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Poeta. Aluno da Escola Industrial e Comercial de Faro/Escola Secundária de Tomás Cabreira, em Faro.<br /> | Poeta. Aluno da Escola Industrial e Comercial de Faro/Escola Secundária de Tomás Cabreira, em Faro.<br /> |
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Orlando Augusto da Silva
Setúbal, 17/05/1927 - Faro, 13/05/2015
Poeta. Aluno da Escola Industrial e Comercial de Faro/Escola Secundária de Tomás Cabreira, em Faro.
- Do livro "Folhas e Flores de Mim" transcrevemos alguns poemas:
Insónias
O sono encurta
E a noite alonga,
Então sou náufrago
No mar obscuro da insónia
Onde o farol da vida
Ilumina o confuso
E confunde o presente
Que se afunda nas águas
Negras e profundas
Do pensamento confundido,
Nos destroços do naufrágio
Deste mar de maré viva
Se afunda o real
E se perde a flor de sal.
P'la manhã outra miragem,
Olho defronte
Vejo a paisagem
Outro horizonte ...
'Enfim
É mais efémero o ruído
Do aplauso
Que o silêncio da ternura,
Um permanece no olvido,
Outro fica quedo, perdura.
Lavrador
Numa entrega total, o lavrador,
Num esforço heróico quase bruto,
Desbrava e trata a terra com fervor
Na esp´rança do almejado fruto.
De si se esquece e pouco lhe dói;
Numa luta imensa, nunca se cansa…
Com trabalho insano ele constrói,
E o que fora sonho, torna-se esperança.
Que imenso esforço tiveste!...
Quanto suor te correu p´la testa…
Ao rasgares esses montes tu fizeste,
De matos esquecidos, enorme festa.
Quantos anos nessa forma se quedaram
Esses montes de estevas e silvados;
Que, p´la força do engenho se tornaram
Em campos de querer, agora cultivados.
Como enormes cabeças de gigantes,
Ou hirtos seios de Deusas adormecidas,
Nesses montes surgirão refrescantes,
Árvores de fruto, e sombras apetecidas.
E mais não foi que a vontade de querer;
De dar à terra ávida e ressequida,
O braço forte e a água que quiser…
Dessedentando-a, e dar-lhe vida.
Do livro “Avô”2001
Enviado pelo Poeta Orlando Augusto da Silva e publicado pela Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira em 10:35 AM 7/28/2011 01:29:00 da tarde
- Notas Biográficas
Orlando Augusto da Silva nasceu em Setúbal, em 1927. Frequentou a Escola Secundária Tomás Cabreira, então repartida entre a Rua do Município e o Largo da Sé, mas tudo na “Vila-a-Dentro”. Desenvolveu grande atividade literária que se concretizou em diversas obras publicadas e com presença em várias antologias de “poetas dos PALOP’S”. Paralelamente, no setor da indústria do plástico, lançou novas realizações, impulsionando a economia local, com fábrica própria ali para o “Campo dos Blocos” (Bom João de Baixo) e estabelecimento comercial, na Rua Filipe Alistão. Na nota de pesar escrita pelo jornalista João Leal transcrevemos o seguinte parágrafo:<"Cidadão de comportamento cívico testemunhante fez um reto e honesto caminho de vida que motivava um assumido e geral apreço. Deixou-nos para todo o sempre e com ele foi abatida mais uma presença da resenha de cidadãos, a quem testemunhamos, como nascidos em Faro, o nosso apreço e admiração, por quantos não havendo vindo ao mundo nesta capital sulina, a amam como seus filhos."
- Bibliografia
"Flores e Folhas de mim"2011
"Avô"2001
TerraLuz- Colectânea de Poesia de Poetas AlgarviosCasa do Algarve em Lisboa 2014
FLORES E FOLHAS DE MIM é um livro de versos, como o autor, Orlando Augusto da Silva pretende justificar a sua poesia intimista. E… até bela!
A construção lírica de Flores e Folhas de Mim, porque nada é hiperbólico na poesia de Orlando, são fios de água, são cores do poente, é um lago azul onde se espelha a natureza; pelo que a tratamos como poesia naturalista, associada aos quadros que se apresentam, como Algarve Azul: “Neste chão em declive até ao mar/porta aberta ao azul e à claridade, é uma imagem retratada pela palavra, que por vezes não esmorece para um João Lúcio.
Ainda, nessa poesia, num espaço intimista, Orlando tem a família mais jovem para a sua inspiração. Então chama a poesia, acende a lanterna num apelo de simplicidades e ela vem; e, numa surpresa, cria imagens e exclama: És a poesia! Por vezes surges, sublime, alada, / e apanhas-me em total surpresa: / Tão subtil, tão terna e calada, / como luzente candeia acesa.
Orlando Augusto da Silva fez um hiato poético por via profissional. Retoma a lírica, em tempo de repouso, para manter a racionalidade activa. E é nessa recuperação, não tanto de poética contemporânea, mas nessa maneira de escrita que lhe vem de fundo cultural e herdada (dos poetas emblemáticos que se situam entre o decadentismo e o simbolismo), que foi absorvendo nessa verve do Gharb al-Ândalus e que ganhou uma tonalidade própria para muitos herdeiros algarvios, nessa sublimidade em construir palavras a que o autor chama de versos e eu de lirismo, e que se confunde no espírito da vida que se constrói e que não o aguentamos, libertando-o da caixa dos arquivos guardados.
No poema Amendoeiras, Orlando Augusto retrata-se no cenário natural do seu Algarve, tendo a flora característica, a que se junta a alfarrobeira e a figueira, como tema fundamental e naturalista, que não recusa para a sua inspiração poética, nesse fio regional em que Ataíde Oliveira “pinta” a nossa memória colectiva, as lendas, em que as flores das amendoeiras se fizeram na neve desejada…
[https://www.avozdoalgarve.pt/detalhe.php?id=3325 - 2014 - Casa do Algarve em Lisboa apresenta TerraLuz- Colectânea de Poesia de Poetas Algarvios onde Orlando Augusto da Silva também se encontra representado.}