Robbins, Harold - Livros Proibidos

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  • Robins, Harold

Os Aventureiros, Harold Robbins

A única alteração provocada pela publicidade resultante reflectiu-se no público. Os bilhetes para o próximo jogo estavam todos vendidos e levantou-se um murmúrio das bancadas quando ele surgiu no campo. Olhou surpreendido e, depois, virou-se para Sergei, que cavalgava ao seu lado.
O russo sorriu.
- És uma estrela. Vieram todos para te ver.
Dax contemplou a multidão. Observaram-no, com uma expectativa de curiosidade. Sentiu um arrepio frio percorrê-lo.
- Vieram para me ver matar alguém.
Sergei olhou para a multidão e de novo para Dax. A boca do russo traçou linhas de amargura.
- Ou para te verem morrer.
Ficaram quase satisfeitos. Quase no final do quarto período, ocorreu uma aglomeração no centro do campo e três cavalos foram derrubados, com Dax no centro deles. Não se ouvia o mínimo ruído quando os outros dois se ergueram e saíram do campo. Mas no caso de Dax registou-se um pequeno murmúrio. Sobressaltado, a princípio, olhou para a multidão, voltando-se rapidamente para ajudar o pónei a levantar-se.
O cavalo tremia quando lhe afagou suavemente o pescoço.
- Desta vez enganámo-los, não é verdade?
Gato Gordo apareceu no campo com outro pónei. Ouviram-se uns aplausos quando se ergueu para a sela. Em tom de troça, bateu ao de leve no boné e, nesse momento, a multidão demonstrou bem o seu agrado.
Confuso, juntou-se a Sergei.
- Não compreendo.
- Nem tentes. – Sergei riu-se. – Agora és um herói.
- Os próprios jornais o reconheceram e, no final do ano, propunham-no para a selecção de França. Tornou-se o melhor marcador e o mais jovem jogador a pisar o campo de pólo. Apenas a um mês de completar o seu décimo oitavo aniversário.
No entanto, tudo lhe parecia agora sem importância ao aguardar a morte do pai. Tudo. Todos os planos que, então, lhe pareceram tão vitais. Lembrou-se de uma noite no colégio, por volta do final do período escolar. Estavam os três juntos.
Encostara-se na cadeira e colocara os pés na secretaria.
- Que tal te saíste nos exames, Sergei?
O rosto bonito de Sergei estava sombrio.
- Não sei. O último exame foi puxado.
Dax concordou. Olhou para Robert, embora não fosse necessário perguntar-lhe. Há quase três anos que era o melhor da turma. Começava a arrumar as coisas.
- Como te sentes?
Robert encolheu os ombros.
- Aliviado – disse, prudentemente – e, no entanto, um pouco triste. – Olhou em redor do quarto. – De certo modo, está-me a custar abandonar o colégio.
- Merda! – gritou Sergei. – Ficarei satisfeito por me ir embora!
Dax sorriu.
- Quais são os teus planos?
- Que planos? Acabaram-se os colégios gratuitos e as bolsas de estudo. Devem pensar que os comunistas ficarão sempre no poder; por isso, não precisam de um russo-branco.
- Nesse caso, que vais fazer? – inquiriu Robert. – Vais trabalhar?
- Fazendo o quê? – Sergei fez uma careta. – Que diabo sei fazer? Arranjar um emprego como o de meu pai? Ser porteiro?
- Terás de fazer alguma coisa – disse Robert.
- Talvez vá para Harvard, tal como tu – replicou sarcasticamente. – Ou com Dax para Sandhurst. Mas quem me arranjará colocação? O meu pai, o general?
Robert ficou em silêncio. Sergei observou-o por alguns instantes, acabando por pedir desculpa.
- Não te quis ofender.
- Não tem importância – retorquiu Robert em voz baixa.
- Na verdade, já decidi o que vou fazer – disse Sergei, mudando de tom.
- Sim?
- Vou casar com uma americana rica. Parecem gostar de príncipes.


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