Difference between revisions of "Brito, Sérgio Palma"
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Latest revision as of 14:21, 19 May 2022
- Sérgio Manuel da Palma e Brito
Aljustrel, 1944.
Escritor. Ensaísta. Gestor. Diretor Geral da Confederação de Turismo. Comendador da Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial.
- Sexto ano em Faro, último ano da inocência política, excertos das páginas 55 e 56 de Memórias de um Desertor:
Estou destinado a fazer o sexto e sétimo ano em Beja, a trinta e cinco quilómetros de casa, onde vive uma tia, tenho amigos e conhecidos. Faço escarcéu e consigo que me inscrevam no liceu de Faro no ano escolar de 1959/60. Fica a cento e vinte quilómetros, depois das então terríveis curvas do Caldeirão e não conheço lá ninguém. Sou curioso, atraído pelo Algarve para conhecer o que se passa 'no outro lado da montanha', mesmo se esta é a pacata serra do Caldeirão.
[...]Em Faro começo por ser o desconhecido de toda a gente e faço amigos, alguns ainda de hoje. No ano seguinte, o autocarro da viagem de finalistas faz desvio em Aljustrel só para nos abraçarmos. Recordo Faro por ser o último ano em que não sinto a responsabilidade e o perigo da intervenção política. Recordo a cidade de gente aberta e permitir mais liberdade da relação entre homens e mulheres do que Aljustrel ou Beja que conheço a seguir. Entre o Natal e a Quaresma, ao sábado há bailes para os diversos grupos sociais. São lugar e ocasião onde homens e mulheres se conhecem, falam e apertam os corpos ao som de slows.
- Excerto do livro Direção Geral do Turismo – Contributos Para a História de uma Instituição:
Em 1970, é criada a Região de Turismo do Algarve, constituída pela área de todos os concelhos pertencentes ao distrito de Faro. A criação da RTA é acompanhada por um Plano Geral de Infraestruturas Urbanísticas de Interesse Turístico do Algarve no valor de 300 000 contos e a executar até 31 de Dezembro de 1974.
A comissão Executiva, dotada de autonomia de administrativa e financeira, funciona "também na dependência do Ministério das Obras Públicas, ao qual compete, aprovar os programas de trabalhos anuais e os projectos das obras, autorizar a abertura dos concursos da sua execução, etc."
[...]Na ocorrência, a criação da RTA é dominada pela implementação de um instrumento de acção que visa corrigir o mais grave estrangulamento da oferta turística regional: a grave carência de infra-estruturas urbanísticas[...]
"Não quero ver os meus Pais e amigos viverem com medo da PIDE ou perder o emprego e alguns a ser presos. Não quero ver mineiros e camponeses pobres serem presos e barbaramente torturados. Não quero ver jovens enviados para guerra perdida à nascença. Sobretudo, quero que mineiros e camponeses pobres tenham trabalho humano, e dignidade na habitação, alimentação, saúde, educação, vestuário e calçado. Tão simples, como a que eu então já tenho. E acabar com a Guerra. Adiro ao Partido Comunista Português (clandestino) sem formação política e com único desígnio: derrubar Salazar. Em 1964 sou expulso do IST e denunciado à PIDE por funcionário clandestino do PCP de inesquecível nome, Nuno Alvares Pereira. Em 1965 a PIDE não me prende como acontece a muitos. Ordena ao Ministério do Exército que me incorpore como soldado raso na 1ª Companhia Disciplinar em Penamacor, com condenados de delito comum". Excerto da Biografia de Sérgio Palma Brito publicada num post do seu facebook pessoal, em 25 de abril de 2021, que pode ver na íntegra clicando aqui.
- Notas Biográficas
Sérgio Palma Brito estudou no Colégio de Aljustrel, e nos Liceus de Faro e de Beja. Frequentou o Instituto Superior Técnico tendo sido expulso por motivos políticos, tendo-se formado na Université Libre de Bruxelles em Ciências Económicas, com distinção.<br
Democrata convicto, na vida e nas escolhas políticas, coerentemente interventivo. Fez serviço militar em Penamacor, donde desertou. Passou a fronteira a salto exilando-se na Bélgica, onde se formou na Université Libre de Bruxelles em Ciências Económicas, com distinção. Com o 25 de Abril regressou a Portugal, desempenhando altos cargos em diferentes áreas, mas sobretudo ligadas ao turismo e à aviação comercial.
Em 2014, foi consultor no Centro Internacional de Investigação sobre Território e Turismo (Universidade do Algarve).
Atualmente exerce a função de Senior Analyst de Turismo e Transporte Aéreo
Consultor independente – uma maneira diferente de abordar o Turismo.
A sua competência e conhecimentos valeram-lhe uma Medalha de Mérito e o título de Comendador.
É de salientar a importâncias dos valores democratas no intervencionismo, no movimento estudantil universitário, na deserção à guerra colonial e no consequente exílio em Bruxelas.
- Bibliografia:
- Notas Sobre a Evolução do Viajar e a Formação do Turismo, 2 volumes, 2003:
- Território e Turismo no Algarve, 2009;
- Imobiliária do Lazer e Turismo Residencial, 2010;
- Sustentabilidade, Ordenamento do Território e Ambiente, 2010;
- Direção Geral do Turismo – Contributos Para a História de uma Instituição, 2011;
- Memórias de um Desertor – de Aljustrel a Bruxelas Via Penamacor, 2020;
- TAP – Que Futuro? como chegámos aqui?! 2020;
- Albufeira – Formação e Futuro do Turismo (em publicação).
- Veja mais sobre Sérgio Palma Brito nos seguintes links:
- wook.pt
- Facebook pessoal do qual partilhamos uma publicação de 27/11/2019 onde Sérgio Palma Brito recorda que "Joaquim Magalhães foi o grande professor do Liceu de Faro que em 1960 me deu lição para a vida: “Numa Récita de Finalistas ainda vai, mas não voltes a representar (teatro) porque não tens jeito nenhum”. Afinal algum jeito terei para outras cenas. Em 1985 entrega-me o Prémio Imprensa da então Comissão Regional de Turismo do Algarve, que ganhei com Teodomiro Neto. Na base, uma série de artigos sobre o Algarve que publiquei no Diário de Notícias graças à generosidade do Mário Mesquita. Viver também é recordar."
Sérgio Palma Brito com Joaquim Magalhães
- Galerias de imagens relativas às Conversas Tertulianas realizadas em Beja, com Sérgio Palma Brito.