Mais autores
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Nesta página listamos alguns autores que ????? Algarve, Matos; António Costa (Costinha - Pintor); Aureliano do Carmo Cruz; Carlos de Oliveira Correia; Eduardo Brazão Gonçalves (antigo aluno da EICF e do Liceu de Faro), Ezequiel Pereira - Professor na Escola Pedro Nunes (Século XIX e XX); Francisco Basílio Santos Pedro; Jacinto Palma Dias; Joaquim Vairinhos; Jorge Escalço Valadas (conhecido por Valadinhas, pintor; diretor da Escola Técnica Elementar Serpa Pinto em 1947/48), Reis D'Andrade; Paulo Cunha; Rosinda Maria Pereira António de Mendonça Vargues; (Manuel José) Sabino; Tomás Ramos (Mestre Canteiro. Foi Aluno da Escola Pedro Nunes); ...
E ficam já alguns textos:
Algarve, Marcos
(Nasceu em Olhão, em 1875. Faleceu em Sintra, em 1960)
- Carta a uma Andorinha
Escrevo-te esta carta para longe,
Sem bem saber a tua direção;
Mas o instinto sereno dalgum monge
Encaminha decerto a minha mão.
Evoco ainda as tuas melodias,
De manhã cedo, sobre o meu beiral;
Não imaginas quantas arrelias
Por não ser esta carta a um pardal...
Falaria com toda a liberdade
E o pitoresco exótico da grei;
Diria com meu ar de santidade
O bem e o mal que em tudo constatei.
As sardinhas de prata do Algarve,
Hoje comida rara e de valor,
Só as come um endinheirado alarve
Ou um voraz e juvenil prior.
Ora vê, andorinha, doce amiga,
Como sentimos já as privações;
Cada dia que passa nova briga
Pela falta de couves e feijões.
Este inverno tem sido de inclemências,
De chuvas e de frios glaciais,
Assim farei as minhas penitências
Para que Deus não nos castigue mais...
A mágoa que apunhala o pensamento
É uma fera lúgubre e feroz...
Meiga andorinha! Luz de sentimento!
Música divinal da tua voz!
A Primavera este ano traz agouros,
Talvez até matanças das mais vis,
Homens civilizados que são mouros
Na fúria dos desmandos incivis...
De resto, minha linda mensageira,
Os meus lamentos são de pecador,
De quem subiu a aspérrima ladeira
À laia de Geraldo Sem Pavor...
Vaidades minhas, velhas fantasias...
Não venhas cá sem consultar alguém:
Um sábio que revolva profecias
Ou jornalista que defenda o bem.
Consulta, por exemplo, o Doutor Lopes,
Que é um sábio complexo e pertinaz,
De clássicos harpejos e galopes,
E que apesar de tudo é bom rapaz.
Pede conselhos ao Dr. Fuzeta,
Que é homem atilado e sabedor,
Romântico dos tempos de Gambeta
E ironista cruel e gladiador...
Se preferes artistas consumados,
O caso é de ouro como o próprio Sol;
Escreve com segredos e cuidados
Ao poeta Guerreiro... Do Tirol.
Manda-lhe tirolesas afamadas,
Ou púdicas donzelas do Sião,
Para que ele a horas desoladas
Volte a sentir a sua inspiração.
Andorinha saudosa que eu ouvia
Nas floridas manhãs do mês de Abril,
Não faças estes anos travessia
Por estas várzeas tépidas de anil.
Pensarás tu na teimosia minha
Ser um produto de secreto mal?
O jornalista Julião Quintinha
Que te elucide como imparcial.
À minha secretária está um neto
Para escrever o que o avozinho
diz. Que tal não é agora o meu aspeto
De amargurado S. Francisco Assis!...
Tempestades brutais e variadas
Arrasaram meu forte coração.
O Mundo com as suas mascaradas
Aniquila saúde, paz, razão...
Águas passadas não moem moinhos
É um velho provérbio popular.
Castas andorinhas! Até os nossos ninhos
São flocos engolidos pelo mar...
Mar tenebroso que sacode tudo
E a mesma Humanidade e estupidez...
Vendo a guerra e o meu neto fico mudo!
O resto logo vai para a outra vez...
(Revista Turismo, Janeiro/Fevereiro de 1942)
- Colaço,Branca de Gonta
(Nasceu em Parada de Gonta, em 1880. Faleceu em 1945)
O seu Algarve
(Nas Homenagens à memória de João Lúcio)
Alto subiu, nas asas do talento;
foi grande e celebrado.
Mas o seu monumento
levantou-o com o próprio sentimento;
— que só quem ama pode ser amado!...
(A Nossa Terra, Maio de 1931)
(Colaboração escrita em 1921 expressamente para um número especial de «A Nossa Terra» de homenagem a João Lúcio, que se não chegou a publicar).
- ARMANDO DE MIRANDA
(Nasceu em Portimão, em 1904. Desconheço a data do falecimento)
Miragens
Ah! Como a Vida parecia bela!
Barquinho esbelto, como de cartão,
Deslizando, ao sabor da viração
Num lago azul e calmo, de aguarela!
Pelas margens corria, paralela,
Fragrante multicor vegetação.
No ar, dormente, errava uma canção...
E a Esperança me impelia a vela!
Mas o lago, traiçoeiro, encapelou-se,
O meu barquinho, frágil, afundou-se,
E eu, náufrago, abraçado a uma tábua.
Gasto a vida a lutar, ingloriamente,
Pr'a resistir à força da corrente,
Pr'a conservar-se à superfície d'água.
(Almanaque do Algarve, 2° Ano, 1943)
- Stockler,J. Santos
(Nasceu em Porches, Lagoa, em 1910. Faleceu em 1989)
A Torre do Sonho
Para Ferreira de Castro este ramo de palavras orvalhadas pelo
humanismo da sua obra
Aqui
na Torre do Sonho
a vida pendura sossegadamente
rosas vermelhas
nas orelhas da terra
Aqui
companheiros dos marinheiros do Outono
a vela do pensamento pode
abrir-se a todo o pano
Pois a palavra atraca tão facilmente
à ilha dos lábios do homem
como as caravelas da saudade
se banham livremente nas margens do rio Sena
Sim
companheiros das horas amargas e tristes aqui os navios da ideia
atracam livremente
ao cais do desejo
Aqui
sim
os poetas podem sentar-se
nos largos ombros da manhã
há milénios acesa
dentro dos olhos dos homens
Portanto vinde para aqui
ó poetas do mundo inteiro
que é deste muro indestilhaçável que sairá
o primeiro canto do hino
que um dia ecoará dentro do peito
da gigantesca montanha humana!<br/
- Poema da minha rua
Para o Poeta Carlos Faria
Para lá das ruas desertas
apenas mais ruas desertas
Para lá das casas vazias
apenas mais casas vazias
E para lá das muralhas do silêncio
apenas mais muralhas do silêncio
Só o eco do desejo vibra
dentro da boca dos caminhos!
(Poemas do Meu Tempo, 1967)
Pires,Narciso Alves
(Nasceu em Lisboa, a 25 de Novembro de 1928. Reside em Lagos)
Sagres
Nesta ponta do mundo onde hoje mora
A saudade sem fim das caravelas
O mar é um amante que ainda chora
Os barcos que seguiram as estrelas!
- O Mar
Se sobre o mar, longe no mar
Cada passagem de cada barco
Marcasse o rumo, deixasse um sulco
Que nunca mais se esvanecesse
O mar seria um Universo
E cada gota teria um nome
E cada onda seria um mundo
Em que o passado talvez vivesse!
(Para Além do Adeus, 2003)
- Sarre,Inês
(Pseudónimo literário de Selma Pousão Lopes.
Nasceu em Olhão, aos 20 de Abril de 1934)
- Tempo de Culpados
Também tu, vento, tu: Frei Agostinho, lacerado,
Escalando: esta: Arrábida, escabrosa, queres: parte:
Deste tempo rasgado de culpados?
Também: meus pensamentos: se: enlearam:
Calceta: na gaveta: de cetim:
Malteses, violentos e feirantes
Nesta tarde de touros de insolência.
Na berma: desta: estrada: escavada: desigual,
É naufrágio: de espuma: o vendaval.
Debaixo dos beirais, sofre-se: menos:
E a chuva: crisma: os sonhos: por iguais:
Passinhos de xadrez: renda chilena:
Ternura e chuvisco: na : vidraça:
Querido fantasma, que: tropeças: trespassa:
O século: chora. Carlota já não vem:
À noite, ver: se: enquanto dorme
Se ouve o rojo do pobre pela praça:
Se o marítimo passa: cinco: velho: da madrugada,
Assobiando morraça de sonhos para o mar:
Se: a badalada da: meia-noite: dança
Outra vez, nua: pela rua, no calor: o luar:
Ou: se: o chilreio, o trilho e até a gargalhada,
Límpida, da ria: lençol de espuma e junco
Já: abriram: dobra, bordada de algas:
A cama prateada da aurora.
Dialéticas razões do Paraíso:
Pássaros já de mil cores: na fantasia:
Vestido de alma, retalhado: em cifras:
Poalha: escrita: em vão: a que chama Poesia:
Que a noite: editora implacável: a borracha na mão:
Vai: apagando: em: silêncio. Nela: perdi:
Os segredos que a praia me ensinava
Nas marés inocentes da manhã: um gosto:
De: brincar? E me tornei, também, neste jogo: de : azar:
Meu pensamento: almogavar: traidor: fronteiro:
Fazendo munição para os seus tanques
Dessa pólvora:longínqua:da pureza.
Parecer ser e não ser é quase nada,
Na infinda invenção de sempre ser.
E volto velha de: uma guerra: incólume:
As rugas são crateras de pasmar.
(Revista Literária SOL XXI, Dezembro de 1992)
- Grade, Fernando
(Nasceu no Estoril, a 1 de Abril de 1943)
Variantes de cão e serra, praia pouca
Ouço o vento a passar bufando com manhas de suão,
traz ovos de pantera que toda a natureza tem.
Sete focinhos medem-se por sete beijos de cão
- facas, pedras e flechas bailam entre a madrasta e a mãe.
Ouço o vento a rugir a caminho dos ciprestes
e dos olhos de cão que toda a beleza sofre.
Matei em mim o cínico saber de dez mestres,
e o único que sigo tem narinas de enxofre.
Ouço o vento canino com raiva de treze serpentes,
vem mansinho bater à minha porta de vagabundo,
e saltam-me da boca em vendaval os próprios dentes.
Vejo reses do mar que o vento arrasta pró fundo,
ouço o vento a rasgar a carne a peixes cruéis
- e abro os dedos em chamas pra deitar fogo às leis.
Ilha da Armona, 3 de Setembro de 1989
(A Minha Pátria É O Sábado,1989)
- Quaresma, José Alberto
(Nasceu em Portimão, aos 3 de Setembro de 1949)
XXVII
Ainda que a terra esteja serena e morna, a areia sob o vértice da falésia fulva de sol e os corpos inertes a ele entregues em amplexos estáticos. O mar ali imenso e discreto a cingir-se além mais vestígio ao céu.
Ainda que os páramos do sonho, onde a felicidade é tangível, não vagueiem longe desta plácida antiquíssima harmonia, haverá alguém, um único ser, que não pode estar. Nem partir.
XXX
É pela noite que os sonhos ficam mais perto da luz, que a luz fica mais perto da voz e que o corpo passa além da angústia do primeiro encontro.
Vai surgindo um oceano intáctil onde as palavras adormecem antes dos sorrisos povoarem o escuro êxtase da morte.
(A Pose Extática, 1990)
- Ventura,António
(Nasceu em Mar de Plata, Argentina, a 7 de Janeiro de 1952. Reside no Algarve desde muito novo).
Vila do Bispo
Os poetas doentes de palavras
habitam litorais enevoados
percorrem praias de calhaus
ao sabor de ventos e marés.
Haverá sempre uma duna
que lhes desperte um sentimento
água límpida, poentes
lágrimas de deuses cinzentos.
Inútil a solidão
da casa da falésia
dos pinheiros na colina
da vegetação ardida
e de novo renascida
pela inevitável passagem das estações.
Melhor a perfeição do casario
a simplicidade da praça
as ruas retilíneas e desertas
deste sul com sabor atlântico
e restos de navios.
- Duarte,Luís
(Nasceu no Porto, a 26 de Maio de 1954. Reside no Algarve)
Fado Nómada
Deixei-te pra trás cidade;
Não sei quando voltarei
Mas de ti levo a saudade
Com que sobreviverei.
Não sei é defeito ou sina
Este constante vaivém...
Meu coração nunca atina
Naquilo em que se detém.
Quando está longe de ti,
A teu seio quer voltar;
Mas logo que vai aí,
Sente a falta doutro mar.
De nostalgias sou feito.
Algum deus mo augurou!
Faço caminhos a eito,
Buscando-me onde não estou.
Viagem Breve
Nos braços do vento frio,
Entro na minha cidade;
Ao fundo desliza o rio
E no horizonte um navio,
Em memórias sem idade.
Levo os silêncios herdados:
No peito o bramir do mar,
Nos lábios versos alados,
Corpos nas mãos desenhados
E neblinas no olhar
Evasão
Suave luz acobreada
Lembra na praia deserta
A minha infância deitada...
Retiro-me de alma incerta,
Não vá o mar despertá-la.
(Quase Silêncios - Regressos.1999-2002, inédito)
- Murta, Fátima
(Nasceu em Estoi, Faro, a 22 de Junho de 1958)
A minha Rua
A minha rua
tem um fado singular
um jeito de me falar
que nem a própria lua
à noite sabe dizer
o que a minha rua
me conta ao adormecer.
Saudades vividas
esperanças contidas
o medo na algibeira
a alegria na bagagem
e sempre esta viagem
pla noite sorrateira.
A minha rua
tem um toque singular
um jeito de me tocar
por cada pedra fria e nua
que nem eu sei dizer
tudo o que a minha rua
me mostra ao entardecer.
- Santos, Manuel Neto Dos
(Nasceu em Alcantarilha, a 21 de janeiro de 1959)
Al-Garbe de Chenchir e Xarajib
Da esplendorosa Xelb da memória;
Reino do sol, da luz, da nossa história,
Do fascínio que tive antes do bibe.
AI-Garbe de AI-Buhera e Aben-Afan,
Da lua nova que no peito guardo
Porque eu, em vez da Cruz, do fel, do cardo
Quero o quarto crescente, o talismã.
Fatemah, Moira Santa do Arum;
Saraus dos versos, das cativas ternas
Prendendo no fascínio-sobre-pernas
A dança, o ramadão e o seu jejum.
Al-Garbe de que sou o porta-voz;
Zagal deste alavão, os versos meus ...
Terra onde vem dormir o próprio Deus
Que as rimas derramou por sobre nós.
Al-Garbe que não canso de cantar
Neste fascínio de alma, embevecido.
Franja da Terra face ao mar estendido
Com a neblina de parta do luar.
Só quando os filhos teus um certo dia
Recusarem o canto de sereia
Que desventra as fazendas, dando a areia
A quem souber falar de "mais valia" ...
Somente então, Al-Garbe, a almedina
Há-de erguer-se no céu sempre estrelado
Do orgulho pelas raízes, pelo passado
Da alma da província mais sulina.
- Pinto,Fernando Esteves
(Nasceu em Cascais, em 1961. Reside em Olhão desde os 20 anos)
Ele leva a cidade para casa.
Entra na sala e aí permanece
como se estivesse no meio de uma praça.
Nem o rumor frágil
nem a essência imperdoável
o fazem desistir do falso cenário.
Evita os objectos amados
e sobre a sua cidade se movimentas
tão subtil e intermitente
recolhendo no corpo os sinais
de uma cumplicidade insubmissa.
As cidades têm as suas palavras,
os seus caminhos solares,
a sua fragilidade tranquila.
A leitura duma cidade é permanente e ágil,
como um transporte verbal,
sólido no seu rumor dinâmico,
entre os blocos residênciais
e um campo nupcial.
As cidades são sempre sem regresso,
em que a inocência inspira
o abandono circular,
como se reunisse na sua existência luminosa
a fértil lucidez,
o nascimento infigurável
de uma presença harmoniosa,
tão perfeita na sua insubmissa
qualidade habitável.
(Ensaio Entre Portas, 1997)
FÁTIMA MURTA (Nasceu em Estoi, Faro, a 22 de Junho de 1958)
A minha Rua
A minha rua tem um fado singular um jeito de me falar que nem a própria lua à noite sabe dizer o que a minha rua me conta ao adormecer.
Saudades vividas esperanças contidas o medo na algibeira a alegria na bagagem e sempre esta viagem pia noite sorrateira.
A minha rua tem um toque singular um jeito de me tocar por cada pedra fria e nua que nem eu sei dizer tudo o que a minha rua me mostra ao entardecer.
MANUEL NETO DOS SANTOS (Nasceu em Alcantarilha, a 21 de janeiro de 1959)
Al-Garbe de Chenchir e Xarajib
Da esplendorosa Xelb da memória;
Reino do sol, da luz, da nossa história,
Do fascínio que tive antes do bibe.
AI-Garbe de AI-Buhera e Aben-Afan,
Da lua nova que no peito guardo
Porque eu, em vez da Cruz, do fel, do cardo
Quero o quarto crescente, o talismã.
Fatemah, Moira Santa do Arum;
Saraus dos versos, das cativas ternas
Prendendo no fascínio-sobre-pernas
A dança, o ramadão e o seu jejum.
Al-Garbe de que sou o porta-voz;
Zagal deste alavão, os versos meus ...
Terra onde vem dormir o próprio Deus
Que as rimas derramou por sobre nós.
Al-Garbe que não canso de cantar
Neste fascínio de alma, embevecido.
Franja da Terra face ao mar estendido
Com a neblina de parta do luar.
Só quando os filhos teus um certo dia
Recusarem o canto de sereia
Que desventra as fazendas, dando a areia
A quem souber falar de "mais valia" ...
Somente então, Al-Garbe, a almedina
Há-de erguer-se no céu sempre estrelado
Do orgulho pelas raízes, pelo passado
Da alma da província mais sulina.
FERNANDO ESTEVES PINTO
(Nasceu em Cascais, em 1961. Reside em Olhão desde os 20 anos)
Ele leva a cidade para casa. Entra na sala e aí permanece como se estivesse no meio de uma praça. Nem o rumor frágil nem a essência imperdoável o fazem desistir do falso cenário. Evita os objectos amados e sobre a sua cidade se movimentas tão subtil e intermitente recolhendo no corpo os sinais de uma cumplicidade insubmissa.
As cidades têm as suas palavras,
os seus caminhos solares,
a sua fragilidade tranquila.
A leitura duma cidade é permanente e ágil,
como um transporte verbal,
sólido no seu rumor dinâmico,
entre os blocos residênciais
e um campo nupcial.
As cidades são sempre sem regresso,
em que a inocência inspira
o abandono circular,
como se reunisse na sua existência luminosa
a fértil lucidez, o nascimento infigurável de uma presença harmoniosa, tão perfeita na sua insubmissa qualidade habitável.
(Ensaio Entre Portas, 1997)