Carriço, Silva - Memória das Coisas

EM CONSTRUÇÃO

• Silva Carriço

• Prefácio de Joaquim Magalhães para o livro de Silva Carriço - "Memória das Coisas":

• Sinal verde desnecessário
  

Não sou, nunca fui, critico literário ou do que quer me seja. Sou simplesmente apreciador, ou antes, procuro ser capaz de apreciar, de dar apreço ao que vejo, ao que leio, ao que estudo. Não nasci para ensinar ninguém. Como professor apenas procurei ser capaz de descobrir, de ajudar a descobrir aquilo para que cada um dos que me aturaram, como professor, teria nascido. Acho, cada vez mais, que é essa a obrigação do que ensina.
Tem-me acontecido, na vida, ter sido por muitas dezenas de vezes, encarregado de julgar trabalhos literários dos outros. Em concursos a que, entre nós, se dedica grande atenção e que são os jogos florais.
Já me tem acontecido também ter sido solicitado para apresentar trabalhos individuais, deste e daquele.
Sem jeito para dizer que não, procuro sempre encontrar e dar valor ao que, em meu entender, merece ser apreciado. Prefiro, às cantigas de maldizer dos críticos, as palavras de bem querer que possam servir de estimulo.
Ora acontece que, com estas "memórias das coisas" que também são coisas da memória, Silva Carriço, o autor, me aparece como uma enorme surpresa de talento literário invejável.
Domina esse instrumento delicadíssimo que é a língua portuguesa com uma magnífica desenvoltura, uma naturalidade de quem lida com a escrita da língua,com mão diurna e noturna, como soíam dizer os nossos clássicos.
Ora, num tempo como este nosso, em que o, falar e ○escrever português não é preocupação por aí além dos que falam e escrevem, é um consolo ler estas "memórias das coisas", que nos mostram um Algarve outro, como esse de Glória Marreiros, também algarvia, como Silva Carriço.
Este Algarve que me atraiu e apanhou e me tratou como filho adotivo, está aqui, num português vivo, cuidado, exemplar.
Os costumes, a linguagem, a história, as pessoas, os sítios, estão nestas "memórias" tão vivos e atraentes como se fossem ou tivessem sido vividos por quem os lê.
Particularmente anoto a adjetivação feliz, sempre espontânea mas bem cuidada.
Um discípulo de um Eça esquecido, mas sempre modelo de quem escreve, parece ser este escritor que nos leva consigo, no encanto da descoberta deste Algarve do barlavento e da serra, com o domínio certo de um estilo cuidado, que nos conduz e atrai, sorrindo e sempre bem disposto. Do Algarve, e não só. De um Algarve, em Portugal. Do Norte até o Sul.
Com originais em prosa nunca me aconteceu uma surpresa destas.
Fico grato pela oportunidade que me foi dada de poder manifestar a minha alegria por tão feliz encontro de "caminhos cruzados".
Bem haja o autor.
Joaquim Magalhães

• Promoção da Leitura / Divulgação da Cultura no Algarve

Memória das Coisas de Silva Carriço, algumas páginas.