Difference between revisions of "Horta, Maria Teresa - Livros Proibidos"
Line 4: | Line 4: | ||
<br /> | <br /> | ||
'''Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta'''<br /> | '''Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta'''<br /> | ||
− | * Poema 1'''PONTO DE HONRA'''<br /> | + | * Poema 1 |
+ | '''PONTO DE HONRA'''<br /> | ||
<br /> | <br /> | ||
Não sou escrava<br /> | Não sou escrava<br /> | ||
Line 26: | Line 27: | ||
para enfeitar os meus olhos<br /> | para enfeitar os meus olhos<br /> | ||
<br /> | <br /> | ||
− | * Poema 2'''MINHA SENHORA DE MIM'''<br /> | + | * Poema 2 |
+ | '''MINHA SENHORA DE MIM'''<br /> | ||
<br /> | <br /> | ||
Comigo me desavim<br /> | Comigo me desavim<br /> | ||
Line 49: | Line 51: | ||
no interior do meu peito<br /> | no interior do meu peito<br /> | ||
<br /> | <br /> | ||
− | * Poema 3'''VIOLÊNCIA'''<br /> | + | * Poema 3 |
+ | '''VIOLÊNCIA'''<br /> | ||
<br /> | <br /> | ||
Ó secreta violência<br /> | Ó secreta violência<br /> | ||
Line 83: | Line 86: | ||
emigrante do que eu sinto<br /> | emigrante do que eu sinto<br /> | ||
<br /> | <br /> | ||
− | Poema 5 '''POEMA SOBRE O ENREDO'''<br /> | + | Poema 5 |
+ | '''POEMA SOBRE O ENREDO'''<br /> | ||
<br /> | <br /> | ||
Enredada estou de mim<br /> | Enredada estou de mim<br /> | ||
Line 101: | Line 105: | ||
por sua vez enredado na branda rede dos dias<br /> | por sua vez enredado na branda rede dos dias<br /> | ||
<br /> | <br /> | ||
− | *Poema 6 '''AMARGURA'''<br /> | + | *Poema 6 |
+ | '''AMARGURA'''<br /> | ||
<br /> | <br /> | ||
Vem amargura teu peito<br /> | Vem amargura teu peito<br /> |
Revision as of 16:55, 8 February 2024
https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/LivrosQueForamNoticia/LivrosQueForamNoticia_NovasCartasPortuguesas7.htm
Minha Senhora de Mim, Maria Teresa Horta
- Poema 1
PONTO DE HONRA
Não sou escrava
de lamento
nem tento ferida
de enfeite
nem uso a raiva
que tenho
como um alfange
no peito
Não talho o sangue
nas pedras
nem uso palavras
de ódio
e não quero anéis
de aceite
para enfeitar os meus olhos
- Poema 2
MINHA SENHORA DE MIM
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
recusando o que é desfeito
no interior do meu peito
- Poema 3
VIOLÊNCIA
Ó secreta violência
dos meus sentidos domados
em mim parto
e em mim esqueço
senhora de meu
silêncio
com tantos quartos fechados
Anoitece e desguarneço
despeço aquilo que
faço
Ó semelhança firmeza
mulher doente de afagos
- Poema 4EMIGRANTE
Não vou negar meu amor
que não te afasto
e evito
nem que vacilo
e resisto
a negar-me ao teu encontro
que construo e que desisto
Meu amigo
e meu amado
emigrante do que eu sinto
Poema 5
POEMA SOBRE O ENREDO
Enredada estou de mim
nesta febre em que me vejo
já que enredada de ti
não se cura o meu desejo
que nem me pus de curar
este fogo do teu corpo
nem me pus de enganar
esta sede que provoco
pois logo desenredada
eu sei que me enredaria
neste vício de enredar
o meu espasmo em teu orgasmo
por sua vez enredado na branda rede dos dias
- Poema 6
AMARGURA
Vem amargura teu peito
balaustrada nos meus
dedos
Vem noite com seus enfeites
a penetrar-te os
cabelos
Vem dor guiada na boca
em direcção
dos teus ombros
marinheiro de teu corpo
a conduzir o meu gozo