Barroso, Maria de Jesus
Maria de Jesus Simões Barroso Soares
Fuseta, Olhão, 02/05/1925 - Lisboa, 07/07/2015
Atriz. Professora. Encenadora. Deputada na Assembleia Constituinte e na Assembleia da República nos mandatos de 1979, 1980 e 1983. 1ª Dama de Portugal. Ativista política.
Notas Biográficas
Maria de Jesus Barroso era filha de uma professora do ensino primária e de um tenente do exército, que devido à oposição ao regime salazarista, foi castigado, preso e finalmente deportado para os Açores. Na adolescência interessa-se pelo teatro e pela arte de dizer poesia, o que a levará a frequentar o Curso de Arte Dramática da Escola de Teatro do Conservatório Nacional e simultaneamente a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, que conclui, em 1951, na Universidade de Lisboa. Quando frequentava a Faculdade conheceu Mário Soares, com o qual viria a casar a 22 de fevereiro de 1949. A convite do ator Assis Pacheco entra companhia de teatro Rey Colaço-Robles Monteiro, estreando-se no Teatro Nacional, em 1944, no Auto da Pastora Perdida e da Velha Gaiteira, de Santiago Prezado. Integrou o elenco de muitas outras peças, designadamente Benilde ou a Virgem Mãe, de José Régio, onde se destacou pela interpretação. É impedida de continuar na companhia de teatro Rey Colaço-Robles Monteiro, pela PIDE, por declamar poemas considerados subversivos. Amiga de Mourão-Ferreira, Sebastião da Gama, Matilde Rosa Araújo, Lindley Cintra, Eurico Lisboa, Joel Serrão, e depois de Sophia e muitos outros "grandes nomes" das artes, literatura, pensamento, desempenhou sempre um papel de relevo no campo da cultura, arte e educação. Foi encenadora e professora de Arte de Dizer no Colégio Moderno, do qual foi diretora. Foi, ainda, professora honorária da Sociedade de Estudos Internacionais de Madrid. Eleita deputada à Assembleia Constituinte e nas legislaturas de 1979, 1980 e 1983, Maria Barroso defendeu a abertura da Escola à comunidade e à família, mediante a colaboração em ações diversas. Ativista dos direitos das mulheres inaugura a Liga dos Direitos das Mulheres, em 1996, destacando-se igualmente na defesa dos direitos das crianças, dos deficientes e das minorias, criando, em 1989, a Emergência Infantil e em 1990 o movimento Emergência Moçambique. Na luta pelos direitos das minorias procede à escritura da Associação para o estudo e Prevenção da Violência e, em 1995, preside à abertura do ciclo de realizações do Ano Internacional de Luta contra o Racismo, a Xenofobia, o antissemitismo e a Exclusão social. Foi da Cruz Vermelha Portuguesa, cargo que exerceu até 2003. Foi ainda sócia-fundadora e presidente do Conselho de Administração da ONGD, desde 1994 até ao seu falecimento, e da Fundação Aristides de Sousa Mendes. Como reconhecimento da personalidade humanista e pela sua ação interventiva em prol dos direitos humanos foi distinguida com o doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Lesley em 1994, pela Universidade de Aveiro, em 1996 e pela Universidade de Lisboa em 1999. Foi-lhe atribuída a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade a 7 de março de 1997.
