
Evidentemente que o poeta suicidou-se.

A vida continua.
Certas coisas que pareciam mortas
estão agora vivas ou, pelo menos, mexem-se.
Ausentes, dominam-nos.
Não é para nós que utilizam as palavras,
que insistem,
não é para nós!
Estes grandes ornamentos, estes sábios discursos
fluem em visões, em ondas, como se não no presente.
Ter-se-á o presente extinguido?
A vida continua tão improvávelmente.

Na grama um passarinho canta.
Canta por cantar, ou não, canta.

Eu poderia, com rigor, agora
cantar:

Os anjos exactos
que empunham tesouras
de encontro aos factos
- ó minhas senhoras!

Ou rigorosamente ainda,
com veemente exactidão,
inutilizar o poema,
todos os poemas
porque

Estamos nus e gramamos.

ARR-Arvore.jpgAntonioramosrosa-Telegrama.jpg
in Revista Árvore, Volume II - Primeiro Fascículo, pág. 30 e 31.
Nota: a Hemeroteca Digital de Lisboa disponibiliza aqui este n.º da Revista Árvore

  • Outros poemas de ARR

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  • Amor da palavra, amor do corpo

A nudez da palavra que te despe.
Que treme, esquiva.
Com os olhos dela te quero ver,
que não te vejo.
Boca na boca através de que boca
posso eu abrir-te e ver-te?
É meu receio que escreve e não o gosto
do sol de ver-te?
Todo o espaço dou ao espelho vivo
e do vazio te escuto.
Silêncio de vertigem, pausa, côncavo
de onde nasces, morres, brilhas, branca?
És palavra ou és corpo unido em nada?
É de mim que nasces ou do mundo solta?
Amorosa confusão, te perco e te acho,
à beira de nasceres tua boca toco
e o beijo é já perder-te.

  • Mãe

Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade.

Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital.

Estou contigo mãe, no teu sonho permanente na tua esperança incerta

Estou contigo na tua simplicidade e nos teus gestos generosos.

Vejo-te menina e noiva, vejo-te mãe mulher de trabalho

Sempre frágil e forte. Quantos problemas enfrentaste,

Quantas aflições! Sempre uma força te erguia vertical,

sempre o alento da tua fé, o prodigioso alento

a que se chama Deus. Que existe porque tu o amas,

tu o desejas. Deus alimenta-te e inunda a tua fragilidade.

E assim estás no meio do amor como o centro da rosa.

Essa ânsia de amor de toda a tua vida é uma onda incandescente.

Com o teu amor humano e divino

quero fundir o diamante do fogo universal.

in Antologia poética

  • Não posso adiar o amor

Não posso adiar o amor
para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque
na garganta
ainda que o ódio estale
e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese
séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore,
não posso adiar para
outro século a minha
vida
nem o meu amor
nem o meu grito de
libertação
Não posso adiar o coração

In Viagem Através de Uma Nebulosa

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