Difference between revisions of "Neves, Leonel"

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'''Leonel''' Carlos Duarte '''Neves'''<br />
 
'''Leonel''' Carlos Duarte '''Neves'''<br />
Nasceu em Faro a 20 de junho de 1921 e faleceu a 6 de setembro de 1996 (75 anos) em Lagos.<br />
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Foi escritor e meteorologista.<br />
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Faro, 20/06/1921 - Lagos, 06/09/1996.
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Escritor. Meteorologista.<br />
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*'''Canção da Fóia'''<br />
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No alto da serra<br />
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de Monchique não<br />
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há meta nem rota.<br />
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Acaba-se a Terra...<br />
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(A Terra é um pião<br />
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e a Fóia a carota.)<br />
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De longe é azul,<br />
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A norte e a sul,<br />
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são terra, mais nada.<br />
 
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*'''Biografia'''<br />
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Serra de Monchique,<br />
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a mais linda que há<br />
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só pedras e céu.<br />
 
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Nasceu em 20 de Junho de 1921, na cidade de Faro, filho de Carlos José Neves, e de Adriana da Conceição Duarte Neves.<br />Estudou em Faro até ao 6º ano do Liceu. A partir de 1937 passou a viver em Lisboa. Após terminar o ensino liceal, tentou entrar na Escola Naval, mas não foi admitido por falta de peso; obteve a licenciatura em Ciências Matemáticas na Universidade de Lisboa.<br />Pertenceu ao primeiro curso de meteorologistas portugueses, e ingressou no Serviço Meteorológico Nacional no seu início, em 1946. O seu trabalho levou-o aos Açores, onde ficou durante dois anos, a Moçambique - 6 anos - e ainda Timor-Leste (2 anos).<br />Durante a adolescência, começou a escrever para jornais e revistas no Algarve, tendo conseguido vários prémios nos Jogos Florais. O seu primeiro livro, Janela Aberta, foi bem recebido pela crítica, tendo sido elogiado por José Régio. Também escreveu letras para vários músicos, incluindo Anatólio Falé e António Mestre, tendo, com este último, elaborado várias canções e fados, que foram gravados por Amália Rodrigues e Luís Goes. Escreveu vários livros, especialmente para o público jovem, tendo trabalhado com António Fernando dos Santos, que lhe ilustrou diversas obras. Participou, igualmente, na antologia De que são feitos os sonhos, e na obras colectiva Canções e histórias em Quatro Estações, com o conto Como é a primavera?. Foi sepultado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.<br />A Câmara Municipal de Lagos colocou, em 21 de Agosto de 2002, o seu nome numa rua da Freguesia de Santa Maria, no Concelho de Lagos.[2][1]
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Lá dormem as nuvens,<br />
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e poisam estrelas;<br />
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lá, noite, tu vens<br />
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*''' Notas biográficas'''<br />
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Nasceu em 20 de Junho de 1921, na cidade de Faro, filho de Carlos José Neves, e de Adriana da Conceição Duarte Neves.<br />Estudou em Faro até ao 6º ano do Liceu. A partir de 1937 passou a viver em Lisboa. Após terminar o ensino liceal, tentou entrar na Escola Naval, mas não foi admitido por falta de peso; obteve a licenciatura em Ciências Matemáticas na Universidade de Lisboa. Durante este período, juntamente com Mário de Azevedo, Joel Serrão, Rui Grássio, pertence à redacção do jornal Horizonte, da Universidade de Lisboa.<br />Pertenceu ao primeiro curso de meteorologistas portugueses, e ingressou no Serviço Meteorológico Nacional no seu início, em 1946. Depois de ingressar no Serviço Meteorológico Nacional, casa com Maria de Lourdes e, com os dois filhos, Ana Maria e João, parte para Santa Maria, nos Açores, onde ficou durante dois anos. Vai a Londres onde se especializa com o Prof. Dobson na medição do ozono e, de regresso aos Açores, realiza das primeiras medições ozonométricas quando o problema da camada de ozono ainda não era do conhecimento público.As suas actividades profissionais levam-no a Lourenço Marques (hoje, Maputo), Moçambique, onde exerce as funções de Inspector do Serviço Meteorológico, cargo que o leva a percorrer todo o território. O passo seguinte é Timor, em 1964, onde permanece dois anos e exerce as funções de Chefe do Serviço Meteorológico de Timor.<br />Durante a adolescência, começou a escrever para jornais e revistas no Algarve, tendo conseguido vários prémios nos Jogos Florais. O seu primeiro livro, '''''Janela Aberta''''', foi bem recebido pela crítica, tendo sido elogiado por José Régio. Em 1986,  A Universidade do Algarve fez uma 2ª edição prefaciada por David Mourão-Ferreira. Também escreveu letras para vários músicos, incluindo António Falé e António Mestre, tendo, com este último, elaborado várias canções e fados, que foram gravados por Amália Rodrigues e Luís Gois. Escreveu vários livros, especialmente para o público jovem, tendo trabalhado com António Fernando dos Santos (Tossan), que lhe ilustrou diversas obras. Participou, igualmente, na antologia '''''De que são feitos os sonhos''''', e na obra coletiva '''''Canções e histórias em Quatro Estações''''', com o conto '''''Como é a primavera?'''''. Foi sepultado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.<br />A Câmara Municipal de Lagos deu, em 21 de Agosto de 2002, o seu nome numa rua da Freguesia de Santa Maria, no Concelho de Lagos.
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<br />Esta biografia foi adaptada dos vários blogues sobre o autor.
  
 
*'''Bibiografia'''<br />
 
*'''Bibiografia'''<br />
 
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'''''Janela aberta: poemas''''' (1940)<br />
 
'''''Janela aberta: poemas''''' (1940)<br />
'''''Natural do Algarve''''' (1968)<br />
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'''''Natural do Algarve''''' 1ª edição (1968)<br />
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'''''Natural do Algarve''''' 2ª edição (1986), prefaciada por David Mourão-Ferreira, edição da Universidade do Algarve.
 
'''''O elefante e a pulga: poemas para crianças''''' (1976)<br />
 
'''''O elefante e a pulga: poemas para crianças''''' (1976)<br />
 
'''''Amigos em todo o mundo: poemas para os jovens e o povo''''' (1977)<br />
 
'''''Amigos em todo o mundo: poemas para os jovens e o povo''''' (1977)<br />
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'''''Adivinhas e contos para ler na cama'''''<br />
 
'''''Adivinhas e contos para ler na cama'''''<br />
 
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http://guida.querido.net/autor.htm
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Pode saber mais sobre '''Leonel Neves''' nos seguintes links:<br />
  
Nasceu a 20 de Junho de 1921, em Faro.
+
[http://vieiracalado2-poesia.blogspot.com/2009/07/homenagem-leonel-neves.html - blog de Vieira Calado em homenagem ao seu primo Leonel Neves e onde se pode ler  o poema "Cal Cúbica" a ele dedicado e abaixo transcrito] <br />
Aí estudou até ao 6º ano do Liceu (corresponde, hoje, ao 10º ano de escolaridade).
 
A partir de 1937 passou a viver em Lisboa,
 
Desde muito novo colaborou em vários jornais e revistas, tendo publicado o seu primeiro livro de poemas em 1940.
 
Só após os 50 anos se dedicou à literatura para jovens; veio a falecer em Odiáxere, perto de Lagos, em 1996.
 
Deixou uma vasta obra - sobretudo de literatura juvenil - tendo publicado, entre outros:
 
  
O livrinho dos macacos, poemas e um conto, Livros Horizonte, 1987
 
Sete contos de espantar, Atlântida Editora, 1975 (2ª edição - 1976)
 
O elefante e a pulga: poemas para crianças, Livros Horizonte, 1976 (2ª edição, 1977)
 
Bichos de trazer por casa: poemas para crianças, Editorial "A Comuna", 1975 (2ª edição, 1978)
 
Dois macaquinhos à solta, 1977
 
Histórias do Zé Palão, contos, Livros Horizonte, 1977
 
Amigos em todo o mundo, poemas, Livros Horizonte, 1977
 
O soldadinho e a pomba, novela, Livros Horizonte, 1981
 
O polícia bailarino e outros contos, Livros Horizonte, 1979
 
O menino e as estrelas e outras histórias em verso, Livros Horizonte, 1979
 
Um cavalo da cor do arco-íris, Livros Horizonte, 1980
 
Uma dúzia de adivinhas, poemas, Livros Horizonte, 1981
 
João Careca, mestre detective, contos, Livros Horizonte, 1984
 
O mistério do quarto bem fechado, 1985
 
O cão, o gato e a árvore, novela, Edições Asa, 1977
 
  
 +
'''MINHA HOMENAGEM A LEONEL NEVES'''<br />
 +
(meu grande amigo... e primo)<br />
  
 +
'''CAL CÚBICA'''<br />
  
QUARTA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2009
+
Amigo, indefectível amigo,<br />
HOMENAGEM A LEONEL NEVES
 
-
 
http://vieiracalado2-poesia.blogspot.com/2009/07/homenagem-leonel-neves.html
 
  
A Universidade do Algarve, em Faro, homenageou o poeta algarvio Leonel Neves, no dia 10 de Julho.
+
amigo dos simples, das hortas, do milho<br />
  
-
+
desabrochando deslumbramentos<br />
  
Leonel Neves nasceu em Faro, em 1921, onde fez a Escola Primária, mas as suas raízes levavam-no sempre para o Barlavento (Casalta, na serra, e Vale da Lama, junto ao mar, em Odeáxere, Lagos), durante as férias.
+
a esvoaçar por cima de vales e serras<br />
  
A continuação dos estudos foi em Lisboa, para cursar Matemática na Faculdade de Ciências e formar-se em Engenheiro Geógrafo. Durante este período, juntamente com Ário de Azevedo, Joel Serrão, Rui Grássio, pertence à redacção do jornal Horizonte, da Universidade de Lisboa.
 
  
Como poeta, em 1950, colabora com o compositor e guitarrista João Bagão, na renovação do fado de Coimbra, tendo o Dr. Paradela de Oliveira gravado dois dos primeiros fados. Fez, também, várias letras para a música do compositor e acordeonista António Mestre, que foram gravadas por Amália Rodrigues.
+
já cá andam as andorinhas<br />
  
Encetou a sua actividade literária, publicando o 1º livro, Janela Aberta.
+
que tu desenhavas em palavras<br />
  
Depois de ingressar no Serviço Meteorológico Nacional, então no seu início, casa com Maria de Lourdes e, com os dois filhos, Ana Maria e João, parte para Santa Maria, nos Açores.
+
sobrevoando os lugares<br />
  
Vai a Londres onde se especializa com o Prof. Dobson na medição do ozono e, de regresso aos Açores, realiza das primeiras medições ozonométricas quando o problema da camada de ozono ainda não era do conhecimento público.
+
de teus olhos transparentes, azuis<br />
  
As suas actividades profissionais levam-no a Lourenço Marques (hoje, Maputo), Moçambique, onde exerce as funções de Inspector do Serviço Meteorológico, cargo que o leva a percorrer todo o território. O passo seguinte é Timor, em 1964, onde permanece dois anos e exerce as funções de Chefe do Serviço Meteorológico de Timor
+
olhando antigas casas onde ardiam<br />
  
Quando, em 1966, regressa a Portugal, colabora no grupo do Dr. Luís Góis, fazendo letras para vinte e duas canções e publica Natural do Algarve, Guimarães Editores, em 1968. A Universidade do Algarve fez uma 2ª edição, em 1986, prefaciada por David Mourão-Ferreira
+
os folguedos da tua juventude<br />
  
A seguir à publicação do conto Como é a Primavera? no livro Primavera, Vol. 1 de Histórias e Canções em Quatro Estações, colecção coordenada por Maria Alberta Menéres, (Edições ASA), publica, em 1989, Ontem à Noite (Lisboa, Livros Horizonte).
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a voz serena da simplicidade das coisas chãs<br />
  
A partir de 75, ensaia uma longa série de publicações de livros infanto-juvenis, muitos dos quais ilustrados por Tóssan, e participa na antologia coordenada por Luísa Ducla Soares (Areal Editores).
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na água fresca correndo no leito antiquíssimo<br />
  
Nos últimos anos, Leonel Neves continua a escrever poesia e livros infantis: Visita inúmeras escolas, por todo o país, lendo e falando do seus contos, transmitindo a sua mensagem de fraternidade, mas também do imaginário e da utopia. O seu apego a uma sã pedagogia e convívio com as crianças, o seu sentido humanista e as reminiscências da juventude estão sempre presentes, e delas fez o sentido mais profundo da sua vida.
+
do rio das tuas memórias.<br />
  
Morre, a 6 de Setembro, em Odeáxere, no concelho de Lagos. É trasladado para Lisboa, para o Cemitério do Alto de S. João, onde o corpo é cremado (como era seu desejo) e as cinzas depositadas no Jardim das Cinzas.
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A 20 de Fevereiro, é postumamente lançado em sessão no Salão Nobre do Teatro Nacional D. Maria ll, Memória de Timor-Leste (Guimarães, Pedra Formosa, Edições). Foram ditos poemas pela actriz Maria do Céu Guerra e pelo editor, poeta Firmino Mendes. Na mesa estiveram presentes e falaram sobre o autor o Prof. Manuel Gomes Guerreiro (ex-reitor da Universidade do Algarve), o Prof. Ário de Azevedo (ex-reitor da Universidade de Évora), o Prof. Joel Serrão (historiador) e o Dr. José Blanc de Portugal (poeta, musicólogo e meteorologista).
 
 
 
Tinha inéditas as obras: Novas Histórias do Zé Palão e Adivinhas e Contos para Ler na Cama. E em projecto, a obra, Retrato de António Aleixo, para a qual havia reunido bastante documentação e trabalhava no livro de poesia A Cal Cúbica e as Manchas, que agora é editado.
 
 
 
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MINHA HOMENAGEM A LEONEL NEVES
 
 
 
meu grande amigo... e primo
 
 
 
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CAL CÚBICA
 
  
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Já por cá andam as andorinhas<br />
  
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a desenhar as tuas palavras nos céus<br />
  
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a sobrevoar a cal cúbica das casas meridionais<br />
  
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da tua juventude<br />
  
Amigo, indefectível amigo,
 
  
amigo dos simples, das hortas, do milho
 
  
desabrochando deslumbramentos
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o milho verde das frescas hortas<br />
  
a esvoaçar por cima de vales e serras
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as serras os montes e os vales<br />
  
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da mesma água antiquíssima do rio<br />
  
já cá andam as andorinhas
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por onde andaste<br />
  
que tu desenhavas em palavras
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com a simplicidade dos teus olhos azuis<br />
  
sobrevoando os lugares
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na frescura de folguedos juvenis<br />
  
de teus olhos transparentes, azuis
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desabrochando deslumbramentos<br />
  
olhando antigas casas onde ardiam
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que apenas ficaram… sabes<br />
  
os folguedos da tua juventude
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nos versos que escreveste.<br />
  
a voz serena da simplicidade das coisas chãs
+
Este poema já foi publicado no 1º volume de 5 POETAS DE LAGOS (Liliete Cardeira da Silva, Nídio Duarte, Cristiano Cerol, Pedro Magalhães e eu próprio), ed. do Grupo de Amigos De Lagos.<br />
  
na água fresca correndo no leito antiquíssimo
 
  
do rio das tuas memórias.
+
[https://www.escritas.org/pt/leonel-neves - blog sobre o autor Leonel    Neves.]
  
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[https://www.ualg.pt/exposicao-leonel-neves-poeta-1921-2021 - 2021 -Exposição da Universidade do Algarve  em homenagem a "Leonel Neves, Poeta 1921-2021"]
 
 
Já por cá andam as andorinhas
 
 
 
a desenhar as tuas palavras nos céus
 
 
 
a sobrevoar a cal cúbica das casas meridionais
 
 
 
da tua juventude
 
 
 
.
 
 
 
o milho verde das frescas hortas
 
 
 
as serras os montes e os vales
 
 
 
da mesma água antiquíssima do rio
 
 
 
por onde andaste
 
 
 
com a simplicidade dos teus olhos azuis
 
 
 
na frescura de folguedos juvenis
 
 
 
desabrochando deslumbramentos
 
 
 
que apenas ficaram… sabes
 
 
 
nos versos que escreveste.
 
 
 
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Este poema já foi publicado no 1º volume de 5 POETAS DE LAGOS (Liliete Cardeira da Silva, Nídio Duarte, Cristiano Cerol, Pedro Magalhães e eu próprio), ed. do Grupo de Amigos De Lagos.
 
 
 
 
 
Links
 
  
 
[https://www.tsf.pt/programa/sinais/pao-de-mula-com-lagrimas-la-dentro-11674671.html - 2020 -Crónica da TSF ]
 
[https://www.tsf.pt/programa/sinais/pao-de-mula-com-lagrimas-la-dentro-11674671.html - 2020 -Crónica da TSF ]
  
https://planetalgarve.com/2014/10/16/serao-de-poesia-o-mar-ao-fundo-por-afonso-dias-na-biblioteca-municipal-lidia-jorge-24-de-outubro/
+
[https://planetalgarve.com/2014/10/16/serao-de-poesia-o-mar-ao-fundo-por-afonso-dias-na-biblioteca-municipal-lidia-jorge-24-de-outubro/ - 2014 - Notícia  sobre um Serão de Poesia “O Mar ao Fundo” por Afonso Dias realizado  na Biblioteca Municipal Lídia Jorge]
 
 
Serão de Poesia “O Mar ao Fundo” por Afonso Dias na Biblioteca Municipal Lídia Jorge | 24 de outubro
 
BY JORGE MATOS DIAS ON 16 OUTUBRO, 2014 • ( LEAVE A COMMENT )
 
Dia 24 de outubro, sexta-feira, venha até à Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira. Passe o serão connosco a ouvir poesia e música de algarvios – naturais ou adotados – sobre o mar do Algarve que inspirou tantos poetas, bem como o último trabalho discográfico de Afonso Dias que agora vai ser apresentado em Albufeira.
 
 
 
o_mar_ao_fundo
 
 
 
 
 
 
No dia 24 de outubro vai decorrer um Serão de Poesia, por Afonso Dias, às 21h30, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira.
 
 
 
“O Mar ao Fundo” é o título escolhido para o evento, um espetáculo musical sobre o último trabalho discográfico com o mesmo nome, da autoria de Afonso Dias, que inclui poesia de António Ramos Rosa, António Pereira, Leonel Neves, João Lúcio, Teresa Rita Lopes, Carlos Brito, António Aleixo, Sophia de Mello Breyner, Maria da Conceição Silveira, Natércia Duarte e composições, pesquisa e seleção de Afonso Dias. Conta ainda com a participação especial de Tânia Silva.
 
 
 
O tema deste trabalho discográfico decorre de um verso do poeta armacenense António Pereira: “Sou algarvio/e a minha rua tem o mar ao fundo”. É construído com poesia e música de algarvios – naturais ou adotados – e de amantes do Algarve. “É este mar algarvio que o Infante desafiou, que Gil e Lançarote afrontaram e que deslumbrou Sophia, que hoje inspira este projeto” sublinha. «O Algarve, a que João Lúcio chamou “o meu país do sul”, é pátria de poetas. Há mais de mil anos. De berço uns, por acolhimento outros, todos eles amantes desta terra virada ao mar. Sempre o mar sobrepondo-se, pela magia da distância e da aventura, à ruralidade inicial que hoje sobrevive. Porque ao longo dos tempos foi sempre o mar do Algarve a tecer-lhe o destino, a esculpir-lhe os sonhos, a desenhar-lhe a história».
 
 
 
Afonso Dias há largos anos que serve o Algarve como autor, cantor, ator de teatro, divulgador de poesia em centenas e centenas de sessões, como militante da cultura.
 
 
 
Para ouvir e desfrutar de um raro momento de beleza e de magia, no próximo dia 24 de outubro, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge.
 
 
 
Por: Município de Albufeira
 
LEONEL NEVES
 
Leonel Neves nasceu em Faro em 1921. Foi Técnico Superior do Serviço Meteorológico Nacional e autor de muitos livros para crianças. Na poesia a sua primeira publicação foi em 1940 "Janela Aberta" e a mais tarde, em 1968, publicou "Natural do Algarve", com prefácio de David Mourão-Ferreira. É deste segundo livro que extraímos um poema que tem a Serra de Monchique por tema.
 
 
 
 
 
http://confrariadospoetasejograis.blogspot.com/
 
 
 
CANÇÃO DA FOIA
 
 
 
 
 
No alto da serra
 
de Monchique não
 
há meta nem rota.
 
Acaba-se a Terra...
 
(A Terra é um pião
 
e a Fóia a carota.)
 
 
 
 
 
De longe é azul,
 
e ali terra seca,
 
deserta e parada.
 
A norte e a sul,
 
jardim e charneca
 
são terra, mais nada.
 
 
 
 
 
Serra de Monchique,
 
a mais linda que há
 
e mais fontes deu
 
- a quem suba e fique
 
na Fóia, dará
 
só pedras e céu.
 
 
 
  
Lá dormem as nuvens,
+
[http://confrariadospoetasejograis.blogspot.com/ - Blog onde se pode encontrar informação e poesias de >Leonel Neves.]
lá moram os ventos
 
e poisam estrelas;
 
lá, noite, tu vens
 
sem mãos nem unguentos,
 
sem frutos nem velas.
 
  
 +
[http://guida.querido.net/autor.htm - Blog "Escritores de Sonho(s)" Escritores Portugueses de Literatura Infanto-Juvenil com informação sobre Leonel Neves]
  
Mas de dia, quando
+
[http://obaudahistoria.blogspot.com/2014/06/poemas-leonel-neves.html - Poema Leonel Neves "O Gaio e o Papagaio"]
o sol traz com ele
 
os longes que viu,
 
o mar é tão grande
 
do alto daquele
 
mirante algarvio,
 
  
 +
[https://arquivos.rtp.pt/conteudos/perfil-leonel-neves/  - 1978 - Programa com o poeta Leonel Neves, que declama dois poemas de sua autoria.]
  
que lá vê a gente
+
[http://repositorium.uminho.pt/bitstream/1822/63012/7/Leonel_Neves_Tossan.pdf - 2017 - Estudo de Sara Reis Silva "Quando a palavra e o Desenho (se) combinam:sobre a escrita de Leonel Neves e a ilustração de  Tossan"]
a nau dos milagres
 
que é todo o Algarve e a
 
proa em São Vicente
 
e a bússola em Sagres...
 
(A Fóia é a gávea.)
 
  
 +
[https://arquivos.rtp.pt/conteudos/leonel-neves/ - 1986 - Programa apresentado por Carlos Correia sobre literatura infantil, dedicado a Leonel Neves, escritor, com visita ao Clube de Leitura da Escola do Magistério Primário de Faro.]
  
Leonel Neves
+
[[Category:Autores]][[Category:Escritores]][[Category:Poetas]][[Category:Agr.João de Deus, em Faro]][[Category:Faro]][[Category:Lagos]]
in "Natural do Algarve"
 
Publicada por Unknown à(s) 10:27 S
 

Latest revision as of 10:27, 28 March 2022

Leonel.jpg


Leonel Carlos Duarte Neves

Faro, 20/06/1921 - Lagos, 06/09/1996.

Escritor. Meteorologista.
  • Canção da Fóia


No alto da serra
de Monchique não
há meta nem rota.
Acaba-se a Terra...
(A Terra é um pião
e a Fóia a carota.)

De longe é azul,
e ali terra seca,
deserta e parada.
A norte e a sul,
jardim e charneca
são terra, mais nada.

Serra de Monchique,
a mais linda que há
e mais fontes deu
- a quem suba e fique
na Fóia, dará
só pedras e céu.

Lá dormem as nuvens,
lá moram os ventos
e poisam estrelas;
lá, noite, tu vens
sem mãos nem unguentos,
sem frutos nem velas.

Mas de dia, quando
o sol traz com ele
os longes que viu,
o mar é tão grande
do alto daquele
mirante algarvio,

que lá vê a gente
a nau dos milagres
que é todo o Algarve e a
proa em São Vicente
e a bússola em Sagres...
(A Fóia é a gávea.)

in "Natural do Algarve"

  • Notas biográficas


Nasceu em 20 de Junho de 1921, na cidade de Faro, filho de Carlos José Neves, e de Adriana da Conceição Duarte Neves.
Estudou em Faro até ao 6º ano do Liceu. A partir de 1937 passou a viver em Lisboa. Após terminar o ensino liceal, tentou entrar na Escola Naval, mas não foi admitido por falta de peso; obteve a licenciatura em Ciências Matemáticas na Universidade de Lisboa. Durante este período, juntamente com Mário de Azevedo, Joel Serrão, Rui Grássio, pertence à redacção do jornal Horizonte, da Universidade de Lisboa.
Pertenceu ao primeiro curso de meteorologistas portugueses, e ingressou no Serviço Meteorológico Nacional no seu início, em 1946. Depois de ingressar no Serviço Meteorológico Nacional, casa com Maria de Lourdes e, com os dois filhos, Ana Maria e João, parte para Santa Maria, nos Açores, onde ficou durante dois anos. Vai a Londres onde se especializa com o Prof. Dobson na medição do ozono e, de regresso aos Açores, realiza das primeiras medições ozonométricas quando o problema da camada de ozono ainda não era do conhecimento público.As suas actividades profissionais levam-no a Lourenço Marques (hoje, Maputo), Moçambique, onde exerce as funções de Inspector do Serviço Meteorológico, cargo que o leva a percorrer todo o território. O passo seguinte é Timor, em 1964, onde permanece dois anos e exerce as funções de Chefe do Serviço Meteorológico de Timor.
Durante a adolescência, começou a escrever para jornais e revistas no Algarve, tendo conseguido vários prémios nos Jogos Florais. O seu primeiro livro, Janela Aberta, foi bem recebido pela crítica, tendo sido elogiado por José Régio. Em 1986, A Universidade do Algarve fez uma 2ª edição prefaciada por David Mourão-Ferreira. Também escreveu letras para vários músicos, incluindo António Falé e António Mestre, tendo, com este último, elaborado várias canções e fados, que foram gravados por Amália Rodrigues e Luís Gois. Escreveu vários livros, especialmente para o público jovem, tendo trabalhado com António Fernando dos Santos (Tossan), que lhe ilustrou diversas obras. Participou, igualmente, na antologia De que são feitos os sonhos, e na obra coletiva Canções e histórias em Quatro Estações, com o conto Como é a primavera?. Foi sepultado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.
A Câmara Municipal de Lagos deu, em 21 de Agosto de 2002, o seu nome numa rua da Freguesia de Santa Maria, no Concelho de Lagos.
Esta biografia foi adaptada dos vários blogues sobre o autor.

  • Bibiografia


Janela aberta: poemas (1940)
Natural do Algarve 1ª edição (1968)
Natural do Algarve 2ª edição (1986), prefaciada por David Mourão-Ferreira, edição da Universidade do Algarve. O elefante e a pulga: poemas para crianças (1976)
Amigos em todo o mundo: poemas para os jovens e o povo (1977)
Histórias de Zé Palão (1979)
Um cavalo da cor do arco-íris: romancinho (1980)
Bichos de trazer por casa: poemas para crianças (1981)
Uma dúzia de adivinhas (1981)
O soldadinho e a pomba (1981)
O mistério do quarto bem fechado (1985)
O cão, o gato e a árvore (1987)
Dois macaquinhos à solta (1987)
Ontem à noite (1989)
Memórias de Timor-Leste (1994)
Um Extraterrestre em Lisboa
Sete Contos de Espantar
Novas Histórias do José Palão
Adivinhas e contos para ler na cama

Livro leonel neves.jpg LivrosLeonel.JPG

Pode saber mais sobre Leonel Neves nos seguintes links:

- blog de Vieira Calado em homenagem ao seu primo Leonel Neves e onde se pode ler o poema "Cal Cúbica" a ele dedicado e abaixo transcrito


MINHA HOMENAGEM A LEONEL NEVES
(meu grande amigo... e primo)

CAL CÚBICA

Amigo, indefectível amigo,

amigo dos simples, das hortas, do milho

desabrochando deslumbramentos

a esvoaçar por cima de vales e serras


já cá andam as andorinhas

que tu desenhavas em palavras

sobrevoando os lugares

de teus olhos transparentes, azuis

olhando antigas casas onde ardiam

os folguedos da tua juventude

a voz serena da simplicidade das coisas chãs

na água fresca correndo no leito antiquíssimo

do rio das tuas memórias.


Já por cá andam as andorinhas

a desenhar as tuas palavras nos céus

a sobrevoar a cal cúbica das casas meridionais

da tua juventude


o milho verde das frescas hortas

as serras os montes e os vales

da mesma água antiquíssima do rio

por onde andaste

com a simplicidade dos teus olhos azuis

na frescura de folguedos juvenis

desabrochando deslumbramentos

que apenas ficaram… sabes

nos versos que escreveste.

Este poema já foi publicado no 1º volume de 5 POETAS DE LAGOS (Liliete Cardeira da Silva, Nídio Duarte, Cristiano Cerol, Pedro Magalhães e eu próprio), ed. do Grupo de Amigos De Lagos.


- blog sobre o autor Leonel Neves.

- 2021 -Exposição da Universidade do Algarve em homenagem a "Leonel Neves, Poeta 1921-2021"

- 2020 -Crónica da TSF

- 2014 - Notícia sobre um Serão de Poesia “O Mar ao Fundo” por Afonso Dias realizado na Biblioteca Municipal Lídia Jorge

- Blog onde se pode encontrar informação e poesias de >Leonel Neves.

- Blog "Escritores de Sonho(s)" Escritores Portugueses de Literatura Infanto-Juvenil com informação sobre Leonel Neves

- Poema Leonel Neves "O Gaio e o Papagaio"

- 1978 - Programa com o poeta Leonel Neves, que declama dois poemas de sua autoria.

- 2017 - Estudo de Sara Reis Silva "Quando a palavra e o Desenho (se) combinam:sobre a escrita de Leonel Neves e a ilustração de Tossan"

- 1986 - Programa apresentado por Carlos Correia sobre literatura infantil, dedicado a Leonel Neves, escritor, com visita ao Clube de Leitura da Escola do Magistério Primário de Faro.