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nem tento ferida
 
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que tenho
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'''Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta'''<br />
como um alfange
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no peito
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Não sou escrava<br />
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de lamento<br />
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nem tento ferida<br />
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de enfeite<br />
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nem uso a raiva<br />
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* Poema 2
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Comigo me desavim<br />
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nem o corpo que disfarço<br />
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o amigo nos meus braços<br />
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Comigo me desavim<br />
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minha senhora<br />
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de mim<br />
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no interior do meu peito<br />
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* Poema 3
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'''VIOLÊNCIA'''
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Ó secreta violência<br />
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dos meus sentidos domados<br />
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*Poema 4
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'''EMIGRANTE'''<br />
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Não vou negar meu amor<br />
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e meu amado<br />
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Enredada estou de mim<br />
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eu sei que me enredaria<br />
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o meu espasmo em teu orgasmo<br />
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por sua vez enredado na branda rede dos dias<br />
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'''AMARGURA'''<br />
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Vem amargura teu peito<br />
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dedos<br />
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Vem noite com seus enfeites<br />
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a penetrar-te os<br />
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cabelos<br />
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Vem dor guiada na boca<br />
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Não talho o sangue
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Nota 1: O livro Novas Cartas Portuguesas costuma estar catalogado com a notação CDU de "821.134.3-6", que indica obras de literatura portuguesa escritas em prosa epistolar. É pois uma obra de ficção, mas aborda com muita realidade e muita critica social a opressão das mulheres na sociedade portuguesa. Assim nesta wiki optamos por com esta obra colocar as páginas das 3 Marias nas categorias de Romance e de Não ficção.
nas pedras
 
  
nem uso palavras
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Nota 2: Também colocamos esta Maria Teresa Horta em Autores Algarvios Censurados. Clique nessa categoria para saber a razão de tal atribuição.
de ódio
 
  
e não quero anéis
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de aceite
 
para enfeitar os meus olhos
 
 
 
'''Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta'''
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MINHA SENHORA DE MIM
 
 
 
Comigo me desavim
 
minha senhora
 
de mim
 
 
 
sem ser dor ou ser cansaço
 
nem o corpo que disfarço
 
 
 
Comigo me desavim
 
minha senhora
 
de mim
 
 
 
nunca dizendo comigo
 
o amigo nos meus braços
 
 
 
Comigo me desavim
 
minha senhora
 
de mim
 
 
 
recusando o que é desfeito
 
no interior do meu peito
 
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIOLÊNCIA
 
 
 
Ó secreta violência
 
dos meus sentidos domados
 
 
 
em mim parto
 
e em mim esqueço
 
 
 
senhora de meu
 
silêncio
 
com tantos quartos fechados
 
 
 
Anoitece e desguarneço
 
despeço aquilo que
 
faço
 
 
 
Ó semelhança firmeza
 
mulher doente de afagos
 
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMIGRANTE
 
 
 
Não vou negar meu amor
 
que não te afasto
 
e evito
 
 
 
nem que vacilo
 
e resisto
 
a negar-me ao teu encontro
 
que  construo e que desisto
 
 
 
Meu amigo
 
e meu amado
 
emigrante do que eu sinto
 
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POEMA SOBRE O ENREDO
 
 
 
Enredada estou de mim
 
nesta febre em que me vejo
 
já que enredada de ti
 
não se cura o meu desejo
 
 
 
que nem me pus de curar
 
este fogo do teu corpo
 
nem me pus de enganar
 
esta sede que provoco
 
 
 
pois logo desenredada
 
eu sei que me enredaria
 
neste vício de enredar
 
o meu espasmo em teu orgasmo
 
por sua vez enredado na branda rede dos dias
 
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMARGURA
 
 
 
Vem amargura teu peito
 
balaustrada nos meus
 
dedos
 
 
 
Vem noite com seus enfeites
 
a penetrar-te os
 
cabelos
 
 
 
Vem dor guiada na boca
 
em direcção
 
dos teus ombros
 
 
 
marinheiro de teu corpo
 
a conduzir o meu gozo
 
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
 

Revision as of 12:37, 2 May 2024

Maria teresa horta.jpg Horta Teresa Capa-MinhaSenhoradeMim.jpg

NovasCartasPortuguesasCapa.jpg Novas cartas portuguesascensura1.png Novas cartas portuguesas-2.jpg AsTresMariasAudienciaSecreta.jpg
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Novascartasportugusascensura.png AsTresMariasAudienciaSecreta2.jpg


Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta

  • Poema 1

PONTO DE HONRA

Não sou escrava
de lamento
nem tento ferida
de enfeite

nem uso a raiva
que tenho
como um alfange
no peito

Não talho o sangue
nas pedras

nem uso palavras
de ódio

e não quero anéis
de aceite
para enfeitar os meus olhos

  • Poema 2

MINHA SENHORA DE MIM

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

recusando o que é desfeito
no interior do meu peito

  • Poema 3

VIOLÊNCIA
Ó secreta violência
dos meus sentidos domados

em mim parto
e em mim esqueço

senhora de meu
silêncio
com tantos quartos fechados

Anoitece e desguarneço
despeço aquilo que
faço

Ó semelhança firmeza
mulher doente de afagos

  • Poema 4

EMIGRANTE

Não vou negar meu amor
que não te afasto
e evito

nem que vacilo
e resisto
a negar-me ao teu encontro
que construo e que desisto

Meu amigo
e meu amado
emigrante do que eu sinto

  • Poema 5

POEMA SOBRE O ENREDO

Enredada estou de mim
nesta febre em que me vejo
já que enredada de ti
não se cura o meu desejo

que nem me pus de curar
este fogo do teu corpo
nem me pus de enganar
esta sede que provoco

pois logo desenredada
eu sei que me enredaria
neste vício de enredar
o meu espasmo em teu orgasmo
por sua vez enredado na branda rede dos dias

  • Poema 6

AMARGURA

Vem amargura teu peito
balaustrada nos meus
dedos

Vem noite com seus enfeites
a penetrar-te os
cabelos

Vem dor guiada na boca
em direcção
dos teus ombros

marinheiro de teu corpo
a conduzir o meu gozo


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Nota 1: O livro Novas Cartas Portuguesas costuma estar catalogado com a notação CDU de "821.134.3-6", que indica obras de literatura portuguesa escritas em prosa epistolar. É pois uma obra de ficção, mas aborda com muita realidade e muita critica social a opressão das mulheres na sociedade portuguesa. Assim nesta wiki optamos por com esta obra colocar as páginas das 3 Marias nas categorias de Romance e de Não ficção.

Nota 2: Também colocamos esta Maria Teresa Horta em Autores Algarvios Censurados. Clique nessa categoria para saber a razão de tal atribuição.