Difference between revisions of "Lídia Jorge"
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+ | 2004 - Biografia Direção Geral do Livro e das Bibliotecas sobre LJ da qual extraímos a seguinte citação: "Nos romances de Lídia Jorge, a condição sócio-cultural das personagens, sobretudo as femininas, reflecte-se em diálogos, testemunhos a que não é alheia a atenção que a autora dispensa à tradição oral, em relação directa com a crónica da nossa história recente, antes e depois da revolução. A sua peça para teatro "'''''A Maçon'''''" procura um tempo mais remoto, os primeiros anos da ditadura, para retratar a condição feminina imposta pela ideologia do Estado Novo e a perda de liberdades (também) por parte das mulheres".]<br /> | ||
[https://www.publico.pt/2006/06/28/jornal/musicas-do-mundo-a-conquista-de-loule-86190 - 2006 - Artigo no Público sobre LJ e a sua participação no Festival Med com referência a uma conferência realizada no Arquivo Municipal onde '''Lídia Jorge''' convidou a escritora espanhola '''Rosa Montero''' para debaterem, juntas, "a problemática da mulher".]<br /> | [https://www.publico.pt/2006/06/28/jornal/musicas-do-mundo-a-conquista-de-loule-86190 - 2006 - Artigo no Público sobre LJ e a sua participação no Festival Med com referência a uma conferência realizada no Arquivo Municipal onde '''Lídia Jorge''' convidou a escritora espanhola '''Rosa Montero''' para debaterem, juntas, "a problemática da mulher".]<br /> |
Revision as of 17:08, 17 November 2020
- Lídia Jorge
Loulé, Boliqueime, 18 de junho de 1946.
Estudou no Liceu de Faro.
Escritora portuguesa premiada nacional e internacionalmente.
Patrona da Biblioteca Municipal de Albufeira.
Cai a Chuva no Portal
Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa cortina
Não a corras, não a rasgues, está caindo
Fina chuva no portal da nossa vida.
Gotas caem separando-nos do mundo
Para vivermos em paz a nossa vida.
Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa toalha
Ela nos cobre, não a rasgues, está caindo
Chuva fina no portal da nossa casa.
Por um dia todos longe e nós dormindo
Lado a lado, como páginas dum livro.
Texto retirado de "O Público": (2009/09/26)
"Era uma jovem estudante universitária recém-chegada do Algarve e instalada num lar estudantil na Avenida das Forças Armadas. Nesse início dos anos 60 subia muitas vezes a Avenida Estados Unidos da América e vinha até à Avenida de Roma. Para Lídia Jorge, era esta a Lisboa moderna e cosmopolita. Apaixonou-se pela zona, e é ainda aí que vive hoje. Sentia que as Avenidas Novas, com "a sua geometria, a disciplina", eram "uma zona de futuro". "Talvez tenha a ver com a minha história, com ser uma parvenue, aquela que chega depois". Lisboa era, para uma jovem algarvia, um motivo de fascínio. "Era o sítio do mundo moderno, onde se podia fazer uma experiência de encontro com a cultura e a História muito diferente da que se fazia em Faro, onde os horizontes eram muito limitados". Lisboa nos anos 60 era ainda uma cidade muito provinciana. Mas Lídia Jorge não a via assim. "Sentia-me numa grande capital. Para mim era um mundo aberto, eram horizontes que se rasgavam". Subia até à Avenida de Roma e juntava-se numa tertúlia organizada pela professora Maria Aliete Galhoz (de Boliqueime, tal como ela) e outras alunas na pastelaria Capri. Os bairros populares, longe da geometria rigorosa das grandes avenidas, não a atraíam. "Era como se fosse outra vez a província. Não conseguia apreciar, não tinha distância, achava que tinham demasiadas marcas do passado." Tinha, confessa hoje, "a altivez do olhar provinciano", e roupa estendida e assadores de sardinhas no meio da rua eram para ela "subdesenvolvimento". Depois havia a vida cultural. "Aos fins-de-semana apanhávamos o 31 e íamos à Baixa assistir a espectáculos. Vivia-se com muita intensidade em torno do pouco que tínhamos." Ficou fiel às Avenidas Novas, uma zona onde "se pode manter o equilíbrio entre a vizinhança e o anonimato". Fez parte do grupo de cidadãos que há alguns anos se mobilizaram para impedir que fosse construído um viaduto que transformaria as avenidas "numa espécie de auto-estrada" para os carros "voarem" entre a Ponte Vasco da Gama e a 25 de Abril. E viu a zona envelhecer. "No final dos anos 80, princípio dos 90 sentiu-se nitidamente uma alteração". Muitos jovens partiram, há muitas casas fechadas, prédios com cada vez menos moradores e mais escritórios. Mas Lídia Jorge continua fiel. Gosta até do vento. "Gosto de um pouco de aspereza, do facto de ser um pouco inóspito. Aqui faz vento - acontece uma coisa na cidade."
- Breve Biografia:
Lídia Jorge romancista e contista portuguesa, nasceu em 1946, no Algarve mas viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África. Licenciada pela Faculdade de Letras de Lisboa, foi professora do ensino secundário. Os seus romances são sucessos editoriais e abordam diferentes temas: a mulher e a sua solidão, a vivência nas terras algarvias, os contrastes humanos, sociais e comportamentais, a sua experiência colonial... Prémios e distinções nacionais e internacionais fazem da romancista Lídia Jorge um dos maiores nomes literários contemporâneos.
- Bibliografia:
Romances
O Dia dos Prodígios - 1980
O Cais das Merendas - 1982
Notícia da Cidade Silvestre - 1984
A Costa dos Murmúrios - 1988
A Última Dona - 1992
O Jardim Sem Limites - 1995
O Vale da Paixão - 1998
O Vento Assobiando nas Gruas 2002
Combateremos a Sombra - 2007
A Noite das Mulheres Cantoras - 2011
Os Memoráveis - 2014
Estuário - 2018
Contos:
A Instrumentalina - 1992
O Conto do Nadado - 1992
Marido e outros Contos - 1997
O Belo Adormecido - 2004
O Organista - 2014
O Amor em Lobito Bay - 2016
Literatura Infantil:
O Grande Voo do Pardal, ilustrado por Inês de Oliveira - 2007
Romance do Grande Gatão, ilustrado por Danuta Wojciechowska - 2010
O Conto da Isabelinha - Lilibeth's Tale, ilustrado por Dave Sutton - 2018
Ensaio:
Contrato Sentimental - 2009
Teatro:
A Maçon - 1997
Instruções para Voar - 2016
Poesia:
O Livro das Tréguas - 2019
Crónicas
Colaboradora assídua do Jornal de Letras e do Público.
- Veja mais sobre Lídia Jorge nos seguintes links:
- 2014 -site da FNAC onde LJ identifica os"10 livros da sua vida"
- 2014 - FNAC Revista ESTANTE | Entrevista a Lídia Jorge sobre os 40 anos do 25 de Abril
2004 - Biografia Direção Geral do Livro e das Bibliotecas sobre LJ da qual extraímos a seguinte citação: "Nos romances de Lídia Jorge, a condição sócio-cultural das personagens, sobretudo as femininas, reflecte-se em diálogos, testemunhos a que não é alheia a atenção que a autora dispensa à tradição oral, em relação directa com a crónica da nossa história recente, antes e depois da revolução. A sua peça para teatro "A Maçon" procura um tempo mais remoto, os primeiros anos da ditadura, para retratar a condição feminina imposta pela ideologia do Estado Novo e a perda de liberdades (também) por parte das mulheres".]
- 2010 - Página da Biblioteca Municipal de Albufeira LJ.
- 2011 - Notícia sobre a rubrica de LJ no Público "Especial Algarve".
- 2011 - Texto de Guilherme de Oliveira Martins no Público com referência a LJ.