Difference between revisions of "Penteado, Manuel"
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− | - Foi cronista do Jornal do Comércio.<br /> | + | - Foi cronista do '''Jornal do Comércio'''.<br /> |
− | As obras | + | As obras '''''Doentes''''','''''Livro Proibido''''' e '''''Póstumas''''' Foram escritas em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.<br /> |
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+ | [ahistoriaiberica.blogspot.com/2019/01/fialho-de-almeida-vida-boemia-de-lisboa.html - Curiosidade sobre a vida de Manuel Penteado em Lisboa: À época, Lage habitava numa pensão, “uma curiosa toca de bons literatos e artistas, conhecida nas tertúlias pelo nome de “Ilha dos Kágados”, no largo de Camões, em Lisboa. Os seus hóspedes, e colegas de Lage, eram já figuras de relevo desse tempo: '''Manuel Penteado (1874-1911), militar, médico, escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade, tendo escrito algumas obras de relevo, como Operações Cesarianas, e Livro Proibido, em parceria com Fialho de Almeida, Júlio Dantas e Henrique Vasconcelos,entre outros; Penteado colaborou ainda nos seguintes jornais: Diário Ilustrado, Diário da Manhã e Correio da Manhã;'''<br />O poema “A parábola do pucaro d’agua”, dedicado a '''Manuel Penteado''', cuja identificação não é fácil de encontrar, inicia com uma citação do historiador francês Michelet, extraída | ||
+ | de “O Povo” (facultada em versão portuguesa), que, como este título indica, sobrevaloriza a camada popular, no que à arte diz respeito, contrariamente ao que “Acreditaram os românticos”, visto que “o viver do povo encerra em si uma poesia sagrada.”, “na pequenez e na humildade”, relembrando-o as “sombras de Rembrandt”. Evocar Michelet para tratar de uma questão de “púcaro de água”, numa poesia, dá que pensar.] | ||
Revision as of 16:40, 21 February 2022
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Manuel Penteado
Faro - 1874/1911
Escritor, cronista, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.Escreveu poesias e peças de teatro. Faro dedica-lhe uma Rua.
- Notas Biográficas
FIGURAS DE FARO - MANUEL PENTEADO
Manuel Penteado (1874/1911) é natural de Faro. Foi escritor, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.
Os seus biógrafos reconhecem nele um escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade que, só pela sua natural modéstia e reserva não logrou maior aceitação junto do público.
Escreveu "Operações Cesarianas" e "Os Outros". As obras "Doentes","Livro Proibido" e "Póstumas" escreveu em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.
Em 1874 governava em Portugal D. Luís "o POPULAR" (1861/1889) mas pensamos que o Dr. Manuel Penteado terá vivido mais no reinado de D.Carlos (1889/ 1908).
O problema político que dominava o País nessa altura era a questão do"Ultimato" do governo britânico - entregue a 11 de Janeiro de 1890 por um "Memorando" - a Portugal, para a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola, no actual Zimbabwe , a pretexto de um incidente ocorrido entre portugueses e Macololos.
- Pode ler o texto completo publicado por João Brito Sousa aqui:
- Bibliografia:
- Operações cesarianas,
- Livro Proibido,(Profecias, Farças & Sandices), em colaboração com Henrique Vasconcelos; ilustrações de Celso Hermínio e Francisco Teixeira, Lisboa 1904.
- Doentes,(1897), em co-autoria com Júlio Dantas
- Os Outros
- As creanças Sociedade Futura, N.º 11, 15 de Outubro de 1902, Hygiene, p. 4
- Póstumas
- Foi cronista do Jornal do Comércio.
As obras Doentes,Livro Proibido e Póstumas Foram escritas em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu.
- Os desconhecidos
Júlio Dantas
'(A Manuel Penteado)
Dois cadáveres — vede — aguardam o meu corte:
Um homem gigantesco e uma mulher perdida.
Dormem nus, sobre a pedra, unidos pela morte,
E talvez, sem se ver, passaram pela vida.
Ele, o morto, na seca e descarnada espalda
Tem nomes de mulher e várias tatuagens;
Treme de nojo o sol na sua pele jalda
E abrem-lhe a boca verde uns esgares selvagens.
De tórax d’esmeralda, asa tecida d’ouro,
Uma nervosa mosca, em passos indolentes,
Para entrar-lhe na boca aflora o buço louro
E começa a descer pela escada dos dentes.
Morto há dias, olhai que a rigidez se perde
E que o seu corpo está gelatinoso e elástico:
Suas costelas são como um teclado verde,
Digno das longas mãos dum pianista fantástico!
Ela morreu de parto: entre as airosas coxas
Que doira como um fruto uma lanugem pouca,
Um feto mostra ao sol as suas carnes roxas,
Ajoelhado, a rir, sem olhos e sem boca.
Tem rugas sobre o ventre, e lembra, cada ruga,
As que a pedra ao cair traça nos verdes pântanos:
Os seus cabelos são dum ruivo tartaruga,
O seu rictus perturba e o seu olhar espanta-nos.
Bate-lhe em cheio o sol, como losango d’ouro;
Tem no seio listrões de sangue que secou:
E pelo flanco enorme, e pelo púbis louro,
Lembra os ventres brutais que Van Miéris pintou.
Dir-se-ia que o morto a olha, — reparai,
E lhe espreita e deseja as carnes violadas;
D’aí, quem sabe lá se ele seria o pai
Daquele feto roxo a rir às gargalhadas!
https://archive.org/stream/fialhodealmeidai00barruoft/fialhodealmeidai00barruoft_djvu.txt
- Veja mais sobre Manuel Penteado nos seguintes links:
https://marafado.wordpress.com/2009/02/28/manuel-penteado/ - Link onde se faz referência à existência de uma rua em Faro com o seu nome]
http://ric.slhi.pt/Sociedade_Futura/autor?id=aut_0000040502
https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Dantas
https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/4904/3/livro_FAlmeida%5B2%5D.pdf
https://www.uf-faro.pt/toponimia/ruas.pdf
https://www.livrariaalfarrabista.com/?pesq=sim - LIVRO PROHIBIDO (PROFECIAS, FARÇAS & SANDICES)Ano: 1904 1ª Edição Lisboa; Centro Typographico Colonial; In-8º de141(5) páginas; Encadernado. Fialho d´Almeida, Abundio Gomes e Manuel Penteado escreveram, Celso Herminio e francisco Teixeira Interpretaram."Vae o leitor assistir a um espectaculosinho em três actos complexo- tragédia, comédia de salão e uma revista politica e de costumes- onde tres escritorestrataram de lhe resumir, em tres figurações diferentes, o quantum d´anotação filosofica, optimismo ou agrura dos seus espiritos fasciados."Exemplar encadernado, aparado, possui pequenas manchas de acidez nas capas de brochura, miolo em bom estado de conservação.
https://orientalistasdelinguaportuguesa.wordpress.com/antonio-joaquim-de-castro-feijo/ - Embora o impacto de Cancioneiro chinez na literatura portuguesa não seja fácil de determinar, são vários os diálogos intertextuais que se detectam na viragem do século: Idyllios chinezes (1897), do poeta brasileiro Luís Guimarães, Filho (1876-1940); Lei-San – Phantasia dramatica em um acto (1903), de Manuel Penteado (1874-1911), peça representada no Teatro D. Amélia a 31 de Março de 1903; e Lin-Tchi-Fá. Poesias do Extremo Oriente (1925), obra única de Maria Tamagnini (1900-1933).
[ahistoriaiberica.blogspot.com/2019/01/fialho-de-almeida-vida-boemia-de-lisboa.html - Curiosidade sobre a vida de Manuel Penteado em Lisboa: À época, Lage habitava numa pensão, “uma curiosa toca de bons literatos e artistas, conhecida nas tertúlias pelo nome de “Ilha dos Kágados”, no largo de Camões, em Lisboa. Os seus hóspedes, e colegas de Lage, eram já figuras de relevo desse tempo: Manuel Penteado (1874-1911), militar, médico, escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade, tendo escrito algumas obras de relevo, como Operações Cesarianas, e Livro Proibido, em parceria com Fialho de Almeida, Júlio Dantas e Henrique Vasconcelos,entre outros; Penteado colaborou ainda nos seguintes jornais: Diário Ilustrado, Diário da Manhã e Correio da Manhã;
O poema “A parábola do pucaro d’agua”, dedicado a Manuel Penteado, cuja identificação não é fácil de encontrar, inicia com uma citação do historiador francês Michelet, extraída
de “O Povo” (facultada em versão portuguesa), que, como este título indica, sobrevaloriza a camada popular, no que à arte diz respeito, contrariamente ao que “Acreditaram os românticos”, visto que “o viver do povo encerra em si uma poesia sagrada.”, “na pequenez e na humildade”, relembrando-o as “sombras de Rembrandt”. Evocar Michelet para tratar de uma questão de “púcaro de água”, numa poesia, dá que pensar.]
in [[File:Logo-arquivo-pt.png | link=https://arquivo.pt/ |
http://bracosaoalto.blogspot.com/2007/12/figuras-d-efaro-dr-manuel-penteado.html
FIGURAS DE FARO
Dr. MANUEL PENTEADO
Manuel Penteado (1874/ 1911) é natural de Faro. Foi escritor, militar e médico, tendo ocupado o lugar de tenente médico do quadro de Saúde do Ultramar e foi também cirurgião no Hospital de S. José em Lisboa.
Os seus biógrafos reconhecem nele um escritor talentoso e poeta de grande sensibilidade que, só pela sua natural modéstia e reserva não logrou maior aceitação junto do público. Escreveu “Operações Cesarianas” e “Os Outros”. As obras “Doentes”, “Livro Proibido” e ”Póstumas” escreveu em colaboração com Fialho de Almeida, Henrique de Vasconcelos, Júlio Dantas, Júlio Bastos e José Abreu,
Em 1874 governava em Portugal D. Luís “o POPULAR” (1861/1889) mas pensamos que o Dr. Manuel Penteado terá vivido mais no reinado de D. Carlos (1889/ 1908).
O problema político que dominava o País nessa altura era a questão do “Ultimato” do governo britânico - entregue a 11 de Janeiro de 1890 por um "Memorando" – a Portugal, para a retirada das forças militares existentes no território compreendido entre as colónias de Moçambique e Angola, no actual Zimbabwe , a pretexto de um incidente ocorrido entre portugueses e Macololos.
A zona era reclamada por Portugal, que a havia incluído no famoso Mapa cor-de rosa, reclamando a partir da Conferência de Berlim uma faixa de território que ia de Angola à contra-costa, ou seja a Moçambique
A impossibilidade de resistência leva à imediata queda do governo, sendo nomeado a 14 de Janeiro um novo ministério presidido por António de Serpa Pimentel. Inicia-se um profundo movimento de descontentamento social, implicando directamente a família reinante, vista como demasiado próxima dos interesses britânicos, na decadência nacional patente no ultimato.
Os republicanos capitalizam este descontentamento, iniciando um crescimento e alargamento da sua base social de apoio que levará à implantação da república em 5 de Outubro de 1910.
Alimentando esse ambiente de quase insurreição, a 23 de Março, António José de Almeida, estudante universitário em Coimbra e futuro presidente da república, publica um artigo com o título Bragança, o último, que será considerado calunioso para o rei e o levará à prisão, e a 11 de Abril é posto à venda o Finis Patriae de Guerra Junqueiro ridicularizando a figura do rei. Formalizando a cedência portuguesa, a 20 de Agosto é assinado o Tratado de Londres entre Portugal e a Grã-Bretanha, definindo os limites territoriais de Angola e Moçambique. O tratado foi publicado no Diário do Governo de 30 de Agosto e apresentado ao parlamento na sessão de 30 de Agosto, o que desencadeia novos protestos e nova queda do governo.
Foi neste ambiente conturbado que viveu o Dr. Manuel Penteado.
Bibliografia consultada: História de Portugal de Tomás de Barros Histórias à Solta nas Ruas de Faro de Dr. Libertário Viegas
Recolha de João Brito Sousa