Difference between revisions of "Palma Rodrigues, José António"
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Faro, 20/09/1935 - Alcobaça, 29/01/2021.<br/> | Faro, 20/09/1935 - Alcobaça, 29/01/2021.<br/> | ||
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− | Não ouves o Alcoa que murmura? | + | Não ouves o Alcoa que murmura?<br /> |
− | Nascido de uma fonte de água pura | + | Nascido de uma fonte de água pura<br /> |
− | Perdeu toda a pureza no caminho! | + | Perdeu toda a pureza no caminho!<br /> |
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− | E a sombra do Mosteiro, tão sozinho! | + | E a sombra do Mosteiro, tão sozinho!<br /> |
− | Nas lajes tristes, frias, a loucura | + | Nas lajes tristes, frias, a loucura<br /> |
− | De um amor que se perde na lonjura, | + | De um amor que se perde na lonjura,<br /> |
− | Que só ali achou eterno ninho! | + | Que só ali achou eterno ninho!<br /> |
− | Nas ruas tortuosas e antigas | + | Nas ruas tortuosas e antigas<br /> |
− | Há ecos que alimentam velhas brigas, | + | Há ecos que alimentam velhas brigas,<br /> |
− | Que acendem novos sonhos sem saber | + | Que acendem novos sonhos sem saber<br /> |
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− | É Alcobaça, sim, é Alcobaça, | + | É Alcobaça, sim, é Alcobaça,<br /> |
− | Esta terra que à noite nos abraça... | + | Esta terra que à noite nos abraça...<br /> |
como esse abraço, às vezes, faz doer!...<br /> | como esse abraço, às vezes, faz doer!...<br /> | ||
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− | Tenho asas para voar | ||
Porque estou numa gaiola?<br /> | Porque estou numa gaiola?<br /> | ||
+ | Há crianças a brincar<br /> | ||
+ | Correndo atrás duma bola...<br /> | ||
+ | Quem me dera a mim voar<br /> | ||
+ | E fugir desta gaiola<br /> | ||
+ | Onde sou um prisioneiro<br /> | ||
+ | Dia a dia, o ano inteiro!<br /> | ||
+ | Quisera soltar ao vento<br /> | ||
+ | As minhas asas de espanto...<br /> | ||
+ | Afrontar o firmamento<br /> | ||
+ | Asas abertas ao vento<br /> | ||
+ | Neste céu que eu amo tanto!<br /> | ||
+ | Quisera ser como sou<br /> | ||
+ | Mas integral e inteiro.<br /> | ||
+ | Asa que nunca voou<br /> | ||
+ | Porque está em cativeiro?<br /> | ||
+ | Vai veloz o pensamento...<br /> | ||
+ | Esse pode ir co'o vento<br /> | ||
+ | Ninguém o aprisionou.<br /> | ||
+ | Tenho asas para voar<br /> | ||
+ | Porque estou numa gaiola?<br /> | ||
+ | Ouço ao longe a voz do mar<br /> | ||
+ | Mas que é que isso me consola?<br /> | ||
+ | Eu só peço liberdade<br /> | ||
+ | Como quem pede uma esmola!<br /> | ||
+ | Tenho asas para voar<br /> | ||
+ | Porque estou numa gaiola?<br /> | ||
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+ | *'''A CAMINHO DE ESTOI'''<br /> | ||
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+ | Passam mulheres na estrada<br /> | ||
+ | Acenam com lenços brancos,<br /> | ||
+ | Levam nos pés os tamancos,<br /> | ||
+ | Saia de chita, rodada...<br /> | ||
+ | A conversa, a gargalhada,<br /> | ||
+ | Rostos bonitos e francos...<br /> | ||
+ | Em Estoi pousam nos bancos<br /> | ||
+ | Que foi grande a caminhada.<br /> | ||
+ | ... Hão de ter cabelos brancos<br /> | ||
+ | Aturando a filharada.<br /> | ||
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+ | Passam mulheres na estrada<br /> | ||
+ | Acenam com lenços brancos.<br /> | ||
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+ | in http://uniralcobaca.blogspot.com/2014/07/83587720147177-jose-palma-rodrigues.html<br /> | ||
'''Notas Biográficas'''<br/> | '''Notas Biográficas'''<br/> | ||
− | '''Palma Rodrigues''' fez os seus estudos em Faro, radicando-se ainda jovem em Alcobaça. É considerado um dos melhores sonetistas portugueses, senhor de uma sensibilidade singular que expressava nos seus poemas. A sua paixão pela poesia | + | '''Palma Rodrigues''' fez os seus estudos em Faro, radicando-se ainda jovem em Alcobaça. É considerado um dos melhores sonetistas portugueses, senhor de uma sensibilidade singular que expressava nos seus poemas. A sua paixão pela poesia, nas suas palavras, advinha de "poder ter herdado o dom do poeta lírico e pedagogo João de Deus". Ao longo da sua vida foi um dos mais premiados poetas portugueses tendo sido agraciado com perto 1700 prémios. É autor de mais de cinco mil sonetos e de dois livros publicados e inúmeras participações em coletâneas. Na sua carreira profissional foi feita nos tribunais onde foi escrivão de Direito e secretário Judicial no Tribunal de Alcobaça, tendo terminado como inspetor do Conselho dos Oficiais de Justiça. Simultaneamente foi redator do jornal A Voz de Alcobaça e vice-presidente do Ginásio Clube de Alcobaça. Integrou o grupo alcobacense “Amigos das Letras”, que batizou de (ALMA). |
Latest revision as of 10:47, 29 March 2022
- José António Palma Rodrigues
Faro, 20/09/1935 - Alcobaça, 29/01/2021.
Poeta. Escritor. Jornalista.
- Alcobaça à Noite
Deixa cair a noite devagarinho
Não ouves o Alcoa que murmura?
Nascido de uma fonte de água pura
Perdeu toda a pureza no caminho!
E a sombra do Mosteiro, tão sozinho!
Nas lajes tristes, frias, a loucura
De um amor que se perde na lonjura,
Que só ali achou eterno ninho!
Nas ruas tortuosas e antigas
Há ecos que alimentam velhas brigas,
Que acendem novos sonhos sem saber
É Alcobaça, sim, é Alcobaça,
Esta terra que à noite nos abraça...
como esse abraço, às vezes, faz doer!...
- LAMENTO
Tenho asas para voar
Porque estou numa gaiola?
Há crianças a brincar
Correndo atrás duma bola...
Quem me dera a mim voar
E fugir desta gaiola
Onde sou um prisioneiro
Dia a dia, o ano inteiro!
Quisera soltar ao vento
As minhas asas de espanto...
Afrontar o firmamento
Asas abertas ao vento
Neste céu que eu amo tanto!
Quisera ser como sou
Mas integral e inteiro.
Asa que nunca voou
Porque está em cativeiro?
Vai veloz o pensamento...
Esse pode ir co'o vento
Ninguém o aprisionou.
Tenho asas para voar
Porque estou numa gaiola?
Ouço ao longe a voz do mar
Mas que é que isso me consola?
Eu só peço liberdade
Como quem pede uma esmola!
Tenho asas para voar
Porque estou numa gaiola?
- A CAMINHO DE ESTOI
Passam mulheres na estrada
Acenam com lenços brancos,
Levam nos pés os tamancos,
Saia de chita, rodada...
A conversa, a gargalhada,
Rostos bonitos e francos...
Em Estoi pousam nos bancos
Que foi grande a caminhada.
... Hão de ter cabelos brancos
Aturando a filharada.
Passam mulheres na estrada
Acenam com lenços brancos.
in http://uniralcobaca.blogspot.com/2014/07/83587720147177-jose-palma-rodrigues.html
Notas Biográficas
Palma Rodrigues fez os seus estudos em Faro, radicando-se ainda jovem em Alcobaça. É considerado um dos melhores sonetistas portugueses, senhor de uma sensibilidade singular que expressava nos seus poemas. A sua paixão pela poesia, nas suas palavras, advinha de "poder ter herdado o dom do poeta lírico e pedagogo João de Deus". Ao longo da sua vida foi um dos mais premiados poetas portugueses tendo sido agraciado com perto 1700 prémios. É autor de mais de cinco mil sonetos e de dois livros publicados e inúmeras participações em coletâneas. Na sua carreira profissional foi feita nos tribunais onde foi escrivão de Direito e secretário Judicial no Tribunal de Alcobaça, tendo terminado como inspetor do Conselho dos Oficiais de Justiça. Simultaneamente foi redator do jornal A Voz de Alcobaça e vice-presidente do Ginásio Clube de Alcobaça. Integrou o grupo alcobacense “Amigos das Letras”, que batizou de (ALMA).