Difference between revisions of "Palma Rodrigues, José António"

From Wikipédia de Autores Algarvios
Jump to: navigation, search
 
(9 intermediate revisions by the same user not shown)
Line 4: Line 4:
 
Faro, 20/09/1935 - Alcobaça, 29/01/2021.<br/>
 
Faro, 20/09/1935 - Alcobaça, 29/01/2021.<br/>
 
   
 
   
  Poeta. Escritor.
+
  Poeta. Escritor. Jornalista.
  
[File:Carrapato.jpg|140px]]  [[File:Carrapato3.jpg|140px]] [[File:Carrapato2.jpg|150px]]<br />
+
[[File:Palma2.jpg|282px]]  [[File:Palma3.jpg|266px]] <br />
 
<br />
 
<br />
  
Line 12: Line 12:
 
*'''Alcobaça à Noite'''<br />
 
*'''Alcobaça à Noite'''<br />
  
'' Deixa cair a noite devagarinho
+
Deixa cair a noite devagarinho<br />
Não ouves o Alcoa que murmura?
+
Não ouves o Alcoa que murmura?<br />
Nascido de uma fonte de água pura
+
Nascido de uma fonte de água pura<br />
Perdeu toda a pureza no caminho!
+
Perdeu toda a pureza no caminho!<br />
 
+
<br />
E a sombra do Mosteiro, tão sozinho!
+
E a sombra do Mosteiro, tão sozinho!<br />
Nas lajes tristes, frias, a loucura
+
Nas lajes tristes, frias, a loucura<br />
De um amor que se perde na lonjura,
+
De um amor que se perde na lonjura,<br />
Que só ali achou eterno ninho!
+
Que só ali achou eterno ninho!<br />
Nas ruas tortuosas e antigas
+
Nas ruas tortuosas e antigas<br />
Há ecos que alimentam velhas brigas,
+
Há ecos que alimentam velhas brigas,<br />
Que acendem novos sonhos sem saber
+
Que acendem novos sonhos sem saber<br />
 
+
<br />
É Alcobaça, sim, é Alcobaça,
+
É Alcobaça, sim, é Alcobaça,<br />
Esta terra que à noite nos abraça...
+
Esta terra que à noite nos abraça...<br />
 
como esse abraço, às vezes, faz doer!...<br />
 
como esse abraço, às vezes, faz doer!...<br />
  
<br />
 
 
*'''LAMENTO'''<br />
 
*'''LAMENTO'''<br />
  
'' Tenho asas para voar
+
Tenho asas para voar<br />
Porque estou numa gaiola?
 
Há crianças a brincar
 
Correndo atrás duma bola...
 
Quem me dera a mim voar
 
E fugir desta gaiola
 
Onde sou um prisioneiro
 
Dia a dia, o ano inteiro!
 
Quisera soltar ao vento
 
As minhas asas de espanto...
 
Afrontar o firmamento
 
Asas abertas ao vento
 
Neste céu que eu amo tanto!
 
Quisera ser como sou
 
Mas integral e inteiro.
 
Asa que nunca voou
 
Porque está em cativeiro?
 
Vai veloz o pensamento...
 
Esse pode ir co'o vento
 
Ninguém o aprisionou.
 
Tenho asas para voar
 
Porque estou numa gaiola?
 
Ouço ao longe a voz do mar
 
Mas que é que isso me consola?
 
Eu só peço liberdade
 
Como quem pede uma esmola!
 
Tenho asas para voar
 
 
Porque estou numa gaiola?<br />
 
Porque estou numa gaiola?<br />
 +
Há crianças a brincar<br />
 +
Correndo atrás duma bola...<br />
 +
Quem me dera a mim voar<br />
 +
E fugir desta gaiola<br />
 +
Onde sou um prisioneiro<br />
 +
Dia a dia, o ano inteiro!<br />
 +
Quisera soltar ao vento<br />
 +
As minhas asas de espanto...<br />
 +
Afrontar o firmamento<br />
 +
Asas abertas ao vento<br />
 +
Neste céu que eu amo tanto!<br />
 +
Quisera ser como sou<br />
 +
Mas integral e inteiro.<br />
 +
Asa que nunca voou<br />
 +
Porque está em cativeiro?<br />
 +
Vai veloz o pensamento...<br />
 +
Esse pode ir co'o vento<br />
 +
Ninguém o aprisionou.<br />
 +
Tenho asas para voar<br />
 +
Porque estou numa gaiola?<br />
 +
Ouço ao longe a voz do mar<br />
 +
Mas que é que isso me consola?<br />
 +
Eu só peço liberdade<br />
 +
Como quem pede uma esmola!<br />
 +
Tenho asas para voar<br />
 +
Porque estou numa gaiola?<br />
 +
 +
*'''A CAMINHO DE ESTOI'''<br />
 +
 +
Passam mulheres na estrada<br />
 +
Acenam com lenços brancos,<br />
 +
Levam nos pés os tamancos,<br />
 +
Saia de chita, rodada...<br />
 +
A conversa, a gargalhada,<br />
 +
Rostos bonitos e francos...<br />
 +
Em Estoi pousam nos bancos<br />
 +
Que foi grande a caminhada.<br />
 +
... Hão de ter cabelos brancos<br />
 +
Aturando a filharada.<br />
 
<br />
 
<br />
 +
Passam mulheres na estrada<br />
 +
Acenam com lenços brancos.<br />
 +
 +
 +
in http://uniralcobaca.blogspot.com/2014/07/83587720147177-jose-palma-rodrigues.html<br />
  
 
'''Notas Biográficas'''<br/>
 
'''Notas Biográficas'''<br/>
'''Palma Rodrigues''' fez os seus estudos em Faro, radicando-se ainda jovem em Alcobaça. É considerado um dos melhores sonetistas portugueses, senhor de uma sensibilidade singular que expressava nos seus poemas. A sua paixão pela poesia era nas suas palavras talvez pelo facto de "poder ter herdado o dom do poeta lírico e pedagogo João de Deus". Ao longo da sua vida foi um dos mais premiados poetas portugueses tendo sido agraciado com perto 1700 prémios. É autor de mais de cinco mil sonetos e de dois livros publicados e inúmeras participações em coletâneas. Na sua carreira profissional foi feita nos tribunais onde foi escrivão de Direito e secretário Judicial no Tribunal de Alcobaça, tendo terminado como inspetor do Conselho dos Oficiais de Justiça. Simultaneamente foi redator do jornal A Voz de Alcobaça e vice-presidente do Ginásio Clube de Alcobaça. Integrou o grupo alcobacense “Amigos das Letras”, que batizou de (ALMA), dos mais premiados poetas portugueses, de modo próprio nos “Jogos Florais” em Portugal e nos países de língua oficial portuguesa. Dessa paixão pela poesia, dom que dizia “poder ter herdado do poeta lírico e pedagogo João De Deus”, contam-se perto de 1700 prémios, mais de cinco mil sonetos, dois livros publicados e imensas participações em coletâneas.
+
'''Palma Rodrigues''' fez os seus estudos em Faro, radicando-se ainda jovem em Alcobaça. É considerado um dos melhores sonetistas portugueses, senhor de uma sensibilidade singular que expressava nos seus poemas. A sua paixão pela poesia, nas suas palavras, advinha de "poder ter herdado o dom do poeta lírico e pedagogo João de Deus". Ao longo da sua vida foi um dos mais premiados poetas portugueses tendo sido agraciado com perto 1700 prémios. É autor de mais de cinco mil sonetos e de dois livros publicados e inúmeras participações em coletâneas. Na sua carreira profissional foi feita nos tribunais onde foi escrivão de Direito e secretário Judicial no Tribunal de Alcobaça, tendo terminado como inspetor do Conselho dos Oficiais de Justiça. Simultaneamente foi redator do jornal A Voz de Alcobaça e vice-presidente do Ginásio Clube de Alcobaça. Integrou o grupo alcobacense “Amigos das Letras”, que batizou de (ALMA).

Latest revision as of 10:47, 29 March 2022

Palma.png Palma1.jpg

  • José António Palma Rodrigues

Faro, 20/09/1935 - Alcobaça, 29/01/2021.

Poeta. Escritor. Jornalista.

Palma2.jpg Palma3.jpg


  • Alcobaça à Noite

Deixa cair a noite devagarinho
Não ouves o Alcoa que murmura?
Nascido de uma fonte de água pura
Perdeu toda a pureza no caminho!

E a sombra do Mosteiro, tão sozinho!
Nas lajes tristes, frias, a loucura
De um amor que se perde na lonjura,
Que só ali achou eterno ninho!
Nas ruas tortuosas e antigas
Há ecos que alimentam velhas brigas,
Que acendem novos sonhos sem saber

É Alcobaça, sim, é Alcobaça,
Esta terra que à noite nos abraça...
como esse abraço, às vezes, faz doer!...

  • LAMENTO

Tenho asas para voar
Porque estou numa gaiola?
Há crianças a brincar
Correndo atrás duma bola...
Quem me dera a mim voar
E fugir desta gaiola
Onde sou um prisioneiro
Dia a dia, o ano inteiro!
Quisera soltar ao vento
As minhas asas de espanto...
Afrontar o firmamento
Asas abertas ao vento
Neste céu que eu amo tanto!
Quisera ser como sou
Mas integral e inteiro.
Asa que nunca voou
Porque está em cativeiro?
Vai veloz o pensamento...
Esse pode ir co'o vento
Ninguém o aprisionou.
Tenho asas para voar
Porque estou numa gaiola?
Ouço ao longe a voz do mar
Mas que é que isso me consola?
Eu só peço liberdade
Como quem pede uma esmola!
Tenho asas para voar
Porque estou numa gaiola?

  • A CAMINHO DE ESTOI

Passam mulheres na estrada
Acenam com lenços brancos,
Levam nos pés os tamancos,
Saia de chita, rodada...
A conversa, a gargalhada,
Rostos bonitos e francos...
Em Estoi pousam nos bancos
Que foi grande a caminhada.
... Hão de ter cabelos brancos
Aturando a filharada.

Passam mulheres na estrada
Acenam com lenços brancos.


in http://uniralcobaca.blogspot.com/2014/07/83587720147177-jose-palma-rodrigues.html

Notas Biográficas
Palma Rodrigues fez os seus estudos em Faro, radicando-se ainda jovem em Alcobaça. É considerado um dos melhores sonetistas portugueses, senhor de uma sensibilidade singular que expressava nos seus poemas. A sua paixão pela poesia, nas suas palavras, advinha de "poder ter herdado o dom do poeta lírico e pedagogo João de Deus". Ao longo da sua vida foi um dos mais premiados poetas portugueses tendo sido agraciado com perto 1700 prémios. É autor de mais de cinco mil sonetos e de dois livros publicados e inúmeras participações em coletâneas. Na sua carreira profissional foi feita nos tribunais onde foi escrivão de Direito e secretário Judicial no Tribunal de Alcobaça, tendo terminado como inspetor do Conselho dos Oficiais de Justiça. Simultaneamente foi redator do jornal A Voz de Alcobaça e vice-presidente do Ginásio Clube de Alcobaça. Integrou o grupo alcobacense “Amigos das Letras”, que batizou de (ALMA).