Difference between revisions of "Carlos, Papiano - Livros Proibidos"

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*'''Papiniano Carlos'''
 
 
A poesia de '''Papiano Carlos''', particularmente atingida pelo rigor dos censores, é outro exemplo paradigmático a reter. O seu livro "'''''Poema da Fraternidade'''''", por exemplo, foi proibido em 7 de Dezembro de 1945, por se tratar de "versos de índole derrotista e com francas tendências comunistas, a exemplo do que sucederia, pela mesma razão, em 17 de Agosto de 1946, ao livro "'''''Estrada Nova'''''", e ainda ao livro "'''''Caminhos Serenos'''''". Esta última obra de Papiniano Carlos foi interdita, em 13 de fevereiro de 1958, na base do relatório do censor, que acentuava tratar-se de um: "Livro de poesias, quasi todas de sabor comunizante e algumas de índole comunista".<br />Azevedo, Cândido "A Censura de Salazar e  Marcelo Caetano" pág. 548-549 <br />
 
 
[[File:Carlos, Papiano - Estrada Nova - excerto-da-censura.png]]
 
<br />
 
 
 
*'''Estrada Nova'''
 
 
 
 
'''Libertação'''<br />
 
 
A liberdade ficava para lá<br />
 
do arame farpado<br />
 
e do meu corpo fétido, podre,<br />
 
roído de chagas, cheio de pús,<br />
 
com olhos cegos de tanta escuridão!<br />
 
<br />
 
As sentinelas cinzentas espiavam.<br />
 
<br />
 
Mas que importavam as sentinelas?<br />
 
<br />
 
Mal me cabia na boca roxa<br />
 
a língua cortada, grossa, sarrosa,<br />
 
quando por ela anunciei<br />
 
que era LIVRE,<br />
 
e o meu grito espantoso<br />
 
pôs um arrepio na nuca<br />
 
de todos os tiranos.<br />
 
<br />
 
Pasmaram as sentinelas<br />
 
e o meu cadáver tombou na terra.<br />
 
<br />
 
'''Estrada Nova '''<br />
 
 
 
*'''Abertura'''<br />
 
<br />
 
Eu venho<br />
 
para cantar a epopeia dos homens sofredores,<br />
 
a glória dos músculos na batalha dolorosa,<br />
 
o canto dos malhos esmagando as bigornas,<br />
 
o esforço do semeador possuindo a terra,<br />
 
eu venho<br />
 
para anunciar os grandes dias redentores.<br />
 
<br />
 
Por isso eu trago nos lábios<br />
 
a palavra fraterna e a esperança iluminada,<br />
 
eu canto as dores e a sua redenção próxima.<br />
 
A glória do homem em todo o seu esplendor<br />
 
a cantarão um dia<br />
 
os poetas novíssimos que virão depois de mim.<br />
 
<br />
 
Eu anuncio<br />
 
a madrugada evidente<br />
 
e os dias necessários que tudo solverão<br />
 
como é justo.<br />
 
E os meus versos são a esperança mesma dos homens<br />
 
e o meu olhar a madrugada pressentida<br />
 
a guiá-los.<br />
 
<br />
 
'''Estrada Nova'''
 
 
*para saber mais
 
https://sinalaberto.pt/papiniano-carlos-1918-2012-poeta-livre-e-insubmisso/
 

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