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Faro, 12/09/1937.

 Poetisa. Escritora. Ensaísta. Dramaturga. Professora Catedrática. Vulto da Academia Portuguesa. Reconhecida mundialmente pelos seus estudos sobre Fernando Pessoa. Estudou no Liceu em Faro.<br /> 

'''AUTOBIOGRAFIA BREVE'''<br />

Nasci em casa<br />
como dantes se nascia<br />
três meses depois do meu Pai morrer<br />
na mesma cama<br />
em casa<br />
como também dantes se morria.<br />
Nunca se soube do que o meu Pai morreu<br />
como dantes acontecia.<br />
Nasci com a mesma sem razão<br />
e cresci como então se crescia<br />
com mais vagar.<br />
Hoje é tudo mais depressa<br />
e a memória não acompanha o passo.<br />
Lembro-me tão bem de tanta coisa acontecida<br />
porque na minha vida havia poucas coisas<br />
e a memória as arrecadava todas<br />
na sua caixinha bem guardadas.<br />
A partir de que idade<br />
crescer começou a ser envelhecer?<br />
E a memória a deixar passar<br />
a achar que se calhar não vale a pena?<br />
Ao princípio tudo vale a pena!<br />
Agora melhor do que viver é escrever.<br />
Ou melhor: escrever é viver.

In:https://revistaoresteia.com/2021/06/03/1832/v

*'''Pomares do Guadiana'''<br/>

À beira-rio a terra perde<br/>
sua aspereza.<br/>
&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;Em vez de estevas e choupos <br/>
&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;Ei-los! os pomares as vinhas as hortaliças.<br/>
(Por isso os nomes dos sítios ressumam
frescura: Pomarão. Laranjeiras...)<br/>
suas raízes anfíbias estão habituadas<br/>
às águas salobras e até salgadas das marés<br/>
vivas de Setembro<br/>
&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;quando os camarões avançam<br/>
rio acima a conhecer outras paragens.<br/>
&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;Lembro-me<br/>
de os pescar num cesto pendurado por uma corda<br/>
com cabeças de sardinha seguras por um pedra<br/>
a fazer de isco.<br/>
&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;As pequenas laranjas espreitam<br/>
águas e invejam os forasteiros<br/>
&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;sua vida solta<br/>
viajeira.<br/>


*'''Notas Biográficas'''<br />

'''Teresa Rita Lopes''' nasceu em Faro, no início dos anos 60 matriculou-se na Faculdade de Letras de Lisboa. Perseguida pela ditadura salazarista exilou-se em Paris, onde estudou e foi professora na Sorbonne. Regressou a Portugal em 1976 e hoje é catedrática da Universidade Nova de Lisboa. Ela própria diz que dedicou o melhor da sua vida ao estudo da obra de Fernando Pessoa, todavia desse melhor ainda sobrou talento e arte para escrever sete livros de poesia, com destaque para Cicatriz. A sua última obra, saída recentemente, intitula-se A Fímbria da Fala. Como dramaturga, Teresa Rita Lopes escreveu cinco volumes de teatro que incluem peças como Rimance da Mal Maridada, Esse Tal Alguém (Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores) ou A Asa e a Casa. O teatro de Teresa Rita Lopes tem uma acentuada vertente poética. A peça Esse Tal Alguém já foi levada à cena em palcos de Portugal e em Paris (numa tradução francesa), Milão (tradução italiana) e Madrid (tradução espanhola). Publicou numerosos ensaios sobre Fernando Pessoa e tem em preparação a obra monumental Pessoa Todo, em sete volumes. Teresa Rita Lopes conta, para isso, com a colaboração de Ana Freitas, uma professora do Ensino Secundário que meteu licença sem vencimento para participar no projecto, Madalena Dine, também professora do Ensino Secundário e as professoras universitárias Manuela Parreira da Silva e Luísa Medeiros. Teresa Rita Lopes é também autora de um ensaio sobre a obra de Miguel Torga, Um Deus de Terra. A título de curiosidade refira-se que é prima de Carlos de Brito, outro destacado algarvio. <br />https://www.wook.pt/autor/teresa-rita-lopes/25520<br />

*'''Bibliografia'''<br />

'''Obra poética'''<br />

-'''''Os dedos os Dias as Palavras''''' (1987, Prémio Cidade de Liboa 1987)<br />
-'''''Por assim Dizer'''''(1994)<br />
-'''''Cicatriz''''' (1996, Prémio Eça de Queiroz de Poesia 1996)<br />
-'''''Afectos''''' (2000)<br />
-'''''Jogos, Versos e Redacções''''' (2001)<br />
-'''''A Nova Descoberta de Timor''''' (2002)<br />
-'''''A Fímbria da Fala''''' (2002)<br />
-'''''O Sul dos Meus Sonhos''''' (2009)<br />

'''Obra dramática'''<br />

-'''''Três Fósforos''''' (1962)<br />
-'''''Sopinhas de Mel''''' (1981)<br />
-'''''Rimance da Mal Maridada e Sopinhas de Mel''''' (1994)<br />
-'''''Andando andando''''' (1999)<br />
-'''''Esse tal Alguém''''' (2001, Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores 2001)<br />
-'''''As Barbas de Sua Senhoria''''' (2003)<br />
-'''''A Asa e a Casa''''' (2004)<br />

'''Obra em prosa'''<br />

-'''''Estórias do Sul''''' (2005)<br />

[[File:Livros TeresaRitaLopes.JPG|973px]]<br />

Pode saber mais sobre '''Teresa Rita Lopes''' nos seguintes links:<br />

[https://postal.pt/papel/2020-11-07-Entrevista-a-Teresa-Rita-Lopes-Ainda-ha-muito-de-Pessoa-a-dar-a-conhecer - 2020 - Entrevista de Ramiro Santos a Teresa Rita Lopes] <br />
[https://ionline.sapo.pt/artigo/703438/teresa-rita-lopes-nada-do-que-o-expresso-apresentou-pode-ter-saido-da-mitica-mala-de-mario-de-sa-carneiro-?seccao=Mais_i - 2020 - Entrevista a  Teresa Rita Lopes com o Título "“Nada do que o Expresso apresentou pode ter saído da mítica mala de Mário de Sá-Carneiro.” Teresa Rita Lopes põe tudo em pratos limpos".]<br />
[https://estudospessoanos.fflch.usp.br/teresa-rita-lopes - 1977 - Página de fflch  ESTUDOS PESSOANOS sobre Teresa Rita Lopes.]<br />
[https://www.cmjornal.pt/cultura/detalhe/biblioteca-recebe-teresa-rita-lopes?ref=Mais%20Sobre_BlocoMaisSobre - 2007 - Biblioteca Municipal de Albufeira recebe Teresa Rita Lopes]<br />
[https://www.gradiva.pt/catalogo/14880/cartas-de-amor-de-antonio-jose-saraiva-a-teresa-rita-lopes -2013 - Cartas de Amor de António José Saraiva a Teresa Rita Lopes,um diálogo de almas em palavras, sobre temas literários e quotidianos, imbuído de grande ternura e afecto. Nestas missivas, revêem-se os acontecimentos coetâneos – Maio de 68, Abril de 74 – pelo olhar entusiasmado e cândido de quem via alvorecer um mundo novo. Documentos e testemunhos históricos, que importa preservar para memória futura.]<br />
[http://www.casaldasletras.com/Textos/TERESA_RITA_LOPES.pdf - Entrevista  de © MARIA AUGUSTA SILVA no site do "Casal de letras"]<br />
[https://tviplayer.iol.pt/programa/autores/556c98760cf234bd4ef57632/video/5902fccf0cf2004cbd3fff73 2017 - Entrevista a Teresa Rita Lopes]<br />

[[Category:Autores]][[Category:Escritores]][[Category:Poetas]][[Category:Faro]][[Category:Agr. João de Deus, em Faro]]