Difference between revisions of "Penteado, Manuel"

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- “Operações cesarianas”,<br />
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- “Livro Proibido”,(Profecias, Farças & Sandices), em colaboração com Henrique Vasconcelos e Manuel Penteado; ilustrações de Celso Hermínio e Francisco Teixeira], Lisboa 1904.<br />
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- '''''Livro Proibido,(Profecias, Farças & Sandices)''''', em colaboração com Henrique Vasconcelos; ilustrações de Celso Hermínio e Francisco Teixeira, Lisboa 1904.<br />
- “Doentes”,(1897), em co-autoria com Júlio Dantas <br />
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- '''''Doentes''''',(1897), em co-autoria com Júlio Dantas <br />
- "Os Outros"<br />
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- "As creanças" Sociedade Futura, N.º 11, 15 de Outubro de 1902, Hygiene, p. 4<br />
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- '''''As creanças''''' Sociedade Futura, N.º 11, 15 de Outubro de 1902, Hygiene, p. 4<br />
- "Póstumas"<br />
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- '''''Póstumas'''''<br />
- Foi cronista do Jornal do Comércio.<br />
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- Foi cronista do '''Jornal do Comércio'''.<br />
As obras "Doentes","Livro Proibido" e "Póstumas" escreveu em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.<br />
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As obras '''''Doentes''''','''''Livro Proibido''''' e '''''Póstumas''''' Foram escritas em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.<br />
  
  
 
*'''Os desconhecidos'''<br />
 
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22 À época, Lage habitava numa pensão, “uma curiosa toca de bons literatos e artistas, conhecida nas
 
tertúlias pelo nome de “Ilha dos Kágados”, no largo de Camões, em Lisboa. Os seus hóspedes, e colegas
 
de Lage, eram já figuras de relevo desse tempo: '''Manuel Penteado (1874-1911), militar, médico, escritor
 
talentoso e poeta de grande sensibilidade, tendo escrito algumas obras de relevo, como Operações
 
Cesarianas, e Livro Proibido, em parceria com Fialho de Almeida, Júlio Dantas e Henrique Vasconcelos,
 
entre outros; Penteado colaborou ainda nos seguintes jornais: Diário Ilustrado, Diário da Manhã e
 
Correio da Manhã;'''
 
 
Augusto Gil (1873-1929) (advogado e poeta, e diretor geral das Belas-Artes);
 
Armando Leça (1891-1977), folclorista, etnomusicólogo e compositor, foi um dos mais profícuos
 
coletores da música portuguesa, colaborou na realização de diversas iniciativas do SPN, quer em
 
concursos, quer em publicações, tendo sido, em 1939, encarregado pela Comissão dos Centenários de
 
efetuar gravações de música do povo português; António Correia de Oliveira (1870-1960) foi jornalista e
 
um grande poeta, cantor do saudosismo e viu muitos dos seus textos serem escolhidos para os livros
 
únicos da língua portuguesa do ensino primário e secundário durante o Estado Novo; João Correia de
 
Oliveira (1881-1960), prosador e autor dramático, escreveu, em colaboração com Francisco Lage, três
 
peças; teve a seu cargo a Biblioteca da Alta Cultura, para a qual traduziu diversas obras filosóficas. Foi
 
pois neste meio intelectual que Lage se movia, enriquecedor e influenciador do seu espírito, um ambiente
 
que certamente lhe abriu perspetivas e horizontes de chegada, antes inconcebíveis. Não terá sido por
 
acaso que foi na “Ilha dos Kágados” que Lage escreveu a sua primeira peça em parceria com João Correia
 
de Oliveira, “Os lobos”, em 1920 (MACHADO, A. Pinto, “Saudades”, Diário do Norte, 18 de julho,
 
 
O poema “A parábola do pucaro d’agua”, dedicado a Manuel Penteado, cuja identi'cação
 
não é fácil de encontrar, inicia com uma citação do historiador francês Michelet, extraída
 
de “O Povo” (facultada em versão portuguesa), que, como este título indica, sobrevaloriza
 
a camada popular, no que à arte diz respeito, contrariamente ao que “Acreditaram os românticos”, visto que “o viver do povo encerra em si uma poesia sagrada.”, “na pequenez e
 
na humildade”, relembrando-o as “sombras de Rembrandt”. Evocar Michelet para tratar
 
de uma questão de “púcaro de água”, numa poesia, dá que pensar. A temática do texto
 
lírico, extremamente longo, com vinte e oito estrofes, sendo o mais extenso dos cinco
 
aqui transcritos, é singela e subdivide-se: a poesia, a religião, a sede, a água e a pobreza.
 
A re=exão linguística reaparece em “Assim na branda fala portuguesa/ O désse eu, como
 
o tenho em pensamento!...”, como, voltando de novo à epígrafe deste estudo, se a linguagem verbal não fosse su'cientemente capaz de dar conta do que o poeta pensa e sente. A
 
sintaxe de Augusto Gil, neste poema, é diversa da das quatro composições já analisadas.
 
Constitui um caso à parte por ter frases bem mais longas do que nas anteriores poesias.
 
Nesta composição, nem todo o 'm de estrofe corresponde a uma frase (cf. (VI), (XV),
 
(XXII) e (XXVII)) porque formam frase com os versos da estrofe seguinte, num “enjambement”, embora não seja o modelo estruturante que predomine porque, em quase todas
 
as estrofes, se assinala uma frase: 'm de frase e 'm de estrofe. Algumas (pouquinhas)
 
possuem duas frases: (VII), (VIII) e (XII). A pontuação a indicar a fronteira frásica inclui o
 
ponto e as reticências, estando estas, no entanto, em maioria. Ocorre, igualmente, o ponto
 
de exclamação, mas, numa ocorrência, vem logo seguido de reticências (VII) e é relevante
 
veri'car que este sinal 'naliza a última frase do poema que se quer exclamativo. No texto,
 
há apenas um ponto de interrogação, apesar de este também vir seguido de reticências (V)
 
  
 
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https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/antonio-joaquim-de-castro-feijo/ - Embora o impacto de Cancioneiro chinez na literatura portuguesa não seja fácil de determinar, são vários os diálogos intertextuais que se detectam na viragem do século: Idyllios chinezes (1897), do poeta brasileiro Luís Guimarães, Filho (1876-1940); Lei-San – Phantasia dramatica em um acto (1903), de Manuel Penteado (1874-1911), peça representada no Teatro D. Amélia a 31 de Março de 1903; e Lin-Tchi-Fá. Poesias do Extremo Oriente (1925), obra única de Maria Tamagnini (1900-1933).
 
https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/antonio-joaquim-de-castro-feijo/ - Embora o impacto de Cancioneiro chinez na literatura portuguesa não seja fácil de determinar, são vários os diálogos intertextuais que se detectam na viragem do século: Idyllios chinezes (1897), do poeta brasileiro Luís Guimarães, Filho (1876-1940); Lei-San – Phantasia dramatica em um acto (1903), de Manuel Penteado (1874-1911), peça representada no Teatro D. Amélia a 31 de Março de 1903; e Lin-Tchi-Fá. Poesias do Extremo Oriente (1925), obra única de Maria Tamagnini (1900-1933).
  
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[ahistoriaiberica.blogspot.com/2019/01/fialho-de-almeida-vida-boemia-de-lisboa.html - Curiosidade sobre a vida de Manuel Penteado em Lisboa: À época, Lage habitava numa pensão, “uma curiosa toca de bons literatos e artistas, conhecida nas tertúlias pelo nome de “Ilha dos Kágados”, no largo de Camões, em Lisboa. Os seus hóspedes, e colegas de Lage, eram já figuras de relevo desse tempo: '''Manuel Penteado (1874-1911), militar, médico, escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade, tendo escrito algumas obras de relevo, como Operações Cesarianas, e Livro Proibido, em parceria com Fialho de Almeida, Júlio Dantas e Henrique Vasconcelos,entre outros; Penteado colaborou ainda nos seguintes jornais: Diário Ilustrado, Diário da Manhã e Correio da Manhã;'''<br />O poema “A parábola do pucaro d’agua”, dedicado a '''Manuel Penteado''', cuja identificação não é fácil de encontrar, inicia com uma citação do historiador francês Michelet, extraída
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de “O Povo” (facultada em versão portuguesa), que, como este título indica, sobrevaloriza a camada popular, no que à arte diz respeito, contrariamente ao que “Acreditaram os românticos”, visto que “o viver do povo encerra em si uma poesia sagrada.”, “na pequenez e na humildade”, relembrando-o as “sombras de Rembrandt”. Evocar Michelet para tratar de uma questão de “púcaro de água”, numa poesia, dá que pensar.]
  
  

Revision as of 16:40, 21 February 2022

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Manuel Penteado

Faro - 1874/1911

Escritor, cronista, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.Escreveu poesias e peças de teatro. Faro dedica-lhe uma Rua. 
  • Notas Biográficas

FIGURAS DE FARO - MANUEL PENTEADO

Manuel Penteado (1874/1911) é natural de Faro. Foi escritor, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.
Os seus biógrafos reconhecem nele um escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade que, só pela sua natural modéstia e reserva não logrou maior aceitação junto do público.
Escreveu "Operações Cesarianas" e "Os Outros". As obras "Doentes","Livro Proibido" e "Póstumas" escreveu em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.
Em 1874 governava em Portugal D. Luís "o POPULAR" (1861/1889) mas pensamos que o Dr. Manuel Penteado terá vivido mais no reinado de D.Carlos (1889/ 1908).
O problema político que dominava o País nessa altura era a questão do"Ultimato" do governo britânico - entregue a 11 de Janeiro de 1890 por um "Memorando" - a Portugal, para a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola, no actual Zimbabwe , a pretexto de um incidente ocorrido entre portugueses e Macololos.
- Pode ler o texto completo publicado por João Brito Sousa aqui:


  • Bibliografia:

- Operações cesarianas,
- Livro Proibido,(Profecias, Farças & Sandices), em colaboração com Henrique Vasconcelos; ilustrações de Celso Hermínio e Francisco Teixeira, Lisboa 1904.
- Doentes,(1897), em co-autoria com Júlio Dantas
- Os Outros
- As creanças Sociedade Futura, N.º 11, 15 de Outubro de 1902, Hygiene, p. 4
- Póstumas
- Foi cronista do Jornal do Comércio.
As obras Doentes,Livro Proibido e Póstumas Foram escritas em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.


  • Os desconhecidos

Júlio Dantas
'(A Manuel Penteado)

Dois cadáveres — vede — aguardam o meu corte:
Um homem gigantesco e uma mulher perdida.
Dormem nus, sobre a pedra, unidos pela morte,
E talvez, sem se ver, passaram pela vida.

Ele, o morto, na seca e descarnada espalda
Tem nomes de mulher e várias tatuagens;
Treme de nojo o sol na sua pele jalda
E abrem-lhe a boca verde uns esgares selvagens.

De tórax d’esmeralda, asa tecida d’ouro,
Uma nervosa mosca, em passos indolentes,
Para entrar-lhe na boca aflora o buço louro
E começa a descer pela escada dos dentes.

Morto há dias, olhai que a rigidez se perde
E que o seu corpo está gelatinoso e elástico:
Suas costelas são como um teclado verde,
Digno das longas mãos dum pianista fantástico!

Ela morreu de parto: entre as airosas coxas
Que doira como um fruto uma lanugem pouca,
Um feto mostra ao sol as suas carnes roxas,
Ajoelhado, a rir, sem olhos e sem boca.

Tem rugas sobre o ventre, e lembra, cada ruga,
As que a pedra ao cair traça nos verdes pântanos:
Os seus cabelos são dum ruivo tartaruga,
O seu rictus perturba e o seu olhar espanta-nos.

Bate-lhe em cheio o sol, como losango d’ouro;
Tem no seio listrões de sangue que secou:
E pelo flanco enorme, e pelo púbis louro,
Lembra os ventres brutais que Van Miéris pintou.

Dir-se-ia que o morto a olha, — reparai,
E lhe espreita e deseja as carnes violadas;
D’aí, quem sabe lá se ele seria o pai
Daquele feto roxo a rir às gargalhadas!

In: https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/contraponto/julio-dantas-e-um-escritor-portugues-porte-de-eca-de-queiroz-e-alexandre-herculano-12936/


https://archive.org/stream/fialhodealmeidai00barruoft/fialhodealmeidai00barruoft_djvu.txt


  • Veja mais sobre Manuel Penteado nos seguintes links:

https://marafado.wordpress.com/2009/02/28/manuel-penteado/ - Link onde se faz referência à existência de uma rua em Faro com o seu nome]

http://ric.slhi.pt/Sociedade_Futura/autor?id=aut_0000040502

https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Dantas

https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/4904/3/livro_FAlmeida%5B2%5D.pdf

https://www.uf-faro.pt/toponimia/ruas.pdf

https://www.livrariaalfarrabista.com/?pesq=sim - LIVRO PROHIBIDO (PROFECIAS, FARÇAS & SANDICES)Ano: 1904 1ª Edição Lisboa; Centro Typographico Colonial; In-8º de141(5) páginas; Encadernado. Fialho d´Almeida, Abundio Gomes e Manuel Penteado escreveram, Celso Herminio e francisco Teixeira Interpretaram."Vae o leitor assistir a um espectaculosinho em três actos complexo- tragédia, comédia de salão e uma revista politica e de costumes- onde tres escritorestrataram de lhe resumir, em tres figurações diferentes, o quantum d´anotação filosofica, optimismo ou agrura dos seus espiritos fasciados."Exemplar encadernado, aparado, possui pequenas manchas de acidez nas capas de brochura, miolo em bom estado de conservação.

https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/antonio-joaquim-de-castro-feijo/ - Embora o impacto de Cancioneiro chinez na literatura portuguesa não seja fácil de determinar, são vários os diálogos intertextuais que se detectam na viragem do século: Idyllios chinezes (1897), do poeta brasileiro Luís Guimarães, Filho (1876-1940); Lei-San – Phantasia dramatica em um acto (1903), de Manuel Penteado (1874-1911), peça representada no Teatro D. Amélia a 31 de Março de 1903; e Lin-Tchi-Fá. Poesias do Extremo Oriente (1925), obra única de Maria Tamagnini (1900-1933).


[ahistoriaiberica.blogspot.com/2019/01/fialho-de-almeida-vida-boemia-de-lisboa.html - Curiosidade sobre a vida de Manuel Penteado em Lisboa: À época, Lage habitava numa pensão, “uma curiosa toca de bons literatos e artistas, conhecida nas tertúlias pelo nome de “Ilha dos Kágados”, no largo de Camões, em Lisboa. Os seus hóspedes, e colegas de Lage, eram já figuras de relevo desse tempo: Manuel Penteado (1874-1911), militar, médico, escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade, tendo escrito algumas obras de relevo, como Operações Cesarianas, e Livro Proibido, em parceria com Fialho de Almeida, Júlio Dantas e Henrique Vasconcelos,entre outros; Penteado colaborou ainda nos seguintes jornais: Diário Ilustrado, Diário da Manhã e Correio da Manhã;
O poema “A parábola do pucaro d’agua”, dedicado a Manuel Penteado, cuja identificação não é fácil de encontrar, inicia com uma citação do historiador francês Michelet, extraída de “O Povo” (facultada em versão portuguesa), que, como este título indica, sobrevaloriza a camada popular, no que à arte diz respeito, contrariamente ao que “Acreditaram os românticos”, visto que “o viver do povo encerra em si uma poesia sagrada.”, “na pequenez e na humildade”, relembrando-o as “sombras de Rembrandt”. Evocar Michelet para tratar de uma questão de “púcaro de água”, numa poesia, dá que pensar.]


in [[File:Logo-arquivo-pt.png | link=https://arquivo.pt/ |

http://bracosaoalto.blogspot.com/2007/12/figuras-d-efaro-dr-manuel-penteado.html


FIGURAS DE FARO

Dr. MANUEL PENTEADO

Manuel Penteado (1874/ 1911) é natural de Faro. Foi escritor, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.

Os seus biógrafos reconhecem nele um escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade que, só pela sua natural modéstia e reserva não logrou maior aceitação junto do público. Escreveu “Operações Cesarianas” e “Os Outros”. As obras “Doentes”, “Livro Proibido” e ”Póstumas” escreveu em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu,

Em 1874 governava em Portugal D. Luís “o POPULAR” (1861/1889) mas pensamos que o Dr. Manuel Penteado terá vivido mais no reinado de D. Carlos (1889/ 1908).

O problema político que dominava o País nessa altura era a questão do “Ultimato” do governo britânico - entregue a 11 de Janeiro de 1890 por um "Memorando" – a Portugal, para a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola, no actual Zimbabwe , a pretexto de um incidente ocorrido entre portugueses e Macololos.

A zona era reclamada por Portugal, que a havia incluído no famoso Mapa cor-de rosa, reclamando a partir da Conferência de Berlim uma faixa de território que ia de Angola à contra-costa, ou seja a Moçambique

A impossibilidade de resistência leva à imediata queda do governo, sendo nomeado a 14 de Janeiro um novo ministério presidido por António de Serpa Pimentel. Inicia-se um profundo movimento de descontentamento social, implicando directamente a família reinante, vista como demasiado próxima dos interesses britânicos, na decadência nacional patente no ultimato.

Os republicanos capitalizam este descontentamento, iniciando um crescimento e alargamento da sua base social de apoio que levará à implantação da república em 5 de Outubro de 1910.

Alimentando esse ambiente de quase insurreição, a 23 de Março, António José de Almeida, estudante universitário em Coimbra e futuro presidente da república, publica um artigo com o título Bragança, o último, que será considerado calunioso para o rei e o levará à prisão, e a 11 de Abril é posto à venda o Finis Patriae de Guerra Junqueiro ridicularizando a figura do rei. Formalizando a cedência portuguesa, a 20 de Agosto é assinado o Tratado de Londres entre Portugal e a Grã-Bretanha, definindo os limites territoriais de Angola e Moçambique. O tratado foi publicado no Diário do Governo de 30 de Agosto e apresentado ao parlamento na sessão de 30 de Agosto, o que desencadeia novos protestos e nova queda do governo.

Foi neste ambiente conturbado que viveu o Dr. Manuel Penteado.

Bibliografia consultada: História de Portugal de Tomás de Barros Histórias à Solta nas Ruas de Faro de Dr. Libertário Viegas

Recolha de João Brito Sousa