Valadas, Jorge Escalço
- Jorge Escalço Valadas (Valadinhas)
Salir, Loulé, 05/11/1908 (registado em Vila Real de Santo António) - Lisboa, 01/08/1983.
Pintor. Professor de Desenho. Foi o primeiro diretor da Escola Técnico Elementar Serpa Pinto, em Faro (1947). Frequentou a ESBAL (Escola Superior de Belas Artes em Lisboa) 1935.
- Texto introdutório do livro
"Assim Se Faz o Presépio" de José Escalço Valadas
NATAL! Que nome tão belo e de que alegria ele nos enche o coração; é nele que todo o mundo se envolve numa auréola de paz e de amor.
Foi num dia de Natal que São Francisco de Assis o grande Santo da humildade, num momento de exaltação mística, idealizou com figuras que as suas próprias mãos modelaram a representação do nascimento dAquele Menino Que para salvar a humanidade nasceu numa manjedoura.
Foi por certo Deus que lhe sugeriu tal ideia e o presépio tem vindo por todo o mundo a perpetuar o nascimento do Divino Menino. Sendo Portugal terra de Santa Maria, abraçou com aquele amor, que só os Portugueses sabem ter, o milagre do presépio, adaptando-o a sua sensibilidade, fazendo, por vezes, dele verdadeiro monumento de arte, para ser exposto ao culto, desde os palácios as casas mais humildes.
Teve o presépio no século XVIII o seu período áureo, quer nos de concepção artística, quer nos de carácter popular. Podem-se ainda hoje admirar os belos presépios da Igreja da Madre de Deus, da Sé de Lisboa, da Basílica da Estrela e tantos outros que, felizmente, ainda existem nos museus, conventos, capelas ou colecções particulares.
Foi Lisboa o maior laboratório das melhores obras de arte, do género, tendo sido Machado de Castro, António Ferreira, Manuel Machado Teixeira e Barros Laborão, entre tantos outros, os grandes artistas que, com o seu génio, modelaram em barro essas belas figuras, que foram dar vida aos presépios. E, como já falámos de presépios concebidos por grandes estatuários, vamos agora dizer alguma coisa sobre os que foram criados pelo povo, que, em grande parte, é o artista máximo.
Em todos as vilas e aldeias do nosso querido Portugal, ainda os há — e que belos, dentro da sua ingenuidade, modelados por essa gente simples, mas de alma nobre e bela, que sabe ter sempre dentro do coração o seu Menino Jesus.
Como já vimos, o presépio é uma demonstração de fé e amor por Aquele Que é a vida de todos e de tudo; e, por tal, devemos e queremos que em cada lar exista o seu presépio para que, em família, todos adoremos, irmanados na mesma alegria, o Redentor, dando-Lhe graças e louvores. E, para que assim seja, aqui tens, bom amigo, este livrinho com algumas sugestões, para que tu e os teus possais construir, por vós próprios, o presépio que, feito por ti, será decerto mais belo, por fazer parte da tua vida e da dos bens. Com os exemplos que te damos e com o teu engenho, poderás construí-lo a teu modo, dando-lhe a arrumação que a tua imaginação criadora te pedir. Tudo que faz parte da tua vida, da tua aldeia, ou da tua vila poderá servir para a resolução do mesmo.
Tens tempo e também não te falta engenho. Portanto, mãos a obra, para que no teu Natal possas reunir, em volta dele, todos os que te são queridos, alegrando o nascimento do Menino Deus, rezando e cantando em seu louvor. Deves reservar para o teu presépio o melhor recanto da tua casa, dando-lhe assim o lugar de honra onde todos caibam, para cantarem as "Janeiras", essas tão lindas trovas de sabor tão popular que não se devem perder. Já pensaste que alegria terão os teus filhos ao contemplarem o presépio que tu construíste e em que eles alegremente colaboraram? Tens uma casa pequena e, portanto, pouco espaço para armares o teu presépio? Eis uma solução que ainda te dará mais beleza e movimento: — podes construí-lo, em planos sucessivos, isto é, dispondo as figuras em vários montes e tens assim o problema do espaço resolvido. Põe todos a trabalhar, uns recortando, outros modelando; outros pintando e ainda outros em busca do musgo, das piteiras, da cortiça e dos martuços e verás que tudo se fará e que o teu presépio ficará o mais lindo que tens visto.
- Notas Biográficas
Pintor Jorge Escalço Valadas, nascido em 5 de Novembro de 1908 em Salir (Loulé) mas registado em Vila Real de Santo António. Em 1930 foi com a família para Lisboa onde, mais tarde (1935/ 1937) frequentou a ESBAL (Escola Superior de Belas Artes de Lisboa) e iniciou a sua vida profissional em 1941 na Escola Fonseca Benevides, na capital e onde casou, volvidos dois anos com D. Isabel dos Prazeres. Foi no ano lectivo de 1948/49 que foi nomeado professor e director da Escola Serpa Pinto, a funcionar no actual imóvel da Escola Tomás Cabreira, funções que ocuparia até 1952, para desempenhar o magistério no Porto.
O nosso sempre lembrado diretor e professor faleceu 1 de Agosto de 1993, num Lar de Idosos,em Paços deArcos e está sepultado no Cemitério da Galiza, em São João do Estoril.
In:https://costeletasfaro.blogspot.com/2015/06/recordando.html por João Leal
- Bibliografia
"Assim se faz o Presépio",1957, Colecção Educativa, Série F, Número 7, Editor: Direcção-Geral do Ensino Primário.
- Pinturas
Conjunto de seis gravuras realizadas por Escalço Valadas, dedicadas ao livro Rosairinha, uma das obras-primas de Emiliano da Costa. Valadas ilustra o momento em que a montanheira se dirige ao poço com o seu cântaro; o Belé; as amigas Conceição e Carmo; a tristeza de Rosairinha ao ver-se abandonada por Belé; e, finalmente, a esperança e a vida depositadas no seu filho.
Este conjunto de pinturas foi retirado da Dissertação para a obtenção do grau de mestre em Gestão Cultural de Sara Raquel Cunha Varela In:http://hdl.handle.net/10400.1/5768
- Pode saber mais sobre Jorge Escalço Valadas nos seguintes links:
Dissertação para a obtenção do grau de mestre em Gestão Cultural de Sara Raquel Cunha Varela In:http://hdl.handle.net/10400.1/5768