Difference between revisions of "Engels, Friedrich - Livro Proibido"

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Karl Marx e Friedrich Engels foram dois dos principais teóricos, tanto no âmbito da filosofia, como da sociologia, que influíram grande parte das forças partidárias políticas de esquerda. Ambos germânicos, deram origem a uma série de tratados, ensaios, e obras sobre as forças opressores, e as classes subjugadas pelas mesmas, estando ambas relacionadas através dos meios de produção, e da produção propriamente dita.
 
  
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primeira abrange todas as ciências que se ocupam da natureza
 
inanimada e que são mais ou menos suscetíveis de ser tratadas
 
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química. Se alguém tiver prazer em aplicar palavras bombásticas a
 
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análise; é por isso que se chamam ciências exatas
 
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. Na Itália, na França e na Alemanha nasceu uma literatura
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* '''Friedrich Engels'''<br />
nova, a primeira literatura moderna. Pouco depois chegaram as
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Economista e teórico político alemão, nascido em Barmen, na Renânia, a 28 de novembro de 1820, e falecido em Londres, a 5 de agosto de 1895.<br />Oriundo de uma família abastada ligada à grande indústria alemã, desde cedo encarreirou pelo comunismo, nunca deixando, curiosamente, de ser proprietário e patrão. Por isso, pôde apoiar materialmente Karl Marx, seu amigo e companheiro desde 1844. Aliás, ambos escreveram várias obras em coautoria, como o Manifesto do Partido Comunista (1848), "cartilha" ideológica de todos os movimentos ou partidos ditos comunistas.<br />Após o falecimento de Marx, Engels organizou e publicou os últimos volumes da obra-prima do seu amigo: O Capital. Ainda em 1848, esteve na revolução alemã; em 1870, tornou-se secretário da Internacional. Publicou diversos títulos, assumidamente de defesa e suporte teórico do socialismo e do operariado. Por isso, ao longo do século XX, todos os regimes comunistas o veneraram e associaram ao nome de Marx.<br />Karl Marx e Friedrich Engels foram dois dos principais teóricos, tanto no âmbito da filosofia, como da sociologia, que influíram grande parte das forças partidárias políticas de esquerda. Ambos germânicos, deram origem a uma série de tratados, ensaios, e obras sobre as forças opressores, e as classes subjugadas pelas mesmas, estando ambas relacionadas através dos meios de produção, e da produção propriamente dita.
épocas clássicas da literatura na Inglaterra e na Espanha.
 
Romperam-se os limites do velho "orbis Terrarum", só então foi
 
descoberto o mundo, no sentido próprio da palavra, e se assentaram
 
as bases para o subsequente comércio mundial e para a passagem do
 
artesanato à manufatura, que por sua vez serviu de ponto de partida
 
à grande indústria moderna. Foi abatida a ditadura espiritual da
 
Igreja; a maioria dos povos germânicos pôs por terra o seu jugo e
 
abraçou a religião protestante, enquanto que entre os povos
 
românticos lançava raízes cada vez mais profundas e abria caminho
 
para o materialismo do século XVIII, uma serena liberdade de
 
pensamento, herdada dos árabes e alimentada pela filosofia grega, de
 
novo descoberta.  
 
  
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* Excerto 1 '''Anti-Dühring''' cap. IX, "Moral, direito, Verdades eternas" <br />
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Certamente. Segundo o velho método bem conhecido, podemos dividir todo o domínio do conhecimento em três grandes secções. A primeira abrange todas as ciências que se ocupam da natureza inanimada e que são mais ou menos suscetíveis de ser tratadas matematicamente: matemática, astronomia, mecânica, física e química. Se alguém tiver prazer em aplicar palavras bombásticas a objetos muito simples, poderá dizer que determinados resultados destas ciências são verdades eternas, verdades definitivas em última análise; é por isso que se chamam ciências exatas.<br />(F. Engels, Anti-Dühring, capo. X, "Moral, direito, Verdades eternas").
  
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* Excerto 2 '''Dialética da Natureza'''. "Introdução".<br />
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Na Itália, na França e na Alemanha nasceu uma literatura nova, a primeira literatura moderna. Pouco depois chegaram as épocas clássicas da literatura na Inglaterra e na Espanha. Romperam-se os limites do velho "orbis Terrarum", só então foi descoberto o mundo, no sentido próprio da palavra, e se assentaram as bases para o subsequente comércio mundial e para a passagem do artesanato à manufatura, que por sua vez serviu de ponto de partida à grande indústria moderna. Foi abatida a ditadura espiritual da Igreja; a maioria dos povos germânicos pôs por terra o seu jugo e abraçou a religião protestante, enquanto que entre os povos românticos lançava raízes cada vez mais profundas e abria caminho para o materialismo do século XVIII, uma serena liberdade de pensamento, herdada dos árabes e alimentada pela filosofia grega, de novo descoberta.
  
As ciências naturais da primeira metade do século XVIII
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* Excerto 3<br />
achavam-se tão acima da antiguidade grega quanto ao volume dos
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As ciências naturais da primeira metade do século XVIII achavam-se tão acima da antiguidade grega quanto ao volume dos seus conhecimentos e mesmo quanto à sistematização dos dados, como abaixo no que se referia a sua interpretação, à conceção geral da natureza. Para os filósofos gregos o mundo era, em essência, algo surgido do caos, algo que se desenvolvera, que havia chegado a ser. Para todos os naturalistas do período que estamos estudando, o mundo era algo ossificado, imutável, e para a maioria deles algo criado subitamente. A ciência achava-se ainda profundamente imersa na teologia. Em toda parte procurava e encontrava como causa primária um impulso exterior, que não se devia à própria natureza. Se a atração, que Newton chamava pomposamente de gravitação universal, é concebida como uma propriedade essencial da matéria, de onde provém a incompreensível força tangencial que deu origem às órbitas dos planetas? Como surgiram as inumeráveis espécies vegetais e animais? E como, em particular, surgiu o homem, a respeito do qual se está de acordo em que não existe eternamente?<br />Ao responder a tais perguntas, as ciências naturais limitavam-se, frequentemente, a apresentar o criador como responsável por tudo.
seus conhecimentos e mesmo quanto à sistematização dos dados,
 
como abaixo no que se referia a sua interpretação, à concepção geral
 
da natureza. Para os filósofos gregos o mundo era, em essência, algo
 
surgido do caos, algo que se desenvolvera, que havia chegado a ser.
 
Para todos os naturalistas do período que estamos estudando, o
 
mundo era algo ossificado, imutável, e para a maioria deles algo
 
criado subitamente. A ciência achava-se ainda profundamente
 
imersa na teologia. Em toda parte procurava e encontrava como
 
causa primária um impulso exterior, que não se devia à própria
 
natureza. Se a atração, que Newton chamava pomposamente de
 
gravitação universal, é concebida como uma propriedade essencial
 
da matéria, de onde provém a incompreensível força tangencial que
 
deu origem às órbitas dos planetas? Como surgiram as inumeráveis
 
espécies vegetais e animais? E como, em particular, surgiu o homem,
 
a respeito do qual se está de acordo em que não existe eternamente?
 
Ao responder a tais perguntas, as ciências naturais limitavam-se,
 
frequentemente, a apresentar o criador como responsável por tudo.
 
No começo desse período, Copérnico expulsou da ciência a teologia;
 
Newton encena essa época com o postulado do impulso divino
 
inicial. A idéia geral mais elevada alcançada pelas ciências naturais
 
do período considerado é a da congruência da ordem estabelecida na
 
natureza a teologia vulgar de Wolff, segundo a qual os gatos foram
 
criados para devorar os ratos, os ratos para serem devorados pelos
 
gatos e toda a natureza para demonstrar a sabedoria do criador.
 
Devem ser assinalados dois grandes méritos da filosofia da época
 
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que, apesar da limitação das ciências naturais contemporâneas, que
 
se desorientou e começando por Spinoza e acabando pelos grandes
 
materialistas franceses esforçou-se tenazmente para explicar o
 
mundo partindo do próprio mundo e deixando a justificação
 
detalhada dessa ideia para as ciências naturais do futuro.
 
Incluo também nesse período os materialistas d
 
(F. Engels, Dialética da Natureza. "Introdução".)
 
  
 
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Engels.jpg Textos Filosóficos.jpg Anti-Duhring.jpg MarxEngelspintura.jpg
[1]

  • Friedrich Engels
Economista e teórico político alemão, nascido em Barmen, na Renânia, a 28 de novembro de 1820, e falecido em Londres, a 5 de agosto de 1895.
Oriundo de uma família abastada ligada à grande indústria alemã, desde cedo encarreirou pelo comunismo, nunca deixando, curiosamente, de ser proprietário e patrão. Por isso, pôde apoiar materialmente Karl Marx, seu amigo e companheiro desde 1844. Aliás, ambos escreveram várias obras em coautoria, como o Manifesto do Partido Comunista (1848), "cartilha" ideológica de todos os movimentos ou partidos ditos comunistas.
Após o falecimento de Marx, Engels organizou e publicou os últimos volumes da obra-prima do seu amigo: O Capital. Ainda em 1848, esteve na revolução alemã; em 1870, tornou-se secretário da Internacional. Publicou diversos títulos, assumidamente de defesa e suporte teórico do socialismo e do operariado. Por isso, ao longo do século XX, todos os regimes comunistas o veneraram e associaram ao nome de Marx.
Karl Marx e Friedrich Engels foram dois dos principais teóricos, tanto no âmbito da filosofia, como da sociologia, que influíram grande parte das forças partidárias políticas de esquerda. Ambos germânicos, deram origem a uma série de tratados, ensaios, e obras sobre as forças opressores, e as classes subjugadas pelas mesmas, estando ambas relacionadas através dos meios de produção, e da produção propriamente dita.
  • Excerto 1 Anti-Dühring cap. IX, "Moral, direito, Verdades eternas"
Certamente. Segundo o velho método bem conhecido, podemos dividir todo o domínio do conhecimento em três grandes secções. A primeira abrange todas as ciências que se ocupam da natureza inanimada e que são mais ou menos suscetíveis de ser tratadas matematicamente: matemática, astronomia, mecânica, física e química. Se alguém tiver prazer em aplicar palavras bombásticas a objetos muito simples, poderá dizer que determinados resultados destas ciências são verdades eternas, verdades definitivas em última análise; é por isso que se chamam ciências exatas.
(F. Engels, Anti-Dühring, capo. X, "Moral, direito, Verdades eternas").
  • Excerto 2 Dialética da Natureza. "Introdução".
Na Itália, na França e na Alemanha nasceu uma literatura nova, a primeira literatura moderna. Pouco depois chegaram as épocas clássicas da literatura na Inglaterra e na Espanha. Romperam-se os limites do velho "orbis Terrarum", só então foi descoberto o mundo, no sentido próprio da palavra, e se assentaram as bases para o subsequente comércio mundial e para a passagem do artesanato à manufatura, que por sua vez serviu de ponto de partida à grande indústria moderna. Foi abatida a ditadura espiritual da Igreja; a maioria dos povos germânicos pôs por terra o seu jugo e abraçou a religião protestante, enquanto que entre os povos românticos lançava raízes cada vez mais profundas e abria caminho para o materialismo do século XVIII, uma serena liberdade de pensamento, herdada dos árabes e alimentada pela filosofia grega, de novo descoberta.
  • Excerto 3
As ciências naturais da primeira metade do século XVIII achavam-se tão acima da antiguidade grega quanto ao volume dos seus conhecimentos e mesmo quanto à sistematização dos dados, como abaixo no que se referia a sua interpretação, à conceção geral da natureza. Para os filósofos gregos o mundo era, em essência, algo surgido do caos, algo que se desenvolvera, que havia chegado a ser. Para todos os naturalistas do período que estamos estudando, o mundo era algo ossificado, imutável, e para a maioria deles algo criado subitamente. A ciência achava-se ainda profundamente imersa na teologia. Em toda parte procurava e encontrava como causa primária um impulso exterior, que não se devia à própria natureza. Se a atração, que Newton chamava pomposamente de gravitação universal, é concebida como uma propriedade essencial da matéria, de onde provém a incompreensível força tangencial que deu origem às órbitas dos planetas? Como surgiram as inumeráveis espécies vegetais e animais? E como, em particular, surgiu o homem, a respeito do qual se está de acordo em que não existe eternamente?
Ao responder a tais perguntas, as ciências naturais limitavam-se, frequentemente, a apresentar o criador como responsável por tudo.
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