Difference between revisions of "Penteado, Manuel"

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Manuel Penteado
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'''Manuel Penteado'''<br />
  
Faro,1874/1911
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Faro - 1874/1911<br />
  Foi escritor, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.
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  Escritor. Cronista. Militar. Médico. Poeta.  
  
FIGURAS DE FARO - MANUEL PENTEADO
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*Excerto de '''''"LEI-SAN"''''' Drama original em 1 Acto (1941) de '''Manuel Penteado'''<br />
mapa cor de rosa
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(No jardim da casa do Lei-San.A um dos lados, perto dum formosíssimo salgueiro, um tanque com assentos de mármore. Ao F.,por entre sicômoros,laranjeiras e delicados bambus, avista-se a cidade.Pôr do sol)<br />
Manuel Penteado (1874/1911) é natural de Faro. Foi escritor, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.
 
Os seus biógrafos reconhecem nele um escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade que, só pela sua natural modéstia e reserva não logrou maior aceitação junto do público.
 
Escreveu "Operações Cesarianas" e "Os Outros". As obras "Doentes","Livro Proibido" e "Póstumas" escreveu em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.
 
Em 1874 governava em Portugal D. Luís "o POPULAR" (1861/1889) mas pensamos que o Dr. Manuel Penteado terá vivido mais no reinado de D.Carlos (1889/ 1908).
 
O problema político que dominava o País nessa altura era a questão do"Ultimato" do governo britânico - entregue a 11 de Janeiro de 1890 por um "Memorando" - a Portugal, para a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre as colónias de Moçambiquee Angola, no actual Zimbabwe , a pretexto de um incidente ocorrido entre portugueses e Macololos.
 
A zona era reclamada por Portugal, que a havia incluído no famoso Mapa cor-de rosa, reclamando a partir da Conferência de Berlim uma faixa de território que ia de Angola à contra-costa, ou seja a Moçambique. A impossibilidade de resistência leva à imediata queda do governo, sendo nomeado a 14 de Janeiro um novo ministério presidido por António de Serpa Pimentel. Inicia-se um profundo movimento de descontentamento social, implicando directamente a família reinante, vista como demasiado próxima dos interesses britânicos, na decadência nacional patente no ultimato.
 
Os republicanos capitalizam este descontentamento, iniciando um crescimento e alargamento da sua base social de apoio que levará à implantação da república em 5 de Outubro de 1910.
 
Alimentando esse ambiente de quase insurreição, a 23 de Março, António José de Almeida, estudante universitário em Coimbra e futuro presidente da república, publica um artigo com o título Bragança, o último, que será considerado calunioso para o rei e o levará à prisão, e a 11 de Abril é posto à venda o Finis Patriae de Guerra Junqueiro ridicularizando a figura do rei. Formalizando a cedência portuguesa, a 20 de Agosto é assinado o Tratado de Londres entre Portugal e a Grã-Bretanha, definindo os limites territoriais de Angola e Moçambique. O tratado foi publicado no Diário do Governo de 30 de Agosto e apresentado ao parlamento na sessão de 30 de Agosto, o que desencadeia novos protestos e nova queda do governo.Foi neste ambiente conturbado que viveu o Dr. Manuel Penteado.
 
  
Bibliografia consultada: História de Portugal de Tomás de Barros
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ATO ÚNICO<br />
Histórias à Solta nas Ruas de Faro de Dr. Libertário Viegas
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Cena 1ª<br />
Recolha de
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Lei-San e Tai-Fo<br />
João Brito Sousa
 
http://adefesadefaro.blogspot.com/2008/01/figuras-de-faro-manuel-penteado.html
 
  
Manuel Penteado foi um grande escritor farense.
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Lei-San -    (A rir,segurando o fio do seu papagaio do papel) Ih! vai mais alto que a torre do Templo do Céu! - Sobe...Sobe...<br />
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Tai-Fo  -    (Entra e vem,sem ela o pressentir,agarrar-lhe a cintura)<br />
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Lei-San -    (Dando um gritinho e deixando fugir o papagaio) Assustaste-me! vês? deixei fugir o meu lindo papagaio..Olha,que alto vai!<br />
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Tai-Fo  -    Parece uma flor do pessegueiro a boiar no ar!<br />
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Lei-San -    Era tão grande! - Adeus,adeus...Lá desaparece...<br />
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Tai-Fo  -    É como um sonho a sepultar-se nas nuvens...Ficaste triste?<br />
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Lei-San -    (Num suspiro) Os corvos vão esfarrapá-lo! <br />
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Tai-Fo  -    Atrás de cada sonho há sempre um bando de corvos! Em ele indo alto, bem alto na curva do céu, tão alto que já nem se prenda à terra, vão os corvos             
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numa revoada negra e despedaçam—no...<br />
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Lei-San -    Então não devíamos sonhar?...<br />
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Tai-Fo  -    Que remédio!...A nossa vida é rastejante e feia como uma larva da terra. E o sonho transforma-nos o verme que somos numa linda borboleta d'asas             
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palpitantes, lanceoladas, de matizes maravilhosos...<br />
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Pode ler o texto completo digitalizado no seguinte link: https://purl.pt/35533/1/html/index.html#/8-9<br />
  
Nasceu em 1874 e foi tenente, médico e cronista.
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*'''Notas Biográficas'''<br />
  
Exerceu cirurgia no Hospital São José e publicou vários livros (“Operações cesarianas”, “Livro Proibido”, “Doentes”, etc.).
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FIGURAS DE FARO - MANUEL PENTEADO<br />
  
Dotado de grande sensibilidade, foi na época considerado um escritor talentoso. Privou com Júlio Dantas e Rafael Bordalo Pinheiro.
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'''Manuel Penteado''' (1874/1911) é natural de Faro. Foi escritor, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.<br />Os seus biógrafos reconhecem nele um escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade que, só pela sua natural modéstia e reserva não logrou maior aceitação junto do público.<br />
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Escreveu '''"Operações Cesarianas'''" e "'''Os Outros'''". As obras "'''Doentes'''","'''Livro Proibido'''" e "'''Póstumas'''" escreveu em colaboração com '''Fialho de Almeida''', '''Henrique de Vasconcelos''', '''Júlio Dantas''', '''Júlio Bastos''' e '''José Abreu'''.<br />Em 1874 governava em Portugal D. Luís "o POPULAR" (1861/1889) mas pensamos que o '''Dr. Manuel Penteado''' terá vivido mais no reinado de D. Carlos (1889/ 1908).<br />O problema político que dominava o País nessa altura era a questão do"Ultimato" do governo britânico - entregue a 11 de Janeiro de 1890 por um "Memorando" - a Portugal, para a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola, no actual Zimbabwé , a pretexto de um incidente ocorrido entre portugueses e Macololos.<br />[http://adefesadefaro.blogspot.com/2008/01/figuras-de-faro-manuel-penteado.html -  Pode ler o texto completo publicado por '''João Brito Sousa''' aqui: ]<br />
  
Morreu em Lisboa em 1911, depois de uma vida repartida, sobretudo, pela capital do império e pelo seu território colonial.
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*'''Bibliografia:'''<br />
  
Faro dedica-lhe uma Rua, mas a biblioteca municipal não tem para consulta um único livro seu!…
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- '''''Operações cesarianas''''',<br />
https://marafado.wordpress.com/2009/02/28/manuel-penteado/
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- '''''Livro Proibido,(Profecias, Farças & Sandices)''''', em colaboração com Henrique Vasconcelos; ilustrações de Celso Hermínio e Francisco Teixeira, Lisboa 1904.<br />
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- '''''Doentes''''',(1897), em co-autoria com Júlio Dantas <br />
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- '''''Os Outros'''''<br />
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- '''''As creanças''''' Sociedade Futura, N.º 11, 15 de Outubro de 1902, Hygiene, p. 4<br />
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- '''''Póstumas'''''<br />
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- Foi cronista do '''Jornal do Comércio'''.<br />
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As obras '''''Doentes''''','''''Livro Proibido''''' e '''''Póstumas''''' Foram escritas em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.<br />
  
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[[File:Manuel Penteadoprohibido.jpg]][[File:PenteadoIlustração.JPG|129px]][[File:Textopenteado.1.JPG|193px]][[File:Penteado texto.JPG|141px]]<br />
  
Os desconhecidos
+
*'''Os desconhecidos'''<br />
Júlio Dantas
 
(A Manuel Penteado)
 
Dois cadáveres — vede — aguardam o meu corte:
 
Um homem gigantesco e uma mulher perdida.
 
Dormem nus, sobre a pedra, unidos pela morte,
 
E talvez, sem se ver, passaram pela vida.
 
  
Ele, o morto, na seca e descarnada espalda
+
'''Júlio Dantas''' <br />
Tem nomes de mulher e várias tatuagens;
+
'''(A Manuel Penteado)''<br />
Treme de nojo o sol na sua pele jalda
 
E abrem-lhe a boca verde uns esgares selvagens.
 
  
De tórax d’esmeralda, asa tecida d’ouro,
+
Dois cadáveres — vede — aguardam o meu corte:<br />
Uma nervosa mosca, em passos indolentes,
+
Um homem gigantesco e uma mulher perdida.<br />
Para entrar-lhe na boca aflora o buço louro
+
Dormem nus, sobre a pedra, unidos pela morte,<br />
E começa a descer pela escada dos dentes.
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E talvez, sem se ver, passaram pela vida.<br />
  
Morto há dias, olhai que a rigidez se perde
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Ele, o morto, na seca e descarnada espalda<br />
E que o seu corpo está gelatinoso e elástico:
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Tem nomes de mulher e várias tatuagens;<br />
Suas costelas são como um teclado verde,
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Treme de nojo o sol na sua pele jalda<br />
Digno das longas mãos dum pianista fantástico!
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E abrem-lhe a boca verde uns esgares selvagens.<br />
  
Ela morreu de parto: entre as airosas coxas
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De tórax d’esmeralda, asa tecida d’ouro,<br />
Que doira como um fruto uma lanugem pouca,
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Uma nervosa mosca, em passos indolentes,<br />
Um feto mostra ao sol as suas carnes roxas,
+
Para entrar-lhe na boca aflora o buço louro<br />
Ajoelhado, a rir, sem olhos e sem boca.
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E começa a descer pela escada dos dentes.<br />
  
Tem rugas sobre o ventre, e lembra, cada ruga,
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Morto há dias, olhai que a rigidez se perde<br />
As que a pedra ao cair traça nos verdes pântanos:
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E que o seu corpo está gelatinoso e elástico:<br />
Os seus cabelos são dum ruivo tartaruga,
+
Suas costelas são como um teclado verde,<br />
O seu rictus perturba e o seu olhar espanta-nos.
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Digno das longas mãos dum pianista fantástico!<br />
  
Bate-lhe em cheio o sol, como losango d’ouro;
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Ela morreu de parto: entre as airosas coxas<br />
Tem no seio listrões de sangue que secou:
+
Que doira como um fruto uma lanugem pouca,<br />
E pelo flanco enorme, e pelo púbis louro,
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Um feto mostra ao sol as suas carnes roxas,<br />
Lembra os ventres brutais que Van Miéris pintou.
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Ajoelhado, a rir, sem olhos e sem boca.<br />
  
Dir-se-ia que o morto a olha, — reparai,
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Tem rugas sobre o ventre, e lembra, cada ruga,<br />
E lhe espreita e deseja as carnes violadas;
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As que a pedra ao cair traça nos verdes pântanos:<br />
D’aí, quem sabe lá se ele seria o pai
+
Os seus cabelos são dum ruivo tartaruga,<br />
Daquele feto roxo a rir às gargalhadas!
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O seu rictus perturba e o seu olhar espanta-nos.<br />
  
https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/contraponto/julio-dantas-e-um-escritor-portugues-porte-de-eca-de-queiroz-e-alexandre-herculano-12936/
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Bate-lhe em cheio o sol, como losango d’ouro;<br />
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Tem no seio listrões de sangue que secou:<br />
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E pelo flanco enorme, e pelo púbis louro,<br />
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Lembra os ventres brutais que Van Miéris pintou.<br />
  
Penteado, Manuel
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Dir-se-ia que o morto a olha, — reparai,<br />
(1874-1911)
+
E lhe espreita e deseja as carnes violadas;<br />
militar, médico, escritor
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D’aí, quem sabe lá se ele seria o pai<br />
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Daquele feto roxo a rir às gargalhadas!<br />
  
Autor Singular1
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In: https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/contraponto/julio-dantas-e-um-escritor-portugues-porte-de-eca-de-queiroz-e-alexandre-herculano-12936/<br />
As creanças
 
Penteado, Manuel (1874-1911)
 
Sociedade Futura, N.º 11, 15 de Outubro de 1902, Hygiene, p. 4
 
http://ric.slhi.pt/Sociedade_Futura/autor?id=aut_0000040502
 
  
  
Doentes (1897), em co-autoria com Manuel Penteado
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*Veja mais sobre '''Manuel Penteado''' nos seguintes '''links:'''<br />
https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Dantas
 
  
Manuel Penteado (Faro 1874-1911), médico, militar, escritor, poeta; Francisco Teixeira de Queirós (Arcos de Valdevez, 1848, Sintra 1919), romancista,
+
https://marafado.wordpress.com/2009/02/28/manuel-penteado/ - Link onde se faz referência à existência de uma rua em Faro com o seu nome]<br />
  
1.3. Colaboração
+
http://ric.slhi.pt/Sociedade_Futura/autor?id=aut_0000040502<br />
Livro Proibido (Profecias, Farças & Sandices) [em colaboração com Henrique
 
Vasconcelos e Manuel Penteado; ilustrações de Celso Hermínio e Francisco
 
Teixeira], Lisboa 1904.
 
https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/4904/3/livro_FAlmeida%5B2%5D.pdf
 
  
R. Manuel Penteado
+
https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Dantas<br />
N. em Faro em 1874
 
F. em Lisboa em 1911
 
Foi Tenente-Médico no Ultramar e exerceu medicina cirúrgica no Hospital de S. José, em
 
Lisboa. Escritor de nomeada, Foi cronista do Jornal do Comércio.
 
Escreveu poesias e peças de teatro.
 
Editou vários livros, alguns relacionados com a medicina.
 
https://www.uf-faro.pt/toponimia/ruas.pdf
 
  
ahistoriaiberica.blogspot.com/2019/01/fialho-de-almeida-vida-boemia-de-lisboa.html
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https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/4904/3/livro_FAlmeida%5B2%5D.pdf<br />
  
22 À época, Lage habitava numa pensão, “uma curiosa toca de bons literatos e artistas, conhecida nas
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https://www.uf-faro.pt/toponimia/ruas.pdf<br />
tertúlias pelo nome de “Ilha dos Kágados”, no largo de Camões, em Lisboa. Os seus hóspedes, e colegas
 
de Lage, eram já figuras de relevo desse tempo: Manuel Penteado (1874-1911), militar, médico, escritor
 
talentoso e poeta de grande sensibilidade, tendo escrito algumas obras de relevo, como Operações
 
Cesarianas, e Livro Proibido, em parceria com Fialho de Almeida, Júlio Dantas e Henrique Vasconcelos,
 
entre outros; Penteado colaborou ainda nos seguintes jornais: Diário Ilustrado, Diário da Manhã e
 
Correio da Manhã; Augusto Gil (1873-1929) (advogado e poeta, e diretor geral das Belas-Artes);
 
Armando Leça (1891-1977), folclorista, etnomusicólogo e compositor, foi um dos mais profícuos
 
coletores da música portuguesa, colaborou na realização de diversas iniciativas do SPN, quer em
 
concursos, quer em publicações, tendo sido, em 1939, encarregado pela Comissão dos Centenários de
 
efetuar gravações de música do povo português; António Correia de Oliveira (1870-1960) foi jornalista e
 
um grande poeta, cantor do saudosismo e viu muitos dos seus textos serem escolhidos para os livros
 
únicos da língua portuguesa do ensino primário e secundário durante o Estado Novo; João Correia de
 
Oliveira (1881-1960), prosador e autor dramático, escreveu, em colaboração com Francisco Lage, três
 
peças; teve a seu cargo a Biblioteca da Alta Cultura, para a qual traduziu diversas obras filosóficas. Foi
 
pois neste meio intelectual que Lage se movia, enriquecedor e influenciador do seu espírito, um ambiente
 
que certamente lhe abriu perspetivas e horizontes de chegada, antes inconcebíveis. Não terá sido por
 
acaso que foi na “Ilha dos Kágados” que Lage escreveu a sua primeira peça em parceria com João Correia
 
de Oliveira, “Os lobos”, em 1920 (MACHADO, A. Pinto, “Saudades”, Diário do Norte, 18 de julho,
 
  
O poema “A parábola do pucaro d’agua”, dedicado a Manuel Penteado, cuja identi'cação
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http://bracosaoalto.blogspot.com/2007/12/figuras-d-efaro-dr-manuel-penteado.html
não é fácil de encontrar, inicia com uma citação do historiador francês Michelet, extraída
 
de “O Povo” (facultada em versão portuguesa), que, como este título indica, sobrevaloriza
 
a camada popular, no que à arte diz respeito, contrariamente ao que “Acreditaram os românticos”, visto que “o viver do povo encerra em si uma poesia sagrada.”, “na pequenez e
 
na humildade”, relembrando-o as “sombras de Rembrandt”. Evocar Michelet para tratar
 
de uma questão de “púcaro de água”, numa poesia, dá que pensar. A temática do texto
 
lírico, extremamente longo, com vinte e oito estrofes, sendo o mais extenso dos cinco
 
aqui transcritos, é singela e subdivide-se: a poesia, a religião, a sede, a água e a pobreza.
 
A re=exão linguística reaparece em “Assim na branda fala portuguesa/ O désse eu, como
 
o tenho em pensamento!...”, como, voltando de novo à epígrafe deste estudo, se a linguagem verbal não fosse su'cientemente capaz de dar conta do que o poeta pensa e sente. A
 
sintaxe de Augusto Gil, neste poema, é diversa da das quatro composições já analisadas.
 
Constitui um caso à parte por ter frases bem mais longas do que nas anteriores poesias.
 
Nesta composição, nem todo o 'm de estrofe corresponde a uma frase (cf. (VI), (XV),
 
(XXII) e (XXVII)) porque formam frase com os versos da estrofe seguinte, num “enjambement”, embora não seja o modelo estruturante que predomine porque, em quase todas
 
as estrofes, se assinala uma frase: 'm de frase e 'm de estrofe. Algumas (pouquinhas)
 
possuem duas frases: (VII), (VIII) e (XII). A pontuação a indicar a fronteira frásica inclui o
 
ponto e as reticências, estando estas, no entanto, em maioria. Ocorre, igualmente, o ponto
 
de exclamação, mas, numa ocorrência, vem logo seguido de reticências (VII) e é relevante
 
veri'car que este sinal 'naliza a última frase do poema que se quer exclamativo. No texto,
 
há apenas um ponto de interrogação, apesar de este também vir seguido de reticências (V)
 
  
Livro Proibido (1904)
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https://www.livrariaalfarrabista.com/?pesq=sim  - "LIVRO PROHIBIDO (PROFECIAS, FARÇAS & SANDICES)Ano: 1904 1ª Edição Lisboa; Centro Typographico Colonial; Fialho d´Almeida, Abundio Gomes e Manuel Penteado escreveram, Celso Hermínio e Francisco Teixeira interpretaram."Vae o leitor assistir a um espectáculosinho em três actos complexo- tragédia, comédia de salão e uma revista política e de costumes- onde três escritores trataram de lhe resumir, em três figurações diferentes, o quantum d´anotação filosófica, optimismo ou agrura dos seus espíritos fasciados."<br />
Livro Proibido (1904)
 
  
De Fialho de Almeida e Henrique de Vasconcelos e Manuel Penteado, Lisboa,
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https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/antonio-joaquim-de-castro-feijo/ - "Embora o impacto de Cancioneiro chinês na literatura portuguesa não seja fácil de determinar, são vários os diálogos intertextuais que se detectam na viragem do século: Idyllios chinezes (1897), do poeta brasileiro Luís Guimarães, Filho (1876-1940); Lei-San – Phantasia dramatica em um acto (1903), de Manuel Penteado (1874-1911), peça representada no Teatro D. Amélia a 31 de Março de 1903; e Lin-Tchi-Fá. Poesias do Extremo Oriente (1925), obra única de Maria Tamagnini (1900-1933).
  
https://archive.org/stream/fialhodealmeidai00barruoft/fialhodealmeidai00barruoft_djvu.txt
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[http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/ExposicoesVirtuais/ExpoAlvesRedol/ExpoAlvesRedol.htm - Curiosidade sobre a vida de Manuel Penteado em Lisboa: À época, Lage habitava numa pensão, “uma curiosa toca de bons literatos e artistas, conhecida nas tertúlias pelo nome de “Ilha dos Kágados”, no largo de Camões, em Lisboa. Os seus hóspedes, e colegas de Lage, eram já figuras de relevo desse tempo: '''Manuel Penteado (1874-1911), militar, médico, escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade, tendo escrito algumas obras de relevo, como Operações Cesarianas, e Livro Proibido, em parceria com Fialho de Almeida, Júlio Dantas e Henrique Vasconcelos,entre outros; Penteado colaborou ainda nos seguintes jornais: Diário Ilustrado, Diário da Manhã e Correio da Manhã;'''<br />O poema “A parábola do pucaro d’agua”, dedicado a '''Manuel Penteado''', cuja identificação não é fácil de encontrar, inicia com uma citação do historiador francês Michelet, extraída de “O Povo” (facultada em versão portuguesa), que, como este título indica, sobrevaloriza a camada popular, no que à arte diz respeito, contrariamente ao que “Acreditaram os românticos”, visto que “o viver do povo encerra em si uma poesia sagrada.”, “na pequenez e na humildade”, relembrando-o as “sombras de Rembrandt”. Evocar Michelet para tratar de uma questão de “púcaro de água”, numa poesia, dá que pensar.] <br />
  
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[https://archive.org/stream/fialhodealmeidai00barruoft/fialhodealmeidai00barruoft_djvu.txt - Referência à vida de Manuel Penteado em Lisboa, num episódio referido por Albino Forjaz de Sampaio sobre Fialho de Almeida, do qual transcrevemos o seguinte excerto :''Foi pelo centenário da índia, durante as festas em Lisboa. Eram três da madrugada; tínhamos acabado de cear no Conde de Almada, êle, D. João da Câmara, Figueiredo «Pintorinhos», Oscar da Silva, Augusto Pina, Henrique Alves, Chaby Pinheiro, Teixeira Marques, Luís Galhardo, Manuel Penteado e este vosso muito criado e respeitador sincero.''<br />
  
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in [[File:Logo-arquivo-pt.png | link=https://arquivo.pt/ |]]
  
...
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[[Category:Autores]][[Category:Escritores]][[Category:Poetas]][[Category:Agr. Tomás Cabreira, em Faro]][[Category:Faro]]
...(Ref. 17104)LIVRO PROHIBIDO (PROFECIAS, FARÇAS & SANDICES)Ano: 1904    1ª Edição
 
Lisboa; Centro Typographico Colonial; In-8º de141(5) páginas; Encadernado
 
 
 
Fialho d´Almeida, Abundio Gomes e Manuel Penteado escreveram, Celso Herminio e francisco Teixeira Interpretaram.
 
"Vae o leitor assistir a um espectaculosinho em três actos complexo- tragédia, comédia de salão e uma revista politica e de costumes- onde tres escritorestrataram de lhe resumir, em tres figurações diferentes, o quantum d´anotação filosofica, optimismo ou agrura dos seus espiritos fasciados."
 
Exemplar encadernado, aparado, possui pequenas manchas de acidez nas capas de brochura, miolo em bom estado de conservação.
 
 
 
https://www.livrariaalfarrabista.com/?pesq=sim
 
 
 
Embora o impacto de Cancioneiro chinez na literatura portuguesa não seja fácil de determinar, são vários os diálogos intertextuais que se detectam na viragem do século: Idyllios chinezes (1897), do poeta brasileiro Luís Guimarães, Filho (1876-1940); Lei-San – Phantasia dramatica em um acto (1903), de Manuel Penteado (1874-1911), peça representada no Teatro D. Amélia a 31 de Março de 1903; e Lin-Tchi-Fá. Poesias do Extremo Oriente (1925), obra única de Maria Tamagnini (1900-1933).
 
https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/antonio-joaquim-de-castro-feijo/
 

Latest revision as of 15:14, 31 March 2022

Rua-manuel-penteado.jpg

Manuel Penteado

Faro - 1874/1911

Escritor. Cronista. Militar. Médico. Poeta. 
  • Excerto de "LEI-SAN" Drama original em 1 Acto (1941) de Manuel Penteado

(No jardim da casa do Lei-San.A um dos lados, perto dum formosíssimo salgueiro, um tanque com assentos de mármore. Ao F.,por entre sicômoros,laranjeiras e delicados bambus, avista-se a cidade.Pôr do sol)

ATO ÚNICO
Cena 1ª
Lei-San e Tai-Fo

Lei-San - (A rir,segurando o fio do seu papagaio do papel) Ih! vai mais alto que a torre do Templo do Céu! - Sobe...Sobe...
Tai-Fo - (Entra e vem,sem ela o pressentir,agarrar-lhe a cintura)
Lei-San - (Dando um gritinho e deixando fugir o papagaio) Assustaste-me! vês? deixei fugir o meu lindo papagaio..Olha,que alto vai!
Tai-Fo - Parece uma flor do pessegueiro a boiar no ar!
Lei-San - Era tão grande! - Adeus,adeus...Lá desaparece...
Tai-Fo - É como um sonho a sepultar-se nas nuvens...Ficaste triste?
Lei-San - (Num suspiro) Os corvos vão esfarrapá-lo!
Tai-Fo - Atrás de cada sonho há sempre um bando de corvos! Em ele indo alto, bem alto na curva do céu, tão alto que já nem se prenda à terra, vão os corvos numa revoada negra e despedaçam—no...
Lei-San - Então não devíamos sonhar?...
Tai-Fo - Que remédio!...A nossa vida é rastejante e feia como uma larva da terra. E o sonho transforma-nos o verme que somos numa linda borboleta d'asas palpitantes, lanceoladas, de matizes maravilhosos...
Pode ler o texto completo digitalizado no seguinte link: https://purl.pt/35533/1/html/index.html#/8-9

  • Notas Biográficas

FIGURAS DE FARO - MANUEL PENTEADO

Manuel Penteado (1874/1911) é natural de Faro. Foi escritor, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.
Os seus biógrafos reconhecem nele um escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade que, só pela sua natural modéstia e reserva não logrou maior aceitação junto do público.
Escreveu "Operações Cesarianas" e "Os Outros". As obras "Doentes","Livro Proibido" e "Póstumas" escreveu em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.
Em 1874 governava em Portugal D. Luís "o POPULAR" (1861/1889) mas pensamos que o Dr. Manuel Penteado terá vivido mais no reinado de D. Carlos (1889/ 1908).
O problema político que dominava o País nessa altura era a questão do"Ultimato" do governo britânico - entregue a 11 de Janeiro de 1890 por um "Memorando" - a Portugal, para a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola, no actual Zimbabwé , a pretexto de um incidente ocorrido entre portugueses e Macololos.
- Pode ler o texto completo publicado por João Brito Sousa aqui:

  • Bibliografia:

- Operações cesarianas,
- Livro Proibido,(Profecias, Farças & Sandices), em colaboração com Henrique Vasconcelos; ilustrações de Celso Hermínio e Francisco Teixeira, Lisboa 1904.
- Doentes,(1897), em co-autoria com Júlio Dantas
- Os Outros
- As creanças Sociedade Futura, N.º 11, 15 de Outubro de 1902, Hygiene, p. 4
- Póstumas
- Foi cronista do Jornal do Comércio.
As obras Doentes,Livro Proibido e Póstumas Foram escritas em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.

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  • Os desconhecidos

Júlio Dantas
'(A Manuel Penteado)

Dois cadáveres — vede — aguardam o meu corte:
Um homem gigantesco e uma mulher perdida.
Dormem nus, sobre a pedra, unidos pela morte,
E talvez, sem se ver, passaram pela vida.

Ele, o morto, na seca e descarnada espalda
Tem nomes de mulher e várias tatuagens;
Treme de nojo o sol na sua pele jalda
E abrem-lhe a boca verde uns esgares selvagens.

De tórax d’esmeralda, asa tecida d’ouro,
Uma nervosa mosca, em passos indolentes,
Para entrar-lhe na boca aflora o buço louro
E começa a descer pela escada dos dentes.

Morto há dias, olhai que a rigidez se perde
E que o seu corpo está gelatinoso e elástico:
Suas costelas são como um teclado verde,
Digno das longas mãos dum pianista fantástico!

Ela morreu de parto: entre as airosas coxas
Que doira como um fruto uma lanugem pouca,
Um feto mostra ao sol as suas carnes roxas,
Ajoelhado, a rir, sem olhos e sem boca.

Tem rugas sobre o ventre, e lembra, cada ruga,
As que a pedra ao cair traça nos verdes pântanos:
Os seus cabelos são dum ruivo tartaruga,
O seu rictus perturba e o seu olhar espanta-nos.

Bate-lhe em cheio o sol, como losango d’ouro;
Tem no seio listrões de sangue que secou:
E pelo flanco enorme, e pelo púbis louro,
Lembra os ventres brutais que Van Miéris pintou.

Dir-se-ia que o morto a olha, — reparai,
E lhe espreita e deseja as carnes violadas;
D’aí, quem sabe lá se ele seria o pai
Daquele feto roxo a rir às gargalhadas!

In: https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/contraponto/julio-dantas-e-um-escritor-portugues-porte-de-eca-de-queiroz-e-alexandre-herculano-12936/


  • Veja mais sobre Manuel Penteado nos seguintes links:

https://marafado.wordpress.com/2009/02/28/manuel-penteado/ - Link onde se faz referência à existência de uma rua em Faro com o seu nome]

http://ric.slhi.pt/Sociedade_Futura/autor?id=aut_0000040502

https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Dantas

https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/4904/3/livro_FAlmeida%5B2%5D.pdf

https://www.uf-faro.pt/toponimia/ruas.pdf

http://bracosaoalto.blogspot.com/2007/12/figuras-d-efaro-dr-manuel-penteado.html

https://www.livrariaalfarrabista.com/?pesq=sim - "LIVRO PROHIBIDO (PROFECIAS, FARÇAS & SANDICES)Ano: 1904 1ª Edição Lisboa; Centro Typographico Colonial; Fialho d´Almeida, Abundio Gomes e Manuel Penteado escreveram, Celso Hermínio e Francisco Teixeira interpretaram."Vae o leitor assistir a um espectáculosinho em três actos complexo- tragédia, comédia de salão e uma revista política e de costumes- onde três escritores trataram de lhe resumir, em três figurações diferentes, o quantum d´anotação filosófica, optimismo ou agrura dos seus espíritos fasciados."

https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/antonio-joaquim-de-castro-feijo/ - "Embora o impacto de Cancioneiro chinês na literatura portuguesa não seja fácil de determinar, são vários os diálogos intertextuais que se detectam na viragem do século: Idyllios chinezes (1897), do poeta brasileiro Luís Guimarães, Filho (1876-1940); Lei-San – Phantasia dramatica em um acto (1903), de Manuel Penteado (1874-1911), peça representada no Teatro D. Amélia a 31 de Março de 1903; e Lin-Tchi-Fá. Poesias do Extremo Oriente (1925), obra única de Maria Tamagnini (1900-1933).

- Curiosidade sobre a vida de Manuel Penteado em Lisboa: À época, Lage habitava numa pensão, “uma curiosa toca de bons literatos e artistas, conhecida nas tertúlias pelo nome de “Ilha dos Kágados”, no largo de Camões, em Lisboa. Os seus hóspedes, e colegas de Lage, eram já figuras de relevo desse tempo: Manuel Penteado (1874-1911), militar, médico, escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade, tendo escrito algumas obras de relevo, como Operações Cesarianas, e Livro Proibido, em parceria com Fialho de Almeida, Júlio Dantas e Henrique Vasconcelos,entre outros; Penteado colaborou ainda nos seguintes jornais: Diário Ilustrado, Diário da Manhã e Correio da Manhã;
O poema “A parábola do pucaro d’agua”, dedicado a Manuel Penteado, cuja identificação não é fácil de encontrar, inicia com uma citação do historiador francês Michelet, extraída de “O Povo” (facultada em versão portuguesa), que, como este título indica, sobrevaloriza a camada popular, no que à arte diz respeito, contrariamente ao que “Acreditaram os românticos”, visto que “o viver do povo encerra em si uma poesia sagrada.”, “na pequenez e na humildade”, relembrando-o as “sombras de Rembrandt”. Evocar Michelet para tratar de uma questão de “púcaro de água”, numa poesia, dá que pensar.

[https://archive.org/stream/fialhodealmeidai00barruoft/fialhodealmeidai00barruoft_djvu.txt - Referência à vida de Manuel Penteado em Lisboa, num episódio referido por Albino Forjaz de Sampaio sobre Fialho de Almeida, do qual transcrevemos o seguinte excerto :Foi pelo centenário da índia, durante as festas em Lisboa. Eram três da madrugada; tínhamos acabado de cear no Conde de Almada, êle, D. João da Câmara, Figueiredo «Pintorinhos», Oscar da Silva, Augusto Pina, Henrique Alves, Chaby Pinheiro, Teixeira Marques, Luís Galhardo, Manuel Penteado e este vosso muito criado e respeitador sincero.

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