Nobre, Roberto

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José Roberto Dias Nobre
S. Brás de Alportel, 27/03/1903 - Lisboa, 27/09/1969.

Escritor. Jornalista. Pintor. Ilustrador. Caricaturista. Crítico de arte e de cinema. Realizador.

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Charlotin e Clarinha

  • Equipa

Elenco: Dias Monteiro - Charlotin; Lia Lima - Tia Aspérrima, Clarinha

Equipa técnica:

- Argumento: Roberto Nobre

- Fotografia: Albert Durot

- Produção: Gharb Film

Produção Executiva: Roberto Nobre e Agostinho Fernandes

Realização: Roberto Nobre

Dados Técnicos: P/B | sem som | 35 mm |

  • Excerto "Crítica de Cinema, capítulo do Anuário Cinematográfico Português" - Roberto Nobre, (1946)

«Entre as críticas das várias Artes é a crítica de cinema aquela que, em geral, vejo fazer mais ligeiramente, e ela afigura-se-me tanto ou mais complexa que as outras. Não é isto apenas pelas específicas qualidades intelectuais do crítico, mas também pelas dificuldades práticas do próprio acto de crítica».
«Não basta ser sincero e impessoal, e ter uma cultura genérica. É necessário um amplo conhecimento material da “coisa” cinematográfica, complexa, multimoda e volúvel. Além da cultura artística, ela obriga a uma prolixa variedade de conhecimentos técnicos, verdadeiros segredos da alquimia dos estúdios e laboratórios, abrangendo especializações tão restritas que raros podem, em consciência, afirmar dominá-las a todas.»”.


  • Notas Biográficas

Roberto Nobre era uma personalidade multidiversificada que operava em diversas áreas da cultura. Em 1919 começa a colaborar no periódico "Alma Lusitana" de Faro, fundando, em 1920, conjuntamente com outros cinéfilos, entre eles Leão Penedo, a produtora cinematográfica "Gharb-Film". Em 1922 conhece Ferreira de Castro, com quem aprofundará ao longo da vida uma sólida amizade. Entretanto vai colaborando como ilustrador nos periódicos Batalha e ABC. No ano da subida de Salazar ao poder, de quem foi opositor, em 1926, Roberto Nobre sai do Algarve e vai viver para Lisboa, onde se emprega na Singer exercendo a função de chefe dos serviços de publicidade. Nesta cidade inicia a sua colaboração como ilustrador na revista Civilização, fundada por Ferreira de Castro. Notabilizou-se como o maior crítico de cinema da sua geração em Portugal, combinando o domínio dos conhecimentos técnicos especializados com uma sólida cultura artística. Esta vertente crítica foi muitas vezes exercida na revista Seara Nova, onde, não raras vezes, exprimia ideias discordantes, contra o regime político vigente. É autor de «Horizontes do Cinema» o primeiro grande estudo teórico português sobre cinema e a sua estética, de «Singularidades do Cinema Português» e do «O Fundo: comentários à Lei do Fundo de Cinema», censurado pelo regime que proibiu a obra, retirando-a de circulação. Nos primórdios do sonoro e o advento do cine-clubismo, desempenhou um papel fundamental, particularmente em jornais ou em revistas. Destaca-se, igualmente, nos anos 40-50, do século passado, a intervenção nas Terças-Feiras Clássicas do cinema Tivoli, em Lisboa. Extraordinário pintor, renovou a expressão estética, inserindo-se na corrente futuro-expressionista, apesar da pouca obra conhecida, expondo individualmente em 1923 e 1924. Como ilustrador deixou a sua marca em diversas obras de Ferreira de Castro (A Volta ao Mundo, etc.). Colaborou em jornais e revistas publicando desenhos e ilustrações, entre os quais: A Batalha; Renovação (1925-1926); Civilização; O Diabo; O Sempre Fixe; Magazine Bertrand; ABC; Voga; A Choldra. Além destas áreas destacou-se também como caricaturista retratando Aurélio da Paz dos Reis, pioneiro do cinema em Portugal, os atores Adelina Abranches e Duarte Silva, ou Reinaldo Ferreira, Nascimento Fernandes, Jorge Brum do Canto e Manoel de Oliveira. Realizou, produziu e escreveu o argumento da farsa cómica "Charlotin e Clarinha", uma curta-metragem despretensiosa e irreverente, filmada em Olhão, onde sobressaem como pormenores técnicos a elevada qualidade da fotografia e a movimentação cénica perante a câmara a que se alia uma sátira de costumes da época, ironizando sobre o melodrama e o romantismo bacoco. Esta curta foi realizada em Olhão, entre 1923 e 1925, mas só foi conhecida em 1972, no Festival de Santarém.

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  • Bibliografia:

- Horizontes do Cinema (1939)
- O Fundo – Comentários ao Projecto da Nova Política de Cinema em Portugal (apreendido pela Censura) (1946)
- Singularidades do Cinema Português (1964)
- Cervantes ou Ontem e Hoje com Dom Quixote (publicada postumamente) (1972)


  • Filmografia:

- Charlotin e Clarinha (1925) (com argumento e produção executiva de sua autoria)