Difference between revisions of "Lopes, Francisco Fernandes"

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Olhão, 1884 - Lisboa em 1969.<br />
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'''Destaque Biográfico'''
 
'''Destaque Biográfico'''
  
  Médico. Historiador. Escritor. Musicógrafo. Músico. Professor do Liceu [[:Category:Agr. João de Deus, em Faro | João de Deus, em Faro]] e professor e diretor da [[:Category:Escola Primária Superior de Faro | Escola Primária Superior de Faro.]] Expoente da cultura algarvia, reconhecido a nível nacional e internacional. Patrono da [[:Category:Agr. Francisco Fernandes Lopes, em Olhão | Escola Secundária de Olhão e do Agrupamento de escolas com o seu nome.]]
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  Médico. Historiador. Escritor. Musicógrafo. Músico. Professor do Liceu [[:Category:Agr. João de Deus, em Faro | João de Deus, em Faro]] e professor e diretor da [[:Category:Escola Primária Superior de Faro | Escola Primária Superior de Faro.]] Expoente da cultura algarvia, reconhecido a nível nacional e internacional. Patrono da [[:Category:Agr. Francisco Fernandes Lopes, em Olhão | Escola Secundária de Olhão e do Agrupamento de escolas com o seu nome.]]<br />
  
'''Francisco Fernandes Lopes''' frequentou a instrução primária na escola régia de Olhão e prosseguiu os estudos no [[:Category:Agr. João de Deus, em Faro | Liceu (João de Deus) de Faro, na última década do século XIX]] e nos Liceus do [[:Category:Esc. Secundária de Camões, em Lisboa | Carmo]] e da [[:Category:Esc. Secundária de Camões, em Lisboa | Regaleira]], em Lisboa, nos primeiros anos do século XX (*veja uma nota sobre estes liceus no final desta página). Doutorou-se, em 1916, com a brilhante média de 19 valores, depois de apresentar uma tese sobre "Drogas e Farmacopeia" e foi convidado para lecionar nas universidades de Lisboa e do Porto, o que recusou por querer voltar e ficar em Olhão.<br />
 
Entre os muitos cargos que desempenhou destacam-se:<br />
 
Médico Municipal, Subdelegado de Saúde e Diretor Clínico do Hospital de Olhão, Médico das Caixas de Previdência, representante das Ordens dos Médicos, Advogados e Engenheiros no Conselho Municipal, Juiz do Tribunal da Tutoria da Infância.<br />
 
Escreveu em vários jornais regionais, nacionais e em revistas francesas. "Foi diretor da revista Afinidades, de cultura luso-francesa, editada em Faro e Lisboa, de 1942 a 1946, que teve como colaboradores sumidades como '''Abel Salazar, Adolfo Casais Monteiro,  João Gaspar Simões, Mário Dionísio, Lionel de Roulet e sua mulher Hélène de Beauvoir, André Malraux,  Antoine Saint-Exupèry, Jean-Paul Sartre  e Simone de Beauvoir'''."<br />
 
Ainda "colaborou em periódicos de grande difusão e relevância no panorama cultural nacional – ''Seara Nova, Petrus Nonius, Atlântico, Brotéria'', etc. Integrou o movimento cultural ''Seara Nova'', e manteve contacto com importantes intelectuais da cultura portuguesa seus  contemporâneos, tais como '''Francisco Pulido Valente, Amílcar Ramada Curto''' – ambos seus colegas no Liceu da Regaleira em Lisboa –, '''Luís da Câmara Reis, Leonardo Coimbra, Raul Proença, Fernando Pessoa, Joaquim de Carvalho''', entre muitos outros".
 
in [https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/5965/1/TESE%20MESTRADO%20Francisco%20Fernandes%20Lopes%20%281884- Participou igualmente em obras colectivas, como a ''Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e Dicionário da História de Portugal''. <br />
 
"No âmbito da investigação musicológica, deve-se-lhe um importante contributo na identificação da música das '''''Cantigas de Santa Maria''''', de '''Afonso X''', em 1934. Escreveu ''A Figura e a Obra do Infante D. Henrique (1960)'' e compôs várias peças para piano e canto, para além de um bailado, intitulado ''Cristóvão Colombo''. Pertenceu ao grupo da Renascença Portuguesa. <br />
 
'''Fernandes Lopes e Fernando Pessoa''' conheceram-se, por volta de 1919, na Brasileira do Chiado. O médico lembra, em 1942, nas páginas da ''Seara Nova'', uma longa conversa, cujo tema central era a filosofia de Bergson, com o poeta, em deambulação até de madrugada pelas ruas de Lisboa. Este mesmo encontro é referido por '''Pessoa''' numa carta de 20-4-1919, propondo a sua colaboração numa revista portuguesa destinada ao estrangeiro, a ser publicada alternadamente em francês e inglês"...
 
in [https://modernismo.pt/index.php/f/583-francisco-fernandes-lopes modernismo.pt.]
 
 
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'''Fernando Pessoa''' numa carta (ver parágrafo acima) a '''Francisco Fernandes Lopes''' diz-lhe: "Se me dirijo a V. sobre este assunto, é que não esqueci aquelas horas magníficas em que V., sob a arcada do Teatro Nacional, desfez a golpes de raciocínio o sistema filosófico de Bergson. O que nós queremos é, escrito e lúcido, esse seu argumento".<br />
 
- [https://arquivo.pt/wayback/20151113132322/http://www.escritas.org/pt/t/777/cartas-a-francisco-fernandes-lopes nota: clicando aqui pode ler toda esta carta publicada numa página entretanto desaparecida, mas recuperada pelo Arquivo.pt.]
 
Teve, contudo, resposta negativa esta solicitação de "'''Fernando Pessoa''' que, segundo três cartas datadas de 1919, o convidou para um projecto de edição de uma revista sobre cultura portuguesa dedicada a estrangeiros. Para '''Fernando Pessoa''', apenas '''Francisco Fernandes Lopes''' e mais uns poucos (nunca referidos mas que seriam "[quase] numericamente ninguém"...) teriam os golpes de génio necessários para mostrar no estrangeiro a grandeza intelectual da cultura portuguesa...<br />
 
in [https://pt.linkfang.org/wiki/Francisco_Fernandes_Lopes pt.linkfang.org/].1969%29%2c%20histor.pdf Dissertação de Andreia Lopes Fidalgo.]
 
  
 
*Excerto de '''Como Casou Eça de Queiroz..., '''artigo de Francisco Fernandes Lopes, na revista Seara Nova, ano XXV, n.º 972, de 1946.<br />
 
*Excerto de '''Como Casou Eça de Queiroz..., '''artigo de Francisco Fernandes Lopes, na revista Seara Nova, ano XXV, n.º 972, de 1946.<br />
 
 
Aguçámos a curiosidade e ouvimos então a historieta.<br />
 
Aguçámos a curiosidade e ouvimos então a historieta.<br />
 
Eça de Queiroz, cônsul em Inglaterra, viera a Lisboa, onde então estava o seu amigo Manuel, conde de Resende, hospedado no Hotel Borges. Indo lá uma manhã, encontra o amigo a barbear-se... Sentou-se, palestraram, enquanto o Manuel continuava a barbear-se; e no entretanto veio o correio: era uma carta, que o Eça recebeu da mão do criado, e que o Manuel, continuando abarbear-se, dizendo-lhe o Eça que era de sua casa, pela marca do correio, pediu ao José Maria que lesse... Talvez más notícias, acrescentou, pois andava apreensivo com o caso de sua irmā Emilia, adoentada, exquisita desde há tempo. Eça abriu a carta e começou a leitura: a carta era efectivamente da irmã Emilia, tranquilizando o irmão acerca das suas apreensões quanto à saúde dela e explicando-lhe que a razão das suas agonia será aquilo que agora lhe confessava com toda a sinceridade e franqueza: a paixão que em si sentira ter ido crescendo pelo seu amigo José Maria!... E a tal ponto chegara, que, devia acrescentar, para sua decisiva elucidação: se não viesse a casar com ele, não pensaria em casar com outro!...<br />
 
Eça de Queiroz, cônsul em Inglaterra, viera a Lisboa, onde então estava o seu amigo Manuel, conde de Resende, hospedado no Hotel Borges. Indo lá uma manhã, encontra o amigo a barbear-se... Sentou-se, palestraram, enquanto o Manuel continuava a barbear-se; e no entretanto veio o correio: era uma carta, que o Eça recebeu da mão do criado, e que o Manuel, continuando abarbear-se, dizendo-lhe o Eça que era de sua casa, pela marca do correio, pediu ao José Maria que lesse... Talvez más notícias, acrescentou, pois andava apreensivo com o caso de sua irmā Emilia, adoentada, exquisita desde há tempo. Eça abriu a carta e começou a leitura: a carta era efectivamente da irmã Emilia, tranquilizando o irmão acerca das suas apreensões quanto à saúde dela e explicando-lhe que a razão das suas agonia será aquilo que agora lhe confessava com toda a sinceridade e franqueza: a paixão que em si sentira ter ido crescendo pelo seu amigo José Maria!... E a tal ponto chegara, que, devia acrescentar, para sua decisiva elucidação: se não viesse a casar com ele, não pensaria em casar com outro!...<br />
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- 1964- [http://www.olhaocubista.pt/Personalidades/TextosFFL/CasamentoE%C3%A7aQueiroz.pdf Neste link pode ler todo o artigo acima no site da APOS.)]
 
- 1964- [http://www.olhaocubista.pt/Personalidades/TextosFFL/CasamentoE%C3%A7aQueiroz.pdf Neste link pode ler todo o artigo acima no site da APOS.)]
  
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'''Fernando Pessoa''' numa carta (ver parágrafo acima) a '''Francisco Fernandes Lopes''' diz-lhe: "Se me dirijo a V. sobre este assunto, é que não esqueci aquelas horas magníficas em que V., sob a arcada do Teatro Nacional, desfez a golpes de raciocínio o sistema filosófico de Bergson. O que nós queremos é, escrito e lúcido, esse seu argumento".<br />
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- [https://arquivo.pt/wayback/20151113132322/http://www.escritas.org/pt/t/777/cartas-a-francisco-fernandes-lopes nota: clicando aqui pode ler toda esta carta publicada numa página entretanto desaparecida, mas recuperada pelo Arquivo.pt.]
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Teve, contudo, resposta negativa esta solicitação de "'''Fernando Pessoa''' que, segundo três cartas datadas de 1919, o convidou para um projecto de edição de uma revista sobre cultura portuguesa dedicada a estrangeiros. Para '''Fernando Pessoa''', apenas '''Francisco Fernandes Lopes''' e mais uns poucos (nunca referidos mas que seriam "[quase] numericamente ninguém"...) teriam os golpes de génio necessários para mostrar no estrangeiro a grandeza intelectual da cultura portuguesa...<br />
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in [https://pt.linkfang.org/wiki/Francisco_Fernandes_Lopes pt.linkfang.org/].1969%29%2c%20histor.pdf Dissertação de Andreia Lopes Fidalgo.]
  
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'''Francisco Fernandes Lopes''' frequentou a instrução primária na escola régia de Olhão e prosseguiu os estudos no [[:Category:Agr. João de Deus, em Faro | Liceu (João de Deus) de Faro, na última década do século XIX]] e nos Liceus do [[:Category:Esc. Secundária de Camões, em Lisboa | Carmo]] e da [[:Category:Esc. Secundária de Camões, em Lisboa | Regaleira]], em Lisboa, nos primeiros anos do século XX (*veja uma nota sobre estes liceus no final desta página). Doutorou-se, em 1916, com a brilhante média de 19 valores, depois de apresentar uma tese sobre "Drogas e Farmacopeia" e foi convidado para lecionar nas universidades de Lisboa e do Porto, o que recusou por querer voltar e ficar em Olhão.<br />
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Entre os muitos cargos que desempenhou destacam-se:<br />
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Médico Municipal, Subdelegado de Saúde e Diretor Clínico do Hospital de Olhão, Médico das Caixas de Previdência, representante das Ordens dos Médicos, Advogados e Engenheiros no Conselho Municipal, Juiz do Tribunal da Tutoria da Infância.<br />
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Escreveu em vários jornais regionais, nacionais e em revistas francesas. "Foi diretor da revista Afinidades, de cultura luso-francesa, editada em Faro e Lisboa, de 1942 a 1946, que teve como colaboradores sumidades como '''Abel Salazar, Adolfo Casais Monteiro,  João Gaspar Simões, Mário Dionísio, Lionel de Roulet e sua mulher Hélène de Beauvoir, André Malraux,  Antoine Saint-Exupèry, Jean-Paul Sartre  e Simone de Beauvoir'''."<br />
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Ainda "colaborou em periódicos de grande difusão e relevância no panorama cultural nacional – ''Seara Nova, Petrus Nonius, Atlântico, Brotéria'', etc. Integrou o movimento cultural ''Seara Nova'', e manteve contacto com importantes intelectuais da cultura portuguesa seus  contemporâneos, tais como '''Francisco Pulido Valente, Amílcar Ramada Curto''' – ambos seus colegas no Liceu da Regaleira em Lisboa –, '''Luís da Câmara Reis, Leonardo Coimbra, Raul Proença, Fernando Pessoa, Joaquim de Carvalho''', entre muitos outros".
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in [https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/5965/1/TESE%20MESTRADO%20Francisco%20Fernandes%20Lopes%20%281884- Participou igualmente em obras colectivas, como a ''Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e Dicionário da História de Portugal''. <br />
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"No âmbito da investigação musicológica, deve-se-lhe um importante contributo na identificação da música das '''''Cantigas de Santa Maria''''', de '''Afonso X''', em 1934. Escreveu ''A Figura e a Obra do Infante D. Henrique (1960)'' e compôs várias peças para piano e canto, para além de um bailado, intitulado ''Cristóvão Colombo''. Pertenceu ao grupo da Renascença Portuguesa. <br />
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'''Fernandes Lopes e Fernando Pessoa''' conheceram-se, por volta de 1919, na Brasileira do Chiado. O médico lembra, em 1942, nas páginas da ''Seara Nova'', uma longa conversa, cujo tema central era a filosofia de Bergson, com o poeta, em deambulação até de madrugada pelas ruas de Lisboa. Este mesmo encontro é referido por '''Pessoa''' numa carta de 20-4-1919, propondo a sua colaboração numa revista portuguesa destinada ao estrangeiro, a ser publicada alternadamente em francês e inglês"...
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in [https://modernismo.pt/index.php/f/583-francisco-fernandes-lopes modernismo.pt.]
  
 
*'''Bibliografia - Disponível nas Bibliotecas Municipais de Faro ou Olhão'''<br />
 
*'''Bibliografia - Disponível nas Bibliotecas Municipais de Faro ou Olhão'''<br />
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A figura e a obra do Infante D. Henrique, 1994, BMF.<br />
 
A figura e a obra do Infante D. Henrique, 1994, BMF.<br />
 
Medicina e história : Contra a epidemia do Integralismo lusitano: Cartas a um jovem integralista, 2009, BMF e BMO.<br />
 
Medicina e história : Contra a epidemia do Integralismo lusitano: Cartas a um jovem integralista, 2009, BMF e BMO.<br />
 
 
 
 
*'''Sobre Francisco Fernandes Lopes''':<br />
 
*'''Sobre Francisco Fernandes Lopes''':<br />
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O doutor Fernandes Lopes : apontamento bio-bibliográfico, de Antero Nobre, 1984, BMO.<br />
 
O doutor Fernandes Lopes : apontamento bio-bibliográfico, de Antero Nobre, 1984, BMO.<br />
 
No centenário do nascimento do Dr. F. Fernandes Lopes, de Mariana Amélia Machado Santos, 1985, BMF e BMO.<br />
 
No centenário do nascimento do Dr. F. Fernandes Lopes, de Mariana Amélia Machado Santos, 1985, BMF e BMO.<br />

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Franciscofernandeslopes.jpg

  • Francisco Fernandes Lopes

Olhão, 1884 - Lisboa, 1969.

Destaque Biográfico

Médico. Historiador. Escritor. Musicógrafo. Músico. Professor do Liceu  João de Deus, em Faro e professor e diretor da  Escola Primária Superior de Faro. Expoente da cultura algarvia, reconhecido a nível nacional e internacional. Patrono da  Escola Secundária de Olhão e do Agrupamento de escolas com o seu nome.


  • Excerto de Como Casou Eça de Queiroz..., artigo de Francisco Fernandes Lopes, na revista Seara Nova, ano XXV, n.º 972, de 1946.

Aguçámos a curiosidade e ouvimos então a historieta.
Eça de Queiroz, cônsul em Inglaterra, viera a Lisboa, onde então estava o seu amigo Manuel, conde de Resende, hospedado no Hotel Borges. Indo lá uma manhã, encontra o amigo a barbear-se... Sentou-se, palestraram, enquanto o Manuel continuava a barbear-se; e no entretanto veio o correio: era uma carta, que o Eça recebeu da mão do criado, e que o Manuel, continuando abarbear-se, dizendo-lhe o Eça que era de sua casa, pela marca do correio, pediu ao José Maria que lesse... Talvez más notícias, acrescentou, pois andava apreensivo com o caso de sua irmā Emilia, adoentada, exquisita desde há tempo. Eça abriu a carta e começou a leitura: a carta era efectivamente da irmã Emilia, tranquilizando o irmão acerca das suas apreensões quanto à saúde dela e explicando-lhe que a razão das suas agonia será aquilo que agora lhe confessava com toda a sinceridade e franqueza: a paixão que em si sentira ter ido crescendo pelo seu amigo José Maria!... E a tal ponto chegara, que, devia acrescentar, para sua decisiva elucidação: se não viesse a casar com ele, não pensaria em casar com outro!...
Eça de Queiroz, que lera a carta com a mais aparente das serenidades, ao terminar, perante o conde de Resende estupefacto, não teria tido mais que a seguinte frase: "Em face disto, meu caro Manuel, só me resta... pedir a mão de tua irmã!
"Teria sido assim ? não teria sido?....

- 1964- Neste link pode ler todo o artigo acima no site da APOS.)


Fernando Pessoa numa carta (ver parágrafo acima) a Francisco Fernandes Lopes diz-lhe: "Se me dirijo a V. sobre este assunto, é que não esqueci aquelas horas magníficas em que V., sob a arcada do Teatro Nacional, desfez a golpes de raciocínio o sistema filosófico de Bergson. O que nós queremos é, escrito e lúcido, esse seu argumento".
- nota: clicando aqui pode ler toda esta carta publicada numa página entretanto desaparecida, mas recuperada pelo Arquivo.pt. Teve, contudo, resposta negativa esta solicitação de "Fernando Pessoa que, segundo três cartas datadas de 1919, o convidou para um projecto de edição de uma revista sobre cultura portuguesa dedicada a estrangeiros. Para Fernando Pessoa, apenas Francisco Fernandes Lopes e mais uns poucos (nunca referidos mas que seriam "[quase] numericamente ninguém"...) teriam os golpes de génio necessários para mostrar no estrangeiro a grandeza intelectual da cultura portuguesa...
in pt.linkfang.org/.1969%29%2c%20histor.pdf Dissertação de Andreia Lopes Fidalgo.]


Francisco Fernandes Lopes frequentou a instrução primária na escola régia de Olhão e prosseguiu os estudos no Liceu (João de Deus) de Faro, na última década do século XIX e nos Liceus do Carmo e da Regaleira, em Lisboa, nos primeiros anos do século XX (*veja uma nota sobre estes liceus no final desta página). Doutorou-se, em 1916, com a brilhante média de 19 valores, depois de apresentar uma tese sobre "Drogas e Farmacopeia" e foi convidado para lecionar nas universidades de Lisboa e do Porto, o que recusou por querer voltar e ficar em Olhão.
Entre os muitos cargos que desempenhou destacam-se:
Médico Municipal, Subdelegado de Saúde e Diretor Clínico do Hospital de Olhão, Médico das Caixas de Previdência, representante das Ordens dos Médicos, Advogados e Engenheiros no Conselho Municipal, Juiz do Tribunal da Tutoria da Infância.
Escreveu em vários jornais regionais, nacionais e em revistas francesas. "Foi diretor da revista Afinidades, de cultura luso-francesa, editada em Faro e Lisboa, de 1942 a 1946, que teve como colaboradores sumidades como Abel Salazar, Adolfo Casais Monteiro, João Gaspar Simões, Mário Dionísio, Lionel de Roulet e sua mulher Hélène de Beauvoir, André Malraux, Antoine Saint-Exupèry, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir."
Ainda "colaborou em periódicos de grande difusão e relevância no panorama cultural nacional – Seara Nova, Petrus Nonius, Atlântico, Brotéria, etc. Integrou o movimento cultural Seara Nova, e manteve contacto com importantes intelectuais da cultura portuguesa seus contemporâneos, tais como Francisco Pulido Valente, Amílcar Ramada Curto – ambos seus colegas no Liceu da Regaleira em Lisboa –, Luís da Câmara Reis, Leonardo Coimbra, Raul Proença, Fernando Pessoa, Joaquim de Carvalho, entre muitos outros". in [https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/5965/1/TESE%20MESTRADO%20Francisco%20Fernandes%20Lopes%20%281884- Participou igualmente em obras colectivas, como a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e Dicionário da História de Portugal.
"No âmbito da investigação musicológica, deve-se-lhe um importante contributo na identificação da música das Cantigas de Santa Maria, de Afonso X, em 1934. Escreveu A Figura e a Obra do Infante D. Henrique (1960) e compôs várias peças para piano e canto, para além de um bailado, intitulado Cristóvão Colombo. Pertenceu ao grupo da Renascença Portuguesa.
Fernandes Lopes e Fernando Pessoa conheceram-se, por volta de 1919, na Brasileira do Chiado. O médico lembra, em 1942, nas páginas da Seara Nova, uma longa conversa, cujo tema central era a filosofia de Bergson, com o poeta, em deambulação até de madrugada pelas ruas de Lisboa. Este mesmo encontro é referido por Pessoa numa carta de 20-4-1919, propondo a sua colaboração numa revista portuguesa destinada ao estrangeiro, a ser publicada alternadamente em francês e inglês"... in modernismo.pt.

  • Bibliografia - Disponível nas Bibliotecas Municipais de Faro ou Olhão

Sobre o poeta João Lucio / coment. F. Fernandes Lopes, 1921, BMF.
Olhão, terra de mistério, de mareantes e de mirantes, 1933?, BMF.
Afinidades / prop. Instituto Francês em Portugal ; dir. Francisco Fernandes Lopes, 1942, BMF.
O Algarve e o Infante D. Henrique, 1943 , BMF.
A música das Cantigas de Santa Maria e o problema da sua decifração, 1945, BMF.
Terçanabal e a escola de Sagres, 1945, BMF.
A música em Portugal, 1946, BMF.
Quer saber o dia-da-semana de qualquer data?, 1946, BMO.
A 183.ª das cantigas de Santa Maria do Rei Sábio, 1947, BMF.
Uma Cantiga de Santa Maria no Cancioneiro de Calocci-Brancuti, 1948, BMF.
Os irmãos Corte-Real, 1957, BMO.
Cartas de Henrique Pousão, 1959, BMF.
Cartas de Henrique Pousão e excertos de outras cartas e escritos que se lhe referem, 1959, BMO.
A figura e a obra do Infante D. Henrique, 1960, BMO.
Consequências dos descobrimentos henriquinos na lusitanização do ultramar português, 1960, BMO.
A música das Cantigas de Santa Maria e outros ensaios, 1985, BMF e BMF.
A figura e a obra do Infante D. Henrique, 1994, BMF.
Medicina e história : Contra a epidemia do Integralismo lusitano: Cartas a um jovem integralista, 2009, BMF e BMO.

  • Sobre Francisco Fernandes Lopes:

O doutor Fernandes Lopes : apontamento bio-bibliográfico, de Antero Nobre, 1984, BMO.
No centenário do nascimento do Dr. F. Fernandes Lopes, de Mariana Amélia Machado Santos, 1985, BMF e BMO.
Centenário de Francisco Fernandes Lopes, de Alberto Iria - Cartas coligidas e comentadas, 1986, BMO.
Francisco Fernandes Lopes 1884-1969: um historiador na sua diversidade: elementos para uma biografia : com uma antologia de textos do autor, de Manuel Cadafaz de Matos, 1994, BMF e BMO.
Francisco Fernandes Lopes, um médico invulgar, de Andreia Fidalgo, in Contributo para a história da saúde no Algarve / coord. António Rosa Mendes, 2013, BMF.
Francisco Fernandes Lopes: historiador do Algarve, de Andreia Fidalgo, 2016, BMF e BMO.


  • Bibliografia - mais algumas dezenas de títulos que incluem obras musicais

Pode clicar aqui para ver uma lista com dezenas de publicações de FFL, disponibilizado no site da APOS.


  • Veja mais sobre Francisco Fernandes Lopes nos seguintes links:

- Na Wikipédia.

- FFL no site na APOS - Publicação com muita informação e algumas fotografias.

- Fotobiografia de FFL no site da APOS com quatro dezenas de fotografias com legendas, onde figuram familiares, colegas e amigos de FFL, entre os quais: Ivo Cruz (maestro), Roberto Nobre (crítico), escritor José Dias Sancho (escritor), João de Aragão Barros (embaixador), Mário Lyster Franco (advogado, historiador, jornalista de Faro), Boris Skossyreff (príncipe de Andorra), Fausto Redondo Pinheiro (Presidente da Câmara), Duarte Costa (concertista), Francisco Diogo, Duarte Costa (concertista de guitarra), Dr. Emiliano da Costa, Diamantino Piloto, Daniel Rops (historiador e escritor francês), Jacques Chailley (músico e compositor francês, subdirector do Conservatório de Paris, professor na Universidade de Sorbonne), Dr. Alberto Iria, Hermenegildo Neves Franco, Major Mateus Moreno, Dr. Formosinho (arqueólogo, de Lagos), José do Nascimento, Eng. Pessanha Viegas, Dr. João de Figueiredo, Conservador do Palácio de Vila Viçosa), Raquel Pousão do Ó), Silva Rego (Presidente do Centro de Estudos Históricos e Ultramarinos da Biblioteca do Arquivo Histórico Ultramarino), Padre Diniz, Padre Brázio, Prof. Castro-Freire, José Queirós, João de Sousa Cristina Júnior, Américo Rodrigues Afonso (funcionários do Posto Clínico de Olhão), Joaquim Jacinto (enfermeiro), Aquilino Ribeiro (escritor), Acácio Gouveia (advogado oposicionista),Assis Esperança (escritor), Manuel Fonseca (secretário do Governo Civil), João Emiliano de Matos Parreira (Chefe de Alfândega).

Franciscofernandeslopes-fotostira1.jpg
Franciscofernandeslopes-fotostira2.jpg
(Para melhor ver estas fotos -e algumas legendas- clique nos dois links acima.)

- "Olhão, Vila única" - Texto de FFL publicado, em 1945, na Grande Enciclopédia Portuguesa e na Revista Portugal d'Aquém e d'Além mar, agora republicado no site da APOS.

O patrono na página do seu agrupamento.

- "Como Casou Eça de Queiroz..." Artigo de FFL, na revista Seara Nova, ano XXV, n.º 972, de 1946, republicado no site da APOS.)

- "Francisco Fernandes Lopes (1884-1969), historiador do Algarve - Contributo para a historiografia henriquina" por Andreia Lopes Fidalgo - Dissertação de Mestrado.

- Wiki com informação relevante sobre FFL.

- FFL no site modernismo.pt.

  • in https://arquivo.pt:

- 2001 - O “Olhanense”: quinzenário com 38 anos - Notícia no aind.pt sobre o jornal "Olhanense" em que entre outros temas é referido que "Agora estamos integrados numa Comissão para erguer um monumento ao maior vulto jamais produzido em Olhão: o Doutor Francisco Fernandes Lopes".

-2003-- 2003 - FFL no site olhao.web.pt que já não existe, mas cujos conteúdos podem ser encontrados nas páginas da APOS que pode encontrar mais acima nesta página.

- 2004- - 2004 - Página sobre o patrono FFL na página da sua escola.

- 2015-Artigo do escritas.org com uma Carta de Fernando Pessoa a FFL da qual deixamos um excerto: Se me dirijo a V. sobre este assunto, é que não esqueci aquelas horas magníficas em que V., sob a arcada do Teatro Nacional, desfez a golpes de raciocínio o sistema filosófico de Bergson. O que nós queremos é, escrito e lúcido, esse seu argumento.

  • Nota sobre liceus: Liceu do Carmo, Liceu da Regaleira, Liceu da Regaleira a S. Domingos, Liceu de S. Domingos terão sido designações do Primeiro liceu de Lisboa (que funcionou em várias secções e localizações pela cidade), e que mais tarde terão dado origem aos liceus de Camões e Passos Manuel. Na página wiki Cont'Arte sobre a Escola Secundária de Camões, em Lisboa pode ver mais algumas informações sobre os liceus de Lisboa.