Difference between revisions of "Neruda, Pablo - Livros Proibidos"

From Wikipédia de Autores Algarvios
Jump to: navigation, search
Line 2: Line 2:
  
 
*'''Pablo Neruda''' (1904 - 1973)<br />
 
*'''Pablo Neruda''' (1904 - 1973)<br />
  Poeta, político e diplomata chileno. Ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1971. Foi vítima de inúmeras perseguições dos líderes políticos, especialmente no Chile e na Argentina. As suas obras foram censuradas e banidas. '''Canto Geral''', obra de contornos épicos iniciada em 1938, foi escrita na sua maioria na clandestinidade e é a mais representativa do autor.Em Portugal, foi um dos autores publicados no livro censurado "Encontro - Antologia de Autores Modernos", organizado por Carlos F. Barroso.<br />
+
  Poeta, político e diplomata chileno. Ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1971. Foi vítima de inúmeras perseguições dos líderes políticos, especialmente no Chile e na Argentina. As suas obras foram censuradas e banidas. '''Canto Geral''', obra de contornos épicos iniciada em 1938, foi escrita na sua maioria na clandestinidade e é a mais representativa do autor.Em Portugal, foi um dos autores publicados no livro censurado "Encontro - Antologia de Autores Modernos", organizado por Carlos F. Barroso.
 
   
 
   
 
*Livro Proibido - '''Encontro'''<br />
 
*Livro Proibido - '''Encontro'''<br />
Line 9: Line 9:
 
*Poema 1 '''“Hino e Regresso”'''<br />
 
*Poema 1 '''“Hino e Regresso”'''<br />
  
Pátria, pátria minha, a ti regressa o meu sangue.<br />
+
Pátria, pátria minha, a ti regressa o meu sangue.<br />Mas peço-te, como o filho cheio de pranto<br />pede à mãe:<br />Acolhe<br />esta guitarra cega<br />e esta fronte perdida.<br />Saí a procurar-te filhos pela terra,<br />saí a erguer vencidos com o teu nome de neve,<br />saí a erguer a tua estrela aos heróis feridos.<br /><br />Agora quero dormir na tua substancia.<br />dá-me uma clara noite de cordas penetrantes,<br />a tua noite de navio, altura de estrelas.<br />
Mas peço-te, como o filho cheio de pranto<br />  
 
pede à mãe:<br />
 
Acolhe<br />
 
esta guitarra cega<br />
 
e esta fronte perdida.<br />
 
Saí a procurar-te filhos pela terra,<br />
 
saí a erguer vencidos com o teu nome de neve,<br />
 
saí a erguer a tua estrela aos heróis feridos.<br />
 
 
<br />
 
<br />
Agora quero dormir na tua substancia.<br />
+
Pátria minha: quero mudar de sombra.<br />Pátria minha: quero trocar de rosa.<br />
dá-me uma clara noite de cordas penetrantes,<br />
 
a tua noite de navio, altura de estrelas.<br />
 
 
<br />
 
<br />
Pátria minha: quero mudar de sombra.<br />
+
Quero pôr o braço na tua frágil cintura<br />e sentar-me nas tuas pedras calcinadas pelo mar.<br />para deter o trigo e olhá-lo por dentro.<br />
Pátria minha: quero trocar de rosa.<br />
 
 
<br />
 
<br />
Quero pôr o braço na tua frágil cintura<br />
+
Vou escolher a flora delgada do nitrato,<br />vou fiar o estambre glacial do sino<br />e olhando a tua ilustre e solitária espuma<br />tecerei à tua beleza um ramo litoral.<br />
e sentar-me nas tuas pedras calcinadas pelo mar.<br />
 
para deter o trigo e olhá-lo por dentro.<br />
 
 
<br />
 
<br />
Vou escolher a flora delgada do nitrato,<br />
+
Pátria, pátria minha,<br />toda rodeada de água combatente<br />e neve combatida,<br />em ti a águia junta-se ao enxofre<br />e na tua antártica mão de arminho e de safira,<br />uma gota incendiando céu.<br />
vou fiar o estambre glacial do sino<br />
 
e olhando a tua ilustre e solitária espuma<br />
 
tecerei à tua beleza um ramo litoral.<br />
 
 
<br />
 
<br />
Pátria, pátria minha,<br />
+
Guarda a tua luz, oh pátria! Mantém<br />a dura espiga de esperança no meio<br />do cego ar temível.<br />
toda rodeada de água combatente<br />
 
e neve combatida,<br />
 
em ti a águia junta-se ao enxofre<br />
 
e na tua antártica mão de arminho e de safira,<br />
 
uma gota incendiando céu.<br />
 
 
<br />
 
<br />
Guarda a tua luz, oh pátria! Mantém<br />
+
Na tua remota terra caiu toda esta luz difícil,<br />este destino dos homens,<br />que te faz defender uma flor misteriosa,<br />
a dura espiga de esperança no meio<br />
+
só, na imensidade da América adormecida.<
do cego ar temível.<br />
+
 
<br />
 
Na tua remota terra caiu toda esta luz difícil,<br />
 
este destino dos homens,<br />
 
que te faz defender uma flor misteriosa,<br />
 
só, na imensidade da América adormecida.<br />
 
  
 
'''*Outros poemas de Pablo Neruda em espanhol''' <br />   
 
'''*Outros poemas de Pablo Neruda em espanhol''' <br />   

Revision as of 14:49, 12 April 2024

PabloNeruda-Fotog.jpg Encontro-Antologia-de-Autores-Modernos-capa.jpg Encontro-Antologia-de-Autores-Modernos-censura.jpg CantoGeralNeruda.jpg

  • Pablo Neruda (1904 - 1973)
Poeta, político e diplomata chileno. Ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1971. Foi vítima de inúmeras perseguições dos líderes políticos, especialmente no Chile e na Argentina. As suas obras foram censuradas e banidas. Canto Geral, obra de contornos épicos iniciada em 1938, foi escrita na sua maioria na clandestinidade e é a mais representativa do autor.Em Portugal, foi um dos autores publicados no livro censurado "Encontro - Antologia de Autores Modernos", organizado por Carlos F. Barroso.

  • Livro Proibido - Encontro

Encontro-Antologia-de-Autores-Modernos-censura-excerto.jpg

  • Poema 1 “Hino e Regresso”

Pátria, pátria minha, a ti regressa o meu sangue.
Mas peço-te, como o filho cheio de pranto
pede à mãe:
Acolhe
esta guitarra cega
e esta fronte perdida.
Saí a procurar-te filhos pela terra,
saí a erguer vencidos com o teu nome de neve,
saí a erguer a tua estrela aos heróis feridos.

Agora quero dormir na tua substancia.
dá-me uma clara noite de cordas penetrantes,
a tua noite de navio, altura de estrelas.

Pátria minha: quero mudar de sombra.
Pátria minha: quero trocar de rosa.

Quero pôr o braço na tua frágil cintura
e sentar-me nas tuas pedras calcinadas pelo mar.
para deter o trigo e olhá-lo por dentro.

Vou escolher a flora delgada do nitrato,
vou fiar o estambre glacial do sino
e olhando a tua ilustre e solitária espuma
tecerei à tua beleza um ramo litoral.

Pátria, pátria minha,
toda rodeada de água combatente
e neve combatida,
em ti a águia junta-se ao enxofre
e na tua antártica mão de arminho e de safira,
uma gota incendiando céu.

Guarda a tua luz, oh pátria! Mantém
a dura espiga de esperança no meio
do cego ar temível.

Na tua remota terra caiu toda esta luz difícil,
este destino dos homens,
que te faz defender uma flor misteriosa,
só, na imensidade da América adormecida.<


*Outros poemas de Pablo Neruda em espanhol
*Poema 1
PoemaNeruda.png

*Poema 2
El viento en la isla
El viento es un caballo:
óyelo cómo corre
por el mar, por el cielo.

Quiere llevarme: escucha
cómo recorre el mundo
para llevarme lejos.

Escóndeme en tus brazos
por esta noche sola,
mientras la lluvia rompe
contra el mar y la tierra
su boca innumerable.

Escucha como el viento
me llama galopando
para llevarme lejos.

Con tu frente en mi frente,
con tu boca en mi boca,
atados nuestros cuerpos
al amor que nos quema,
deja que el viento pase
sin que pueda llevarme.

Deja que el viento corra
coronado de espuma,
que me llame y me busque
galopando en la sombra,
mientras yo, sumergido
bajo tus grandes ojos,
por esta noche sola
descansaré, amor mío.

*Para saber mais:

https://www.oeiras.pt/-/livros-proibidos-da-am%C3%A9rica-latina-

Logo25abril50anosleiturascensuradas.png

Wiki-nao-censurada-lapisazul.png

Voltar à Página Inicial da wiki 25 de Abril - 50 anos - Leituras em Liberdade