Moscoso, Salazar
Lagos,09/01/1856 - Santarém, 21/10/1933.
Escritor. Poeta. Jornalista. Republicano. Professor.
- Entramos mais uma vez, sobre tantas outras, no labutar da imprensa jornalística e, francamente, ao assomarmos o nosso busto ao parapeito desta para nós tão conhecida tribuna, não se desprende da voluta dos nossos lábios a efloração ridente dum sorriso de satisfação:— sinal que no nosso espírito se abrigue a esperança do pleno conseguimento dos nossos desejos, ou, pelo menos, da maior parte deles. In: Semanário "Pró-Lagos"nº 1 de 23 de Setembro de 1894
- As três quadras da vida
São três quadras, simplesmente,
Que formam minha saudade:
Essas em que, resplendente,
Se desdobra a mocidade:
A primeira quando amei,
Com amor honesto e puro
E, num cromo, desenhei,
Bem ridente o meu futuro.
A segunda, que é ainda
Com que a minha alma mais goza,
Quando...aquela ... que achei linda
Lhe dei o nome d'esposa.
Terceira: que foi, talvez,
De todas, a do mais brilho,
Quando me chegou a vez
De beijar o primeiro filho.
Digo-o, de fronte serena,
Sem este encanto profundo ;
Nem mesmo valia a pena
Do nascer cá neste mundo!...
Todos os mais ... são prazeres
Que não passam, afinal,
Nesta luta d'afazeres,
D'incidente ornamental!...
Faro, Março, de 908.
Salazar Moscoso
- Notas Biográficas
Concluiu o Curso Superior de Letras,fundou o jornal O Académico e foi signatário do manifesto académico de 26/01/1882,a favor da fundação de um Instituto de Ensino Livre e era filiado no partido republicano.
Quando regressou à terra natal, fundou, com José Bourquin Brak-Lamy, o primeiro centro republicano da província e colaborou activamente na imprensa regional do seu tempo.
Exerceu as funções de solicitador e de advogado de provisão; foi administrador do concelho de Olhão e procurador da Junta geral do Distrito por Vila do Bispo. Foi nomeado professor interino do liceu de Faro.
Poeta reconhecido e admirado, não chegou a publicar qualquer livro. Os seus textos e poemas encontram-se espalhados pelos jornais, revistas e outras publicações em que colaborava.
Mário Lyster Franco biografou o autor e correspondeu-se com ele para apurar os dados que apresenta em "Salazar Moscoso: um poeta algarvio esquecido".